Projeto Ampulheta - Capítulo 10




Demorei mais que o esperado em meu quarto. Acabei recebendo uma ligação do Gaara falando sobre a visita de amanhã. Eu estava nervosa, a visita seria tensa demais. Vesti uma calça moletom (pois estava frio) e uma camisa de mangas soltinhas e então sai. Ao chegar no mezanino, me deparei com o Sasuke de pé, em frente às portas de vidro, com os cabelos molhados, uma calça também moletom, um blusão e com as mãos nos bolsos da calça. Mesmo daquele jeito, tinha uma postura extremamente elegante. Franzi o cenho, mas percebi que ele olhava à chuva que caía do lado de fora.

Pera, chuva?

Quando começou a chover?

Desci os degraus e por estar descalça (assim como ele estava, percebi logo em seguida) e o chão ser de madeira, o Uchiha não me ouviu. Olhei rapidamente para a mesa e ví os pratos e talheres em cima da mesma. Me encostei na mesa e cruzei os braços vendo-o tão perdido em seus próprios pensamentos. Será que estava pensando em sua casa? Provavelmente estava. Ele deveria estar sentindo muita falta de tudo.

- A chuva também é diferente? – perguntei baixo.

O Uchiha se sobressaltou, mas ainda assim não perdeu a elegância de sua postura. Virou o corpo em minha direção e fez uma breve reverência ainda com as mãos nos bolsos.

- Perdoe-me, não lhe percebi chegar. – sua voz era baia também. Ele caminhou em minha direção.

- Tudo bem. – sorri – Então, também é diferente?

- De forma alguma. – sorri – apenas estava pensando em como as coisas são diferentes. – Ele olha minha casa – simplesmente tudo.

- Sente falta, não é?

- A Senhorita não sentiria? – crispou os lábios.

Desviei meu olhar do seu e olhei minha casa. Com toda a certeza que enlouqueceria caso fosse mandada para o passado. Imagina viver sem toda essa tecnologia que eu possuía? Agora imagina para ele estar em um mundo que até quase duas semanas atrás não existia em sua vida? Volto meus olhos para o Uchiha.

- Acho que você está se saindo melhor do que eu poderia me sair.

- Não concordo com esse pensamento. – ele desviou o olhar para a cozinha e então soltou um suspiro – Não sei como fazer isso.

- Estou aqui para lhe ajudar. – Sorrio, animada.

- Hun... – ele me olha e então sorri, caminha até mim e dobra o braço – Então devo lhe acompanhar, certamente?

- Certamente que sim, Senhor Uchiha. – faço cara de “madame” e então olho para seu braço – O que...?

- Permita-me. – ele segura minha mão e passa por entre seu braço e apoia minha mão na dobra de seu cotovelo – Assim. – Ele leva à mão livre para trás do próprio corpo e então me conduz até a cozinha – Então, por onde começamos?

- Primeiro vou lhe ensinar como funciona a geladeira, fogão, micro-ondas você já sabe... cafeteira e... ah! Onde ficam todos os alimentos e materiais.

- Me parece um bom começo. – e então quando chegamos no meio da cozinha, ele segura minha mão que repousava na curva de seu cotovelo, tirando-a dalí e inclina o corpo levemente, beijando o dorso da mesma sem tirar os olhos dos meus, depois, voltando a ficar ereto – Então vamos à... geladeira.

- Ah... é... – pisco algumas vezes tentando compreender a reação (sem motivo) dele.

O Uchiha me indica a geladeira com a mão que apoiava à minha à poucos segundos e eu me viro automática para a mesma. Abrindo-a, começo a explicar como a mesma funcionava. Depois ensinei como funcionava o fogão, e o perigo que o gás apresentava. Ele ouvia tudo muito atento e vez ou outra exclamava um “oh” ou “ah” a cada compreensão. Quando terminei, fomos para a dispensa (já que eu havia mostrado tudo o que a geladeira comportava) e depois o armário. Quando terminamos, eu tinha um Sasuke de sobrancelhas erguidas e parcialmente instruído.

- Alguma dúvida? – pergunto por fim.

- Para falar a verdade, bastantes, mas por hora acredito que dê para sobreviver.

- Que bom. Vejamos... – mordo o lábio inferior pensando o que poderíamos preparar e então tenho uma ótima ideia. Vou até o armário e pego arroz. – Pega uma panela para mim, por favor?

