Projeto Ampulheta - Capítulo 4





Enquanto dirigia meu Huracán à 200 km/h pela estrada do condomínio, tentava livrar minha cabeça da bagunça que estava. O vidro da janela do carro estava aberto, eu queria sentir o vento no rosto. O percurso durou pouco tempo e já estava, mais uma vez, no modo esportivo dirigindo pela cidade. As ruas já estavam bem movimentadas, afinal, eram 9:13 da manhã. Eu só pretendia ir trabalhar às 10:00, mas ficar com o Senhor Certinho em casa estava me deixando louca.

Sem contar que, quando desci às escadas, ele estava sentado no sofá com os braços cruzados, uma perna cruzada por cima da outra e uma cara muito fechada.

Eu tinha que mandar esse cara o mais rápido possível para o passado. Lá era o lugar dele e eu teria minha vida calma e em paz de volta.

Avisto o prédio da T.T. Subo a janela do carro. Assim que estaciono, pego meu jaleco, minha bolsa e saio do carro ativando o alarme. Passo meu braço pela alça da bolsa e penduro o jaleco também no braço. Aperto o botão do elevador esperando o mesmo abrir as portas. Escuto alguns passos atrás de mim e quando olho para trás vejo o Kabuto.

- Ohayou, Doutora. – Ele para ao meu lado com um sorriso de canto.

- Ohayou, Senhor Diretor. – Sorrio gentil.

- Qual o motivo do milagre de estar chegando a essa hora?

- Resolvi descansar um pouco... mas já me arrependi.

O elevador chega e nós dois entramos. Ele aperta o 13º andar (o que eu trabalhava) e depois o 15º andar (o que ele trabalhava).

- Fico feliz em saber que resolveu descansar. – Ele vira, ficando de frente para mim – Mas por que se arrependeu?

- Apenas...não consegui relaxar. – “POR CAUSA DE UM CARINHA DO PASSADO QUE ME TIROU DO SÉRIO. “ Eu queria muito gritar isso, mas o Kabuto iria querer saber tudo.

- Talvez não tentou fazê-lo do jeito correto.

- Não? – Inclino a cabeça, agora curiosa.

- Não. – Ele segura minha cintura com uma mão, me puxando para sí. Institivamente, levo minhas mãos até seu peitoral e ele inclina o rosto, deixando a boca próxima a minha orelha esquerda – Eu posso te ajudar a fazer isso do jeito correto. – sussurra.

- Não sou adepta a “Vale a pena ver de novo”, Kabuto. – rebato, mas meu corpo se arrepia, quando ele passa a barba por fazer por minha nuca.

- Então podemos pular para a “Tela Quente”. – Deposita um beijo suave na minha nuca e se afasta me dando uma piscadela.

Me afasto um pouco dele. O elevador bipa e então as portas se abrem no 13º andar. Passo a mão nos meus cabelos e olho de lado para ele.

- Tenha um bom dia, Senhor Diretor.

- Igualmente, Doutora. E pense na minha dica. – Ele pisca enquanto as portas se fecham.

Sorrio de canto. Caminhando pelo corredor que dava acesso ao meu laboratório, começo a lembrar das noites quentes que passei com ele. Devo confessar que o Kabuto era um homem de pegada forte, dominante. Do tipo que te joga na parede e te chama de reboco, mas tudo o que tivemos era apenas um “passa-tempo”.

Nos envolvemos a um tempinho atrás, quando eu nem sabia que ele trabalhava aqui, ficamos por aproximadamente 3 meses, mas depois, decidimos parar, pois, estava ficando sério. Talvez valesse a pena rolar algo novamente, apenas para saciar as necessidades do corpo.

Vou pensar no seu caso, Kabuto.

