Fugitivos - Capítulo Quarenta e Sete

- Quatro meses depois -


Sasuke - Porcaria! * murmuro tentando fazer um nó na gravata, mas estava impossível. Não consigo compreender como as pessoas podem inventar algo tão complicado. * Aaaargh! * desistindo, jogo a peça em cima da cama e passo as mãos pelos cabelos, frustrado*


Olho ao redor e pego o cinto que estava em cima da penteadeira e o coloco, ajeitando a calça. Vestir roupa social era algo até comum, mas geralmente meu estilo social era algo mais "descolado", mas o evento de hoje pedia algo mais "tradicional" por isso toda a frescura. Suspirando, começo a botoar os punhos da camisa social branca e me olho no espelho.


Finalmente a formatura.


Não consigo acreditar que o ano havia passado tão rápido. Parece que foi ontem o início do ano letivo e agora estou finalmente saindo do ensino médio... Curiosamente, quase todos os alunos receberam suas cartas de aceitação nas universidades, mas eu não recebi. Nem os meninos, nem as meninas. O que era bem estranho. Olhando pelo reflexo do espelho, ví a foto da minha mãe no meu criado mudo, a mesma ainda comportava a tiara da Sakura.


Sakura...


Só de pensar nessa Bear idiota me sobe um calafrio que me causa medo e paz ao mesmo tempo. Como pode alguém tão ser tão idiota, irritante, insuportável e ser tão... Ela!? Definitivamente eu amo a Sakura mais do que seria capaz de admitir ou reconhecer, era como se ela estivesse impregnada em cada poro do meu corpo, em cada célula de meu organismo, tomando conta de mim, me roubando o ar, me sufocando... E eu, o idiota apaixonado, só queria mais daquilo.


Fecho os olhos e respiro lentamente enquanto tento controlar o sorriso idiota que crescia em meus lábios só de lembrar no momento que tivemos ontem no pier, apenas nós dois no fim de tarde, com o sol se pondo, e a lua começando a nascer, presenciando nós dois nus, fazendo amor como se fosse a primeira e última vez.


Sasuke - Santo Deus. * sussurro enquanto meu corpo esquentava * 



- Sasuke... - o sussurro dela era algo quente, arrastado, como se estivesse em câmera lenta. Seus olhos fechados, a boca entre aberta, o queixo erguido, enquanto o ar lhe escapava por entre os lábios e o orgasmo a atingia.


- Sim, Bear. - murmuro abocanhando seu pescoço, sugando a pele com fome enquanto entrava e saia dela lentamente, sentindo suas paredes internas me apertarem.


Todo o meu corpo vibrava em antecipação enquanto meus músculos retesavam e uma onda forte e quente se formava em meu baixo ventre e explodia dentro dela, em uma libertação crua.



Fecho os olhos com força tentando afastar as lembranças de minha mente. Não era hora de ficar relembrando essas coisas. Não era hora de me perder em um calor sem controle. Respirando fundo, vou me acalmando aos poucos e volto a tarefa de me arrumar. Algumas batidas soam no quarto e não preciso autorizar a entrada para vê meu pai passando pela soleira da porta me olhando de cima à baixo. Um pequeno, mínimo, quase imperceptível sorriso de canto surge na face dele, enquanto o mesmo caminha em minha direção.


Fugaku - Sasuke... * murmura e quando viro para sí, ele apoia uma mão em meu ombro, de forma carinhosa, enquanto vejo um brilho passear por seus olhos * Finalmente, um homem.


Sasuke - Já sou há muito tempo, pai. * lembrei e ele balançou a cabeça.*


Fugaku - Não... Mas agora... * ele apoia a outra mão em meu ombro e sorri nasalado * Veja você... Sua mãe ficaria orgulhosa, meu filho.


Sasuke - Obrigado. * sussurro. Falar da minha mãe sempre me tirava do eixo. Era como uma ferida nunca cicatrizada * 


Fugaku - Hun... * ele olha ao redor como se estivesse algo à mais para falar... e havia... eu sabia que havia * 


Sasuke - Fala logo, pai.


Fugaku - Nada demais... Só queria saber como andam as coisas entre você e a Haruno. * dá de ombros*


Sasuke - Não vamos falar sobre isso. * murmuro dando as costas*


Fugaku - Acho que você precisa conversar sobre isso comigo, afinal, você viu bem o que aconteceu hoje pela manhã.


Sasuke - Não vai se repetir... Vou tomar cuidado. * olho para ele sério, deixando claro que não iria cometer outro vacilo*


Fugaku - Sei que não vai. * sorri de canto* Mas veja, vim aqui não só para isso, mas sim por um motivo muito importante... e especial.


Sasuke - Que motivo? * estreito os olhos*


Fugaku - Bom... * pigarreia e coloca a mão no bolso da calça tirando de lá uma caixinha azul marinho de veludo. Ele abre a caixinha e um anel de diamante solitário brilha contra a luz do quarto. Meu fôlego se perde naquele momento * Vim lhe entregar isso. * caminha em minha direção e estende a caixinha para mim. Pego-a.*


Sasuke - O que...?


Fugaku - Pertenceu a sua mãe. * me lança um sorriso gentil... Um sorriso que não combinava com ele * Imaginei que você gostaria de tê-lo.


Sasuke - Sim... * sussurro olhando para o solitário em minha mão. Lembro de minha mãe usando-o... Aquele diamante simplesmente fazia parte dela. *


Fugaku - Sim... * coloca as mãos no bolso da calça de linho * Imagino que queira entregá-lo a Sakura quando pedi-la em casamento.


Sasuke - Como? * ergui o olhar para ele*


Fugaku - Esta noite... Leve-a para algum lugar bonitinho e a peça em casamento. * ele deu de ombros * Use sua criatividade para conquistá-la... Você deve ser bom nisso.


