Pelotão 28 - Capitulo Vinte e Um





Certamente cuidar daquele monte de gente não estava nos planos da médica quando decidiu fazer medicina. Não que imaginasse que sua vida seria as mil maravilhas, mas aquelas pessoas, naquelas condições... Nem no seu pior pesadelo era capaz de imaginar. Já estavam ali há mais de três horas e ela tinha conseguido estabilizar a grande maioria. Teve a ajuda de alguns soldados e ficou muito grata por isso.



Vez ou outra, passeava os olhos pelo local e via o Capitão Inuzuka bem distraído enquanto o Uzumaki estava muito quieto. Na verdade, ele estava extremamente quieto. Seu rosto estava sereno, apenas com um vinco entre as sobrancelhas enquanto seus olhos estavam longe. Vez ou outra o olhar dele cruzava com o da médica, mas eram em ocasiões muito raras. O que ela estranhou, mas logo se distraiu novamente com os feridos. Terminou de enfaixar a perna de um soldado e retirava as luvas quando viu o Uzumaki levantar e caminhar em sua direção. Jogou as luvas numa caixinha que servia como cesto de lixo e retirou o estetoscópio do pescoço.



Viu o Uzumaki caminhar um pouco mais para o lado e estreitar os olhos para um soldado que estava atrás da médica, analisando-a de cima à baixo sem pudor algum. Aquilo fez o sangue do Capitão ferver em todos os sentidos.


- 75, perdeu alguma coisa? – a voz grave do Capitão chamou a atenção de todos, inclusive da médica que olhou para trás.


- Não, Senhor! – o soldado 75 respondeu rápido.


- Então posso saber o que tanto lhe chamou atenção? – aqueia as sobrancelhas.


- N-nada, S-Senhor. – o olhar dele vacilou.



- Hun... – ele suspirou e caminhou, passando pela médica e se aproximando do soldado que o olhava espantado, se inclinou e sussurrou apenas para que o pobre coitado o escutasse – Então trate de manter seus olhos longe da Doutora. Entendido?


- S-s-sim, Senhor. - murmurou.


- Ótimo. - o loiro ficou ereto e virou vendo todos olharem para eles sem compreender. Com um muxoxo o Uzumaki voltou a caminhar e parou em frente a médica. Ele estava muito perto, quase colado à ela, o que fez a médica erguer a cabeça para poder olhá-lo nos olhos. Ele inclina levemente o corpo e sussurra - Pegue um kit de primeiro socorros, Doutora, e venha comigo, por favor.


- Algum problema? - sussurra de volta com o cenho franzido.


- Hun...


Ele ergue o olhar e vê que todos ali olhavam para os dois que cochichavam. Não queria ter chamado atenção, mas foi inevitável. Já não aguentava mais esperar, precisava fazer aquilo ou iria acabar dando bandeira. Ele volta a olhar para a médica e meneia a cabeça apenas uma vez e então desvia dela, seguindo pela porta. A médica respira profundamente apenas uma vez. Tudo bem, se ele pediu sua ajuda de um jeito tão... particular... significava que era segredo, por isso, caminhou por entre os feridos analisando-os, dando um pequeno tempo para que as pessoas parassem de olhar para ela, o que levou alguns minutos e quando estavam todos distraídos e os feridos estabilizados, ela caminhou até a bolsa que trouxe consigo e pegou uma bolsinha menos, mais discreta, onde ficavam as coisas de primeiros socorros.


Discretamente, caminhou por entre os soldados e passou pela porta. Viu o Capitão de relance no final de um corredor e respirando fundo, seguiu naquela direção. Assim que chegou no final do corredor, viu a silhueta dele entrando em uma sala. Ela suspirou imaginando que aquilo não era hora pra brincar de "siga o mestre", mas ok. Assim que chegou na porta da sala, viu ele sentado em uma espécie de pia/balcão, empoeirada. As pernas levemente entreabertas, os ombros caídos, os olhos cansados. Ele fez um sinal com a cabeça para que ela entrasse, e ela entrou.


- Feche a porta, por favor. - pediu baixo.