Pego o crachá e encosto no leitor, depois minha mão e a porta abre. Assim que entro, ela fecha novamente. Olho ao redor e vejo minha pequena, porém eficiente equipe trabalhando arduamente. Naruto estava na Sala de Teste, ele me olha com as sobrancelhas erguidas e eu o chamo com a mão e aponto para a Cúpula. A Ino já estava lá. Assim que entro na mesma, ele entra em seguida e quando a porta fecha, coloco as mãos na cintura e respiro fundo.

- Ainda bem que você não surtou. – Ino brinca.

- Estou quase. O cara é, definitivamente, maluco!

- Como você conseguiu fazer essa máquina funcionar, Sakura? Eu juro que já fiz de tudo e não compreendo. – Naruto bagunça os cabelos, desesperado.

- Eu também não sei. – Resmungo. – Ino... Leva ele pra sua casa. – faço bico.

- Tá louca? – Ela dá um passo para trás – Ele é sua experiência, além de que, eu enfartaria. Meu coração é frágil.

- Você é uma amiga terrível! – Rebato e caminho para a mesa de controle – Algum avanço?

- Não. – Naruto vem para o meu lado – Aparentemente, todo o sistema operacional de controle está normal.

- Agora estamos fazendo um rastreamento. – Ela vem para a mesa de controle e pega o mouse, clicando em uma janela – Está vendo isso aqui? – Aponta para uma caixa de diálogo que fora selecionada. Faço que sim com a cabeça – Isso aqui não era pra existir. – me olha.

- Então... achamos o problema? – Sorrio.

- Não, não. – Naruto suspira – Isso ai, na verdade, apareceu hoje pela manhã e comprometeu todo o sistema que fora usado ontem, provavelmente no momento de funcionamento da máquina. – Cruza os braços e suspira – Agora precisamos do rastreamento para saber sua origem.

- Quanto tempo vai levar?

- Inicialmente três dias. – Ele faz uma careta.

- QUÊ? – grito – Não é possível. – passo as mãos nos cabelos e sento na cadeira – Naruto...

- Sinto muito, Saky... Tentei fazer meu melhor com o tempo.

- Ino...

- E eu com os programas – Ela suspira – mas temos coisas demais ai.

- Droga. – Murmuro e inclino a cabeça para trás – Três dias. TRÊS DIAS!

- Exatamente. – Ino se encosta na mesa.

- Eu não vou aguentar. Juro. – Levanto – Preciso fazer algo...

- Para começar, você precisa saber mais sobre ele. Afinal, você fez as perguntas que te falei?

- Que perguntas? – Naruto franzi o cenho.

- A Ino queria saber um monte de coisas, mas eu não fiz nada. Ele acabou me irritando e eu vim embora.

- Vocês vão acabar se matando. – Naruto gargalha.

- Deixa de palhaçada e vamos ao trabalho. Já está mais do que na hora de começarmos a tentar agilizar as coisas.

- A propósito, nossa festinha de final de semana tá de pé né? – Ino pega uma prancheta caminhando para a porta.

- Não.

- Sim – Naruto interrompe. – Nem vem acabar com nosso final de semana por conta dele.

- Gente...

- Deixa disso, Saky. Até o Gaara disse que vai.

- Agora entendi porque você quer tanto essa festinha.

- Não tenho culpa se tenho quedas por ruivos. – ela sorri de canto.

- Você tem queda pelo Gaara. – Naruto lembra.

- Hun... sem problemas... Contanto que a queda seja na minha cama... – Ela pisca.

- Você não tem jeito– Sorrio – Acho que vou chamar o Kabuto. – Caminho até a máquina.

- Ele novamente? – Naruto suspira.

- É... apenas para passar o tempo.

- Ele é gostoso. – Ino abre a porta.

- E irritante. – Naruto rebate.

- Ainda assim, gostoso. – Ino finaliza, passando enquanto a porta fecha atrás de sí.

- É sério, Saky... Esse cara tipo... Ele é gente boa como chefe e tals... mas para você ficar... ele é meio possessivo. É... assustador. – ele estremece.

