P.O.F. - Prólogo

- Promete. Promete que em breve iremos nos vê? - perguntou baixo, ainda nos braços dele.


- Eu já lhe falei que iremos nos vê. - respondeu com o rosto escondido na curva do pescoço dela.


- Mas você não prometeu. - choramingou e se afastou minimamente, olhando-o nos olhos.


Já dizia François La Rochefoucauld "Prometemos conforme as nossas esperanças e cumprimos segundo os nossos receios". As vezes, precisamos compreender esse pensamento. Exigir promessas de algumas pessoas é como exigir que ela se coloque em xeque mate diante de seus maiores medos. Não sabemos como a outra pessoa realmente se sente quando fala "eu prometo", a única coisa que sabemos é que nosso ego se satisfaz diante de uma palavra que "deve" ser cumprida. Não importando muito o sentimento do próximo.


- Ei... - segurou o rosto dela entre as mãos e lhe lançou seu melhor sorriso. Aquele que ela adorava. Um sorriso tímido, que deixava as barroquinhas que ele possuía nas bochechas em evidência, franzia suas sobrancelhas grossas e deixava seus olhos pequenos - Desde quando eu precisei prometer algo para fazer a sua vontade, Alteza? - perguntou baixo, com o rosto próximo ao dela.


Em silêncio, ela ficou mirando aquelas orbes negras, permitindo-se perder na imensidão de calmaria que era aquela escuridão que conhecia tão bem e que acalentava seu coração, aquecendo-o e tranquilizando-o de forma familiar, acolhedora e apaixonante.


- Nunca. - sussurrou, sorrindo.


Aquela foi a melhor maneira que ele encontrou de se despedir. Seria aquele seu "adeus". Seu doloroso, cruel e dilacerante adeus. Despedir-se nunca foi fácil, mas despedir-se de seu grande amor é como arrancar um pedaço seu, jogá-lo ao vento e vê-lo ser levado para longe... No caso dele, sua metade arrancada, dirigia-se na direção de um avião e voaria para longe.


Longe do homem que a amava.


Naquele dia, ele conseguiu compreender perfeitamente o que Napoleão quis dizer quando falou "a melhor maneira de manter a sua palavra é não a dar".


E ele não deu.