Ela fechou. Olhou discretamente em volta vendo que era um tipo de cozinha, ou sabe-se lá oque, mas o que mais intrigou a médica é que estavam apenas os dois ali. Cadê o ferido? Afinal, se ele havia pedido que ela levasse materiais de primeiros socorros, tinha que haver um ferido, não é? Caminhou na direção dele distraída em pensamentos. A cozinha certamente era um dos lugares mais "inteiros" naquele prédio em que estavam. Mas estranhou o fato de ele estar próximo das grandes janelas que haviam no local. Não havia iluminação artificial na cozinha, apenas a luz do sol que entrava pelas grandes vidraças.


- Não é perigoso ficar próximo as janelas? - perguntou baixo enquanto parava a alguns metros dele.


- Acha que lhe traria para um local que apresentasse risco à sua vida? - respondeu também baixo.


- Não. - foi rápida. Sabia que ele não a colocaria em risco. Tinha certeza disso. - Mas... onde está o ferido? - olhou rapidamente ao redor.



- Bem aqui. - indicou a si mesmo com uma mão.


- Não compreendo, Capitão. - se aproximou um pouco mais dele.


- Vou ser mais claro. - Sob o olhar atento da médica, o Capitão abre o blusão camuflado usando apenas uma mão e quando ele vai passar a roupa pelo braço esquerdo, faz uma careta. A médica acha estranho aquilo, afinal, ele não era do tipo que mostrava sentir dor com facilidade, mas foi quando o blusão foi colocado de lado que ela viu o sangue, viu a camisa verde musgo rasgada na altura do ombro e uma faixa improvisada enrolada no ombro do homem - Acho que...


- Meu Deus, Capitão! - exclamou e caminhou rápido até o mesmo, colocou a bolsinha sobre o balcão e no mesmo instante se aproximou dele, analisando seu ombro - O que...?


- Um tiro. - murmurou.


- Quê!? - olhou rápido para ele ficando ereta - Como assim você levou um tiro!? Como assim você levou um tiro pelo amor de Deus!!!!? - Os olhos dela demostravam o transtorno interno que ela estavam.


- Acalme-se, Doutora. Foi apenas um tiro. - franziu o cenho. Nunca imaginou tomar uma bronca daquela. Pensou que ela começaria a cuidar rapidamente de si em vez de brigar consigo. - O filho da mãe estava com uma pistola, apenas.


- Uma porra! - colocou as mãos na cintura e respirou fundo enquanto fuzilava-o com os olhos - Você é muito teimoso. Muito turrão. Muito metido a macho.


- Eu sou macho. - rebatou erguendo uma sobrancelha.


- Aaaaah claro! - zumbou com raiva. Desistindo, voltou a atenção para a faixa e e começou a desenrolá-la. Assim que retirou a faixa, viu que o furo era limpo, havia perfuração de entrada, mas não havia de saída, ou seja, a bala ainda estava lá. Ela resmungou baixo analisando melhor o ferimento - Sinceramente, Capitão, que dor de cabeça hein... Custava avisar na hora que aconteceu?


- Não é nada demais.



- Como não!? - olhou espantada - Você está com uma bala no ombro.



- Apenas retire. - murmurou.



- Não posso fazer isso sem anestesiá-lo. - afastou-se minimamente.



- Pode e vai. - respirou fundo - Agora retire isso, por favor.



- Por que não fez isso no ambulatório? - franziu o cenho.


- Você iria me colocar de repouso e eu não posso descansar.


- Não iria. Eu vou! - abriu a bolsinha e pegou de lá um par de luvas, depois uma pinça e começou a preparar tudo o que precisava - Isso vai pegar ponto e já que o Senhor Machão quer a ponto cru, então vamos lá, mas vou logo dizendo que não vai poder segurar um fuzil por alguns dias.


- Foi por isso que decidi fazer isso longe dos olhos de todos. Não posso me ausentar. Vou precisar continuar em serviço e a Doutora não vai contar para ninguém sobre isso.