- Larga de ser frouxo, Naruto. – Sorrio – Não é compromisso, é só uns pegas.

- Você está carente. – Faz bico.

- Devo estar. Agora vamos voltar ao trabalho.

Após umas boas conversas e quase nada de evolução na parte do projeto, decidimos almoçar. Já era quase 3 da tarde. Combinamos uma festa na piscina lá em casa. Iriam o Gaara, Ino, Naruto e Hinata. Voltamos do almoço e tentamos mais uma vez encontrar algo, mas não tivemos nenhuma evolução.
O que foi decepcionante.

Já estávamos quase largando quando o Kakashi me chamou em sua sala informando que iríamos ter uma visita em alguns dias. Um grupo de acionistas viriam para conhecer os laboratórios e o meu estava incluso.

Se eu fiquei incomodada?

Muito.

Não gosto de ninguém xeretando em minhas coisas, muito menos um bando de pessoas que não compreendem nada daquilo que eu estou fazendo ou falando, mas enfim... eles são os donos. O que posso fazer?

Enquanto dirigia para casa, agora com mais cuidado, pois, chovia, eu já pensava sobre o que iria falar. Segundo o próprio Kakashi, eu não poderia entregar de bandeja o que estava fazendo, precisava montar algo que não fosse 100% mentira, mas também que não fosse 100% verdade.

Estaciono meu carro na garagem aberta, pego meu jaleco, bolsa e saio do bebê. Assim que passo pela porta de madeira, sinto meu corpo paralisar.

Olho ao redor tentando compreender o que estava acontecendo, mas ainda assim, eu não conseguia.
Minha casa era apenas iluminada pela luz baixa do balcão da cozinha. Minha mesa estava montada, com vários talheres, pratos e taças em cima. Ainda em cima da mesa, tinha um jarro com flores que eu não reconheci de onde era. Olho ao redor, mas não vejo ninguém. Caminho um pouco e coloco minha bolsa e meu jaleco em cima do sofá. Vou até a cozinha e vejo que não tinha comida no fogão.

Aonde estava e o que pretendia esse Uchiha?

Olho rapidamente para o jardim e ele não estava lá. Será que fugiu?

- Senhor Uchiha?

Silêncio.

- Senhor Uchiha?

Chamo-o, mas ainda nada. Começo a subir as escadas, preocupada. Será que ele havia realmente fugido? Um desespero começa a tomar conta de mim e eu subo as escadas correndo. Passo pelo mezanino e então caminho rápido pelo corredor e quando chego em frente a porta de seu quarto vejo-a entreaberta. Suavemente, empurro-a e sinto meu coração se acalmar.

Deitado de bruços, em cima da cama, apenas vestindo uma calça moletom, ele dormia de forma tranquila.

Com cuidado, tiro meus sapatos para o salto não acorda-lo e caminho na ponta dos pés para dentro do quarto. O ar estava desligado então caminho até o criado mudo, pego o controle e ligo o mesmo, depois vou até a beirada da cama e puxo o edredom, cobrindo-o, não sem antes reparar em suas costas perfeitamente másculas, largas e musculosas. Era um homem muito bonito.

Por estar com um braço por baixo do travesseiro, seu tríceps estava em destaque mostrando o músculo. O rosto trazia uma expressão suave, bastante relaxado. Me afasto com cuidado e caminho na ponta dos pés para fora do quarto, dessa vez, fechando a porta.

Pego meus sapatos e vou para meu quarto. Estava muito curiosa quanto ao motivo de a mesa estar montada e não termos comida, mas parando pra pensar eu sou muito lesada mesmo. Será que ele almoçou? Afinal, eu não tinha deixado comida pronta.

Ai Kami!

Eu preciso me desculpar com o pobre coitado. Ele deve estar morto de fome.
Tomo um banho rápido e visto um vestido longo estilo cigana, azul com dourado, as mangas eram médias e de ombros caídos. Faço um cóque folgadinho e saio do quarto. O quarto do Uchiha ainda estava fechado.

