Projeto Ampulheta - Capítulo 9




O teto branco do meu quarto parecia uma grande tela onde todo o dia anterior passava diante dos meus olhos como sombras dançando naquele grande painel. Minha cabeça também dava algumas voltas por conta da pré-ressaca que começava a me atingir.

Passo as mãos no rosto e preguiçosamente tiro o cobertor de meu corpo, e sento na beirada da cama levantando logo em seguida. Levanto os braços me alongando e então caminho até a porta da varanda abrindo-a. O calor do domingo me atinge em cheio e rapidamente uma pequena disposição me invade. Caminho pelo quarto até o banheiro e faço minha higiene lentamente. Após o banho, visto um short de malha fria colorida e uma regata preta. Calço os chinelos de dedo e prendo os cabelos em um rabo de cavalo.

Quando saio do quarto, sinto todo o silêncio da casa. A porta do quarto do Uchiha estava fechada. Provavelmente ele ainda não havia acordado, ou estava curtindo sua primeira e grande ressaca. Passo pelo mezanino e desço as escadas seguindo para a cozinha. Bebo um pouco de água e logo coloco a cafeteira para trabalhar.

Vou até a geladeira, armário e dispensa e pego alguns ingredientes para fazer sanduíche. Aproveito e pego em cima do armário a caixinha de primeiro socorros colocando-a no balcão também, o Uchiha quando acordar vai precisar de um remédio. Coloco todo o material para o sanduíche sobre a bancada da cozinha e dou à volta na mesma, caminhando pela sala de jantar e indo até a lateral da porta, destravando-a. Deixo a porta aberta e a brisa da manhã invade minha casa. Coloco as mãos na cintura, fecho os olhos e respiro fundo, a brisa da manhã era sempre tão agradável. Abro os olhos e vou até a sala de televisão e ligo o aparelho de som baixinho, selecionando uma lista de músicas animadas, mas leves.

Volto a caminhar pela casa agora sendo embalada pelo ritmo da música ”diamonds” da Rihanna. Chego na cozinha e começo a preparar os sanduíches. A cafeteira bipa informando que o café estava pronto e eu desligo à mesma. Após alguns minutos, os sanduíches já estão prontos.

- Shine bright like a diamond, we’re beautiful like diamonds in the sky. – canto remexendo o quadril no ritmo da música.

Pego os sanduíches e os levo até à mesa, depois volto para a cozinha pegando a cafeteira e levando até à mesa também. Volto para a cozinha e pego os pratos e xícaras e quando dou à volta para colocar tudo sobre à mesa é que percebo a presença do Uchiha no mezanino. Ele estava com uma calça de malha azul marinho, uma camisa branca, com os antebraços apoiados no parapeito do mezanino, o corpo levemente inclinado por conta da posição e um pé estava apoiado em cima do outro um pouco cruzado.

- Bom dia. – sorrio.

- Bom dia, Senhorita.

- Tá ai faz tempo? - coloco tudo em cima da mesa e olho para ele.

- Alguns minutos. – sua voz era rouca e ele estava com o cenho franzido.

- Hun... Como está à cabeça? – volto para a cozinha já imaginando qual seria sua resposta então pego um remédio para dor e um copo com água.

- Dolorida. – escuto-o responder e logo após, seus passos pelas escadas. – E a Senhorita?

- Está pesadinha, mas logo vai passar. – Volto para a sala de jantar e ele já estava descendo os últimos lances de escada enquanto massageava as têmporas – Isso aqui vai ajudar.

- Hun... – ele olha o comprimido em minha mão – o que é isso, Senhorita? – pega o mesmo e fica analisando.

- Remédio. – dou de ombros.

- Remédio? – franzi o cenho e me olha questionador – Não são líquidos?

- Também. Vamos, pode tomar. – incentivo.

Ele continua olhando desconfiado, mas desiste e toma o comprimido e eu me seguro para não rir da cara que ele fez para engolir o remédio pela primeira vez na vida. O coitado bebeu toda a água. Pego o copo e levo-o até à pia e quando volto, indico a cadeira para ele sentar à mesa.

- Fiz sanduíches. Também não estou muito bem da cabeça. – sento.

- Está ótimo. Obrigado.

