Jarros de Almas - Capítulo 3





Entrou pela porta dos fundos da padaria e saltitando como uma criança, ela passava pelos padeiros e doceiros que trabalhavam alí dentro. Recebia sorrisos e resmungos. Todos a adoravam, mas odiavam quando ela passava correndo pela cozinha. Apesar de nunca ter estragado um doce enquanto era preparado, ninguém queria arriscar a sorte de ser o primeiro, mas ela nem se importava. Quando chegou em frente à porta dupla da cozinha, espalmou as mãos na mesma e fez um impulso, abrindo-a. Olhou ao redor vendo a padaria bem lotada, vários clientes compravam seus pães, doces, bolos... Alguns vendedores estavam distraídos, sem falar nas mesinhas que ocupavam a calçada. Um sorriso enorme surgiu quando ela viu no final do balcão seu alvo. Segurou o vestido levantando-o levemente e então correu novamente, se jogando contra o corpo masculino que já era acostumado com suas travessuras (e ainda assim se assustava com essas atitudes dela), prendeu as mãos em volta do corpo do homem, enquanto o abraçava forte.


- Nonó! (Padrinho!) – Exclamou animada, vendo-o virar à cabeça para o lado, sorrindo.

- Kóri! (Filha!) – Ele lhe beijou a bochecha rosada enquanto ela lhe devolvia o beijo – Como está, han?

- Bem e o Senhor? – apoiou o queixo nas costas dele para olhá-lo.

- Estou ótimo. Vê? – Ele terminou de colocar uns pães dentro de um saco marrom que uma cliente pedira. – Apenas com uma dorzinha nas costas.

- Nonó, velhinhos devem descansar, sabia? – Tomou o saco das mãos do padrinho e então se afastou dele, estendendo-o para a mulher e sorrindo gentilmente – Obrigada, Senhora.

- Eu não estou velho! – Rebate, enquanto caminha para o outro lado do balcão.

- É sim. Nem lembro da última vez que achei um fio negro em sua cabecinha. – Inclinou o corpo sobre o balcão, apoiando os cotovelos no mesmo e o queixo nas mãos.

- É meu charme. – Pisca, brincalhão – Sua Noná gosta.

- A Noná também está velha... Ai! – Levou uma mão à cabeça quando algo lhe atingiu bem na lateral. Olhou feio para o lado, mas logo fez cara de inocente quando viu a madrinha na porta da cozinha, com uma mão na cintura e lhe olhando feio – Noná! – Abriu um sorriso enorme.

- Você me chamou de velha?! – Caminhou perigosa na direção da afilhada.

- Foi o Nonó! – apontou o dedo para o padrinho.

- Acha que pode me enganar assim, Theá? – estreita os olhos para a afilhada.

- Den. (Não) – Encolheu os ombros. A madrinha só a chamava de Theá quando algo muito sério estava acontecendo.

- Hun... – Se aproximou da rosada e então suspirou fundo- Vem cá, vem. – a chamou com as mãos também.


A rosada abriu um sorriso enorme e praticamente se jogou em cima da madrinha a abraçando. Era bom estar com ela. Nunca fora de muitas amizades apesar de tudo. Sempre foi superprotegida, mas nunca fora privada de nada. Apenas não era de se envolver com desconhecidos e tinha apenas duas amigas e um amigo. Não tinha do que reclamar, sabia o que era, sabia sua responsabilidade e agradecia ter os padrinhos para lhe cuidar.


- O que houve, Noná? – finalizou o abraço.

- Não é nada meu anjo. – A mulher acariciou o rosto da afilhada – Você cresceu tão rápido.

- Credo Noná, tá parecendo até que eu vou morrer. – revira os olhos.

- Não brinque com isso! – A mais velha ralha.

- Tá. Tá. – revira os olhos novamente – Agora me deixa arrumar o balcão antes que o Nonó surte. – A madrinha sorri enquanto a rosada vai para o balcão demonstrativo, arrumando uns doces.


Enquanto arrumava o mesmo, seus pensamentos estavam distantes mais especifico na noite que estava para chegar. Combinara com as amigas de irem para o luau que teria na orla e ela estava ansiosa, pois, sentia que algo estava para acontecer essa noite e seus instintos nunca falhavam. Nunca mesmo.

Durante toda a tarde o movimento na padaria foi tranquila, exceto pela visita do Kakashi, dono de uma floricultura, antigo namorado e ainda apaixonado. Os papos com ele eram sempre agradáveis, leves e prazerosos, porém, a coisa ficava desconfortável quando ele lhe resolvia soltar gracejos, já que, quando terminaram, combinaram que a amizade continuaria.

Claro que para o Hatake a coisa não continuaria só na amizade.

Mas ele respeitava as decisões dela.

Se conheceram quando o Hatake veio passear no mesmo bairro que ela morava. Ele era um viajante, adorava aventura e gostava das coisas simples da vida. Certo dia, parou na padaria de seu padrinho para tomar café e enquanto lia seu jornal, viu um furacão colorido passar por sí, fazendo algumas folhas de seu jornal balançarem. Seus olhos levantaram e pousaram sobre a jovem que se jogava nos braços do homem que lhe atendera.

Era uma visão perturbadoramente linda, o vestido longo em um colorido harmonioso, os cabelos róseos, e ondulados estavam sendo graciosamente balançados pelo vento, seus pés minúsculos estavam descalços e cruzados enquanto ela era erguida. Assim que fora colocada no chão, ele pode ver os olhos verdes que brilhavam sob a iluminação perfeita que o sol transparecia naquele fim de tarde e os lábios eram possuidores do mais lindo e extravagante sorriso que lhe alcançavam os olhos.