Assim que chego na cozinha, começo a pegar um material para fazer uma lasanha. Aumento um pouco a luz do balcão e depois ligo o som baixinho. Sorrio ao ouvir “Hoy Tengo Ganas de Ti”. Adoro essa música.

Vou até a mesa e pego uma das taças que estavam sobre a mesma. Abro a geladeira e pego um vinho tinto, colocando um pouco na taça. Dou um gole generoso e coloco a taça em cima da pia enquanto corto os legumes para o molho.

Eu preciso lembrar de deixar algo para ele almoçar amanhã. Como pude ser tão aluada? Meu Odin!
Depois de arrumar todos os ingredientes dentro da travessa, coloco a mesma no formo e bebo um pouco mais do vinho. Lavo a louça que tinha sujado e então pego a taça, indo para o sofá. Pego meu celular dentro da bolsa e destravo a porta de vidro, indo para a varanda.

Coloco a taça em cima da mesinha que havia perto da espreguiçadeira, subo um pouco a barra do vestido longo e sento na mesma com as pernas em cima do acento e volto a pegar o vinho. Bebo um pouco mais e então começo a ler meus e-mails no celular.

Não havia recebido nenhum e-mail interessante, a não ser do Kakashi e do Kabuto, ambos falando sobre a visita que teríamos. Um e-mail chamou minha atenção, uma oportunidade em uma das maiores universidades de Londres. Estavam precisando de uma pesquisadora e bem... na minha área. Sorrindo animada, bebo um pouco mais do vinho vendo que a taça estava quase vazia. Suspiro alto e bloqueio o telefone, levantando. Assim que viro para passar pela porta, vejo o Uchiha parado do outro lado da porta. Ele estava um pouco afastado da porta, mas me olhava com as mãos nos bolsos da calça moletom e agora vestia uma camisa.

Fiquei parada também tentando entender o que ele fazia, mas o homem apenas me olhava de forma reflexiva. Respirei fundo e então dei um passo e aporta abriu.

- Boa noite, Senhor Uchiha. – Sorrio. Seja amigável. Seja amigável.

- Boa noite, Senhorita Haruno. – Faz uma breve reverência.

- Dormiu bem? – Caminho para a cozinha.

- Hai... han... A Senhorita que... foi lá?

- Uhum. – Coloco mais vinho na minha taça e então viro, ele permanecia no mesmo lugar – Algum problema?

- Hun... É que... Não é legal uma dama adentrar os aposentos de um cavalheiro. – Ele baixa a cabeça – Principalmente quando este está despido.

- Mas você não... – paro na mesma hora que lembro – Ah... Olha, é normal, os homens ficarem sem camisa.

- Não para mim, Senhorita. – Ele respira fundo e me olha – Mesmo assim, reconheço sua “boa intenção”.

- Hun... – Bebo um pouco mais do meu vinho, olhando-o. Ele fica me olhando também, mas então franzi o cenho.

- Está tudo bem?

- Tá. – Sorrio e olho a lasanha, ainda não estava pronta – Só... curiosa. – olho para o Uchiha novamente e levanto a taça – Vinho?

- Ah... – Ele passa a língua pelos lábios, parecia estar se decidindo, mas então caminha até a mesa e pega a outra taça e caminha até a cozinha – Por favor.

- Olha, você bebe. – Sorrio e coloco vinho na taça dele – A propósito, qual o motivo de toda essa preparação? – Aponto para a mesa enquanto sento no balcão da cozinha.

- Apenas quis deixar a mesa pronta para o jantar... Como eu não sabia preparar nada... – desvia o olhar e coloca uma mão no bolso da calça, parecia incomodado.

- Ah sim, você almoçou? Peço mil desculpas, acabei esquecendo que você não está acostumado com tudo isso. – Dou de ombros e bebo um pouco do vinho, ele faz o mesmo.