- Uma ova! - se aproximou dele novamente, ficando entre suas pernas e se aproximando da ferida. Com cuidado, analisou a mesma e viu a bala à dois centímetros de profundidade - Não parece ter pego nenhuma artéria.


- Que bom. - sussurrou. A verdade é que, com a aproximação dela, ele acabou perdendo um pouco dos sentidos. Já ela estava totalmente imersa na ação de cuidar dele.


- É... Mas eu estou com vontade de matá-lo, quero deixar isso bem claro. - ergueu minimamente a cabeça para poder olhá-lo nos olhos de forma ameaçadora e então voltou a olhar para o corte - Vou precisar retirar.


- Faça.


- Você que manda. - murmurou e com cuidado, apoiou os dedos da mão esquerda no ombro dele e com a direita, aproximou a pinça do ferimento e adentrou a ponta, até tocar na bala. Viu quando os músculos do braço dele tensionaram e ele prendeu a respiração - Me deixe anestesia-lo, Capitão. Por favor.


- Não... Não vamos gastar anestesia com bobagem. Existem outros que vão precisar. - murmurou entre dentes. A medica ergueu os olhos e o olhou no olho, ele era louco, só podia, mas um louco de um coração enorme - Agora retire.


- Turrão. - murmurou e voltou a olhar para a ferida. Com cuidado, segurou a bala e puxou. Seu coração apertou quando a mão dele fechou em punho. Assim que a bala estava fora, ela a colocou sobre o balcão e pegou gase, colocando-a sobre o ferimento - Sabe... Eu sempre pensei estar preparada para tudo... Ao menos enquanto estava na faculdade.


- E não está. ?- perguntou baixo. Não entendia o motivo de ela ter puxado assunto assim do nada, mas estava ajudando. Ele estava querendo algo para se distrair da dor e aquilo serviria.


- Não. - deu de umbros pegando outra base e colocando no ferimento. Queria distraí-lo da dor e a conversa parecia estar funcionando - Pressione por favor... - ele pressionou a ferida e ela se afastou para preparar a agulha e a linha - Aqui, eu vejo que não... É diferente, forte, agonizante... Como uma tortura. - terminou de preparar e voltou para perto dele, segurou a gase e ele afastou a mão - Obrigada... Como eu estava dizendo...  Uma guerra é... Surreal.


- Eu sei. - sussurrou olhando para ela. A médica olhava tao compenetrada para o que fazia que nem percebia ele olhando-a. Os olhos verdes que não piscavam, as mãos hábeis e seguras, a maestria com a agulha e a intimidade com a linha fazia aquilo parecer fácil.


- Sei disso... - enfiou a agulha no ombro e viu o músculo tensionar novamente. Respirou fundo, voltando ao trabalho de pontea-lo - Tudo o que eu mais desejo todas as noites é poder dormir e não sonhar, sabe? Esquecer tudo isso, mas é impossível.


- Hun... - murmurou por murmurar, a verdade é que, metade de sua mente estava em seu ombro sendo costurado e a outra metade estava nela. No modo como trabalhava. Na boca que se movia conforme as palavras fluíam. Tudo nela era suave, mesmo ela sendo uma pessoa durona.


- Tipo... Sei lá! - bufou frustrada enquanto terminava o segundo ponto - É complicado desejar isso aqui? - olhou rapidamente para ele que balançou a cabeça de forma negativa - Também acho que não.


- Não é... Talvez você só precise de ajuda.


- Hum... - fez bico terminando o terceiro e último ponto. Afastou-se minimamente para poder olhar o trabalho. Estava bom. Colocou a agulha no balcão e retirou as luvas - E quem poderia me ajudar? - arqueou as sobrancelhas - Se você souber como ou quem, por favor me diga.


Ele ficou em silencio vendo-a pegar uma base e começar a limpar o ferimento, agora costurado. Era justo ela ter um momento de distração, afinal, havia sido "jogada" na guerra sem muitas opções. Movido pela coragem e com um calafrio percorrendo a barriga, ele resolveu ajudar da única forma que sua mente conseguia imaginar.


- Talvez eu possa ajudá-la.



- Como? - olhou pra ele rapidamente.