Uma deusa!

Sua mente lhe alertou e seu coração retumbou na mesma hora. A paixão foi tão imediata quanto os estragos de um tsunami, e maior ainda foi a paixão quando ele solicitou ser atendido e em vez do velhote vir lhe atender, a própria jovem fora ao seu encontro e quando ela lhe falou, ele teve a certeza que nascera para amá-la.

Umas semanas depois, ainda entre a paixão pela jovem e a paixão pelo mundo, viu o anúncio da venda de uma floricultura e como gostava das flores, revolveu compra-la. Apenas juntou o útil ao agradável. Tornou-se amigo da jovem Haruno e um tempo depois a pediu em namoro, obtendo uma resposta positiva dela. Namoraram por 7 meses.

E então ela acabou o namoro depois de numa noite de outubro ter recebido o primeiro sinal de que sua hora estava chegando.

Se ela amou o Hatake? Não. Mas era apaixonada por ele. Adorava o sorriso dele, adorava sua voz, seus beijos, adorava o modo como ele a tratava e a amava, mas não o amava.

E sempre deixou isso muito claro.

E ele lhe compreendia, apesar de não saber toda a verdade sobre sua história.

Estava dormindo tranquila em sua cama quando acordou assustada, com falta de ar, seu peito queimava, seu coração batia acelerado dentro do corpo e seus olhos queimavam como se tivessem ácido. Um grito agudo saiu de sua boca e seu quarto foi invadido pelo padrinho e pela madrinha. A mais velha levou as mãos à boca e o padrinho ficou paralisado com o que vira.

Os olhos verdes estavam vermelhos. O corpo da jovem tremia em cima da cama enquanto ela se debatia tentando se livrar seja lá do que for, mas era em vão. Agulhas pareciam perfurar sua pele e seus olhos queimaram ainda mais quando o vermelho vivo mudou para vermelho púrpura. Outro grito agudo saiu de sua garganta e ecoou pela casa, até que tudo ficou calmo.

O corpo ficou inerte em cima da cama enquanto o verde esmeralda de seus olhos voltavam. Todo o corpo estava dormente, porém ela sentia algo diferente dentro e fora de sí. Fechou os olhos e sentiu algumas lágrimas rolarem por sua face, também sentiu mãos lhe tocarem na face e quando abriu os olhos viu os olhos preocupados da madrinha.

O padrinho estava ao lado também, mas esse, olhava para o corpo dela fazendo uma análise. Franziu o cenho sem compreender muito bem o que estava acontecendo. Sua garganta estava seca. Com a ajuda da tia sentio na cama e com um balbuciar perguntou o que havia acontecido.

Seu padrinho lhe contou que ela havia despertado. Sim, ela tinha despertado. No dia de seu aniversário, na mesma hora em que nascera, o seu corpo despertou o poder de Hedonê. Ele lhe contou que uma marca negra saiu do centro de sua testa e percorreu seu corpo desenhando formas abstratas e contou de seus olhos. O destino dela começava a ser traçado.

No outro dia ela acabou o namoro.

Não sabia se sobreviveria ou não, então optou por não colocar um homem tão bom quanto o Hatake naquela loucura que era a sua vida e determinou o fim do relacionamento. Várias foram as perguntas que ele fez, mas a jovem apenas dizia que ainda era cedo para estar em algo tão sério como eles estavam. Usou até a desculpa da idade (mesmo ele sendo 7 anos mais velho que ela).

Agora, enquanto se olhava no espelho, sabia que tinha tomado a decisão certa. Apesar das várias declarações do Hatake para consigo, vários “eu te amo” foram ditos, ela sabia que ele apenas estava encantado por ela ter o que tinha. O reflexo no espelho transparecia uma beleza tão indescritível que nem ela mesma acreditava. Vestia um vestido branco em renda e malha de pontas que batia na metade das coxas e tinha uma manga média de renda. Um lacinho simples abaixo do busto dava um toque delicado ao mesmo. Uma rasteirinha de tiras cor creme embelezava seus pés. Os olhos estavam destacados com um lápis, rímel e deneliador e a boca trazia um rosa marcante. As ondas dos cabelos estavam de lado, caindo graciosos sobre seus ombros e costas.

Deu um sorriso para o próprio reflexo e respirou fundo tomando coragem para aquela noite. Estava pronta para a diversão. Estava pronta para se divertir. Saiu do quarto e deu um beijo no padrinho e na madrinha e quando o primeiro pé tocou a calçada, ela sentiu um arrepio que lhe percorreu todo o corpo.

Algo iria acontecer naquela noite.



Comentários

  1. Ai neu pai amadooo que tensooo foi o despertar dela 😱😱 ai e o próximo sera q ela ja vai se encontrar com o Sasuke?? Achooo que sim... ai meu coração nao sei como vou aguentar ♡♡♡
    Super Hiper Mega ansiosa pelo próximo capítulo 😍 😍 💘
    Arrasou viado, cada capitulo nos deixa mais ainda intrigado... ameeeiii

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  2. Caramba!
    Isso foi perfeito.
    Kakazinho Divo apaixonado! Misericórdia que Sakura sortuda da porra.
    Ainda bem que ela soube aproveita...e pelo visto aproveita ainda, mesmo nao sendo com ele.
    Maa esse amor dele por ela, que foi mostrado, é realmente lindo.
    Ansiosa pelo proximo capitulo e saber qual o pressentimento da rosada.
    Só acho que problemaaa ta vindo! Kkkk

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  3. Kakashi apaixonado....
    Fofo...
    A sakura tá pressentido ..
    Eles vão se encontrar logo logo...
    Amei divaa

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