- Vasculhei seu armário e aquilo ali – aponta para a geladeira – espero que não fique aborrecida.

- Imagina. – Dou um tapa no ar- tá de boa. – Ah propósito, de onde veio as flores? – Aponto para as flores em cima da mesa.

- Peguei no bosque aqui ao lado.

- Ata... Nunca andei por lá.

- Hun...

- Senhor Uchiha, poderia me contar o que o Senhor costumava fazer? Digo, na sua vida.

- Bom... – Ele bebe um pouco do vinho e então sorri de canto – Eu cuido dos negócios da família... Gado. Trabalhamos com Gado.

- Hun... deve ser interessante, a única vaca que eu tenho por aqui é a Ino. – Gargalho e ele franzi o cenho.

- Seria a Senhorita Yamanaka?

- Essa vaca mesmo.

- Senhorita, ao menos tenha respeito pela Senhorita Yamanaka.

- Prr... – Reviro os olhos – Esqueça isso, continue.

- Hun... – ele me olha feio, mas bebe um pouco mais de vinho – Bem, eu cuido do gado e meu irmão, Itachi, cuida das propriedades.

- Interessante... – Termino minha taça de vinho – Então você tem um irmão... Mais velho?

- Só na idade. – resmunga – O Itachi é extremamente brincalhão, descolado... acredito que ele se sairia melhor aqui no futuro do que eu estou me saindo. Provavelmente ele iria adorar não conviver com tantas formalidades, apesar de ser um perfeito cavalheiro quando necessário.

- Então vocês fazem isso por obrigação?

- De forma alguma. – Ele termina o vinho e coloca a taça em cima do balcão, ao meu lado – Tivemos essa criação, todos são assim, apenas o Itachi não é tão sério como um homem e pai de família deve ser.

- Seu irmão é casado? – arqueio as sobrancelhas.

- E pai. Mei, minha princesa linda. – os olhos dele brilham – Se parece muito com a mãe.

- E você? – Pergunto mesmo, estava morta de curiosidade.

- Problematicamente não. – Suspira, parecia cansado por estar falando disso.

- Explique.

- É que... eu já passei da idade.

Sem querer engasgo. Ele me olha preocupado, mas eu faço sinal com a mão para dizer que estava tudo bem. Como assim “já passei”?

- Como assim “já passou”?

- Tenho 27 anos, Senhorita Haruno. Já deveria estar casado e com filhos.

- Você é novo! – acabo me exaltando. PERA AÊ POW, VELHO NADA!

- Não. Acredite, para os tempos de hoje talvez, mas para o meu... Isso é um grande problema.

Ele fica em silêncio e parecia bem triste com algo. Mordo o meu lábio tentando entender tudo isso, parecia ser bem complexo. Desço da bancada e vou até o forno e vejo que a lasanha já estava pronta. Pego um par de luvas e retiro a mesma do forno. O cheiro delicioso invade a cozinha.

Viro com a travessa e caminho até a mesa, colocando-a lá. Ele pega as taças e traz junto com a garrafa de vinho. Coloca tudo em cima da mesa e antes que eu processe, ele puxa a cadeira para que eu sente. Agradeço sem conseguir me acostumar com isso, ele dá a volta na mesa e senta também.

- No seu tempo existe isso: Lasanha? – corto uma fatia e o sirvo, faço o mesmo comigo.

- Não, mas me parece ser delicioso.

- Você não faz ideia. – Sorrio e como um pouco, ele faz o mesmo.

- Oh... fabuloso! – limpa a boca sutilmente.

- Uhum... mas então, você não casou, e agora? – Sirvo-nos com vinho novamente.

- Isso... – ele bebe um pouco do vinho e se remexe incomodado na cadeira – Agora estou em análise.

- Oh, então tem alguém em mente! – me animo com o rumo da história.