Em silêncio começamos a comer. O café fez o desconforto em minha cabeça passar rapidamente. Ele parecia estar desconfortável com algo e eu não estava confortável em perguntar o que o incomodava. Eu não havia bebido tanto quanto o Uchiha no dia anterior e pelas caretas que ele fazia, eu diria que o pobre coitado estava muito, muito mal. Quando terminamos o café, ele me ajudou a desfazer à mesa e então caminhou para a área da piscina e deitou na espreguiçadeira.

Percebi que o mesmo estava mais “a vontade” aqui em casa, talvez tenha sido efeito da festa ou talvez era como ele agia durante o dia aqui enquanto eu estava no trabalho. Com os dedos, ele massageava as têmporas e vez ou outra eu percebia seu pomo de Adão descer e subir enquanto uma careta maior lhe invadia a face. O coitado deve realmente está muito mal.

Mordo o lábio inferior pensando como posso ajudar e então me vem uma ideia maravilhosa. Subo as escadas e passo correndo pelo mezanino, entro rápido em meu quarto e vou até o banheiro abrindo a farmácia do mesmo, pego um potinho azul e volto todo o caminho que havia feito correndo. Quase caio na metade das escadas, mas seguro no corrimão e concluo minha descida. Ele ainda estava deitado, agora com um braço sobre os olhos.

- Ei. – chamo baixo, sentando na cadeira ao lado da espreguiçadeira que ele estava.

- Sim? – ele tira o braço dos olhos e me olha com os mesmos franzidos.

- Muito ruim?

- Um pouco, mas não precisa se preocupar. Logo passa. Obrigado.

- Deixe disso. – desenrosco a tampa do potinho e passo o dedo indicador e médio no gel que havia dentro do mesmo.

- O que exatamente é isso? – os olhos dele vão do gel para meus olhos.

- Isso aqui vai aliviar a dor.

Inclino o corpo para frente e levo meus dedos na direção dele, mas o Uchiha interrompe minha ação segurando meu pulso. Olho para ele de forma questionadora e os olhos dele ficam nos meus por uns segundos, até que ele solta meu pulso e eu dou um leve sorriso para passar segurança para ele. Com o dedo anelar e mínimo, afasto os fios negros que caíam-lhe sobre a testa e olhos, passo em linha reta meus dedos com gel de uma têmpora à outra. Uma ruga lhe cobria toda a região do cenho até as têmporas por conta do cenho franzido. Tampo o potinho e coloco-o de lado. Sento um pouco mais na ponta da cadeira e então levo os dois polegares até o cenho do Uchiha e pressiono-os levemente no local.

- Relaxe. – peço baixo.

Ele não responde nada, apenas fica me olhando fixo. Deslizo os polegares do cenho dele até as têmporas e tento ignorar o fato de que estamos próximos e ele está olhando para meus olhos. Levo os polegares até o cenho novamente e os deslizo para cima e faço leves círculos tornando para o cenho novamente. Apoio meus outros dedos na lateral do rosto dele para ter mais apoio e então meus polegares deslizam para as têmporas do Uchiha e eu pressiono um pouco mais o local e isso faz um leve gemido escapar da garganta do homem enquanto ele fecha os olhos.

Engulo em seco com isso, mas não paro o que estava fazendo. Ele permanecia com os olhos fechados e eu continuava a massagem na área ocular. A respiração dele era controlada e agora a ruga que antes habitava sua testa não estava mais alí. O Uchiha estava realmente relaxando e isso era bom. Vejo o pomo de Adão subir e descer de forma lenta e foi impossível meus olhos não captarem aquilo.

Só agora olhando de pertinho eu via a leve barba que começava a nascer. Ele também estava mais corado por conta do sol tomado ontem. Volto meus olhos para meus dedos novamente, eu precisava me concentrar. O gel havia resfriado apele dele e isso fazia-o relaxar. Ele abriu os olhos novamente e involuntariamente meus olhos foram para os seus enquanto eu terminava a massagem. Afastei minhas mãos de seu rosto, mas ele segurou meus pulsos novamente. Continuei baixando minhas mãos enquanto as mãos dele deslizavam por meu pulso e então ele segurou minhas mãos.

- Obrigado. – sussurrou.

- Não precisa agradecer. – sussurrei de volta.

- Sim eu preciso. – os olhos dele percorrem meu rosto e tornam para meus olhos – A Senhorita tem sido muito atenciosa comigo.

- É o mínimo que posso fazer. – dou de ombros – Baguncei sua vida sem permissão e me sinto muito culpada por isso.

