Pelotão 28 - Capítulo Trinta e Sete
Enquanto o tanque balançava de um lado para o outro pelo caminho de terra batida, improvisada por entre as árvores, Sakura via-se olhando para o nada enquanto pensava no que estava acontecendo. Soltou um suspiro alto quando olhou para os punhos algemados e com uma corrente que a prendia no banco do tanque. Não entendia para que todo aquele alarde do Major quanto a ela. Ele realmente achava que ela tentaria fugir de dentro de um tanque de guerra, no meio do fogo cruzado, sentada de frente para três soldados? Pelo amor de Deus!
Mas até que conseguia compreender, em partes... Ele queria mostrar pra ela que era autoridade. Era mais uma questão de alter ego. O que podia fazer? Encostou a cabeça na parede do tanque e fechou os olhos. Se proibiu de chorar. Não iria. Naruto estava vivo. Quase morto, mas ainda assim, vivo. Não poderia estar mais feliz. Por isso, por ele, decidiu que seria mais do que estava sendo. Ele precisava dela e ela iria dar tudo de si. Voltou a abrir os olhos quando o tanque deu um solavanco e os soldados se agitaram. Estavam na linha de frente. Sakura sentiu o coração palpitar, nervoso. Estava naquele lugar terrível para algo delicado. Iria precisar deixar toda a tensão de lado para poder focar única e exclusivamente em Naruto. Isso significava dar o melhor de si mesmo sob pressão. Mas bem... aquilo era a medicina, não é? Tratar de assuntos delicados sob pressão o tempo todo.
Mas seu coração dizia que aquela não era uma situação comum.
Ela iria tratar de Naruto, e isso era seu maior medo. O de não conseguir dar conta de salvá-lo. Viu quando os soldados levantaram e um se aproximou dela. No mesmo instante, Sakura inclinou o corpo para o lado, permitindo que ele soltasse as correntes que a aprisionavam. Assim que as correntes foram soltas, ele a segurou pelo braço e a colocou de pé. Nenhum movimento do soldado fora feito de forma brusca, ele sabia que Sakura apenas exercia seu trabalho e ele também conhecia o Uzumaki para saber que a atitude dela, seria exatamente o que ele preferiria.
Quando desceu do tanque, precisou correr para se abrigar dos tiros que eram disparados. Seu coração palpitava a cada disparo ouvido e que não a atingia. De forma rápida e precisa, Sakura foi guiada para um dos esconderijos e só se deu conta de que estava no sub solo quando o barulho dos tiros e explosões não se mostraram mais presentes. Foi empurrada por todo um corredor e quando uma porta pesada de ferro fora aberta, ela viu vários soldados ali. O lugar era apertado, muito dividido e confuso. Uma espécie de bunker. Uma outra porta foi aberta e uma escada se revelou. Era uma escada de teto baixo e os homens precisaram baixar as cabeças para passarem, mas ela passou tranquila. Quando chegou no "andar" superior, viu uma ante sala com uma mesa de ferro pequena e sentado atrás dela estava o Lee.
Quando os olhos dele bateram nela, eles brilharam. Lee tinha olheiras, parecia mais magro além de estar com as pupilas dilatadas. Rapidamente o médico levantou enquanto exibia um sorriso de orelha a orelha. Afobado, ele deu a volta na mesa e caminhou até a médica, abraçando-a forte. Sakura sorriu diante do desespero do homem e até tentou abraçá-lo, mas as mãos algemadas não permitiram. Diante disso, Lee deu dois passos para trás e arqueou as sobrancelhas vendo as algemas.
- Então é verdade. - murmurou com o cenho franzido olhando para as algemas.
- Sim. - respondeu baixo e deu de ombros.
- Mas tinha mesmo a necessidade de tudo isso? - indicou os dois soldados atrás dela armados, as algemas nos pulsos e nos tornozelos.
- Acho que o major me julga perigosa demais. - sorri - Mas ele esqueceu que meu maior perigo é minha língua afiada. - dá uma piscadela.
- Você não tem juízo. - balança a cabeça - Mas estou feliz em te vê aqui.
- Bom... - respirou fundo - Digamos que eu não pretendia mais voltar, mas... - não completou a frase.
Não era necessário.
Entendendo, Lee suspirou e meneou a cabeça.
- Me acompanha? - girou o corpo e caminhou na direção de outra porta mais ao fundo. Ele abriu a porta de metal pesado, entrou e Sakura o seguiu. Assim que entrou dentro da sala e olhou para o lado direito, prendeu o fôlego. Ela ficou paralisada olhando o loiro ali e Lee suspirou pesado - Eu... tentei... fazer o melhor. - se justificou baixo. Não conhecia muito daquele tipo de procedimento e fez o possível para estabilizar o Uzumaki.
Sakura meneou a cabeça levemente de maneira lenta e se aproximou dele. Naruto estava deitado sobre uma maca velha. Estava sozinho no "quarto" composto por quase nada a não ser o soro que caía acelerado na veia dele, os vários tecidos e ataduras sujos de sangue jogados em um canto no chão, além a roupa camuflada do loiro que havia sido rasgada e retirada também estar amontoada num canto. Em seu rosto pálido havia uma máscara de oxigênio portátil. Os cabelos loiros estavam bagunçados e sujos de sangue além de todo o corpo dele ser uma bagunça só. O tórax, abdome, perna esquerda e cabeça estarem enfaixados.
