Gypsy - Fagulha 3
~ No Capítulo Anterior ~
- Senhor, o que faremos com eles? - uma voz soou em algum lugar, mas nem o homem nem a cigana desviaram o olhar um do outro.
- Os colocaremos como escravos? - uma onda de risos se fez ouvir - É o melhor a se fazer, não é?
- Sim. - o homem sussurrou sem conseguir tirar os olhos negros dos verdes - Menos esta... - ele deslizou a ponta do dedo indicador pelo queixo da cigana. Aquilo causou um arrepio na jovem. Mesmo por baixo da máscara, ela viu quando ele deu um sorriso de canto. - Esta Rom... é minha.
~ Agora ~
A noite já estava no auge, mas os árabes continuavam cavalgando sem problema nenhum. Ninguém falava nada. Ela via seus familiares em cavalos, camelos ou no caso das crianças, dentro das carruagens... Ao menos aqueles homens tiveram o bom senso de mantê-las seguras dentro de suas casas.
A cada trote que o cavalo dava, o coração dela saltava. Vez ou outra o homem descompassava a respiração ou apertava um pouco mais os braços em torno dela e a jovem encolhia-se tentando diminuir o contato entre eles, o que arrancava um sorriso nasalado do outro. A noite avançava e com ela, a madrugada chegava mais fria e mais silenciosa. Em algum momento, a jovem cigana foi vencida pelo sono e pela fadiga daquele dia tão agitado e infeliz.
- -
- Levem todos para o jardim principal.
Ouviu uma voz muito próxima e acordou assustada, olhando para todos os lados. O sol batia contra a lateral de seu rosto, esquentando sua bochecha. Piscou incerta e confusa, seus olhos claros demoraram para focar qualquer coisa logo no início, mas segundos depois, a imagem à sua frente começava a ganhar forma, tornando-se nítida e exuberante.
Um enorme e majestoso palácio estava bem diante de seus olhos. Sua boca escancarou enquanto olhava para aquele enorme monumento, porque sim, aquele palácio era uma obra de arte. Sua entrada ladeada por palmeiras, o belíssimo espelho d'água que rodeava todo o caminho de palmeiras, o piso bem polido (e olhe que aquele era o piso externo). Instintivamente corrigiu a postura e estreitou os olhos para poder olhar melhor. Faixas de água erguiam vez ou outra do espelho d'água. O palácio era grande o suficiente para caber uma comunidade dentro dele. Sua construção ao estilo tradicional com uma mistura de atual deixava ele... Fascinante.
Sem pensar, a jovem cigana levou ambas as mãos até o rosto, ainda protegido pelo lenço, e segurou na borda do tecido. Precisava analisar aquele lugar da melhor forma possível, por isso, pensou em tirar o lenço para ter mais "liberdade". Lentamente, foi baixando o lenço do rosto e quando o mesmo já estava abaixo do nariz, bem acima do lábio, sentiu algo mexer em suas costas.
E ela paralisou.
Como uma pancada, a realidade a envolveu com brutalidade, trazendo-a de volta para o mundo "real". Aquele palácio provavelmente seria seu inferno. Não... Tinha certeza que seria. Suas mãos puxaram o lenço para cima novamente, deixando apenas os olhos verdes expostos. Ouviu um murmúrio bem no pé de seu ouvido e não ousou virar para olhá-lo, pois, sabia que ele estava desgostoso pelo modo como resmungou. Discretamente, seus olhos foram para o lado, com o intuito de olhá-lo, mas não ousou virar a cabeça já que o homem mantinha o queixo praticamente apoiado no ombro dela.
- Tire-o, Rom. - sussurrou - Deixe-me vê-la.
Ela continuava olhando-o de lado, mas não retirou o lenço. Não iria dar a ele esse gostinho. Sabia que não poderia esconder-se por muito tempo, mas iria atrasar aquele momento ao máximo. O homem esperou pacientemente, mas como não obteve resposta, simplesmente instigou o cavalo a continuar seu trote pelo belo piso de entrada do palácio. Assim que chegaram aos pés da escada (enorme escada), ele parou o cavalo e com habilidade invejável, desceu do cavalo, segurou-a pela cintura e a puxou de cima do animal.
