Pelotão 28 - Capítulo 2
Ficou um tempo olhando o homem à sua frente que a olhava sério sem qualquer expressão em seu rosto. A médica piscou voltando a realidade e com uma puxada profunda de ar deu um passo para trás tomando as rédeas da situação. Mas o que estava acontecendo alí?
- Me... procurando? – franziu o cenho.
- Sim doutora. Peço para que venha comigo, precisamos ir o mais...
- Pera. Pera. Pera. – cortou o homem balançando as mãos em frente o corpo – Ir com vocês? – inclinou o corpo para frente incrédula.
- Sim. A Senhorita foi convocada...
- Eu fui convocada?
- Para a guerra. – concluiu o major, olhando-a quase sem paciência.
O silêncio se instalou naquele lugar de um jeito incômodo. Todos pareciam tão chocados com a informação quanto a jovem médica que deu mais um passo para trás piscando incrédula. Como assim havia sido convocada para a guerra? Ela iria para a guerra? É isso? Piscou várias vezes tentando se controlar. Ok. Calma. Isso não era brincadeira. O hospital estava cheio de soldados e... SUA EMERGÊNCIA ESTAVA LOTADA DE SOLDADOS QUE ESTAVAM TRAZENDO BACTÉRIAS E SABE-SE LÁ MAIS O QUE PARA OS PACIENTES.
Aquilo foi o suficiente para fazer o peito da mulher encher de uma coragem que ela nem sabia existir. Respirou fundo tomando uma postura invejável e olhou nos olhos do major como se fosse uma igual em patente.
- Major, peço para que por favor, retire seus soldados...
- A Doutora poderia por favor, colaborar e vir conosco? – a cortou- Estamos em guerra e uma pessoa recrutada não pode se negar...
- O major vai me desculpando, mas conheço minhas obrigações como cidadã de uma nação, mas deve estar ciente de que está no hospital em que trabalho. -o cortou também- Seus homens estão bagunçando a emergência de um hospital, a MINHA emergência, e atrapalhando o trabalho de todo mundo aqui. Então se o major realmente deseja que eu ao menos o escute, faça o favor de pedir para seus homens se retirarem daqui e venha comigo para um local onde possamos apenas EU e VOCÊ tratar sobre o assunto, caso contrário, não temos um acordo major, porque antes do meu país, vem meus pacientes. - decreta cruzando os braços.
O espanto foi tão grande que o próprio major pareceu não acreditar nas palavras daquela médica. Ele piscou desnorteado tamanha a coragem e ousadia daquela pequena criatura. Os soldados pareceram tão incrédulos quanto ele e já esperavam pela bronca que certamente ela levaria. Shino estremeceu só de imaginar que sua amiga seria presa por tamanho desacato e o chefe de cirurgia levou as mãos ao rosto sem saber o que fazer. O major estreitou os olhos em direção a médica. Agora alí, vendo-a olhando para ele com o queixo erguido, aquele nariz empinado apontado em sua direção, as mãos na cintura e o jaleco lhe dando total poder no local... Ele teve certeza de que fizera a escolha certa.
Estava em seu gabinete falando ao telefone com um sargento que estava na guerra. O sargento reclamava da falta de médicos corajosos e foi quando viu na televisão a médica abrir o peito do homem sem medo algum e enfiar a mão alí dentro. Na mesma hora disse ao sargento que encontrara sua solução e não perdeu tempo em procurar pela médica.
- Como desejar, Doutora. – Virou a cabeça na direção de seus soldados – Me esperem no carro. – Viu a incredulidade nos olhos de todos. – Dispensados! – bradou.
- Sim, Senhor! – batendo continência, todos se retiraram.
A médica respirou aliviada quando viu a emergência ser esvaziada e finalmente o local voltar a ser como sempre foi. Jogou um pouco a cabeça para trás respirando, mas logo lembrou da muralha à sua frente e voltou a postura, mas percebeu que havia vacilado, pois, o homem exibia um pequeno sorriso nos lábios.
