Gypsy - Fagulha 1




O barulho das rodas de madeira contra os pedregulhos eram agradáveis aos ouvidos, bem como o som dos cascos dos cavalos e dos passos das pessoas que iam a pé. A caravana era de um tamanho médio, sete carroças ciganas iam estrada à dentro. Crianças corriam animadas, saltitavam, passavam pelas carroças e voltavam para o final do cortejo, felizes por estarem indo para um novo lar. Os adultos, em sua grande maioria, ia em cima das carroças, guiando os cavalos que puxavam. Pouco a pouco a paisagem natural com árvores, gramas e lagos ia tornando-se mais escassa e o clima árido começava a aparecer.



Uma carruagem em específico ia logo após a terceira carruagem. Ela era de um rosa quase vinho, muito bem decorada com detalhes dourados e desenhos abstratos que criavam um contraste perfeito com sua pintura. Era uma das carroças mais bonitas que já se vira no mundo cigano. Não só pela pintura, mas também por sua decoração delicada, mas autenticamente cigana. Uma combinação perfeita que misturava leveza e tradição. A mesma estava com as portas e janelas fechadas o que obstruía a visão interior, mas a jovem com vestido esvoaçante em tons de verde estava sentada no banquinho de madeira que ficava de frente para a estrada, segurando as rédeas do cavalo que puxava-a.



Os cabelos soltos, enfeitado com finas tranças aleatórias e enfeites de flores caíam sobre as costas em ondas largas, mostrando uma selvageria controlada, como uma felina domada. A caravana seguia animada, cantarolando músicas ciganas, tocando seus instrumentos e batendo palmas. Tudo na vida deles era regado a base de música. Era um povo livre e feliz. 




- - 




A tarde já estava chegando ao fim com o sol refletindo sobre a areia do deserto árido. O vento que soprava contra os ciganos era quente e abafado. A umidade do ar era quase zero. Isso fez com que as crianças se recolhessem dentro das carruagens. Os adultos protegeram-se com lenços e roupas mais compostas, os rostos estavam cobertos por lenços, ficando apenas os olhos expostos. Não tão diferente estava a jovem cigana que trazia no rosto um lenço cobre com desenhos aleatórios, protegendo o rosto do calor do deserto, deixando apenas os olhos descobertos. As dunas iam e vinham enquanto eles passavam por elas e a cada vez mais que andavam, mais parecia adentrar naquele lugar de ninguém.



Os olhos verde esmeralda estavam estreitos, atentos, tentando resistir aos maus tratos do deserto. O homem que ia na primeira carruagem ergueu uma mão em punho e todas as outras pararam. A cigana fechou os olhos e suspirou em alívio sabendo que iria pousar ali por aquela noite. Puxou as éreas do cavalo e as prendeu no assento da carroça. Passou as pernas por cima da rédea e pulou da carroça, indo em direção a um grupo que já se acumulava próximo à primeira carruagem. À medida que andava, seus pés levantava areia, fazendo com que uma pequena nuvem de poeira dançasse para longe. A saia longa e pesada fazia o mesmo efeito, mas com certa suavidade.



- Vamos repousar por aqui. - o homem que ia na carruagem da frente informou enquanto soltava as rédeas do cavalo - Logo vai anoitecer e não há necessidade de estarmos vagueando no escuro podendo enfrentar uma tempestade de areia.



- Tio... - ela se aproximou olhando ao redor - Tem certeza? Estamos entre dunas.


- Exatamente, minha querida, vamos ficar protegidos aqui. - ele apontou para as dunas que os cercavam - Nosso único problema será uma tempestade. Estamos distantes da cidade. Não há problema. Ninguém seria louco de perambular pelo deserto nessa época.


- Tudo bem. - sorriu animada. Com entusiasmo, caminhou em direção a sua carruagem, mas assim que alcançou o cavalo, sentiu um braço passando por cima de seus ombros enquanto o cheiro de lavanda tocava suas narinas.


- Estou ansiosa. Quero logo chegar em terrenos tranquilos. - a morena de olhos brilhantes começou a ajudar a outra na tarefa de libertar o cavalo - Dizem que o deserto é atraentemente quente.


- E perigoso. - lembrou terminando a tarefa e puxando o apoio de sua carruagem para que a mesma ficasse apoiada na areia.


- Qual lugar não é, prima? - sorriu segurando a saia e balançando o corpo de um lado para o outro fazendo uma nuvem de areia se formar ao redor - Mas nós somos como as cobras. soltou a saia e com as mãos simulou um movimento ondular - Sabemos como nos adaptar aos ambientes.


- Você é louca, mas tenho que concordar. - sorriu e girou enquanto batia palmas - Somos ótimos com isso.


- CUIDADO! - um grito chegou aos ouvidos de ambas no momento em que um jovem cigano segurava ambas pela cintura, erguendo-as com facilidade e as puxando para trás.


Elas soltaram um gritinho por terem sido pegas de surpresa, mas quando foram colocadas no chão e viram o rapaz ir para aonde elas estavam, entenderam o motivo da urgência. O rapaz se abaixou na areia, puxou o tecido que cobria o rosto para a mão cobrindo-a e então pegou algo que estava alí. Quando ficou de pé, os cabelos castanhos chicotearam quando uma rajada de vento passou e ele levantou o braço em frente ao rosto para proteger os olhos, agora desprotegidos. Quando a ventania acalmou, ele baixou o braço e os olhos castanhos escuros estavam divertidos enquanto ele se aproximava das jovens.