- Sim... Duas jovens na verdade.

- Nossa. – franzi o cenho – Isso parece complicado.

- Um pouco... Ambas são educadas, de boa família, sabem como cuidar de uma casa, como se comportar na sociedade, como cuidar de um marido, são belas damas...

- E de qual delas você gosta mais? – Como um pouco mais da lasanha.

- Gostar? – ele me olha e eu assinto. O Uchiha volta a olhar para o prato e come um pouco da lasanha. – Isso é complicado.

- Não, não é. – Sorrio – É só pensar quem faz seu coração bater mais rápido, ou que te faz ficar se palavras. –incentivo.

- Bem... – ele desvia o olhar e franzi o cenho. Parecia estar numa luta interna e então vejo seu olhar “cair”, algo estava errado.

Como ele podia estar em dúvida entre duas mulheres e não saber por qual seu coração batia mais rápido? Isso era possível? A não ser que... Ah não! Não!

- Nenhuma? – ele me olha  - Você não está apaixonado por nenhuma das duas. – concluo abismada.

- Bobagem. – ele senta ereto – paixão é algo que se constrói aos poucos, com a convivência. Na minha idade, Senhorita Haruno, não posso me dar ao luxo de pensar em sentimentos, preciso de alguém que seja uma boa esposa, apenas isso.

- Olha – limpo minha boca e sento ereta – Eu não sou a melhor pessoa para falar de sentimentos, na verdade sou péssima com isso, mas veja, se tem algo que eu sei é que para casar, você precisa gostar, sabe? Casamento é algo sério.

- Eu sei, exatamente por isso que preciso de uma boa companheira.

- Senhor Uchiha, me responda uma coisa. – Viro a taça de uma vez, bebendo tudo – Como será para o Senhor acordar todas as manhãs e olhar para a cara de alguém que não faz seu coração bater mais rápido? Como será para o Senhor ir dormir, transar com alguém que não ama? – o rosto dele fica rubro quando falo “transar”, mas eu tô pouco me importando – E se o Senhor encontrar alguém que ame depois de casado?

Ele abre a boca e fecha várias vezes, respira fundo, desvia o olhar, olha para a minha casa, depois o jardim e então volta a me olhar, dessa vez, com determinação.

- Ainda assim, serei um homem casado, que deve honrar sua mulher. Preciso de herdeiros.

- Então é isso? Precisa de alguém que seja um espelho da perfeição, mesmo que por trás esse espelho esteja quebrado? – sem querer, minha voz saiu triste.

- Desde que o reflexo seja perfeito, eu realmente não me importo.

- Por que está sendo tão cruel consigo mesmo? Se quer tanto casar, deve ao menos ser feliz com isso.

- Por que a Senhorita não casou? – muda de assunto.

- Querendo mudar o foco? – franzi o cenho, como um pouco da lasanha, terminando minha fatia – Pois bem... Não casei porque não quero fazer isso. E se algum dia chegar a fazer, que seja com alguém que eu goste.

- Por que não quer casar? – Ele estava intrigado.

- Não vejo necessidade para isso.

- Não fica mal visto uma mulher como a Senhorita estar solteira?

- Não mesmo.

Quando ele termina de comer, tiramos a mesa e eu arrumo tudo, enquanto ele ficava me olhando curioso, parecia intrigado, mas ressentido com algo. Se ele estava querendo perguntar algo eu iria dar uma brecha para isso.

- O que lhe incomoda? – pergunto, caminhando para o sofá e sentando, pego o controle da tv e ligo.

- Não se incomode com isso. – Ele senta no sofá ao lado, mas antes eu tenho que indicar que ele sente.

- Ah vamos, pode perguntar. Você me falou bastante sobre você.

- Hun... é que... No meu tempo, as mulheres se sentem realizadas quando casam...