- Aliviada? – ergueu as sobrancelhas.
- Me acompanhe, por favor. - Pediu sem responder a gracinha do major. – Chefe? – O chefe dela fez um sinal de positivo com a cabeça e a seguiu.
Deu as costas ao homem e começou a caminhar pelo local seguindo na direção do elevador. Seu chefe a seguia, o major também e o outro homem que era oficial vinha atrás do major. Entraram no elevador em total silêncio e os três andares que subiram parecia nunca ter fim. Quando finalmente as portas do elevador abriram, eles continuaram pelos corredores rumo a sala de reunião e as pessoas por alí abriam caminho já sabendo do ocorrido.
Afinal, um hospital era sempre um hospital.
Abriu a porta da sala de reunião e deu espaço para o Major passar, seu fiel escudeiro e o chefe. Ela também entrou e fechou a porta atrás de sí. Sentou em frente ao major que tinha ao seu lado seu companheiro e ao lado da doutora sentou o chefe de cirurgia. Os quatro se entreolharam e a médica soltou um suspiro pesado querendo logo dar um fim em tudo aquilo.
- Pode falar, major.
- Obrigado. – pigarreou – Primeiramente, esse é o Tenente Coronel, Hatake Kakashi... Como bem sabe, Doutora. Nosso país está em uma guerra muito difícil. Infelizmente, por esses dias tenho recebido a reclamação de muitos homens sobre médicos sem coragem para procedimentos arriscados em campo e ví o que a senhorita fez dentro daquela ambulância...
- Deve saber que foi arriscado, nada aconselhável ou profissional. – o cortou.
- Concordo que foi arriscado, mas acho que foi bastante profissional. – ele suspirou – Veja, doutora. A senhorita, assim como nós, vai até o fim para realizar aquilo que acredita, para defender sua profissão, para salvar seus pacientes. Você viu naquele homem a chance de sobreviver e já estou informado de que ele está bem. – um sorriso quase imperceptível surge nos lábios da médica – Tudo porque você teve a coragem de ir até o fim por ele.
- Ainda assim, ele poderia ter morrido. Foi sorte.
- Foi dedicação. Foi amor pelo que faz. Foi coragem. – o Tenente falou.
- E vocês estão querendo que eu arrisque assim com seus homens. É loucura! – levanta da cadeira e coloca as mãos na cintura. – Aqueles homens estão lá para lutar por nós... Eu não posso simplesmente sair fazendo procedimentos que vai colocar a vida deles em risco o tempo todo! – Abriu os braços em protesto. – Eu fiz o procedimento em um ambiente esterilizado, com ajuda, com materiais adequados.
- Eles estão em uma guerra. Já estão com a vida em risco. – O major lembra.
- Eles vão morrer! – apoia as mãos no encosto da cadeira olhando para os dois homens à sua frente.
- Eles vão morrer de todo jeito. – O Tenente decreta – A doutora colocando as mãos neles ou não. A diferença é que com você lá eles têm a chance de morrer em campo, ou de durar um pouco mais. A diferença, doutora, é que se a senhorita estiver lá, eles vão ter a certeza de que alguém lutou até o fim para que eles sobrevivessem.
A médica ficou olhando para os dois homens a sua frente se perguntando como duas pessoas podiam pensar daquela forma. Estavam colocando nas mãos dela a vida de muitos soldados e o pior é que por mais que ela tentasse argumentar sabia que não iria adiantar. Havia sido convocada e não podia negar. Teria que ir de todo o jeito. Havia feito um juramento. Era uma médica, afinal. Não estava preparada para ir para uma guerra. Não estava preparada para lidar com aquilo. Não estava preparada para deixar de ser quem era para ser quem a guerra a tornaria.