- Certamente. – Ele vai aonde estava as panelas e para. Olho para o Uchiha e ele olhava as várias panelas alí dentro – Ah... Senhorita...

- Hun?- Arqueei as sobrancelhas e então lembrei que ele não sabia qual pegar – Oh. Aquela alí, a terceira de cima para baixo. – aponto enquanto colocava o arroz em cima da bancada e pegava dentro da geladeira um lombo.

- Algo mais? – coloca a panela em cima da bancada.

- Uhum, dentro daquele armário alí. – indico o armário que ficavam as tigelas e travessas enquanto colocava o lombo no micro-ondas para descongelar e via o Uchiha abrir o armário – Isso, pega aquela travessa alí... Aquela de porcelana, branca.

- Essa? – toca em uma.

- Não. Aquela outra, ao lado dela... Essa!

Ele coloca a tigela em cima da bancada. Caminho até a geladeira abrindo-a e o chamo com a mão, ele se aproxima e eu me abaixo em frente à geladeira e começo a tirar de lá algumas coisas para rechear o lombo. Enquanto isso, eu ia entregando o recheio para o Uchiha que quando não conseguia mais segurar tudo, depositava sobre à bancada e voltava para pegar mais. Quando por fim, peguei tudo segui para a dispensa e peguei alguns temperos e no mesmo instante o micro-ondas apitou.

- Pega pra mim? – peço.

- Sim. – Vejo-o calçar as luvas que eu havia deixado próximo ao aparelho e ele abre a portinha, pegando o lombo de lá e depositando-o sobre o balcão – Algo mais?

- Veja. Para preparar o arroz, por exemplo, você precisa colocar água na panela assim. Essa quantidade é ideal para nós dois. Depois liga o fogão e coloca no fogo. Entendeu? – olho para ele, desconfiada.

- Sim. – balança a cabeça, afirmando.

- Ótimo. – volto para o balcão e ele me segue – Vamos preparar um lombo recheado. - Subo as mangas da minha camisa. - Está vendo como ele é? Agora... – pego a tábua de carne e uma faca no faqueiro e na mesma hora, o Uchiha toma a faca de mim – O que...?

- Perdão, Senhorita. Essa faca parece bem afiada. Deixe-me fazer isso.

- Mas...

- Por favor. – os olhos dele estavam decididos e ele segurava a faca com possessão. Eu não conseguiria toma-la de sua mão nem em mil anos.

- Tudo bem. – Suspiro derrotada. – Veja, você precisa dar cortes do início ao fim, corte suave, vamos “abrir” a carne como se à desenrolasse.

- Acho que compreendi. – Ele se posiciona ao meu lado e eu me afasto um pouco, deixando-o ficar em frente à carne. Ele apoia uma mão na peça enquanto a mão que possuía a faca ía de encontro à mesma. – Aqui está bom? – encosta a faca na carne, me mostrando a espessura.

- Mais para cá.

- Aqui? – Ele desliza a faca.

- Não... – dou à volta no Uchiha e fico ao lado da mão da faca. Coloco minha mão sobre a sua e então a conduzo, deixando-a no local ideal e depois à solto. – Aqui.

- Tudo bem. – Sussurra e então pigarreia. Ele dá um corte reto e preciso da peça – Desse modo?

- Exatamente assim! – bato palmas, animada – Você tem ótimas mãos, Sasuke!

- O-Obrigado. – olho para ele e o mesmo vira levemente o rosto para o lado, percebi que suas bochechas estavam levemente coradas. Ele ficou envergonhado? Gente do céu!

- Continue cortando. Vou colocar o arroz na panela. – pego o pote que comportava o arroz e então sigo para o fogão.

- Quanto exatamente a Senhorita coloca? – a voz dele soou curiosa.

- Veja, a medida para duas pessoas costuma ser aquele copinho alí. – indico um medidor sobre o balcão. E então pego uma espátula e mexo o arroz – e a medida para macarrão é essa aqui ó. – Vou até o armário abrindo uma gaveta e pego uma espátula dentada – Tá vendo esse furo aqui no meio? – indico o furo e ele balança a cabeça, afirmando – essa é a medida para uma pessoa. Para duas pessoas é só colocar duas medidas dessa.

- Compreendo. – Ele volta a cortar o lombo. – Mas diga-me, como esse lombo será preparado?