- Oh sim, a Senhorita realmente bagunçou. – ele sorri levemente – Entretanto, agora o Itachi não irá mais me atormentar por não ter vivido nada interessante.

- Seu irmão parece ser gente boa.

- Ele é incrível. – Os olhos do Uchiha descem e eu acompanho seu olhar e vejo que ele olhava para nossas mãos que ainda estavam juntas e para a minha surpresa, ele não as separa – Ele é tudo aquilo que eu nunca tive coragem de ser.

- Nunca é tarde para ser você mesmo. – incentivo e os olhos dele voltam para os meus.

- No meu tempo é. Homens são centrados, responsáveis, respeitosos, educados e politicamente corretos e as mulheres são sempre pobres donzelas que estão prestes à se meter em perigo e que precisam de um cavalheiro para lhe cuidarem.

- Isso não é só no seu tempo. Aqui também existem homens e mulheres assim, apesar de serem um saco – ele faz uma careta e eu ignoro – mas é bem mais divertido ser do jeito que se quer ser. Gosto da independência, da minha vida, dos desafios...

- A Senhorita é complexa.

- Eu? – franzi o cenho.

- Sim, a Senhorita é.

- Devo ficar ofendida?

- De forma alguma. Minha cabeça está uma bagunça, tenho certeza que minha vida no passado também deve estar, mas estou aprendendo muitas coisas aqui e percebendo coisas que nunca percebi.

- Olha só, então estou sendo sua fada madrinha. – zombo e ele sorri.

- Então a Senhorita acredita em contos de fadas?

- Você acreditava que seria possível viajar no tempo? – respondo com outra pergunta.

- Tudo é possível não é?

- Só basta querer. – dou de ombros.

- Não... – responde baixo e então olha ao redor respirando fundo – Nem tudo que se quer, se pode.

- Eu prefiro querer e poder. – ele me olha e então sorri divertido.

- Isso pode lhe causar arrependimentos.

- Prefiro me arrepender pelo que fiz ao invés de me arrepender por aquilo que não fiz.

- Admiro sua coragem.

- Hun... Já sei! – levanto e ainda segurando as mãos dele, o puxo levemente e ele levanta também – Você vai cometer uma loucura.

- C-como? – os olhos dele ficam esbugalhados.

- Vamos correr. – solto uma mão do Uchiha, puxando-o apenas por uma mão para dentro de casa.

- Correr? – a voz dele soa interrogativa.

- Fique aqui. – deixo-o em frente a porta de madeira e então subo as escadas correndo e vou até meu quarto, pego minha bolsa e volto para aonde o tinha deixado e ele olha curioso. Pego as chaves e abro a porta puxando-o comigo e seguimos para a garagem aberta.

- Como assim “correr”, Senhorita?

- Gosta de velocidade, Senhor Uchiha?

Desativo o alarme e indico a porta do carona para ele que entra no carro ainda desconfiado. Jogo minha bolça no piso do carona e aperto o botão star/stop do carro e rapidamente estamos saindo da garagem e colocando o cinto.

- Prefiro a calmaria. – responde baixo colocando o cinto.

- Então vamos mudar isso.

Enquanto o carro seguia pela estrada de cascalhos, olho de esguelha e vejo que ele parecia nervoso. Não tarda para o carro chegar no asfalto do bairro.

- Primeira loucura do dia: Me chame de Sakura.

- Como? – ele me olha rápido.

- Nada de Senhorita Haruno. De agora em diante é Sakura.

- De forma alguma...

Mudo a marcha e então piso no acelerador e o ponteiro começa a subir. O Uchiha segura nas laterais do banco enquanto o carro ganha velocidade.

- Vamos, me chame de Sakura. – Peço.

- S-Senhorita... – ele fecha os olhos.

- Vamos lá, Sasuke, me chame de Sakura. – instigo pisando ainda mais e a paisagem ao nosso redor começava a se tornar um borrão.

- Senhorita, por favor... – a voz dele sobe 2/8.

- Vamos, Sasuke. É só falar “Sakura”.

Instigo e ele balança a cabeça de forma negativa. Com o polegar, ativo o botão “corsa” do carro e ele sai do modo strada e vai para o modo corrida. Piso ainda mais no acelerador e então o ponteiro vai para 180 km. O Uchiha abre os olhos quando o barulho do motor muda e o carro ganha mais velocidade.