Tirou as mãos da cadeira e deu as costas aos homens. Levou as mãos ao rosto e esfregou o mesmo, depois deslizou as mãos pelos cabelos e os prendeu em um cóque apertado. Apertou a nuca e colocou as mãos na cintura olhando para o teto. Começou a andar de um lado para o outro enquanto o único barulho no local era o “toc-toc” de seus saltos medianos e largos. Respirou fundo algumas vezes sabendo que por mais que desejasse, nada iria mudar, e já que iria enfrentar tudo, que fosse do seu jeito. Decidida, virou para os homens que ainda a olhavam esperando uma reação. Caminhou até a mesa e apoiou as mãos na mesa, olhou bem para os três e o primeiro para quem se dirigiu foi seu chefe.
- É o seguinte, minha emergência fica sob administração do Shino. Meus internos serão divididos entre ele e a Shion. Minhas cirurgias também serão divididas entre os dois. De acordo?
- Como desejar. – O homem concordou com um suspiro pesado. Ele não podia fazer nada. Uma convocação era uma convocação.
- Ótimo. – ela olhou para os dois homens à sua frente que a olhavam de um jeito estranho, como se estivessem satisfeito por ver a mulher decidida que ela era – Mesmo sendo uma convocação eu tenho meus critérios, caso contrário, não faço a mínima questão em ir presa. – arqueia as sobrancelhas.
- Será tudo como exigir. – o major concorda.
- Maravilha. – Ela fica com postura enquanto começa a enumerar nos dedos das mãos – Ficarei em um determinado local certo? – ele confirmou com a cabeça – Essa equipe ficará sob meu comando.
- Já existem outros médicos lá. – tenta argumentar.
- Que se dane. – deu de ombros – Vocês vieram me buscar então a equipe ficará sob minhas ordens, exceto nos meus momentos de descanso, momentos esses onde deixarei um médico responsável.
- Isso vai ser um problema. – O Tenente murmurou.
- Um problema de vocês. Voltando às minhas exigências... dentro do meu posto, eu sou a hierarquia maior, então lá dentro eu sou “Sim Senhora”. Lá dentro, eu sou a rainha e vocês os súditos, entenderam?
- Então a doutora está dizendo que dentro do posto não terei autoridade? – o major arqueia as sobrancelhas contrariado.
- Estou dizendo que se o Senhor falar para seu soldado pegar uma gaze ele vai pegar, mas se eu falar para ele soltar ele vai soltar. Estou dizendo que se eu pedir para ele lhe colocar para fora do posto, ele vai lhe colocar. E antes que pense que farei isso para contestar sua autoridade vou logo lhe dizendo que farei para proteger meus pacientes, major.
- Isso vai ser muito, muito complicado. – ele suspira passando as mãos nos cabelos enquanto olha para o tenente.
- Outra coisa, meus procedimentos nunca serão questionados, entretanto, toda ajuda será bem-vinda, caso algum soldado queira aprender procedimentos de primeiros socorros em campo.
- Eles já os tem.
- Ótimo!
- Mais alguma coisa? – o Tenente resmunga.
- Quão macho são os soldados de vocês? – arqueia as sobrancelhas já desabotoando o jaleco.
- Qual o motivo da pergunta?
- Não sou muito fã de gente manhosa. Chorona. Que não suporta ter o peito aberto a ponto cru. – dá de ombros.
Ao ouvir aquilo o major acabou soltando uma gargalhada que deixou até mesmo o Tenente espantado. Apesar de ser um homem de sorriso exagerado, têm sido poucas as vezes em que o major tem dado risadas como aquelas. A doutora era realmente uma mulher de personalidade forte e sabia que ela daria muito trabalho, mas também faria um trabalho incrível. Eles saíram da sala de reunião e ela apenas foi para a sala do chefe assinar alguns papéis enquanto os homens a esperavam no estacionamento.