- Ahaaaar! – caminho ardilosa em sua direção e quando estou ao seu lado, faço impulso, sentando no balcão ao lado da tábua de carne e ficando de frente para ele. – vamos fazer um recheio muito bom... ou melhor, você vai fazer. – cutuco o ombro dele.

- P-Perdão? – os olhos dele caem sobre mim e depois descem pelo meu corpo como se analisasse a forma que estou e então desvia os olhos para a carne – E-eu?

- Sim. Estou lhe ensinando, lembra?

- Certamente. – pigarreia e então termina de cortar a carne. – E agora? – com um suspiro, ele volta a olhar em meus olhos.

- Agora você vai pegar... – olho para o lado e pego uma cebola, uma tomate, coentro, queijo mussarela, gorgonzola, coalho e presunto – você vai cortar esses aqui em rodela e os outros vai pinicar.

- Parece fácil. – ele pega tudo e coloca ao lado da tábua e coloca a cebola sobre a tábua. Quando o Uchiha começa a cortar, vejo-o fungar e então ele passa o dorso da mão nos olhos.

- Sasuke? – inclino a cabeça já imaginando o que estava acontecendo.

- Sim? – murmura sem me olhar.

- Sasuke? – tento olhá-lo, mas ele vira levemente a cabeça – Senhor Uchiha!

- Perdoe-me! – ele larga à faca e quando faz menção de se afastar eu seguro seu ombro e ele para a ação na mesma hora.

- Está chorando? Não seja bobo. – levo a mão até seu queixo e puxo levemente seu rosto em minha direção. Ele estava muito corado e os olhos estavam vermelhos e alagados pelas lágrimas, quando pisca, elas escorrem pela face. – Oh Céus! Isso é normal. – apoio minhas mãos em seu rosto e enxugo as lágrimas com meus polegares. – Eu choro horrores. – sorrio.

- Um cavalheiro não deveria... – tenta se justificar baixinho.

- Xiiih. – calo-o levando o dedo indicador até seus lábios e só então percebo como são macios. Acabo olhando aquele pedaço de carne e sentindo um formigamento em meu estomago, tiro o dedo dalí, pousando minha mão em seu ombro – é normal. Acredite. E... não se preocupe. – pigarreio – um cavalheiro não deveria ser verdadeiro? – arqueio as sobrancelhas.

- D-De fato, mas... – sua voz estava rouca.

- Mas nada. Você vai cortar isso ai e vai chorar, sorrir, fazer o que quiser! Você não está em 1798.

- A Senhorita é muito cabeça dura. – resmunga, mas seus lábios se repuxam em um sorriso de canto.

- Você, Sasuke, você. Nada de Senhorita... e sim, eu sou muito cabeça dura. – pego à faca e estendo-a para ele – então? – arqueio as sobrancelhas.

- Tudo bem. – suspira e pega à faca, voltando a pegar a cabeça e cortá-la – Não posso acreditar que estou fazendo isso. – resmunga um tempo depois.

- Cozinhando? – Apoio as mãos no balcão e balanço as pernas que pendiam para foram do mesmo.

- Cozinhando, chorando... – para de falar no exato momento em que o barulho de um trovão faz a casa vibrar. Ele para o corte e na mesma hora, olha para o lado de fora da casa.

- Medo de trovão? – olho na mesma direção que ele olhava.

- De forma alguma. – Suspira e então pega o tomate e começa a cortá-la – Apenas vendo algo que é semelhante em minha época. Chove bastante.

- É mesmo? – desço do balcão e vou até o fogão, desligando-o e colocando a panela sobre a pia e pegando um escorredor.

- Oh sim. Principalmente no inverno. – escuto um sorriso – A Mei morre de medo... Sempre corria pela casa me procurando quando um trovão cortava o céu. Ela diz que eu sou “capaz de fazer o bicho ir embora” –vejo-o sorrir nostálgico.

- Mei... sua sobrinha não é? – termino de escorrer o arroz e volto à sentar no balcão.

- Oh Sim. Meu maior tesouro. – ele me olha e seus olhos estavam com um brilho diferente, angelical, inocente... – Cabelos negros como a noite e olhos tão negros quanto, mas um sorriso sapeca sempre lhe está estampado no rosto.

- Me parece uma criança agradável. – sorrio, vendo-o “brilhar em orgulho”.

