Pelotão 28 - Capitulo Dezenove




Todos corriam rápido, passando de uma construção para outra com perícia. O pelotão do Kiba ia à frente enquanto o do Naruto ia atrás. A médica estava às costas do Uzumaki. O Kiba ergueu uma mão e todos pararam. A Haruno quase esbarrou nas costas do Capitão com a parada brusca. O Inuzuka fez uns sinais com os dedos e os soldados começaram a separar. Todos estavam em silêncio, atentos, focados... Ela tentava se manter o mais atenta possível e também tentava decifrar os sinais que eles faziam com as mãos.



Os olhos castanhos do Inuzuka focaram no Uzumaki e ele fez sinais com os dedos da mão esquerda enquanto a direita segurava o fuzil. O Naruto meneou a cabeça e com a mão esquerda empurrou levemente a médica contra uma parede de concreto destruída que parecia ter pertencido a um prédio que agora não passava de escombros. Em momento algum ele olhou ou virou para ela, mas manteve a mão contra a barriga enquanto a mantinha na parede. Um outro soldado passou por ela ajeitando o capacete e quando passou pelo Capitão Uzumaki, ví o Naruto menear a cabeça para o lado.



O soldado meneou a cabeça de volta, abriu a bolsa que trazia pendurada nos ombros e retirou de lá o que a médica reconheceu como uma granada. Foi impossível não esbugalhar os olhos quando ele retirou o pino e repassou a granada para um soldado do Kiba que rastejando, passou para o outro lado da construção, ficou de pé e com força jogou a granada à frente, em um ponto onde a médica não conseguia ver por conta do Uzumaki que tapava sua visão. Tudo aconteceu muito rápido e quando o Uzumaki encostou as costas na parede, ela soube que a explosão viria.



Instintivamente fechou os olhos e o barulho da explosão foi alto o suficiente para faze-la dar um pulinho. Tão rápido quanto a explosão foram os tiros. Ao abrir os olhos a médica viu os soldados passarem correndo e atirando. O Uzumaki desgrudou da parede, puxou a médica colando-a em suas costas, segurou o fuzil com ambas as mãos e correu para campo aberto. A médica corria grudada no Capitão. Com uma mão ela segurava na parte de trás do blusão camuflado dele e com a outra ela apoiava a bolsa no ombro. Tudo passava por seus olhos como um borrão. Tiros, explosões, mais tiros, mais explosões. Gritos de ordem e então eles estavam do outro lado da rua, escondidos dentro de uma casa... ou o que restou dela. Um grupo de soldados passou correndo para um outro compartimento e os tiros foram mais altos e próximos.



- VOLTA! VOLTA! - um soldado voltou de costas, gritando e então o barulho de tiro ecoou pelo local no mesmo momento em que sangue espirrava da cabeça do homem (mesmo ele estando protegido pelo capacete) e o mesmo caiu inerte próximo aos pés da médica. Ela levou as mãos à boca, abafando o grito que subiu pela garganta.



- FILHO DA PUTA! - um outro gritou e entrou no local de onde o soldado havia saído, atirando muito - MORRAM SEUS DESGRAÇADOS!



Mais tiros. Soldados do Pelotão 28 entraram no local e os tiros ficaram ainda mais frequentes, mais fortes. Antes mesmo que ela conseguisse pensar, sentiu um braço rodeando-a pela cintura e puxando-a para trás. Ela olhou por cima do ombro e viu um soldado puxando-a para suas costas enquanto o Uzumaki falava com ele em códigos. A médica só entendia fragmentos da conversa, algo como "sua responsabilidade", "atire na cabeça", "proteja-a com sua vida" e por fim "
um arranhão e eu te mato". O soldado respondeu com um "Entendido, Senhor" e o Uzumaki deu as costas rápido, indo para o local onde o tiroteio acontecia.


- Espera! - a médica gritou dando um passo à frente, mas ele já não estava mais lá. 



- Por aqui, Doutora! - novamente, o soldado a puxou para junto de sí enquanto seguiam por uma espécie de sala de jantar, com a mesa revirada.