Não houve tempo para despedida. A médica apenas deu algumas ordens para os internos, para o amigo Shinoa e a Doutora Shion sobre seus pacientes e emergência. Assim que saiu do hospital, foi inevitável não receber olhares sobre sí. Era de fato uma médica muito interessante. Seus cabelos eram róseos, cacheados de um jeito quase rebelde e batiam no meio das costas. Os olhos verdes esmeraldinos (escondidos atrás dos óculos de sol que havia colocado), o corpo esbelto resultado de horas de estudos e cirurgias. Vestia uma calça jeans colada ao corpo em cor clara e uma camisa de seda branca folgadinha, mas que tinha um caimento bem sutil que deixava claro suas curvas. O salto preto dava um destaque as suas pernas torneadas agraciadas pelas horas que passava de pé no bloco cirúrgico.
Caminhou até o carro e desativou o alarme. Jogou o jaleco e bolsa no banco do carona e seguiu para o banco do motorista, sem cerimônias, entrou, ligou o carro e arrancou dalí em direção ao seu apartamento.
Segundo o tenente, eles teriam que partir naquele mesmo dia, então iriam escoltando a médica até seu apartamento. Ela faria as malas (nada além do básico, já que as roupas de atendimento receberia lá e então iriam embora).
Subiu para seu apartamento enquanto o batalhão ficou na rua esperando-a. Pegou duas malas e começou a colocar o que julgou ser necessário: Algumas roupas básicas. Roupa para dormir. Roupa intima. Material de higiene. Livros de vários gêneros. Notebook. Alguns calçados. Algumas guloseimas. Algumas lembranças também e alguns materiais que julgou ser necessários para seu trabalho. Fechou as duas malas e então olhou para seu quarto. O suspiro foi inevitável quando imaginou que talvez, apenas talvez, não voltasse nunca mais, afinal, estava indo para uma guerra.
Estava indo para o “epicentro”. Caminhou lentamente e sentou na beirada da cama, pegou o porta-retratos ao lado de sua cama e olhou a foto de seus pais, com um pequeno sorriso nos lábios, passou a ponta dos dedos pela imagem de ambos e a lágrima que escorreu pelo rosto da médica foi inevitável. Estava com medo.
Estava com muito medo.
Devolveu o porta-retratos para o criado-mudo e enxugou o rosto com as mãos. Respirou fundo e levantou sabendo que aquele não era o momento para ter medo. Que aquele ainda não era o ponto mais alto do filme de terror. E ela teria que ser forte. Ela teria que ser muito forte... e corajosa.
Caminhou novamente pelo quarto e levantou a alça das malas. Segurando-as, puxou as malas, saiu de seu apartamento rumo seu novo destino.
~> Continua
Ai sim é uma Sakura diva e poderosa e tenho certeza do início ao fim da fic...
ResponderExcluirE já que vai ser NaruSaku ( :/ ) segnd casal tem q ser #SasuEva *.*
Eiiita q essa nunca desiste huashaushuashuahs
ExcluirNao acredito que essa fic maravilinda vai ser narusaku (sem preconceito) #chateada ai aiai bem de qualquer forma adorei o capitulo Sakura sendo rainha sendo diva
ResponderExcluirVai ser sim, mas prometo q vai ser boa. (Ao menos eu espero q seja xD)
ExcluirEu ainda admiro pessoas que gostam de uma Sakura submissa e fraca! Sério isso? Como pode né!
ResponderExcluirUma personalidade forte, corajosa e segura é tudo que alguem pode querer. É admirável e marcante.
Mulheres corajosas que deixaram sua marca na história, como Joana D'Arc, Maria Quitéria, Marie Curie.
Mulheres fracas nao marcam nada, n deixam nada.
NaruSaku! Amooooo De Paixão.
É uma pena que as pessoas se prendem muito a shipper, mas fazer o que né, gosto é gosto, e n se discuti.
Capitulo perfeito e ansiosa pelo proximo!
Somos duas '-'
ExcluirCara, já chega dessa da mulher ser submissa u.u
*-*