- A Mei ainda é uma criança, mas já carrega traços de uma perfeita dama. Só perde esses traços quando corre pela casa com o vestido sujo de lama – faz bico – ou quando quer ir comigo para o estábulo ou cuidar do gado. – ele abre a boca em um sorriso radiante – ela adora os cavalos, apesar de a Izumi não gostar nem um pouco disso.

- E por que não? – pego uma rodela da tomate e como, isso faz ele me olhar com as sobrancelhas erguidas e então baixar à cabeça com um sorriso de canto – Que foi?

- Não foi nada, Senhorita.

- Agora vai ficar de segredinhos? – pego outra rodela.

- É que... – ele suspira – tomate é algo indispensável na família Uchiha.

- Mesmo? – arqueio as sobrancelhas.

- Mesmo. A Mei vive dizendo que é graças à elas que “se tornará uma bela Senhorita”.

- Ela deve ser linda. Vai chover gatinhos no pet shop dela. – pisco marota.

- Desculpe? – franzi o cenho.

- Eu quis dizer que ela vai ter muitos pretendentes.

- MAS NEM EM MIL ANOS! – ele se exalta nervoso e isso faz a faca cair na tábua e eu me assusto – Perdão! – se desculpa, pegando à faca e suspirando fundo – Desculpe-me Senhorita! – ele pega minha mão com a sua mão livre e a beija de forma nervosa, soltando-a logo em seguida – É que... Ela é... Céus! – sussurra e então deixa à faca cair na tábua novamente. – É que ela só tem 6 anos!

- Está tudo bem, Sasuke. – Seguro seu ombro, confortando-o – Não vai ser agora.

- Nem em mil anos. – murmura, me olhando rápido. – Tenho uma mira espetacular. E uma invejável coleção de armas. – sorri orgulhoso.

- Não pretende ameaçar os pretendentes dela, não é? É melhor ela irar freira se for assim! – deixo minhas mãos cair ao lado do meu corpo.

- É uma maravilhosa ideia. – ele pega a faca, animado – Vou dar essa ideia ao Itachi. Tenho certeza que ele irá ficar muito, muito contente com isso.

- Oras... Deixe de ser tão turrão. Veja só, O Itachi casou, você quer casar... a Izumi casou... Por que a menina não pode? – cruzei os braços na altura do busto e outro trovão rompeu a casa.

- Exatamente por isso! Ela é meu anjinho, minha princesa... Sabemos muito bem o que acontece quando as pessoas se casam... Não permitirei que nenhum sujeito se meta à mal intencionado com ela. – Ele cortava os tomates com força – De forma alguma.


*$*$*$*$*


Solto um suspiro alto e me espreguiço. Coloco o livro na cabeceira da cama e olho pelas portas de vidro da varanda que estavam fechadas, a chuva torrencial que caía lá fora fazia a temperatura baixar gradativamente. Levanto rápido e vou até o closet, pego um par de meia e calço. Olho ao redor sem saber o que fazer e então me vem uma ideia maravilhosa.

Filme!

O clima estava perfeito para assistir a um bom filme de terror.

Corro até minha cama, pego meu edredom jogando-o por sobre à cabeça e me envolvo com ele. Saio do quarto e me aproximo do quarto do Uchiha e dou duas leves batidas.

- Um minuto! – sua voz soa distante.

- Tá. – envolvo o edredom ainda mais no corpo e vejo a casa ser iluminada por um relâmpago.

- Pois não?

- Ah! – olho para o lado, ele vestia um conjunto moletom igual a mim e seus pés também comportavam meias. – Também com frio, né! – sorri.

- Um pouco, mas... – ele olha o edredom – O que houve? Está tudo bem? – franzi o cenho.

- Oh sim. É que eu vou assistir um filme, tá afim?

- Filme?

- É... É tipo... – mordo o lábio inferior para pensar – Ah! É tipo um teatro, só que na TV.

- Teatros são bons.

- São mesmo. É de terror. Quer vir? – indico o corredor que dava acesso ao mezanino com o polegar.

- Ah... Sim, claro. – ele sorri – Obrigado pelo convite.

Dou um passo para trás e ele sai do quarto e então me indica o corredor com a mão, me dando passagem. Balanço a cabeça com aqueles costumes e vou caminhando à frente. Assim que chegamos na sala, vou para a cozinha e coloco pipoca no micro-ondas enquanto preparo rapidamente um chocolate quente. Quando tudo fica pronto, ele me ajuda a levar para a sala de tv e colocamos a comida em cima da mesinha de centro que fora arrastada da outra sala. Pego o controle e deito no sofá na parte extensa. O Uchiha senta com sua perfeita postura na outra ponta do sofá.

