Pelotão 28 - Capitulo Vinte



A dor era insuportável, seus ouvidos zumbiam, todo seu corpo latejava. Pelos céus, nunca pensou que morrer fosse tão dolorido. Ouvia o Capitão chamando-a, ela abria a boca para responder mas a voz não saia. A voz do Uzumaki estava distante, se perdendo em algum lugar metros à sua frente. Queria poder gritar por ajuda, queria poder sair dalí, mas estava impossibilitada, a voz simplesmente não saia. O túnel estava escuro e cheio de poeira, seu corpo doía, sua cabeça latejava, o suor fazia a roupa ficar grudada ao corpo. Nunca imaginou que morreria daquele jeito, muito menos estando em uma guerra... Talvez por um tiro ou uma explosão, mas presa dentro de um túnel estreito e que acabara de desmoronar sobre sí? Jamais! Com a testa apoiada no antebraço, fechou os olhos e se permitiu respirar tranquila. Era necessário. Pouco a pouco a dor foi se dissipando, deixando o corpo dormente enquanto sua mente vagueava para um lugar de paz, deixando-a embriagada com uma tranquilidade que nunca imaginou alcançar no leito de morte. Tudo bem, estava com o corpo dolorido, mas a morte era tranquila, a estava levando para um lugar de torpor e escuridão.



- Sakura!?



Ouviu a voz grossa, urgente, mas baixa do Capitão soar em seus ouvidos. Tudo bem, morrer ouvindo o Uzumaki chamar por seu nome não era ruim... Fazia aquele momento final parecer leve, como se ele fosse o anjo que a receberia do outro lado. Um pequeno sorriso se formou nos lábios femininos enquanto ela mantinha os olhos fechados e a cabeça baixa.



- Sakura, você está bem? - a voz estava próxima. Como se ele lhe sussurrasse. O sorriso dela aumentou de forma nostálgica. Ele estava certo, anjos tem cabelos loiros e olhos azuis, afinal.



- A morte não é tão ruim. - sussurrou de volta sabendo que já estava dando seus últimos suspiros.



- Não... Você não está morrendo. - algo tocou em seu braço, uma mão... mas ela manteve os olhos fechados - Vamos, olhe para mim.



- Não quero acabar com isso... A paz é boa. - apoiou a testa sobre a mão dele que estava em seu braço - Ainda aqui... Em minha morte... Você é quente.



- Porque eu estou vivo. - sussurrou próximo ao seu rosto - E você também... Agora olhe para mim.



Com um suspiro pesado, a médica ergueu a cabeça minimamente e abriu os olhos verdes, deparando-se com as esferas azuis que a encaravam com o cenho franzido. Os cabelos dele estavam bagunçados, o rosto preocupado enquanto ele permanecia à poucos centímetros de distância dela. A respiração pesada batia contra as bochechas rosadas da médica. Os olhos dele percorreram todo o rosto da mulher procurando por algo que denunciasse a situação dela.



- Você está aqui. - sussurrou.



- Sim, estou. - apertou o braço dela - E você também, mas precisamos ir.



- Estou presa. - sussurrou.


- Não está. - olhou por cima do ombro dela e voltou a olhá-la nos olhos - Você está livre, Sakura, e eu vim te ajudar a sair. Olhe para trás. - Ela olhou para trás vendo que realmente estava livre. Havia imaginado tudo aquilo? Acariciando o braço dela, o Uzumaki baixou um pouco o tom de voz- Você precisa vir comigo, tudo bem?


- Ta. - sussurrou sem tirar os olhos dele.


O loiro deu um pequeno sorriso de canto enquanto começava a engatinhar para trás, o espaço era pequeno e não tinha como ele virar, por isso, manteve o tempo todo os olhos nos dela enquanto ela lhe devolvia o olhar. Sabia que se desviasse o olhar do dele iria travar, afinal, todo o seu corpo insistia em não querer obedecer seus comandos. Pouco a pouco eles foram chegando ao final do túnel. O Capitão se mantinha próximo à ela, vez ou outra lhe lançava um pequeno sorriso ou murmurava palavras de incentivo. Em determinado momento, o túnel começou a ficar mais claro, mais claro até que o Capitão foi puxado para trás rapidamente.


A médica ofegou quando o viu se afastando rápido e até travou, mas então olhou com mais atenção e viu que ele havia sido puxado pelos soldados que o ajudaram a sair do túnel. Ela se arrastou um pouco mais e viu o Capitão aparecer no túnel com as mãos para dentro, esperando-a. Assim que ela conseguiu segurar nas mãos dele, foi puxada para fora, deslizando o corpo pelo piso do túnel, até estar totalmente fora. No momento em que seus pés tocaram o chão e ela pode respirar fundo, ergueu a cabeça encontrando os olhos azuis analisando-a, verificando se ela estava bem, mas ela não conseguia pensar, nem falar. Ele ainda segurava suas mãos, mantendo-a de pé e em um impulso, a médica se jogou contra o corpo do Capitão, envolvendo-lhe a cintura em um abraço firme.