- Oh, aqui também é assim, mas com algumas. Como a Hinata por exemplo, ela e o Naruto são casados, já a Ino não é, mas ela anda de olho no Gaara, você não o conheceu. – informo dividindo minha atenção entre a tv e o Uchiha.

- Hun...Então elas estão visando uma família.

- A Hinata sim, a Ino talvez.

- Certamente... Então por que a Senhorita também não visa isso?

- Só... não penso agora. – dou de ombros.

- Não pretende ter filhos? – franzi o cenho.

- Talvez.

- Não me parece um jeito muito feliz de se viver. – ele fala triste.

- Casar por obrigação também não. – rebato, olhando-o.

Ele fica me encarando um tempo. Seus olhos negros brilhavam em contraste com a luz baixa que era emitida pelo lustre do balcão. Por causa da distância, a iluminação era baixa o que o deixou um pouco pálido.

Só agora eu reparei que ele tinha um jeito sereno. O Uchiha possuía uma beleza única. Ele pisca algumas vezes e então suspira desviando o olhar. Acho que consegui o fazer refletir sobre isso. Talvez eu esteja errada em colocar essas coisas na cabeça dele, afinal, era a época dele, mas não era justo casar por convenção. Não era.

Uma coisa era eu não querer casar, outra coisa era ele casar com alguém que não ama apenas por status. Não conversamos mais depois disso. Ficamos assistindo em silêncio. Um tempo depois, decidi que estava na hora de dormir, então me despedi e falei como desligar tudo. Ele apenas murmurou um “boa noite” fazendo uma reverência e eu fui para o meu quarto.


Precisava de uma boa noite de sono para colocar tudo em ordem. Era informação demais, além de ter que começar a trabalhar mais pesado para fazer essa máquina funcionar. Ele estava longe de casa, da vida, do tempo, da família, de tudo... Não era justo.

 ~> Continua


Notas finais

E agora viados? O que será que se passa na cabeça do Uchiha hein?
Até semana que vem.
Beijinhos.

Comentários

  1. Amei <3
    Ino sua doida vá tratar essa sua Tará por ruivos! Isso não é normal.kkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Sasuke arrumando a mesa do jantar, que coisinha mais fofinha de mamãe! O:-)
    Kabuto dando um chega aqui minha nega na Sakura em! Kkkkkk
    Será que ela resiste?! Acho difícil em. Hehe
    Ansiosa.
    Bjos

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    Respostas
    1. Olha quem ta falando da Ino.
      Logo tu, Brutos?
      Kkkkkkkkkkkkk'
      Só você mesmo viu...
      Kabuto mostrando quem manda ;D

      Excluir
  2. Kkkkkkk eh isso ai Naruto o kabuto é assustador kkkkk tbm estremeci so em imagina Kabuto e Sakura ... Noooo
    Sasuke seu fofoooo eu sou exatamente o que vc procura kkkkkkkk
    Ansiosa pelo próximo capítulo
    Kiss

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk'
      Ah então vou passar seu endereço para o Sasuke xD

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  3. Tbm acho o Kabuto assustador!!!!! Capitulo perfeito! Ansiosa pelo proximo!!!

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  4. Acho que o povo está imaginando o Kabuto com pele de cobra por que o normal nem assusta.
    então o capitulo está perfeito como sempre.
    Ino safadôncia tara por ruivos...
    Estou sinceramente curioso pelo que vai vir a acontecer nessa festa, vai ser meio complicado para o "senhor certinho" se deparar com meninas de biquine, principalmente a Hinata que é casada.
    Achei maravilhoso esse desenvolvimento de relação entre a Sakura e o Sasuke e tals.
    Em resumo gostei muito e até o próximo.

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    Respostas
    1. Pois é, cara... Eu não costumo imaginar ele assim, imagino ele normal e com a personalidade que eu crio.
      Ino, sendo Ino.
      Rapaz... Se ele não morrer na festa da piscina não morre nunca mais kkkkkkkkkkkkk...

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