Ela ofegou tamanha foi sua surpresa pelo ato do homem e quando ficou de pé na frente do árabe, ergueu os olhos de forma estreita e ameaçadora, deixando bem claro que não havia gostado nem um pouco da ousadia dele. O árabe apenas soergueu uma sobrancelha enquanto voltava os olhos para o restante do grupo, vendo-os seguir pela escadaria e indo em direção ao interior do palácio. O moreno voltou os olhos para a cigana que olhava seus familiares e esperou que ela olhasse para ele e quando ela o fez, o homem deu um leve sorriso enquanto com um gesto de mão, indicava as escadas.
- Bem vinda, Rom, a sua nova casa.
- NÃO! - o grito foi alto o suficiente para ecoar pelo local.
Ainda com o rosto próximo ao da cigana e segurando o queixo dela, os olhos negros foram para o lado, seguindo a voz e uma sobrancelha ergueu quando o homem reconheceu quem havia gritado. Infelizmente, ela reconhecia aquela voz. O árabe soltou o queixo feminino e caminhou na direção do dono da voz e no mesmo instante, a Rom olhou para o lado vendo Shino debater-se contra dois árabes que o segurava. Quando parou em frente a Shino, o árabe o olhou de cima a baixo com os olhos estreitos, provavelmente achando-o ousado demais.
- Não? - a voz do homem era baixa, controlada.
- Você não vai fazê-la sua escrava... Gadjô! - Shino grunhiu com os dentes trincados e cuspiu nos pés do árabe.
Os olhos negros foram para o chão onde Shino havia cuspido e então suspirou. Lentamente, subiu o olhar para o cigano e sorriu de canto. Estava cansado daquilo. O árabe deu as costas a Shino e caminhou na direção da cigana que olhava tudo aflita, temia pela vida do amigo, já havia ouvido muitas histórias sobre a ira dos árabes e não queria presenciar isso, muito menos no amigo. Quando o árabe parou em frente a cigana, ele se inclinou novamente ficando com o rosto próximo ao dela, olhando-a profundamente enquanto erguia as sobrancelhas.
- Corajoso, seu namorado. - esperou ela falar algo, mas a cigana mantinha-se calada olhando-o nos olhos. Estava com medo pelo amigo. Aquele árabe era controlado demais, calmo demais... sabia bem como eram os que tinham "sangue de cobra". - Você não fala, Rom? - mais uma vez tudo o que recebeu da cigana foi o silêncio. Ela o olhava nos olhos determinada, mesmo estando com medo.
- Não Senhor, essa dai fala e muito bem. - o que a havia perseguido respondeu.
- Hun... - o árabe respirou fundo e se afastou da cigana caminhando pelo local, analisando o grupo de ciganos - Levem todos para o palácio, vou conversar com meus irmãos e decidir o que iremos fazer com o restante... - ele olhou para as carruagens - Vamos levar isso também. Deve haver algo de bom dentro dessas... Coisas. - franziu o cenho e caminhou na direção da cigana. Quando passou em frente a ela, o mesmo segurou na ponta da corda que prendia os pulsos dela e começou a caminhar, puxando-a levemente.
- SOLTE ELA, SEU GADJÔ! - Shino gritava. Sabia bem o destino que tinham as prisioneiras de um árabe.
O Árabe apenas o olhou por cima do ombro enquanto se aproximava do cavalo. Ele olhou para a cigana que também olhava para Shino. Ela também sabia o destino que teria, mas o que podia fazer? Precisava manter a calma para poder agir no momento certo. Sentiu um leve puxão no pulso e olhou para o árabe que a olhava sério. Ele era incrivelmente controlado e isso a fazia arrepiar-se. O homem a puxou para junto de sí e quando ela parou a poucos centímetros dele, ele pegou uma adaga que estava presa na lateral da cela do cavaloo e apontou para ela. A cigana esbugalhou os olhos, afinal, não era aquilo que esperava, mas em vez de machucá-la, o homem cortou a corda, libertando seus pulsos.
Instintivamente, a jovem massageou os pulsos levemente vermelhos por causa da corda recém removida. Ela olhou para os punhos livres e olhou intrigada para o árabe que ajustava a cela do cavalo olhando-a por cima do ombro.
- Intrigada? - arqueou uma sobrancelha. Esperou, mas ela não respondeu. - Não faz sentido deixá-la amarrada. Acredito que você seja inteligente o suficiente para saber que se fugir vai morrer... Você e seus amigos. - virou para ela e indicou o cavalo - Poderia, por favor, subir?
