Gypsy - Fagulha 15
Itachi estava do lado de fora da carruagem, enquanto Sakura demorava dentro da mesma. Estava ali já fazia mais de quinze minutos, mas Itachi manteve-se paciente. Ficou olhando a moradia por fora. Os detalhes entalhados na madeira da carruagem eram lindos, desenhos que pareciam ilustrar uma história. Curioso, tentou desvendar onde aquela história começava, mas estava difícil. Algumas partes pareciam não estar terminadas, em outras, parecia não ter a ver com os outros desenhos. Despertou da própria curiosidade quando ouviu a porta rangendo e caminhou para os fundos da carruagem, onde Sakura descia as escadas.
Observou a cigana com afinco tentando entender o que havia de diferente. Ela trazia uma taça dourada na mão esquerda. A peça parecia ser de vidro e ouro, ornamentada com detalhes meticulosos. Curioso, mas se mantendo discreto, Itachi arqueou as sobrancelhas para a cigana e a mesma lhe lançou um sorriso ladino.
- Pergunte. - caminhou na direção dele.
- Estou curioso sim, pensei que estávamos aqui para você pegar algo para a execução do seu agressor.
- E aqui está. - mostrou a taça e quando o Uchiha estendeu a mão para tocar no objeto, Sakura recolheu a mão, impedindo-o.
- Algum problema? - franziu o cenho ainda com a mão no ar.
- Nenhum. A menos que deseje morrer nesse instante.
- Melhor não. - murmurou, recolhendo a mão - Mas confesso que agora, desejo mais do que nunca saber o que há de tão perigoso nessa taça.
- Verá, Gadjô. Verá.
- Então, vamos? - indicou a entrada do palácio atrás de si.
Em silêncio, Sakura meneia a cabeça e passa por ele, entrando no palácio. Lado a lado, eles caminharam pelos corredores do palácio e seguiram até o grande salão.
Ao se aproximarem da porta, dois guardas abriram as portas duplas e eles entraram. O salão estava lotado. Todos estavam lá e o Sasori estava de pé em frente a cadeira onde sentava Itachi. Ao olhar para o homem, Itachi sentiu uma raiva tão grande que quase esqueceu do pedido de Sakura, mas com um respirar profundo, ele diminuiu o ritmo e permitiu que Sakura passasse em sua frente e então a seguiu, escoltando-a. Todos olhavam para o Uchiha, esperando que ele começasse.
Em silêncio, ele sentou em sua cadeira e indicou uma cadeira próximo para Sakura. Também em silêncio, ela sentou no lugar indicação. Itachi ficou olhando para o homem a sua frente, analisando-o. Com interesse, Itachi levou o dedo indicador ao lábio e o esfregou ali, pensativo. Com um suspirar profundo, pigarreou.
- Eu fico me perguntando, Sasori, se você é realmente burro ou inocente demais.
- Senhor, por favor... - ia começar a falar, mas o Uchiha ergueu a mão.
- Você não entendeu que não está aqui para falar? - arqueou as sobrancelhas - Sempre deixei muito claro que nenhuma das meninas são obrigadas a se deitar com ninguém. Elas se envolvem com quem elas desejarem e você quebra essa regra e tenta violar a cigana. Justo ela. - encosta as costas na cadeira e respira fundo, franzindo o cenho com tranquilidade - Isso é alguma espécie de feitiche? Ser assassinado? Porque ao que me parece, você gosta de brincar de roleta russa, não é!?
O homem piscou, atordoado e abriu a boca para responder, mas mais uma vez, Itachi ergueu a mão o calando.
- Não se de ao trabalho. Não vai fazer diferença. - passou a língua entre os lábios - Eu pensei bastante sobre como você iria morrer. Talvez pela cobra do Sasuke ou pelo leão do Shisui. Até cogitei a ideia de eu mesmo te fatiar em pedacinhos e alimentar minha águia por algum tempo com você, mas então a Sakura me fez um pedido inegável. - ele olha para Sakura e estende uma mão para ela. Em silêncio a Haruno levanta e caminha até ele, colocando a mão vazia sobre a dele. Itachi inclina a cabeça e beija o dorso da mão da cigana e então volta os olhos para Sasori - E devo dizer, estou curioso sobre o que ela fará com você. - sorriu de canto e soltou a mão de Sakura - Ele é todo seu, Rom.
- Obrigada. - responde baixo para Itachi e respira fundo, estufando o peito.