- Espera, eu... - tentou argumentar.



- Vamos seguir! - respondeu simplesmente segurando-a pelo pulso e puxando-a consigo.



O soldado corria muito rápido e a médica tropeçava vez ou outra nos próprios pés perdida entre salvar-se e rezar para que ninguém mais se ferisse. Ela percebeu que o Inuzuka não estava alí. Nem seu pelotão. Nem o pelotão 28. Haviam ficado para trás. Todos. Apenas ela e o soldado corriam naquela direção. Quando chegaram no final da sala havia uma porta de madeira. O soldado deu um chute abrindo-a e entrou com a arma em punho verificando o local. Estava limpo. Ele a puxou consigo entrando e passando pelo que pareceu ser um quarto. A médica foi guiada até próximo à cama e ele apontou para a mesma.



- Fica embaixo dela.



Sem questionar, a Haruno se jogou embaixo da cama e só viu os pés do soldado caminhando pelo quarto. Ele se aproximou da janela e no mesmo instante voltou correndo e se jogou para baixo da cama, deslizando ao lado da médica. Ele rolou no chão e ficou por cima da médica, cobrindo todo o corpo dela com o seu. As mãos do soldado foram para a cabeça da médica e então um "BUM" alto o suficiente para atordoar os sentidos dela ecoou pelo quarto. O mundo começou a passar em câmera lenta, os ouvidos dela estavam zumbindo, abriu os olhos piscando lento, vendo que tudo no quarto se resumia a poeira, destroço e concreto caindo por todo canto.



Tentou se mover, mas não conseguia, afinal, o soldado estava em cima de si. Ouviu o barulho de algo quebrando e então o soldado praguejou. Ela virou o rosto e viu que parte da cama havia caído sobre eles. Provavelmente algum pedaço do teto havia caído na cama. A poeira dos destroços inundou o quarto e ela tossiu, respirar era difícil tanto pela poeira como pelo peso do soldado sobre si. Ouviu barulhos em algum lugar no quarto e resmungou, mas teve a boca tapada pelo soldado.



Tentou olhar por cima do ombro para repreendê-lo, mas ele a manteve parada. Os escombros ainda caíam quando passos foram ouvidos no local. Ela não compreendia o que eles falavam, mas percebeu pelo modo como o soldado estava paralisado que aqueles que estavam alí não eram aliados. Viu pés caminhando ao lado da cama, chutando pedregulhos e afastando os escombros. Por sorte, a cama estava quase toda coberta, impedindo a visão aérea do que tinha debaixo dela. 



- Acha que ele fugiu? - uma voz arrastada soou e a médica fechou os olhos rezando para que eles não verificassem mais nada.



- Provavelmente... Vamos embora. Isso aqui vai desabar a qualquer momento.



Os pés se aproximaram da cama, ficando perto de onde estava a mão da médica. Ela pensou em puxar a mão, mas o soldado usou o cotovelo para impedi-la de fazê-lo. Qualquer movimento seria facilmente detectado. Os segundos se arrastaram lentamente até que os homens estivessem fora da área. Esperaram mais um pouco até terem certeza de que não havia mais ninguém alí. O soldado deslizou para o lado permitindo que a médica puxasse uma grande quantidade de ar. Ele apoiou as costas no chão e uma mão na barriga enquanto respirava com dificuldade. Engatinhando, ela se aproximou do soldado e analisou o mesmo. Ao tocar nas costelas, o homem fez uma careta e sem esperar muito, a médica abriu o blusão dele que a olhava com o cenho franzido.



- Fique de lado. - sussurrou.



O espaço embaixo da cama era mínimo, a poeira que pairava dificultava tanto a visão quanto a respiração, mas ela precisava examiná-lo. O soldado virou de lado e ela puxou o blusão dele para cima, depois a camisa verde musgo e então começou a analisar as costas do homem. Não precisou de muito para vê um hematoma na altura da primeira costela. Resmungou baixo, rastejou puxando a bolsa que carregava, rastejou de volta para o homem, abriu a bolsa e pegou um gel anestésico, abriu o blusão do soldado, untou os dedos no gel e passou no machucado do homem. Ele fechou os olhos sentindo uma pontada, mas logo a dor aliviou. A médica finalizou os cuidados e já estava guardando o gel na bolsa quando ouviram passos.