A Rom nada respondeu. Apenas se aproximou do cavalo, segurou na cela e quando foi subir, sentiu mãos em sua cintura, erguendo-a. Rapidamente ela se ajustou na cela do cavalo e tamanha foi sua surpresa quando o homem subiu também, sentando atrás de sí. A jovem cigana prendeu a respiração quando ele colou o peito às suas costas, passou os braços pelo corpo dela e segurou na rédea do cavalo, deixando-a "presa". O árabe aproximou a cabeça do ombro dela e foi impossível não sentir a respiração dele bater contra seu pescoço. Paralisada, viu ele fazer um sinal para os outros árabes e logo começavam a trotar pelo deserto.
Os olhos negros foram para o chão onde Shino havia cuspido e então suspirou. Lentamente, subiu o olhar para o cigano e sorriu de canto. Estava cansado daquilo. O árabe deu as costas a Shino e caminhou na direção da cigana que olhava tudo aflita, temia pela vida do amigo, já havia ouvido muitas histórias sobre a ira dos árabes e não queria presenciar isso, muito menos no amigo. Quando o árabe parou em frente a cigana, ele se inclinou novamente ficando com o rosto próximo ao dela, olhando-a profundamente enquanto erguia as sobrancelhas.
- Corajoso, seu namorado. - esperou ela falar algo, mas a cigana mantinha-se calada olhando-o nos olhos. Estava com medo pelo amigo. Aquele árabe era controlado demais, calmo demais... sabia bem como eram os que tinham "sangue de cobra". - Você não fala, Rom? - mais uma vez tudo o que recebeu da cigana foi o silêncio. Ela o olhava nos olhos determinada, mesmo estando com medo.
- Não Senhor, essa dai fala e muito bem. - o que a havia perseguido respondeu.
- Hun... - o árabe respirou fundo e se afastou da cigana caminhando pelo local, analisando o grupo de ciganos - Levem todos para o palácio, vou conversar com meus irmãos e decidir o que iremos fazer com o restante... - ele olhou para as carruagens - Vamos levar isso também. Deve haver algo de bom dentro dessas... Coisas. - franziu o cenho e caminhou na direção da cigana. Quando passou em frente a ela, o mesmo segurou na ponta da corda que prendia os pulsos dela e começou a caminhar, puxando-a levemente.
- SOLTE ELA, SEU GADJÔ! - Shino gritava. Sabia bem o destino que tinham as prisioneiras de um árabe.
O Árabe apenas o olhou por cima do ombro enquanto se aproximava do cavalo. Ele olhou para a cigana que também olhava para Shino. Ela também sabia o destino que teria, mas o que podia fazer? Precisava manter a calma para poder agir no momento certo. Sentiu um leve puxão no pulso e olhou para o árabe que a olhava sério. Ele era incrivelmente controlado e isso a fazia arrepiar-se. O homem a puxou para junto de sí e quando ela parou a poucos centímetros dele, ele pegou uma adaga que estava presa na lateral da cela do cavaloo e apontou para ela. A cigana esbugalhou os olhos, afinal, não era aquilo que esperava, mas em vez de machucá-la, o homem cortou a corda, libertando seus pulsos.
Instintivamente, a jovem massageou os pulsos levemente vermelhos por causa da corda recém removida. Ela olhou para os punhos livres e olhou intrigada para o árabe que ajustava a cela do cavalo olhando-a por cima do ombro.
- Intrigada? - arqueou uma sobrancelha. Esperou, mas ela não respondeu. - Não faz sentido deixá-la amarrada. Acredito que você seja inteligente o suficiente para saber que se fugir vai morrer... Você e seus amigos. - virou para ela e indicou o cavalo - Poderia, por favor, subir?
A Rom nada respondeu. Apenas se aproximou do cavalo, segurou na cela e quando foi subir, sentiu mãos em sua cintura, erguendo-a. Rapidamente ela se ajustou na cela do cavalo e tamanha foi sua surpresa quando o homem subiu também, sentando atrás de sí. A jovem cigana prendeu a respiração quando ele colou o peito às suas costas, passou os braços pelo corpo dela e segurou na rédea do cavalo, deixando-a "presa". O árabe aproximou a cabeça do ombro dela e foi impossível não sentir a respiração dele bater contra seu pescoço. Paralisada, viu ele fazer um sinal para os outros árabes e logo começavam a trotar pelo deserto.