Por ter sido pego de surpresa, o Uzumaki deu dois passos para trás por conta do impacto do corpo pequeno com o seu, mas ela se manteve abraçada a ele. Os olhos azuis ficaram esbugalhados, o cenho franziu, as mãos ficaram paradas ao lado do corpo, mas em questão de segundos, o cenho relaxou e timidamente, ele ergueu os braços, envolvendo-a em um abraço. Os soldados estavam deslocados com a imagem e por isso, desviaram o olhar dos dois, dando a devida privacidade para ambos. Ela afundou o rosto contra o peitoral dele, escondendo-se no blusão camuflado enquanto ele lhe fazia um carinho tímido nas costas, confortando-a.


- Ai meu Deus. Ai meu Deus. Ai meu Deus... - ela sussurrava enquanto todo seu corpo tremia. Estava em pânico.


- Está tudo bem... Acabou. - sussurrou no ouvido dela, tentando estabilizá-la.


- Eu estava lá e... - as mãos apertaram o blusão - Então o túnel... - soluçou sentindo as lágrimas escorrerem - E ai você... - balançou a cabeça tentando afastar as lembranças. As frases saíam cortadas por conta de seu raciocínio afetado. - Mas eu não estava... - ofegou - Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!


- Acalme-se, Sakura... - continuava afagando as costas dela enquanto mantinha a voz suave - Foi apenas coisa da sua cabeça, mas você está segura agora. - Segura nos ombos dela afastando-a de si sutilmente, inclina levemente o corpo para poder olhar nos olhos dela. Os olhos verdes estavam confusos, banhados d'água, receosos... - Já passou, tá?


- Uhum. - balançou a cabeça freneticamente, fungando.


- Ótimo. - dando um leve sorriso, ele fez um carinho nos ombros da médica enquanto se afastava minimamente para poder olhar os outros soldados - E o Kiba?


- Já está chegando, Senhor. - um soldado respondeu.


Não demorou muito e o Inuzuka surgiu sendo seguido pelos outros soldados que haviam ficado do outro lado do túnel. Assim que os olhos castanhos bateram na médica, o Capitão fez uma análise rápida de como ela estava e ao constatar que estava "bem", meneou a cabeça de forma positiva. Quando o grupo ficou todo reunido novamente, eles seguiram caminhando em frente. Era uma espécie de corredores e mais corredores no subsolo. Quase meia hora depois, o grupo começou a subir uma escada e tamanha foi a felicidade da médica quando alcançaram o térreo da construção.


Os soldados fizeram uma busca rápida no local, verificando se estava "tudo limpo" e quando constataram que sim, seguiram adiante. Eles correram por uma espécie de galpão e quando já estavam chegando do outro lado, ouviram um barulho e a médica só sentiu quando o corpo foi empurrado para o lado e suas costas se chocaram contra um carro destruído. Tudo se tornou poeira, tiro, gritos de ordem. Pelos céus, será que não podiam ter um minuto de sossego naquele lugar?


Kiba passou correndo e atirando. Soldados saíram da proteção do carro e começaram a atirar também. Naruto trocou o cartucho do fuzil e então saiu para campo aberto. A médica sentiu a boca seca. Havia ficado sozinha atrás daquele carro enquanto do outro lado tudo se resumia a tiros, tiros e mais tiros.


Os segundos se arrastaram, o ar era pesado. Ela queria muito fazer algo para ajudar, mas se saísse dalí acabaria atrapalhando. Quando finalmente o barulho dos tiros sessaram, viu os soldados voltando, alguns feridos, outros ilesos. Era angustiante ter que presenciar aquilo, mas seu coração vibrou quando o Uzumaki apareceu pouco depois, ele estava agitado, com o semblante fechado e a boca fechada em uma linha fina. Os olhos azuis encontraram os verdes com angústia e ao perceber que ela estava bem, ele apenas meneou a cabeça.


- Vamos. Estamos perto. - Kiba se pronunciou e todos começaram a caminhar.


Todo o percurso durou três minutos entre esgueiradas e mais esgueiradas. Vez ou outra eles paravam os passos para poder desviar de um grupo ou até mesmo mudavam a rota. Finalmente adentraram um prédio de cinco andares, todo fechado, bastante destruído, mas que ainda assim, ocultava seu interior. Ao entrarem, eles passaram por uma espécie de corredor embutido, muito parecido com a passagem onde a médica havia tido o surto, porém, mais espaçoso e iluminado, claro que o tempo todo ela ficou colada ao Uzumaki.


Quando finalmente terminaram de passar pelo tal corredor, adentraram em um segundo prédio e ao passarem por uma passagem muito estreita, os olhos da médica ficaram esbugalhados. Vários soldados estavam ali, a grande maioria machucados. O cheiro de carne ferida fez ela franzir o nariz de tão forte. Engolindo em seco a médica respirou fundo enchendo o peito de angústia. Santo Pai, não estava preparada para aquilo.


- Acha que consegue? - o Uzumaki sussurrou vendo todos os outros soldados se alojarem. Ele estava ao lado dela, olhando ao redor.


- Sim. - sussurrou enquanto tentava convencer a si mesma de sua resposta.









Comentários

  1. Mds morri com esse capítulo 😨😨mais ainda bem que o nosso loiro-dlç estava lá para salvar nossa flor de cerejeira😊♡♡♡♡

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