Jarros de Almas - Capítulo 2





~//~ 20 anos atrás ~//~


Os passos apressados pelo chão molhado indicavam a necessidade do homem de chegar ao seu destino final. Ao longe avistou o belo Teatro de Epidauro. Um dos grandes símbolos de Atenas, na Grécia Antiga. Os cascalhos abaixo de seus pés vão ficando cada vez mais grotescos à cada momento que vai se aproximando ainda mais da bela e antiga construção.


O homem barbudo, de estatura mediana e um pouco jovem, ajusta a capa em seu corpo, puxando o capuz um pouco para frente do rosto, pois, fazia mais frio que o normal. Assim que entrou no teatro, seguiu para dentro do local, andando por um corredor, indo direto para o vestiário do teatro.


Teve dificuldades para alcançar o outro lado do cômodo, mas assim que o fez parou em frente a uma parede esquecida pelo tempo e recheada de histórias. Levantou a mão e puxou a manga da capa. Seus dedos compridos deslizaram pela superfície da parede, até que pararam em uma determinada pedra e então à empurrou.


Um ruído de pedras sendo arrastadas e um baque surdo ecoam pelo local, enquanto a pedra era empurrada - pela própria construção - para o lado, revelando um extenso, estreito e escuro corredor. O homem entra no mesmo e toca em outra pedra ao lado fazendo a “porta” fechar novamente. Assim que ela está fechada, ele busca dentro do bolso da longa capa uma pequena lanterna. O pequeno feixe de luz é o suficiente para guiá-lo pelo local.


Seus passos apressados, ficam mais cuidadosos. Aquela construção era antiga demais, apesar de ainda ser – secretamente – habitada, não era de total confiança. Desceu dois lances de escadas, sentindo o ar ficar precário lá em baixo, mas isso não o deixou menos animado. O que estava para acontecer era de fato, o maior presente que ele e seus companheiros poderiam receber.


Caminhou por quase quinze minutos, até que dobrou em três corredores e então, gritos agudos foram ouvidos. Seus pés pararam no mesmo instante e um sorriso enorme surgiu em seus lábios enrugados. Voltou a caminhar ainda mais apressado, seguindo aqueles gritos tão agonizantes. Mais dois corredores e então ele se vê num grande espaço em forma de círculo.


Era uma construção em ruínas, literalmente. Tochas estavam espalhadas pelas paredes do local que indicava duas passagens: A que veio e a que ligava o cômodo até o Partenon. Seu corpo estremeceu só de lembrar que à dois anos atrás, uma outra criança passou por aquela passagem do outro lado da sala. Várias pessoas encapuzadas se encontravam alí e no meio da sala, uma mesa de pedra que tinha sobre sí uma mulher de cabelos loiros e olhos verdes. A mesma encontrava-se despida e era de sua boca que saíam os gritos.


Ela se contorcia em cima da mesa, enquanto uma outra pessoa – provavelmente outra mulher – tentava ajudá-la naquela hora. A mulher em cima da mesa estava em trabalho de parto. O homem caminhou para a lateral direita do local. Um outro homem encapuzado foi até próximo à mesa, abriu um livro e começou a proferir palavras –num grego antigo- em ritmo de oração.


Ελάτε γλυκό παιδί, (Venha doce criança)
Ελάτε στον κόσμο του φωτός. (Venha para o mundo da luz)
Επιλεγμένη διαδρομή του είναι, (Seu caminho traçado está)
Αυτός μας οδηγεί. (Isto, leva-nos)
Φέρτε μαζί σας την ομορφιά της μητέρας του, (Traga consigo a beleza de sua mãe)
Φέρτε με τη νοημοσύνη του πατέρα του. (Traga consigo a inteligência de seu pai)
Ελάτε σε μας, γλυκό παιδί, (Venha para nós, doce criança)
Κάντε τη ζωή σας, την ελπίδα μας. (Faça da sua vida, nossa esperança)


A mulher deu outro grito agudo e seguido do grito dela, um choro agudo surgiu. Todos os olhos se voltaram para aquele pequeno ser que a mulher de ajuda estava tirando da mulher deitada. O choro insistente era vívido, assim como suas bochechas tão rosadas em sua pele tão branca.


A mulher em cima da mesa deu um último suspiro agonizado e então, seu corpo ficou inerte. A mulher de ajuda pegou o bebê e com um punhal cortou o cordão que à ligava a mãe de barriga. Envolveu a criança em um manto branco como a mais alta nuvem e à entregou ao homem que estava com o livro. Ele colocou o livro em cima da mesa e pegou o embrulho, analisando.


- ένα κορίτσι (Uma menina) – Pronunciou.


- ένα κορίτσι – Todos os outros dentro daquela sala repetem alto.


O homem que segurava a menina, levanta os braços, erguendo-a o mais alto que conseguia.