Ela sentiu uma mão em torno de sua cintura puxando-a e quando piscou, estava embaixo do soldado novamente. O blusão dele aberto, tapava a visão externa da médica e ela não conseguiu ver o que acontecia. O soldado permaneceu parado até que os passos ficaram próximos, mais próximos e o soldado suspirou aliviado. Ela não entendeu muito até que ele rolou para o lado apoiando as costas no chão e colocou um braço pra fora da cama. Ela ainda pensou em puxá-lo de volta, mas viu coturnos pararem ao lado da cama, mãos segurarem o braço do soldado e o puxarem para fora da cama.



- O que houve? - a primeira voz que ouviu foi a do Inuzuka.

- Fui visto... Jogaram uma bomba aqui. - informou com um resmungo.



Algo mexeu em cima da cama e a médica rolou para o lado, colocou os braços para fora da cama e no mesmo instante, foi puxada. Fechou os olhos com força pela luz do sol que entrava alí misturando-se com a poeira. Olhou ao redor vendo os soldados do Kiba vasculhando o que restou do quarto enquanto o mesmo a olhava de forma analítica. Ele abriu a boca para falar, mas foi empurrado para o lado quando o corpo grande do Uzumaki passou por ele, indo na direção da médica. Ele a olhou de cima a baixo analisando-a milimetricamente. Parou em frente a mesma estreitando os olhos para ela.



- Você se machucou? - a olhou de cima a baixo novamente.



- Não, mas o... - olhou para o soldado que observava tudo atencioso.



- 013. - respondeu prontamente.



- ... 013 sim. - olhou para o Uzumaki.



- Entendo. - olhou para o soldado - Como você está?



- Bem... a Doutora cuidou rápido. - meneou a cabeça de forma positiva, fechando o blusão.



- Hun... - murmura olhando estreito para o blusão do soldado e depois volta a olhar para a médica - Acho melhor irmos, eles vão voltar.



- Sim. Vamos precisar pegar a passagem noroeste. - Kiba estala o pescoço, suspirando.



- Também acho. É a mais segura. - ele olha ao redor - Vamos.



Todos menearam a cabeça e começam a sair do que restou do quarto. A Haruno respira fundo tentando se preparar para mais uma "ação" e quando o 013 começou a caminhar, ela dá um passo a frente para segui-lo, mas uma mão a impede e quando ela olha, vê o Uzumaki olhando-a sério. Sem entender muito, a médica franzi o cenho vendo o soldado sumir de sua vista.



- Comigo. - Naruto informa e então ajeita o fuzil nas mãos, saindo do quarto.



- Chato. - a médica sussurra, seguindo-o.



Passaram pela cozinha da casa, quintal e chegaram em uma área aberta. Naquele lugar, eles precisaram correr já que estavam totalmente expostos. Correram por aproximadamente cinco minutos. O barulho dos tiros estavam próximos, como se o inimigo estivesse à um passo de distância. Assim que entraram em um prédio 98% destruído, eles começaram a descer uma escada, indo para o subsolo. A médica se aproximou um pouco mais do Uzumaki olhando ao redor. Tudo ali era silencioso, frio e abandonado. Os tiros, explosões, luz do sol e ar não entravam. Era difícil de respirar, a única iluminação era das lanternas que os soldados haviam ligado e todos caminhavam próximos uns aos outros.



Desceram mais um lance de escadas e pareceu que o ar ficou pior. Estava difícil caminhar, mas ao menos alí, o prédio não estava tão destruído. Entraram em uma espécie de porão e o Inuzuka foi à frente, puxando alguns móveis que estavam encostados em uma parede até que uma "passagem secreta" aparece bem diante de todos. A passagem era muito parecida com uma tubulação de ar, porém abandonada. Kiba aproximou a lanterna da mesma analisando seu interior e então virou para o restante do grupo.