- AI MEU DEUS! – o corpo dele estava contra o encosto do banco.

- Vamos lá, Sasuke. – meus olhos estavam na pista perfeita que se estendia à nova frente.

- VAMOS MORRER! – ele já gritava descontrolado.

- Nossa vida está em suas mãos. – respondo tranquila sem aliviar o pé do acelerador.

Ele não responde nada então aperto o botão que baixava os vidros e rapidamente o vento que chocava contra o carro, agora estava chocando contra nós dois. Os cabelos do Uchiha voam violentos e eu agradeço aos céus por estar com um rabo de cavalo. O ponteiro já marcava 210 km.

- AI MEU DEUS. AI MEU DEUS! – a voz dele estava mais grossa e alta que o normal.

- Só você po...

- SAKURA. SAKURA. SAKURA... AI MEU DEUS VAMOS MORRER! – ele gritava com os olhos fechados.

Sorrindo vitoriosa, desacelero o carro e aperto o botão corsa novamente ativando o modo esportivo. O carro segue a 100 por hora. O Uchiha estava ofegante, as mãos ainda apertavam o banco com força e ele estava em choque.

- Viu, não doeu. – falo divertida.

- Por hoje já deu. Podemos voltar? – ele me olha assustado e percebo sua pupila extremamente dilatada.

- Eu disse que essa era a primeira. Ainda temos mais duas. – pisco marota.

- Senhorita... – resmunga.

- Como é? – ameaço apertar o botão corsa.

- Sakura. – corrige rápido – céus, isso é muito estranho. – geme baixo.

- Fica quietinho ai. Vamos para um local mais deserto.

- Para quê?

- Para a segunda loucura do dia.

- Eu tenho medo da resposta, mas, qual seria a segunda loucura?

- Você vai aprender a dirigir.

Os olhos do Uchiha ficam ainda maiores e eu sorrio de canto enquanto sigo pela estrada do bairro, rumo a parte mais afastada do local. Era uma área que era reservada para o condomínio, mas que ainda não havia sido construído nada. Era uma área enorme com uma estrada de terra batida e árvores ao redor.

Ele parecia bem nervoso ao meu lado e enquanto o cenário à nossa volta mudava, o clima de tensão dentro do carro só aumentava. Assim que chegamos no local, eu paro o carro, aciono o freio e solto o cinto. O Uchiha faz o mesmo e nós dois saímos do carro.

- É o seguinte, esse bebê aqui é o Lamborghini Huracán. – deslizo a mão direita pelo capô do carro – Ele foi inspirado nos caças Americanos que ficam invisíveis ao radar. Ele chega à 200 por hora em apenas 9,9 segundos, e tem como velocidade máxima 320 km. Ele tem um motor V-10 5.2 e produz 610 cavalos. Possui dupla embreagem e 7 marchas, é um carro super leve. É o primeiro carro de série do mundo a vir equipado com um avançado sistema de controle dinâmico. Ele tem um sistema de computador que faz correções rápidas e precisas de acordo com a situação em que se encontra. É considerado o melhor carro feito pela marca. Possui linhas suaves e agressivas. – Olho para o Uchiha e ele estava com o cenho franzido – Um conselho muito importante: Cuidado com o pé na hora de acelerar, essa belezinha aqui voa baixo.

- Eu não entendi quase nada do que a Senh... – ele para quando vê minha cara feia – Você falou, mas compreendi que ele é perigoso.

- Sim. – sorrio.

- Então, eu agradeço muito, mas não acho necessário...

- Ora, vamos logo, Sasuke.

- Vamos morrer. – resmunga baixo.

- Só se você nos matar. – Dou a volta e já entro no banco do carona colocando o cinto.

Ele olha ao redor analisando se era realmente seguro e então dá a volta e entra no lado do motorista e coloca o cinto. O Uchiha olha através do painel e eu percebo seus olhos brilharem. Ele morde o lábio inferior e respira fundo. Sua cabeça gira em minha direção e ele engole seco.

- E agora?

- Primeiro de tudo, o carro já está ligado. Aquele pedal alí é o acelerador – indico o pedal aos pés dele – e o outro é o freio. O controle do carro está em suas mãos. – indico o volante – essa alavanca à direita é a marcha, aquela outra é a embreagem.

- Certo, freio e acelerador. – repente enquanto olha para o próprio pé.