Em silêncio, a Haruno seguiu na direção do homem enquanto bebia um pouco do vinho que tinha dentro da taça. Durante todo o caminho, ela não tirou os olhos dos olhos castanhos e o homem a olhava com medo. A verdade é que não sabia o que ela ia fazer. Ninguém ali sabia e estavam todos curiosos demais. Apenas Hinata tinha uma possível noção do que poderia acontecer, mas não tinha certeza. Ao chegar em frente ao homem, Sakura parou de beber do vinho e com cuidado, ergueu uma mão e acariciou o rosto do homem que assustado, retesou, mas não teve como se afastar já que estava amarrado.
- Você poderia ter longos anos de vida, mas cometeu um erro gravíssimo. - a voz dela era como um veludo, deslizando pelo salão silencioso.
- Por favor, perdoe-me! - balbuciou - Eu... Eu acabei me descontrolando.
- Por favor? - inclina a cabeça para o lado, ainda olhando nos olhos dele - Eu lhe pedi por favor, mas você me ouviu?
- Me perdoe! - se desesperou - Eu... Eu errei, mas não faça isso, por favor!
- Hun... "Não... não... não..." - faz bico, suspirando - Eu pedi muito "não" também, mas você também não me ouviu. Tsk! Tsk! Tsk! - dá um sorriso de canto - Teria sido melhor se a tesoura tivesse pego no seu coração e te matado de vez.
- O que você vai fazer? - se descontrolou - O QUE VAI FAZER?
- Calma... - pediu baixo - Não precisa se desesperar... Tome. - levou a taça aos lábios dele, mas o homem afastou o rosto - Vamos, beba. É apenas vinho... Veja. - ela levou a taça aos próprios lábios e sorveu o liquido e depois afastou, sorrindo - Viu? Agora seja obediente e beba. Vai lhe relaxar. - levou a taça aos lábios do homem e ele bebeu o liquido num gole generoso - Isso... Beba tudo. - sorriu de forma sombria.
E foi ai que o homem soube que estava perdido. Quando ela afastou a taça e o olhou com um sorriso maníaco nos lábios, ele sabia que estava condenado e como que para confirmar isso, o homem sentiu a boca ficar dormente. Depois o rosto, então sua cabeça.
- O que... - balbuciou - O que você me deu?
- Vinho. - arqueou as sobrancelhas como se fosse óbvio.
- Não! - começou a tossir e então gemeu de dor. Os lábios do homem ficaram pálidos e ele caiu de joelhos no chão, ofegando - Você me envenenou. - esbugalhou os olhos e olhou para ela, apoiando uma mão no chão. - VOCÊ ME ENVENENOU!
- Hum... Sim. - respondeu suavemente, olhando-o de cima. Os olhos verdes estavam frios, ela permanecia com uma postura invejável em frente ao homem que estava decaído aos seus pés. Sakura deslizou um dedo pela borda da taça e sorriu com ternura - Vocês homens são tão tolos... Nunca aprendem, não é? Não se deve beber algo oferecido por uma mulher, muito menos se ela não quer seu bem e principalmente se é uma cigana.
- DESGRAÇADA! - gritou e levou uma mão aos olhos, atordoado - Meus olhos... MEUS OLHOS! - gritou, enquanto apalpava os olhos e então olhou ao redor, desorientado - EU NÃO ENXERGO NADA!
- Isso é o de menos, querido. - caminhou ao redor do homem, brincando com a taça - Deixe-me lhe contar sobre esse veneno, sim?
- DESGRAÇADA! EU TE AMALDIÇO-O! -gritou a plenos pulmões, levando a outra mão a garganta e ofegando - Ar... preciso de ar...
- Bom... Eu mesma criei esse veneno se quer saber. - ainda o olhando de cima, ela começou a passear pelo salão, mas sem tirar os olhos do homem que arquejava, gemia, tremia, se debatia e tentava respirar - É uma mistura perigosa de outros venenos, mas muito útil se quer saber. Ele começa deixando a pessoa dormente. Depois ai tirando as forças, pouco a pouco, retira sua visão e então o ar... - sorri, parando em frente ao homem e inclina o rosto, analisando-o. O homem arquejava pálido, engasgado na própria saliva - É como... se afogar lentamente. Você sente o ar faltando nos pulmões, e então a saliva começa a ser produzida em excesso e vai direto para a cava respiratória.
- E-e-eu... Aaaah! - ele cai no chão e fica se debatendo enquanto começa a sair sangue por sua boca, nariz e ouvido.