- Tá limpo.


Antes que pudesse pensar, a médica viu um dos soldados apoiar as mãos no buraco, fazer impulso para entrar nele e então desaparecer bem diante dos seus olhos. Outro soldado repetiu o ato e um por um, eles iam se enfiando ali dentro. Quando só restavam mais três soldados, a médica e os capitães, ela entendeu que estava encrencada. Muito encrencada. Como se estivesse um magnetismo com os pensamentos da mulher, o Uzumaki virou para ela indicando a passagem.


- Sua vez.




- Qual o tamanho disso? - olhou de esguelha para a passagem e depois para o Capitão.


- Em torno de vinte a trinta metros.


- Ah... E é seguro? - franziu o cenho enquanto as pernas ficavam bambas.


- Nada aqui é seguro, Doutora, mas usamos essa passagem há um tempo.


- Hun.. - ela respirou fundo algumas vezes enquanto olhava para o buraco. Era quente, escuro e abafado. - Acho melhor você ir primeiro.


- Com medo? - estreitou os olhos para ela.


- Quem? Eu!? - deu um tapinha no ar - Magina! Só... - pigarreou - Quero me certificar de que é seguro.


- Acho que você está sim, com medo. - arqueou uma sobrancelha.


- Eu!? - a voz dela saiu mais aguda que o normal. A médica pigarreou, respirou fundo e deu um sorriso que não chegou aos olhos - Já falei, só quero me certificar... Se alguém tiver de morrer, que não seja eu. - deu de ombros.


- Entendi. - o Uzumaki estreita os olhos para a médica e depois olha para o Inuzuka - Fica de olho nela. Eu vou na frente. Depois de mim ela vai.


- Pode deixar comigo. - Kiba meneia a cabeça - Ela vai logo em seguida. Vou depois.


Sem falar mais nada, o loiro lança um último olhar para a médica, apoia as mãos no buraco e entra. Ela vê o corpo dele ser espremido no pequeno espaço e isso faz as pernas dela fraquejarem. O suor começa a se empoçar nas têmporas da médicas, as mãos começam a suar, o pulmão fica pequeno para o ar. Era como se estivesse em um forno ligado, sem saída. Ainda encarava a passagem quando sentiu uma mão tocando-lhe nas costas. Ela virou em um sobressalto e viu o Inuzuka encarando-a com o cenho franzido.


- Sua vez. - indicou a passagem com a cabeça.


- Ah... - balbuciou - M-m-minha? - pigarreou.


- Sim, Doutora. Sua. Venha. - puxou-a pelo braço levemente, mas ela não se moveu - Algum problema?


- N-não... - murmurou e olhou ao redor. Os soldados olhavam-na com o cenho franzido. - Você... pode ir e...


- Sakura... Está tudo bem?


- Ah... - a garganta fechou e ela olhou para o Capitão. Não queria, lutou contra, mas a ideia de entrar alí mexeu com suas estruturas e em algum momento, seus olhos encheram de lágrimas enquanto ela dava um passo para trás.


- Sakura... - Kiba deu um passo a frente e ela recuou - Você... 


- Não... - sussurrou olhando para a passagem. Como num flash, os acontecimentos de sua infância veio em sua cabeça e ela ofegou enquanto as lágrimas rolavam pelas bochechas - Não...


- Está tudo bem... - ele a olhou nos olhos vendo alí um desespero que nunca tinha presenciado - É um trauma, não é?



- E-e-eu... - balbuciou e se abraçou, como se tentasse se proteger daquilo... De alguma forma, a passagem parecia querer puxá-la.


- Fique calma. Está tudo bem. - o Inuzuka se aproximou dela tocando-lhe no ombro, a médica recuou no mesmo instante - Ai porra...


Com as mãos suando, os olhos embaçados, as pernas tremendo, a médica caminhou para trás até encostar as costas na parede oposta a passagem. Kiba pegou o rádio comunicador acionando-o com o botão e não demorou muito para um "bipe" soar do outro lado da linha.