-  Ἡδονή, όμορφος Ἡδονή (Hedonê, linda Hedonê) – Proferiu com voz grave.


Após o ato, ele baixou a menina e estendeu os braços na direção do jovem homem. O mesmo caminhou até eles e pegou a menina com todo o cuidado. Ela era o maior presente de todos alí.


- Leve-a até a cidade de Delfos. O Oráculo à espera.


O homem envolveu-a em sua própria capa, escondendo-a do frio da noite.


- Lembre-se. A profecia só será proferida apenas uma vez.


Dito isto, o homem saiu às pressas do local, recebera uma missão e iria cumpri-la custe o que custar. E lhe custou. Custou muito mais do que poderia imaginar. Chegou a Delfos com louvor, mas ao ouvir a profecia, sentiu-se temoroso pela menina. Aquela pequena criatura, tão frágil que dormia sobre a pedra do templo, sendo encoberta pela fumaça dos deuses já carregava sobre sí grandes responsabilidades.


E ele, seria responsável por cuidá-la, até que chegasse a hora de cumprir seu destino.


Enquanto saía do local com o pequeno embrulho nos braços, ainda conseguia ouvir a voz sussurrada do Oráculo arrastando por seus ouvidos e ficando gravada em seu cérebro.


Sob a lua mais alta. Após completar a vigésima primavera,
O Kákos virá atrás da jovem Theá. Tentará roubar para sí
A alma tão desejada.
Sob a lua mais alta. Ainda sob a vigésima primavera,
A bela Theá, deverá iludir o jovem Kákos.
Ela ganhando, trará esperança para o povo.
Ele ganhando, trará desgraça para o povo.
Kákos será a peça principal para a libertação.



~//~ Dias atuais ~//~


O dia amanheceu ensolarado na bela Grécia. Os raios de sol já banhavam as ruas e vielas, bem como vários lugares tão exuberantes naquele fabuloso pedaço de terra no Sul da Europa. As pessoas já estavam com suas vidas agitadas em ativa. Vendedores, compradores, turistas... Cada pessoa naquele local parecia agir tão automático que deixava as coisas agradáveis.


Mais ao Sul da Grécia, no Mar Egeu, em específico na Ilha de Mykonos, uma jovem que acabara de completar 20 anos, caminhava -corria- animada por entre as pessoas. Seus cabelos rosados, iniciados por uma franja longa que lhe cobria boa parte dos olhos e levemente ondulados batendo em seu quadril, olhos tão verdes como o mais límpida esmeralda. Os lábios de um rosa doce, a pele tão alva como a mais alta nuvem e as maçãs do rosto com uma colocação corada tal qual saúde ela possuía. Suas formas eram como um violão, sua voz e gestos eram capazes de deixar qualquer um hipnotizado.


“Uma deusa.”


Sussurravam aqueles que a olhavam.


Ironia ou não, mal sabiam eles que estavam certos.


Mas engana-se quem pensa que a bela jovem era inocente e recatada. Também não era de total libertinagem e ousadia. Era uma jovem que já passará por dois namorados e alguns casos. Nem de longe era a pobre moça inocente que parecia ser. Conhecia da vida adulta, mas ainda assim, possuía traços de menina.


O que lhe deixava ainda mais bela.


Seu sorriso era sempre inocente, mas possuía um olhar felino.


Ela sabia de sua vida. De seus segredos encobertos e por saber quem era e o poder que possuía, era sempre cautelosa. Não era esnobe nem se aproveitava. Seu coração era recheado de gentileza e leveza, mas sabia ser sucinta quando precisava. Ainda assim, causava dores de cabeça nos seus responsáveis, era involuntário não chamar atenção e ainda pior, era involuntário gostar de atraír olhares para sí.


Com uma rosa na mão esquerda, a jovem falava com algumas pessoas pelo caminho. Seu vestido longo, estampado, esvoaçava por todo o trajeto, fazendo dela uma miragem. O sol que batia em sua pele, parecia não incomodá-la. Era um belo dia, para aquela caminhada rotineira que tinha como destino final: a padaria do padrinho.



~> Continua


Notas Finais:

Theá : Deusa


Comentários

  1. Perfeitooooo 😍 😍 😍 super ansiosa para o primeiro encontro do Sasuke com a Sakura... aaahhh viadooo arrassouuuu... quem será que vai ganhar?ou ambos vao ganhar e logicamente perder? Super Hipe Megaaa ansiosa pelo próximo capítulo

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  2. Adorei o capítulo!
    Essa beleza estonteante, e o gostar de chamar a atenção é o que se espera de uma deusa!
    Ansiosa pelo próximo :-*

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  3. Perfeito 😍😍😍😍😍😍
    Já estou amando a fic, super anciosa pelo próximo❤

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