A médica parou ao lado da maca e se abaixou para ficar na altura da mesma. Com muito cuidado, como se ele fosse se quebrar diante de qualquer movimento mais brusco, Sakura ergueu as mãos e acariciou a linha do maxilar dele até o queixo. Sem perceber, as lágrimas já rolavam pelo rosto da médica que fungou. Mesmo com as mãos algemadas, ela continuou com o carinho e uma lágrima mais grossa escorreu quando ela viu o peito dele subir e descer em uma respiração lenta e sôfrega.
Meu Deus, como ele deveria estar sofrendo.
Fungou e engoliu o bolo que tinha se formado na garganta e com um respirar profundo, ativou o modo médica. Era necessário ser profissional naquele momento.
- Eu quero um relatório completo, Lee.
- Bom... - pigarreou - Ele chegou aqui desacordado. Foi encontrado por um soldado que havia sobrevivido, não sei como, mas como pode ver, o Capitão Uzumaki foi atingido várias vezes... - Sakura passou os olhos rapidamente pelo corpo exposto e contou de forma rápida oito perfurações - Alguns tiros acertaram lugares delicados o que causou uma hemorragia muito grande. É um milagre ele estar vivo.
Sakura permaneceu em silêncio enquanto absorvia tudo. Era de fato um milagre. Só três perfurações das quais conseguia vê eram em lugares fatais. Como ele havia sobrevivido nem ela mesmo sabia, sem falar que ele ainda resistia bravamente, lutando pela vida. Engoliu em seco e soltou o ar lentamente pela boca enquanto ficava de pé. Fechou os olhos e buscou forças para trabalhar da melhor forma possível, mas estava difícil. Havia uma perfuração de bala próximo a têmpora direita.
- E essa? - indicou a perfuração.
- Não consegui retirar. Ela parece ter se alojado em algum lugar a qual eu preferi não mexer. Eu... eu não sei como agir diante de alguém com a condição dele. - suspirou - Sinto muito.
- Tudo bem. - respondeu baixo e meneou a cabeça - Você fez o que pode, eu compreendo. - girando nos calcanhares, Sakura ergueu as mãos e indicou as algemas que repousavam em seus punhos para os soldados. Eles olharam para a médica e permaneceram imóveis - Quê?
- Desculpe doutora. - um começou - Mas não temos autorização para soltá-la.
- Ah... - balançou a cabeça e sorriu sem nenhuma graça - Então quer dizer que vocês e o major acham que posso operar o Naruto na situação dele com as mãos, literalmente, amarradas?
- D-doutora... - o outro tentou se manter firmes - São ordens...
- FODA-SE A ORDEM DO MAJOR! - se descontrolou e deu um passo na direção dos soldados que na mesma hora ergueram as armas na direção dela.
- Sakura! - Lee tentou alertar.
- O QUE? VÃO ATIRAR? - olhou de um para o outro - AH! POR FAVOR ATIREM. ACABEM LOGO COM ESSA PALHAÇADA PORQUE ESTOU CANSADA DO MAJOR PAGANDO DE FODÃO ENQUANTO O NARUTO ESTÁ MORRENDO! - gritou a plenos pulmões, o que fez com que alguns soldados corressem lá para ver se estava tudo bem.
- BAIXE SEU TOM DE VOZ, DOUTORA! - o outro gritou. Ele estava nervoso.
- Sakura... - Lee chamou novamente, estava vendo a hora do homem atirar.
- BAIXA VOCÊ A PORRA DESSA ARMA E FAZ ALGO ÚTIL! - ergueu um pouco mais as mãos, estava esgotada de tudo aquilo - SOLTA ESSA PORCARIA E ME DEIXA FAZER MEU TRABALHO.
- SE A SENHORITA NÃO SE AFASTAR EU...
- ATIRA LOGO! - gritou com tudo o que tinha. Deus, como estava cansada. Tudo aquilo a estava sufocando e ela não aguentava mais. Havia chegado em seu limite. Sakura baixou as mãos e deu dois passos na direção do soldado fazendo com que a arma encostasse em seu peito, bem na altura do coração. Mesmo com a camisa camuflada, ela foi capaz de sentir a frieza do ferro contra a pele. Com a voz baixa, ela encarou o soldado com os olhos afiados - Por favor, atira. Acaba logo com essa palhaçada porque eu estou cansada de tudo isso!
Todos ficaram em silêncio por longos segundos. O dedo do soldado vacilou vez ou outra contra o gatilho, mas então, ele baixou a mão suspirando. O soldado que estava ao lado fechou os olhos e balançou a cabeça de forma negativa. Sabia que sofreriam consequências por conta daquilo, mas o que podia fazer? Ela tinha razão. Total razão.
Com cautela, pegou a chave das algemas e soltou uma depois a outra. Sakura balançou a cabeça de forma negativa e afagou os pulsos quando estes estavam livres. Com um suspiro, ela olhou para os dois soldados.
- Obrigada. - agradeceu tranquila e com um respirar profundo, girou nos calcanhares e se aproximou de Naruto - Lee, preciso de todo o seu material.
- C-Certo... - balbuciou ainda anestesiado.


Esperando ansiosamente pelo próximo capítulo ��
ResponderExcluirTem previsão de quando sairá?
Nossaaa! Sakura foda!!
ResponderExcluirJá estou morta de curiosidade para saber oq vai acontecer...
Posta logo please!