Suavemente, as mãos do Capitão subiram até a cintura da médica. Ela esbugalhou os olhos pela ousadia, mas ele continuou a ação, depois apertou levemente a cintura dela puxando-a para sí. A médica ofegou com as ações do Uzumaki e acabou apoiando as mãos no peitoral dele por ter sido puxada. Viu quando ele passou a língua entre os lábios e inclinando a cabeça na direção dela, passou o nariz de forma suave pela linha do maxilar da médica. A respiração dela ficou descompassada. A Haruno fechou os olhos e sentiu os pelos eriçarem quando ele respirou profundamente próximo ao seu ouvido.



- O que está fazendo? - sussurrou arranhando a pele do peito dele enquanto inclinava a cabeça para o lado dando-o livre acesso.



- Te fazendo esquecer, Doutora. - sussurrou dando uma leve mordida no lóbulo dela.



A médica ofegou com a mordida e ele a puxou ainda mais para sí, fazendo-a ficar entre suas pernas, com o corpo colado ao dele. A boca do loiro foi deslizando pela pele do maxilar da mulher até que chegou na boca dela. Ele deu um selinho, depois outro, depois outro. Afastou minimamente o rosto para poder olhá-la nos olhos e ela lhe devolveu o olhar. Ambos os olhos estavam nublados, verde e azul. O Capitão tomou os lábios rosados com calma. Sugando o lábio inferior de forma lenta e suave, então entreabriu a boca e a beijou. A médica correspondia a carícia do homem, entreabrindo a boca e permitindo ele adentrar a língua em sua boca.



Ambos suspiraram quando as línguas se tocaram, causando um calafrio que começava na boca  terminava nos dedos dos pés. As mãos dele apertaram a carne da cintura dela enquanto as mãos dela deslizaram pelo peitoral masculino indo até os ombros largos. Uma mão dele deslizou para as costas da médica puxando-a ainda mais para si e ela apertou os ombros dele entregando-se ainda mais ao beijo, mas o aperto foi um pouco forte demais e o Capitão estremeceu enquanto soltava um gemido de dor por ela ter apertado o corte. No mesmo instante, ela encerrou o beijo de forma rápida, com os olhos esbugalhados e levando as mãos à boca.



- Oh, Deus. Me desculpe. - nervosa, analisou os pontos para vê se não tinha "quebrado" nenhum.



- Está tudo bem. - murmurou com a voz falha. Pigarreou para fazê-la voltar ao normal.



- Desculpe, eu... ai droga. - sussurrou ainda olhando os pontos. - Acho melhor fazer um curativo...



- Esqueça isso. - sussurrou levando uma mão ao rosto da médica que no mesmo instante olhou para ele - Estou bem.



- Não sei se devo confiar no seu conceito de "bem". - estreitou os olhos para ele.



- Hun... - o loiro deslizou o polegar pela bochecha da médica - Pensei que confiasse em mim.



- E confio. - respirou fundo fechando brevemente os olhos por conta da carícia - Mas só quando não envolve sua segurança, Capitão.



- Acha que eu me colocaria em risco? - arqueou as sobrancelhas.


- Acho... Você não tem uma boa compreensão quando se trata de si.


- Dourota eu...


- CAPITÃO!? - Ouviu alguém gritar por si, interrompendo-o.


O Uzumaki soltou um rosnado enquanto a medica se afastava dele e guardava as coisas dentro da bolsinha rapidamente. Ele pegou o blusão e vestiu com agilidade. Em nenhum momento seus olhos deixaram a médica que possuía as bochechas coradas. Ele estava chateado, afinal, há algum tempo já desejava beijar a médica e justo agora que havia conseguido, fora interrompido. Na verdade, eles sempre foram interrompidos.


- Seja lá quem for... vai morrer.
















Comentários

  1. Realmente Naruto levar um tiro é coisa pequena né 🙄
    Homens 🤦
    Agora já encomendei caixão do 75
    Espero próximo capítulo ver sangue e sei que Naruto vai acabar matando alguém por olhar ou simplesmente por respirar o msm ar que ela kkkkkkkkk

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