- Na escuta.


- Naruto... - A voz do Kiba era baixa enquanto ele mantinha os olhos na médica - Ela não vai.


- Que!? - um silêncio se fez do outro lado até que ele voltou a falar - Que porra é essa, Kiba?


- Não sei exatamente... Ela simplesmente começou a tremer e tá chorando. - passou uma mão nos cabelos, desesperado - É como se estivesse com medo.

- Porra! - a voz dele era irritada - Porra!... Inuzuka, me deixa falar com ela.


O Capitão respirou algumas vezes, caminhou lento na direção da médica e estendeu o rádio para ela. Os olhos verdes banhados pelas lágrimas encararam o Inuzuka de um jeito súplico. Era como se ali estivesse uma criança. Os olhos dela focaram no rádio e voltaram para o Inuzuka. Com a mão tremula, ela pegou o rádio. Estava tão encolhida contra a parede que era capaz de entrar na mesma.


- Doutora, na escuta? - a voz de Naruto soou preocupada.


Ela olhou para o Inuzuka que a incentivou com um meneio de cabeça.


- Aperte nesse botão ai. - indicou um botão na lateral do comunicador. Ela olhou para o rádio e com um pouco de dificuldade por estar tremendo, apertou o botão, mas ficou em silêncio por alguns segundos até que finalmente respondesse:


- S-sim. - sussurrou.



- Doutora, o que está acontecendo? Eu preciso que você venha.


- Não consigo. - sussurrou depois de um tempo.


- Você consegue. Não podemos ficar aqui. O inimigo pode descobrir nossa localização a qualquer momento. - ele estava muito preocupado.


- E-e-eu não consigo. - as lágrimas voltaram a descer mais grosas. Ela queria, por Deus, ela queria muito ir, mas não conseguia, suas pernas não obedeciam e seu coração estava muito acelerado.


- Sakura... - a voz dele soou baixa, suave. Ele respirava lentamente tentando passar calma para ela. Os olhos da médica foram para o comunicador como se pudessem ver o Capitão - Me escute... Eu preciso que você venha, sei que está com medo, nervosa, mas precisa vir. Se ficar ai vai acabar morrendo e eu não vou deixar isso acontecer. De jeito nenhum!


- Eu não consigo. - choramingou fechando os olhos e respirando fundo. Sentia-se ridícula, infantil, mas não conseguia mandar no corpo. - Me desculpe... Me desculpe... Me desculpe...


Um silêncio se fez, os soldados a olhavam, o Capitão Inuzuka a olhava. Via o pânico estampado nas feições da médica. Era como se uma força a mantivesse ali, presa, parada. O comunicador fez um barulho, mas a voz do Capitão não saiu... Apenas a respiração dele era ouvida do outro lado, preenchendo o ambiente como se estivesse presente. Alguns segundos se passaram até que ele voltou a falar baixo, suave, quase como um sussurro.


- Você confia em mim?


- Sim. - sussurrou.


- Então entre.


- Não consigo. - murmurou sentindo as lágrimas escorrerem. O pânico a invadia e fazia suas estruturas vibrarem.


- Sakura, eu preciso que você venha. - a voz dele era tranquila - Entre e confie... Eu não vou te deixar, não vou te abandonar, não vou permitir que você fique presa... - suspirou - Estou aqui... te esperando do outro lado.


- E se...


- Não há possibilidades. - a cortou - Você vem e eu vou te receber. Essa é a única possibilidade.


Ele a esperava. Ela sabia que o Uzumaki não permitiria que ela ficasse presa lá dentro, mas ainda assim, por mais que soubesse que ele não a deixaria, seu corpo não reagia, suas mãos suavam ainda mais e o medo só fazia crescer. Precisava confiar nele. E por Deus, ela confiava! Fechou os olhos e respirou fundo tentando se acalmar. Uma, duas, três vezes, até que abriu os olhos sentindo-se mais calma. Balançou a cabeça de forma positiva freneticamente. Fungou e caminhou até a passagem. Assim que chegou em frente a mesma seu coração saltou frenético, sua mente nublou e ela fechou os olhos novamente respirando, depois de alguns segundos, abriu os olhos e olhou para trás vendo o Inuzuka lhe sorrir em confiança. Com a mão trêmula, entregou o rádio para ele. Ela voltou a olhar para o túnel que se estendia à sua frente, pigarreou e apoiou as mãos na entrada do mesmo, sentiu mãos lhe segurarem pela cintura e a impulsionarem para cima, na direção da passagem e ela logo tratou de se enfiar alí. Quando apoiou os joelhos no chão, olhou por cima do ombro e viu o Kiba erguendo o polegar.