- Vamos ver um filme bom... – começo a passar as opções de filmes de terror e então acho um maravilhoso – Esse!

- Invocação do mal? – Franzi o cenho e me olha curioso.

- Tem medo de fantasmas?

- De forma alguma.

- Ótimo!

Seleciono o filme e então não demora para estarmos perdidos no mesmo. Os clarões dos relâmpagos iluminavam a sala e isso tornava tudo ainda melhor quando se associava ao som estéreo. Cada cena que passava, deixava-nos ainda mais paralisados e focados na tv. Eu acredito que ele estava mais maravilhado com a tv do que com o filme em sí. A pipoca já estava na metade e o chocolate quente também. Me inclino e pego um punhado de pipoca quando o homem do filme abre a porta no MEIO DA NOITE e sai de casa para olhar na varanda.

- Ai céus. NÃO VAI! – me desespero levando à pipoca à boca.

- Ele pode nos ouvir? – ouvi o Uchiha sussurrar ao meu lado.

- Não. Não pode... Homem... não dá as costas! – eu já estava ficando desesperada quando ele volta para dentro de casa e então uma mulher vestida de empregada, babá, sei lá que muléstia era aquilo, aparece e mostra os pulsos cortados e então some– NÃO VAI ATRÁS DELA SEU MALUCO!

- Mas, se ele não pode ouvir... – o escuto questionar.

- Xiiiiu. – balanço a mão na direção do Uchiha. E Na mesma hora a mulher reaparece dando um susto no homem e eu também tomo um susto – PUTA QUE PARIU! – grito enquanto me sobressalto e algumas pipocas voam de minha mão. – PORRA!

- SENHORITA! – o Uchiha grita ao meu lado e quando olho para ele, vejo-o cheio de pipoca.

- Céus, perdão! – coloco o restante da pipoca na minha boca e dou stop no filme, me inclino na direção dele e o ajudo a se limpar – desculpa. – sorrio.

- A Senhorita me assustou. – resmunga, pegando algumas pipocas do próprio colo e comendo. E só então percebi que ele estava levemente ofegante. – Sem falar na sua compostura.

- Meu Deus. Me desculpa. – começo a sorrir. – É inevitável não falar palavrões nessa hora.

- Ainda bem que foram pipocas. – sorri e então balança a cabeça – Que ideia maluca. Não acha melhor parar de assistir isso?

- Ah não! Adoro filme de terror. – faço bico.

- Não sei se acredito. – Vejo seus olhos caírem em meus lábios e rapidamente voltar para meus olhos – Se... Se lhe assusta tanto... – pigarreia.

- Não é que eu tenha medo, é só que me assusto com facilidade, entende?

- Acho que sim.

- Que bom. Vamos voltar ao filme então. – Sorrio animada.

- Tudo bem, mas... – ele levanta a mão e a leva até meus cabelos e depois afasta a mão, trazendo consigo, uma pipoca.

- Nossa. – murmuro olhando a pipoca – tem mais? – passo as mãos nos cabelos.

- Não. – ele olha rapidamente.


Voltamos a assistir ao filme, agora mais concentrados do que nunca estivemos. A pipoca já havia acabado e o chocolate também. Eu já estava encolhida, coberta, apenas com os olhos de fora quando o grupo estava na sala da casa e então uma cruz tremeu e caiu, depois outra cruz caiu e então os cabelos de uma menina começaram a subir do nada.

- Ela é o capeta. MATA ELA! – esbravejo para a tv, me encolhendo ainda mais.

- Ela não é, Senhorita. – O Uchiha alerta, mas sua voz estava tão aflita quanto a minha. E então a menina é erguida pelos cabelos e jogada contra uma porta.

- CACETE!

Grito e me sobressalto dando um pulo no sofá. Meu susto foi muito grande, a menina foi arrastada pelos cabelos novamente e então jogada de um lado para o outro.

- O CABELO. CORTA O CABELO DELA! – apontei para a tv enquanto mordia o edredom – AI MEU DEUS. MATA O CAPETA!

