Fugitivos - Capítulo Trinta

O teto do meu quarto nunca foi tão interessante como tem sido nos últimos 29 minutos. Ainda estou anestesiada pelo teste de ontem. Saber que estou na Ceita faz meu corpo querer agir de uma forma diferente, mas ainda não sei como. Hoje receberíamos todas as informações e na medida em que o tempo avançava, eu ficava mais nervosa. Pouco antes do almoço recebi um e-mail da Ceita:

- Casaco

- Calça

- Tênis

- Lanterna

- Bússola

- 18:00

Era só isso.

Provavelmente o Uchiha teria a informação do local, então relaxei. Falei para meus pais que iria “sair com a galera”. Meu pai perguntou quem era “a galera” e eu disse que o pessoal da escola. Ele insistiu em nomes e eu disse que “a galera, ué!”. Ele perguntou se precisava me levar e eu falei que iria com um amigo e meu pai logo tratou de perguntar quem era o amigo e eu só fui liberada do interrogatório quando disse “Uchiha” e minha mãe surtou dizendo para meu pai me deixar em paz.

Mãe boa, não é?

Não!

Claro que o sobrenome “Uchiha” era forte... Assim como “Haruno” também era quando se tratava dos assuntos relacionados à “direito”, mas quem disse que ela se importava em ter o sobrenome “Haruno” ligado do sobrenome “Uchiha” ?

Parte da minha curiosidade estava ligada ao fato de querer -muito- saber se o Narutinho e o Kabuto haviam passado também. Sem falar na curiosidade sobre outros membros. Depois do almoço, peguei uma calça jeans clara, uma regata branca, um blusão roxo e coloquei em cima da cama. Peguei também a mochila de ontem e conferi as lanternas. Coloquei uma blusa de manga e uma calça de malha dentro da mochila também só para garantir.

Levanto e vou para meu banheiro. Tomo um banho demorado esperando despertar de alguma forma porque a preguiça estava além dos limites. Lavo bem meus cabelos – quase em câmera lenta- e depois que saio do banho, sento em minha cama e pego meu hidratante corporal e passo na maior paciência. Quando termino – cerca de vinte minutos depois- olho para o relógio e vejo que eram 17:28. Ok, sem moleza. Levanto e me arrumo rapidinho, deixando os cabelos soltos para secarem. Pego a mochila jogando-a nas costas e saio de casa.

Não sem antes ouvir instruções dos meus pais.

Não demora e o carro do Uchiha está parando em frente à minha casa. Dou a volta e entro. Ele estava com uma camisa de mangas, calça jeans e um tênis também, mas curiosamente, usava um boné... A noite... Ok. Ele voltou a dirigir e parecia bem animado.

Sakura – Para aonde vamos?

Sasuke – Pelo que entendi, é no jardim botânico.

Sakura – Sério? Lá não é um tanto movimentado? * arqueio as sobrancelhas*

Sasuke – É, mas não vai ser assim. Temos algumas latitudes e longitudes.

Sakura – Hun...

Cerca de quarenta minutos depois chegamos no jardim botânico, o estacionamento estava com algumas vagas ocupadas. Saímos do carro e coloco a mochila nas costas, o Uchiha dá a volta no carro e quando começo a caminhar, ele segura meu pulso e me puxa para sí. Tomo um susto, mas logo compreendo quando a mão dele vai para a minha cintura me puxando para sí enquanto sua boca estava tomando a minha em um beijo que logo trato de corresponder. Fico na ponta dos pés quando a outra mão dele vai para a parte de trás de minha cabeça e seus dedos emaranham em meus cabelos. Apoio minhas mãos em seus braços. Pouco depois, cessamos o beijo com um selinho demorado e eu franzi as sobrancelhas.

Sasuke – Beijinho amigável, nada demais. * ajeita o boné que havia levantando um pouco*

Sakura – Aham... * olho desconfiada*

Ele estende a mão para mim e eu seguro. Começamos a caminhar pelo jardim indo em direção ao local indicado pela Ceita. Assim que chegamos lá, ele me pediu a bússola e eu entreguei o relógio. Ainda seguindo as coordenadas enviadas por e-mail para o Uchiha, começamos a adentrar na reserva do local. Era uma mata bem preservada e também um pouco fechada. Vez ou outra eu tropeçava em alguma raiz de árvore, escorregava em um musgo, ou o Uchiha reclamava da escuridão que não ajudava mesmo com a lanterna que eu tinha entregado a ele...