Sasuke - Casamento? * eu não conseguia pensar direito *


Fugaku - Sim... Precisamos dela logo, Sasuke. * suspira cansado * Prevejo que muito em breve vamos precisar dos Haruno's... Não quero perder a chance que temos.


Sasuke - Claro que "não perder a chance" implica em prender a Sakura à mim. * murmuro sentindo a bli subir e meu pai apenas meneia a cabeça enquanto me dá as costas e segue em direção à porta*


Fugaku - Amanhã vamos comemorar no restaurante dos Uzumaki... Leve sua noiva. * me olha por cima do ombro e ergue uma sobrancelha * Já está na hora de ela começar a participar dos negócios da família, afinal, será uma Uchiha.

Vejo meu pai passar e fechar a porta às costas. Fecho os olhos e respiro fundo enquanto sinto a cabeça latejar. Uma porra que eu iria meter ela nessa sujeira toda. Uma porra que eu iria entregar esse anel para a Sakura. Com um grunhido insatisfeito, fecho a caixinha, caminho até o criado mudo e a coloco ali dentro. Fecho a gaveta com brusquidão, pego a gravata em cima da cama, a beca de formatura, a carteira, celular, chaves e saio do quarto à passos duros.



Ao passar pela sala vi que meu pai não estava ali e ao chegar na garagem percebi que seu carro estava ausente. Melhor assim. Jogo tudo no banco do carona e arranco com o carro em direção ao colégio onde iria acontecer a formatura. Durante todo o caminho, meus pensamentos estavam confusos. Flashs do que aconteceram naquela manhã. Flashs da minha tarde turbulenta e depois, meu pai me falando para pedi-la em casamento. Ele acha mesmo que eu faria isso?


Claro que não.


Meia hora depois, estava estacionando no colégio. Vários carros estavam ali, a música alcançava o lado de fora. Era animada. Vozes ecoavam por todo o lugar e várias pessoas estavam chegando. O carro do Naruto parou bem ao meu lado, pouco depois o Gaara também parou ao lado do loiro e quando ambos desceram, caminharam em minha direção com o cenho franzido. Trocamos um aperto de mão camarada e eles me olharam com o cenho franzido.


Naruto - Cara, fiquei sabendo da merda de hoje de manhã... Que... Porra hein. * coloca as mãos no bolso da calça.


Sasuke - Pois é. * sussurro*


Gaara - E agora? * encosta as costas no carro do Naruto* O que você pretende fazer?


Sasuke - Não sei. * sussurro passando as mãos nos cabelos * Estou pensando em terminar.


Naruto - Quê!!!? * esbugalha os olhos*


Gaara - Cara, na boa, pensa bem... Não faz nada de cabeça quente, Sasuke. * troca o peso da perna * Conversa com ela... a Sakura vai compreender...


Sasuke - Esse é o problema. * olho para o lado e passo a língua entre os lábios * Ela vai compreender...


Gaara - E isso é ruim?


Sasuke - Muito. * olho para meus amigos que estavam tão confusos quanto eu * Tenho que aproveitar que nosso namoro não atingiu outros níveis...


Naruto - Quais níveis? * franzi o cenho * 


Sasuke - Amor, Naruto. * resmungo* Tenho que fazê-lo antes que ela passe a me amar.


Gaara - Você já a ama. * aponta o óbvio*


Sasuke - Sim, mas ela não.


Naruto - Para uma porra com essa história... A Sakura te ama também, seu idiota! * ele passa as mãos no rosto*


Sasuke - Não é assim, Naruto... * balanço a cabeça * Ela não é do tipo que guarda sentimentos. Se amasse, ela falaria... Tenho que aproveitar que isso ainda não aconteceu... * olho para meus amigos que me olhavam com preocupação * Não posso fazê-la sofrer.


Gaara - Mas vai...


Naruto - E muito...


Sasuke - Vocês não...


Naruto - Olha só, Sasuke. * me corta* na boa... A garota ficou 399 anos virgem, nem era do tipo pegadora e tudo o mais, mas ao seu lado ela fez tudo isso e muito mais. Tudo bem que ela é meio maluca... Na verdade ela é completamente maluca, mas ela escolheu você por um motivo.


Gaara - O Naruto tem razão. * balança a cabeça de forma positiva * Você vai acabar fazendo merda.


Sasuke - O que vocês fariam no meu lugar? * cruzo os braços esperando ajuda. Meus amigos se entreolharam e suspiraram * Acham mesmo que eu queria fazer a Sakura sofrer? Vocês acham mesmo que estou feliz por fazer isso? O que aconteceu hoje de manhã é a prova de que não podemos seguir com isso. 


Gaara - E ai você vai colocar um fim...


Sasuke - É melhor agora antes que a coisa se torne mais séria.


Naruto - O foda... é que já se tornou.


Sasuke - Ainda não... Ainda não... - fecho os olhos e respiro fundo - Meu pai me falou para pedi-la em casamento hoje.


Gaara - Ai porra. - faz careta.


Naruto - Ai caralho. - faz a mesma careta.


Sasuke - É... Tipo isso...- murmuro.


Ficamos nos entreolhando por um tempo. O silêncio que se instalou entre nós três foi sufocante, mas bem... era necessário. Decidido e certo do que deveria fazer, informei aos rapazes que era melhor entrar e ir aproveitar o baile. Eu só rezo para que Deus me ajude a fazer a coisa certa porque eu não quero magoar a Sakura... Mas se for necessário... Eu o faço, afinal, a partir de agora vou ter que tomar certas decisões que vão determinar o futuro de muita gente.


Perdão, Bear...