E como se me ouvisse, uma mulher pegou uma tesoura e cortou os cabelos da menina, fazendo assim, ela parar de ser arrastada. A cena seguiu com seu terror, mas eu não consegui pensar direito quando senti algo gelado e suave em minha cintura. Olhei para baixo já imaginando o capeta do filme me atazanando, mas meu estomago sofreu uma queda dentro de minha barriga, quando percebi que eram dedos masculinos que seguravam alí.

Dedos do Uchiha.

E só então a ficha caiu.

No susto em que me sobressaltei, eu havia pulado e sentado no colo do Uchiha com as pernas encolhidas, e ele havia me segurado distraidamente, tanto que ainda olhava para a tela com o cenho franzido em desespero pela cena, mas quando percebeu que eu o olhava, ele me olhou e então sua ficha parece ter caído, pois, estávamos bem próximos.

Os olhos negros desceram para minha cintura e quando ele voltou a me olhar suas bochechas estavam da cor de um tomate podre de tão vermelhas que estavam. O homem pigarreou e levemente, me ajudou a sair de seu colo. Sentei desconfortável ao seu lado e ele não me olhava mais nos olhos.

- Você está com frio. – indico, baixo.

- Nada demais. – a voz dele era quase um sussurro.

- Está sim, seus dedos estão gelados. Toma. – pego parte do edredom e estendo em sua direção.

- Não será convenien...

- Deixe disso, homem! Não estamos fazendo nada demais... Só não quero ter que mandar alguém congelado para duzentos anos atrás. Aceitei logo! – balanço a mão sem paciência.

- Tudo bem. – Responde depois de um tempo soltando um longo suspiro.

Ele se envolve no edredom e ficamos lado a lado assistindo. Na verdade, parecia que estávamos assistindo porque eu podia sentir a tensão em cada músculo dele, mesmo que nenhuma parte de nosso corpo se tocassem. Quando o filme acabou. Levamos a tigela da pipoca para a pia e as canecas do chocolate também. Desliguei as luzes na medida em que subíamos e quando finalmente estávamos em frente ao quarto, ele me olhou.

- Boa noite, Senhorita. – e então se inclinou, pegando minha mão e beijando o dorso dela, me olhando nos olhos.

- Boa noite, Sasuke.


Ele fez um breve aceno de cabeça e entrou no quarto. Entrei no meu e fechei a porta novamente, caminhando até a cama e deixando meu corpo tombar sobre ela. Me encolhi em baixo do edredom e então olhei para a chuva que caía lá fora. Sem querer, acabei recordando o fato de, mesmo distraidamente, ter sentado em seu colo. Suas mãos eram grandes e firmes em minha cintura, pude perceber isso, sem falar que ele possuía músculos rígidos, e isso eu já tinha percebido a algum tempo, apenas de olhar, mas o que realmente me assustou, foi que naquele pequeno espaço que eu havia invadido, que não me pertencia, mas que me fora disposto tão facilmente, eu me senti estranhamente confortável.




~> Continua


Notas Finais:


Quem ai tem medo de filme de terror? É só arranjar um cavalheiro como o Uchiha ;D





Comentários

  1. Kkkkkkkk Senhor Uchiha chorando com cebola kkkkkkkk ai o filme terror socorroo... qro um cavalheiro como o senhor Uchiha >.< e o Sasuke deu dois flete com a Sakura muitooo fofooo quando ela vai perceber kkkkkkk será q o senhor Uchiha senti formigamento? Eu acho q sim kkkkkkk ameeeeiii o capitulo Bruna ���������� super mega hiper ansiosa pelo próximo capítulo

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    Respostas
    1. Quem nunca chorou com uma cebola?
      Mas é bom né? E sim, ele flertou legal com a Saky.

      Olha... Eu acho que ele sentiu o formigamento na virilha sim, viu!

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  2. Adorei o capítulo!
    Eles cozinhando foi demais. Fora os momentos fofos do Sasuke *0*
    Essa Sakura é muito cagona! Kkkkkk
    Sorte a dela né ter um Uchiha pra pular no colo! Safadinha.
    Amando mais a cada capítulo.
    :-*

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  3. Capítulo muuuuito fofo, amei o momento cozinhando juntos ❤
    Eu quero assistir um filme com o Sr Uchiha😍😍😍😍😍😍
    Anciosa pelo próximo autora-chan❤

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    1. *-*

      Quem não quer assistir um filme com ele?
      Eu mesmo quero u.u

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