- Isso. Pise nele. – O Uchiha faz – Agora, com as mãos no volante – indico como segurar e ele faz – use dois dedos na alavanca e dê uma leve puxada para sí, isso vai fazer o carro entrar na primeira marcha. – ele o faz e na mesma hora o painel do volante acende – Agora com muita leveza, pise no acelerador. Vagarosamente. De leve.

O Sasuke respira fundo e então pisa muito, muito suave, indico para ele pisar um pouco mais e na mesma hora todo o painel do carro acende em uma luz neon. Ele me olha espantado e eu sorrio.

- Muito bom. Agora você solta devagar o pé do freio e então o carro vai tremer levemente e começar a sair do canto, vamos lá?

- Eu estou com medo. – sussurra.

- Está tudo bem. Não vamos morrer. Prometo.

- Certo.

Ele pigarreia e então faz o que mandei e o carro começa a vibrar. Pouco depois, o bebê começa a sair lentamente do lugar e eu vejo um sorriso de canto se formar nos lábios do Uchiha. Os nós dos dedos dele estavam brancos em torno do volante e o pé continuava baixando e o carro ia subindo a velocidade, quando o velocímetro apontou os 20 km eu resolvi ousar um pouco mais.

- Você está indo muito bem. Agora, aperte a marcha novamente apenas uma vez e pise um pouco mais no acelerador, mas só um pouco.

- Tudo bem. – ele respira fundo e então faz o que falei e o carro ganha mais velocidade. O sorriso de canto agora se transforma em um sorriso de boca toda, mas sem mostrar os dentes.

- Vire o volante um pouco para a direita. – o carro vai para a direita – agora vire um pouco para a esquerda. – e o carro vai para a esquerda – alí, está vendo aquela curva mais à frente para a esquerda? – aponto e ele faz que ‘sim’ com a cabeça – você vai virar o volante do mesmo jeito que fez para a esquerda e depois vai centralizá-lo novamente.

- Oh Deus. – murmura e o sorriso sai de seus lábios.

- Não precisa ter medo e... – levanto minha mão esquerda e a coloco em cima da mão direita dele – não precisa segurar com tanta força.

- Tenho medo de ele escapar. É tão... leve. – o pomo de Adão sobe e desce.

- Sim, ele é realmente suave, mas não precisa segurar com tanta força, vamos, alivie mais um pouco aqui. – indico os nós dos dedos dele e o Uchiha faz. Na mesma hora o local fica mais rosado pelo sangue que volta a circular – Muito bem. Viu? Ele não escapou – tiro minha mão de cima da sua. – agora... a curva.

- Para a esquerda. – repete e então o faz e o carro executa a curva com maestria. Após passar a curva, ele deixa o volante reto novamente e então um sorriso enorme surge em seus lábios, agora, mostrando os dentes brancos e alinhados.

- Muito bem Sasuke Uchiha! – bato palmas – viu, é fácil!

- Isso foi...uau! – ele falava animado, o sorriso ainda estava alí e os olhos concentrados na estrada de terra à nossa frente.

- Isso foi muito, muito foda. Desculpe. – peço desculpas ao perceber que os olhos dele vacilam da estrada para mim. A estrada vai chegando ao fim e uma lareira se mostra à nossa frente. – Quando chegar alí naquela placa de sinalização você vai começar a desacelerar certo? E quando aqui – indico o velocímetro – baixar para 20, você começa a pisar suavemente no freio ao mesmo tempo em que vai soltando o acelerador. Entendeu?

- Entendi sim, pisar suavemente no freio e ir soltando suavemente o acelerador.

E exatamente quando chegamos na placa, ele faz o que indiquei e o carro vai desacelerando. Quando o mesmo já está quase parando, tenho uma ideia.

- Agora, gira o volante para a direta, mas dessa vez você vai girar um pouco mais. Vamos fazer à curva.

- Como? – ele me olha rapidamente e logo volta os olhos para a lareira à frente.

- A curva. Vamos. Faça agora, Sasuke! – tento passar pressa e ele logo obedece. Pouco à pouco o carro vai fazendo a curva – vá desfazendo o giro do volante... Isso... Muito bom... – e o carro fica de frente para à estrada de terra novamente – Ótimo. Agora pise mais no freio até o carro parar. – ele pisa e o carro por fim, para – Ótimo. Agora puxe novamente a marcha e por fim, aperte aqui – indico o câmbio de marcha – e isso vai ativar o ‘modo estacionamento’ do bebê.