- Ah! A melhor parte! - bate palmas e respira fundo ficando ereta e olha para a poltrona onde estavam todos os Uchihas e as meninas também. Ela olha nos olhos de Itachi que observava aquilo com um brilho perigoso nos olhos, um sorriso quase imperceptível nos lábios e um orgulho em cada respirar. Como uma felina, Sakura caminha na direção dele, ainda olhando-o nos olhos e Itachi corresponde ao olhar na mesma intensidade - Agora, os órgãos começam a ficar feridos, as veias começam a estourar uma por uma, causando uma hemorragia interna suave, nada muito perigoso, mas que aos poucos vai tomando uma proporção incontrolável. - ela sobe os degraus de onde ele estava e para em frente ao Uchiha - E o que acontece quando todos os órgãos entra em um colapso como esse?
- Uma hemorragia interna grave. - responde sem nem pestanejar. Com um respirar profundo, Itachi levanta, ficando frente a frente com a cigana e com cuidado, pega a taça das mãos dela enquanto Sasori afogava no próprio sangue, gemendo de dor - Isso é... fascinante.
- Sabe o que é mais fascinante, Senhor Uchiha? - a voz dela era baixa, quase um sussurro. Os olhos verdes brilhavam na mesma intensidade que os olhos negros - O fato de ele sentir absolutamente tudo o que está acontecendo com o próprio corpo.
- O que mais me fascina... é o fato de você ter bebido do mesmo vinho que ele. - olha para a taça e então olha para ela - Como?
- Fogo. - sussurra e então vira, dando as costas ao Uchiha, mas permanece no mesmo lugar, olhando para Sasori que agora, apenas tremia no chão, tendo seus últimos segundos de vida - Já vai acabar, querido. - fala alto para que Sasori ouvisse.
E então, ele suspira uma última vez e para. Todos ficam em silêncio, chocados, aterrorizados com o que acabaram de vê. Não era a primeira vez que alguém morria naquele salão já que Itachi era acostumado a fazer execuções ali, mas nunca tinham visto algo como o que a cigana fez. Era horrível, cruel, digno de alguém sem coração. O chão do salão estava banhado com o sangue daquele homem, o corpo dele possuía manchas arroxeadas por toda a sua extensão. Sakura vira para Itachi e o moreno olhando nos olhos da cigana, respirou fundo, proferindo alto para que todos no salão ouvissem.
- De agora em diante, aquele que ousar tocar nessas ciganas, sofrerá o mesmo... - arqueou uma sobrancelha para a Haruno que deu um sorriso de canto para o moreno- Ou pior.
Com um suspirar profundo, Sakura indica a taça.
- Queime-a. - e então olhou para Hinata que ao entender, caminhou na direção da prima.
Sakura desceu os degraus de onde estava e ao encontrar Hinata, caminharam lado a lado, saindo do salão, deixando a todos boquiabertos com a cena. Itachi permaneceu paralisado, olhando o caminho que Sakura havia percorrido e então voltou os olhos para a taça, analisando-a. Estava tão fascinado que ficou preso no próprio mundo por longos minutos, sendo observado por todos.
Depois do que pareceu longos minutos, Shisui se aproximou do irmão e com sutileza tocou no ombro de Itachi que o olhou de lado.
- Acho melhor fazer o que ela indicou, sim? - indica a taça.
- Sem dúvidas. - responde baixo e estende a taça para o irmão que pega-a.
Sem falar mais nada, Itachi se retira do salão, deixando a todos sem saber o que fazer e é Sasuke quem assume a situação, ordenando que alguns dos guardas retirassem o corpo do homem dali e queimassem-o. Dispensou a todos os criados e mandou as meninas irem para o quarto. Sasuke era o que tinha mais medo, ficou pensando se aquilo acontecesse consigo, afinal, ele já tentou gracinhas com a cigana, mas jamais imaginou que ela fosse tão perigosa, por isso, decidiu que daquele momento em diante, iria ter muito cuidado com o que bebia ou comia. Não queria ser envenenado.
Te venero mulher
ResponderExcluirQue capítulo foi esse .
Parabéns bjs
Sakura dona da p**** toda!! Enquanto todos ficaram com medo, Itachi ficou ainda mais apaixonado. Agora ninguém mexe mais com as ciganas... quero saber se a rosada vai dar uma chance ao Uchiha...
ResponderExcluirContinuaaaaaaa
Bella