- Pode ir.



- Tá. - sussurrou e olhou para frente. O túnel só estava iluminado até um certo ponto e depois tudo era escuridão. Engoliu em seco e deu o primeiro "passo", engatinhando. Depois outro, e outro. Primeiro uma mão, depois um joelho, depois a outra mão e o outro joelho. Já estava alcançando a parte escura do túnel quando ouviu Kiba falar no rádio:



- Ela entrou.



Fechou os olhos e respirou fundo. Tentava se controlar. Podia fazer aquilo. Sabia que podia. O Uzumaki estaria do outro lado, aguardando-a. Ele não a abandonaria. Um passo, depois outro. O túnel estava escuro. Frio... Instável. Um passo, depois outro. Em determinado momento, parou e respirou fundo. Santo Pai, como sua garganta queimava, suas mãos estavam cheias de terra por estarem suadas e em contato com o piso. Apoiou a testa no braço tentando controlar a respiração. Sentia as paredes do pulmão fecharem em dificuldade.



Estava na metade do caminho, sabia disso. De alguma forma, sabia que faltava metade, mas quando olhou para frente viu algo que a paralisou. O túnel fazia uma curva acentuada, deixando o espaço ainda menor, mais escuro, e foi ai que tudo mudou. A coragem foi embora, seus braços tremeram e ela "desabou" no chão do túnel. Seus olhos embaçaram novamente com lágrimas que ameaçavam cair a qualquer momento. Ela ofegava, suava, estava nervosa.


Ouviu um estalo e olhou para cima, apoiando os cotovelos no chão. As paredes fechavam em torno de sí com um barulho ensurdecedor, derrubando-a, prendendo-a naquele túnel, espremendo seu peito contra o chão, sufocando-a, apertando sua carne e fazendo com que não fosse possível mexer nem um fio de cabelo. O desespero começou a consumir a médica na mesma intensidade em que o suor escorria por seu rosto e seu corpo pesava. Como foi idiota... Claro que aquele túnel não resistiria... Eram toneladas de concreto à cima de si desabando, prendendo-a ali.



- SAKURA!? - a voz do Capitão chegou aos seus ouvidos. Ele estava gritando por ela, em algum lugar. - ESTÁ ME OUVINDO?


Com dificuldades, a médica fechou os olhos e respirou fundo. Precisava respondê-lo. Respirando várias vezes, ela passou a língua entre os lábios tomando fôlego.


- Oi... - sua voz saiu baixa. Pigarreou e fechou os olhos - OI.


- SAKURA, VOCÊ PRECISA VIR! - a voz do Capitão soou distante e abafada.



- NÃO DÁ! - Tossiu, seus pulmões estavam fechando por conta da poeira - ESTOU PRESA! - apoiou a testa no ante braço enquanto sentia o corpo tremer de frio. Ouviu um estrondo e algo caiu em cima da sua perna, fazendo-a sentir uma dor insuportável e esmagadora. Um grito vibrou em seu peito e escapou por sua boca - AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!



- SAKURAAAA???




Comentários

  1. Sim cadê próximo capítulo?! Já pode postar certo!!!
    Tadinha da Sasa, enfrentar um trauma não é fácil, só mostrar o qnt ela confia no Naruto.

    ResponderExcluir
  2. Ai meu Deus kkk o que aconteceuuuuu?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Fugitivos - Capitulo Quinze

Fugitivos - Capitulo Onze

Fugitivos - Capitulo Treze