Ele faz tudo o que falei e o carro por fim para. Destravo o cinto e saio do carro, dou à volta no mesmo e então dou duas batidas no vidro do motorista e ele olha para mim. Indico a trava da porta e ele puxa à mesma, abrindo-a.

- Já pode sair.

- Tem certeza? – olha desconfiado para o painel.

- Claro que sim. Vamos, venha.

Ele solta o volante lentamente e respira fundo quando tem a certeza de que o carro não vai sair andando por ai sozinho. Demora um pouco para ele destravar o carro e então eu percebo que as mãos dele estavam tremendo. O Uchiha respira fundo e sai do carro. Ele me olha com as pupilas dilatadas e abre um sorriso enorme.

- Você foi incrível! – sorrio animada e então o abraço rápido – incrível. Incrível! – solto-o.

- Você viu? – ele estava muito animado – eu consegui acelerar e depois passar a marcha e... Eu fiz uma curva, Sakura! – ele passa as mãos nos cabelos – Compreende o que isso significa para mim? – ele ofegava no final de tudo.

- Claro que sim, seu bobo! Eu me senti assim também quando aprendi. – Sorrio – Você foi muito bom mesmo.

- Uau! – ele desliza uma mão dos cabelos e passa pelo rosto, extasiado – Obrigado.

Rapidamente, ele me puxa para sí e me abraça forte. Fico paralisada um tempo e acabo correspondendo. Nos afastamos e as bochechas dele estavam coradas.

- Muito bem. – bato palmas – agora vamos voltar para casa.

- Vamos sim.

O Uchiha passa por mim e vai para o lado do carona enquanto eu entro no banco do motorista. Pouco tempo depois já estamos passando pela estrada de barro e ainda mais rápido estamos na estrada de asfalto do bairro. Ele agora estava mais relaxado ao meu lado. Seus olhos estavam leves e os ombros suaves. As mãos já não apertavam o banco e estavam em cima do colo dele.

Algum tempo depois, estamos finalmente parando na garagem aberta. Desligo o carro, pego minha bolsa que estava nos pés do carona e então nós dois saímos do carro. Ativo o alarme do bebê e seguimos para dentro de casa. Uma vez dentro da habitação, ele fecha à porta de madeira.

- É o seguinte: Terceira loucura do dia. – começo a subir as escadas enquanto ele permanecia em frente à porta.

- E qual seria? – segura no corrimão da escada.

- Você prepara o almoço!


Escuto-o resmungar baixo e sigo para meu quarto para poder tomar um banho e voltar para ajudar o Uchiha à cozinhar, afinal, ele não sabia praticamente nada sobre a minha cozinha e muito dificilmente saberia como preparar alguma comida para almoço.



~> Continua





Comentários

  1. Que lindo eles falando de nao ter arrependimentos... a Sakura ta mudando o Sasuke pra melhor... e ate q enfim esta chamando ela pelo nome kkkkkkkkkk quais me acabo d ri nessa adrenalina kkkkk SUPER MEGA HIPER ANSIOSA PELO PRÓXIMO CAPÍTULO

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  2. Imagino o nervosismo dele quando ela acelerou o carro !!!! Perfeito.................Ansiosa pelo Próximo.

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  3. Esse capítulo foi muito fofinho! Até deu pra sentir daqui as borboletas se debatendo no estômago do Sasuke hora q ela "masageava" o Uchiha!
    Ele já está mais a vontade com a situação assim como a Sakura.
    E esses momentos de loucura em! Kkkkk
    Parece q ele gostou de chamar ela pelo primeiro nome *-*
    E ele aprendeu a dirigir! Aeeee
    Só falta tirar a habilitação senhor Uchiha, lindo fofo e cavalheiro >.<

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    Respostas
    1. "borboletas se debatendo no estômago"
      Eeeeita q é bom d+

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  4. Amei,amei,amei
    Senhor Uchiha já está se adaptando, e esse clima aumentando hahaha
    Quero só ver esses dois 😏
    Anciosa pelo próximo autora-chan❤

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  5. Sakura está mudando o Sasuke aos poucos e mostrando q ele pode viver a vida e de acordo com seus próprios termos, acho q essa é uma evolução e tanto para nosso Uchiha ranzinza.

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