A noite já estava no auge, mas os árabes continuavam cavalgando sem problema nenhum. Ninguém falava nada. Ela via seus familiares em cavalos, camelos ou no caso das crianças, dentro das carruagens... Ao menos aqueles homens tiveram o bom senso de mantê-las seguras dentro de suas casas.
A cada trote que o cavalo dava, o coração dela saltava. Vez ou outra o homem descompassava a respiração ou apertava um pouco mais os braços em torno dela e a jovem encolhia-se tentando diminuir o contato entre eles, o que arrancava um sorriso nasalado do outro. A noite avançava e com ela, a madrugada chegava mais fria e mais silenciosa. Em algum momento, a jovem cigana foi vencida pelo sono e pela fadiga daquele dia tão agitado e infeliz.
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- Levem todos para o jardim principal.
Ouviu uma voz muito próxima e acordou assustada, olhando para todos os lados. O sol batia contra a lateral de seu rosto, esquentando sua bochecha. Piscou incerta e confusa, seus olhos claros demoraram para focar qualquer coisa logo no início, mas segundos depois, a imagem à sua frente começava a ganhar forma, tornando-se nítida e exuberante.
Um enorme e majestoso palácio estava bem diante de seus olhos. Sua boca escancarou enquanto olhava para aquele enorme monumento, porque sim, aquele palácio era uma obra de arte. Sua entrada ladeada por palmeiras, o belíssimo espelho d'água que rodeava todo o caminho de palmeiras, o piso bem polido (e olhe que aquele era o piso externo). Instintivamente corrigiu a postura e estreitou os olhos para poder olhar melhor. Faixas de água erguiam vez ou outra do espelho d'água. O palácio era grande o suficiente para caber uma comunidade dentro dele. Sua construção ao estilo tradicional com uma mistura de atual deixava ele... Fascinante.
Sem pensar, a jovem cigana levou ambas as mãos até o rosto, ainda protegido pelo lenço, e segurou na borda do tecido. Precisava analisar aquele lugar da melhor forma possível, por isso, pensou em tirar o lenço para ter mais "liberdade". Lentamente, foi baixando o lenço do rosto e quando o mesmo já estava abaixo do nariz, bem acima do lábio, sentiu algo mexer em suas costas.
E ela paralisou.
Como uma pancada, a realidade a envolveu com brutalidade, trazendo-a de volta para o mundo "real". Aquele palácio provavelmente seria seu inferno. Não... Tinha certeza que seria. Suas mãos puxaram o lenço para cima novamente, deixando apenas os olhos verdes expostos. Ouviu um murmúrio bem no pé de seu ouvido e não ousou virar para olhá-lo, pois, sabia que ele estava desgostoso pelo modo como resmungou. Discretamente, seus olhos foram para o lado, com o intuito de olhá-lo, mas não ousou virar a cabeça já que o homem mantinha o queixo praticamente apoiado no ombro dela.
- Tire-o, Rom. - sussurrou - Deixe-me vê-la.
Ela continuava olhando-o de lado, mas não retirou o lenço. Não iria dar a ele esse gostinho. Sabia que não poderia esconder-se por muito tempo, mas iria atrasar aquele momento ao máximo. O homem esperou pacientemente, mas como não obteve resposta, simplesmente instigou o cavalo a continuar seu trote pelo belo piso de entrada do palácio. Assim que chegaram aos pés da escada (enorme escada), ele parou o cavalo e com habilidade invejável, desceu do cavalo, segurou-a pela cintura e a puxou de cima do animal.
Ela ofegou tamanha foi sua surpresa pelo ato do homem e quando ficou de pé na frente do árabe, ergueu os olhos de forma estreita e ameaçadora, deixando bem claro que não havia gostado nem um pouco da ousadia dele. O árabe apenas soergueu uma sobrancelha enquanto voltava os olhos para o restante do grupo, vendo-os seguir pela escadaria e indo em direção ao interior do palácio. O moreno voltou os olhos para a cigana que olhava seus familiares e esperou que ela olhasse para ele e quando ela o fez, o homem deu um leve sorriso enquanto com um gesto de mão, indicava as escadas.
- Bem vinda, Rom, a sua nova casa.

Eu já estou ansiosa pelo próximo.....Esses primeiros contatos deles tá show.
ResponderExcluirCoitado do Shino, por um momento pensei q ele ia ter a cabeça cortada 😱
ResponderExcluirAiiii ansiosa
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