- Shino, o que...? - a morena correu na direção dele levantando areia e a outra jovem fez o mesmo.


- Um escorpião. - abriu a mão mostrando o escorpião negros que estava assustado, balançando a cauda em ameaça - Do deserto.


- Nossa! - a jovem de olhos verdes sussurrou enquanto erguia a mão - Posso tocá-lo? - olhou para seu salvador.


- Sinto muito, prima, mas não. - segurou a mão dela e a beijou com sutileza, afastando-a logo em seguida.


- Ai Sakura, você tem alguma coisa... Precisamos verificar nas cartas seu passado.


- Qual sua sugestão, Hinata? - Shino olhou para a morena que ainda olhava para o animal.


- Eu diria uma cobra, e você? - ergueu os olhos para ele.


- Uma felina. - ele olhou para a jovem de olhos verdes.


- Não acho. - se inclinou para poder olhar o escorpião mais de perto. Shino manteve-se atento o tempo todo. Ela estreitou os olhos analisando o animal que virou para ela e "picou" o ar. - Ele é lindo. - sussurrou.


-  E perigoso, Sakura. Muito perigoso. - olhou ao redor vendo o melhor lugar para soltar o animal e quando encontrou, caminhou até lá, próximo a uma duna e o soltou com cuidado.



O animal correu rápido e entrou na areia, sumindo. O moreno caminhou de volta para o grupo enquanto as jovens focavam em ajudar os outros a montarem acampamento. O sol estava por trás de uma das dunas, a imagem era linda, aconchegante, mas o vento era forte alí. Sakura caminhou indo na direção dos ciganos para ajudá-los com as carruagens enquanto Hinata e Shino ficaram cuidando dos cavalos. Ao chegar junto dos ciganos, a jovem começou a retirar as escadas das carruagens quando sentiu um arrepio percorrer todo o corpo.


No mesmo instante ela paralisou.


Ficou ereta olhando ao redor. Porque estava sentindo aquilo? Estreitou os olhos verdes e começou a caminhar pelo local, os outros ciganos não se atentaram a ela já que estavam todos ocupados demais. A jovem caminhou por aproximadamente dez metros, afastando-se do grupo. A distância era pouca. Ela olhou ao redor, analisando as dunas quando o calafrio percorreu novamente. Nunca tinha sentido aquilo antes, era como se algo estivesse para acontecer. Só não sabia exatamente oque.


Os olhos verdes foram para o céu quando um som agudo alcançou os ouvidos. Ela levou a mão aos olhos tentando protegê-los do sol da tarde. Com os olhos estreitos, avistou o falcão que voava alto, em círculos, como se estivesse observando-os. Os ciganos ficaram curiosos com aquela ave que aparecera do nada, mas a jovem não, ela ficou admirada com o animal que os acompanhava. Sem pensar muito, ela ergueu o braço na direção do falcão que piou alto e começou a cair em queda livre na direção dela. Todos os ciganos se afastaram enquanto a jovem continuava parada, observando o animal aproximar-se.



Quando ele já estava próximo, abriu as asas diminuindo a velocidade e ela estendeu o braço, permitindo assim que o falcão pousasse em seu braço. E ele o fez. Um silêncio enorme se fazia no local, apenas com o barulho do vento soprando. A jovem trouxe o braço para junto de sí e analisou o falcão de perto. Era lindo. Incrivelmente lindo. O animal virou a cabeça, olhando-a nos olhos e ela estreitou os olhos que de tão verdes, brilharam com intensidade mediante o animal e o sol. Algo encantador, mágico...


- Sakura? - alguém a chamou e ela virou de lado, vendo um dos ciganos se aproximar - Esse falcão...


Mas ela não teve tempo para responder. Um assobio ecoou pelo local, atraindo a atenção de todos, inclusive a do falcão que no mesmo instante levantou voo e rápido, tomou a direção das dunas. Todos viraram na direção em que o falcão havia voado e tamanha foi a surpresa quando viram no alto de uma duna um grupo montado sobre cavalos, todos com vestimentas brancas, envolvidos em seus tecidos protegidos dos males do deserto. O homem que estava parado no meio do grupo ergueu o braço e o falcão pousou alí com familiaridade. Eram aproximadamente vinte homens. Todos montados. Aparentemente fortes. O que segurava o falcão aproximou o braço do peito e olhou nos olhos do falcão depois ergueu a cabeça e mesmo distantes, mesmo ele estando à mais de cem metros de distância da jovem ela percebeu... Ele a olhava nos olhos.









Comentários

  1. Ui próximo capítulo vai ser o encontro... Shisui meu lindo ansiosa para lhe ver 😍
    E Sakura mia fia vc ama msm os animais!

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    Respostas
    1. SIm o encontro *-*

      Essa é msm uma amante da natureza kkkkkkkkk

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  2. Sasusaku + deserto + ciganos .... prevejo muito calor nyx. .. amando seguir mais uma fic sua..

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