Um bicho -que eu não reconheci – passou correndo por mim e eu me assustei, mas logo me recompus quando ouvimos uns barulhos mais à frente. Apressamos os passos e uma clareira se formou a nossa frente. O ar era bem gélido e eu agradeci eles terem colocado casaco na lista.

A clareira parecia ter sido preparada especialmente para aquilo, era uma abertura bem-feita, com o chão coberto por folhas secas, as raízes das árvores serviam como decoração com seus musgos verdinhos e seus desenhos abstratos, sem falar nas várias plantas que também cercavam o local. As copas das árvores se abriam brevemente, apenas para dar um pouco de claridade – sob a luz da lua -, mas a pequena fogueira que fora feita alí no centro era a verdadeira responsável pela iluminação. Em volta da fogueira estava cinco pessoas vestidas com o capuz, ainda sentados em volta da fogueira estava o Kabuto, Hinata, Shion, Lee, Karin e Naruto. A garota peituda nos indicou um lugar no chão para sentarmos também. Sentamos lado a lado e percebi que haviam mais dois lugares dispostos.

O pessoal encapuzado, ficava andando em volta dos que estavam sentados, ouvimos passos e então a Ino apareceu e com ela, o Gaara. Eles foram indicados à sentarem nos dois lugares restante e então o pessoal da Ceita sentou no que acredito ser “a ponta” do “circulo” se isso é possível. Percebi que eram duas garotas e três garotos.

- Bem-vindos, jovens Ceitistas. * o garoto do meio começou falando* Gostaria de parabeniza-los por terem chegado até aqui, 30 jovens foram convidados a entrar na Ceita e apenas 10 conseguiram. Acredito que muitos de vocês ficaram surpresos quando receberam o e-mail de convite, afinal, A Ceita nunca foi comprovada, não sendo é claro, por aqueles que recebem os convites e entram. Antes de começar a ditar regras e explicar tudo, eu gostaria de fazer o último convite e peço para que vocês pensem bem antes de responder porque uma vez que vocês responderem sim, será definitivo. * ele olha para cada um de nós* Vocês têm dois minutos para desistir da Ceita e ir embora. * a garota da ponta esquerda pegou um relógio grande e colocou virado para o restante e apertou num contador regressivo e eu ví o tempo passando, até que se passaram os dois minutos e ninguém moveu um músculo. O garoto do meio fez um aceno positivo com a cabeça e voltou a falar* Fico feliz com isso. Da última vez mais da metade desistiu. Vamos as apresentações.

- Começando da Direita para a esquerda. –* o garoto à esquerda do carinha do meio começou a falar * Os novos integrantes são: Sakura, Sasuke, Ino, Gaara, Kabuto, Hinata, Shion, Lee, Karin e Naruto. De agora em diante vocês serão a futura alma da Ceita. Durante todo o ano estarão sob nossa responsabilidade e respeitarão nossas ordens e estarão dispostos a realizarem tudo aquilo que lhes forem ordenado. A Ceita não trabalha com suposições e uma vez que estão dentro, sair é praticamente impossível a não ser que vocês corrompam alguma regra e nós somos rigorosos quanto as punições.

- Sabemos tudo sobre a vida de vocês. * a menina da outra ponta falou* Os 20 que não conseguiram passar receberam um “estimulante” para ficar de boca fechada. Isso porque precisamos manter nossa existência em segredo.

- A Ceita serve para aproximar os verdadeiros guerreiros do colégio, * o garoto do lado direito falou * vamos proporcionar a vocês um último ano digno de formandos, mas também vamos preparar vocês para a universidade e para a próxima geração da Ceita que serão apenas 5 de vocês. Não adianta começar uma disputa, vocês serão avaliados por coisas imagináveis, então sem desespero.

- Vocês receberam um cordão ontem, trouxeram? * o do meio torna a falar. Nós mostramos o cordão* Muito bem. De agora em diante, vocês irão usar esses cordões sempre que forem avisados, isso também inclui os encontros. Nossos encontros acontecerão todo final de semana, variando entre sexta, sábado e domingo. Para complementar o cordão, esses pingentes deverão ser colocados nas correntes * ele abre a mão e a garota do relógio começa a distribuir um pingente que logo percebo ser um triskle * Coloquem na corrente.

- A Ceita tem 63 anos. * voltou a falar a do relógio* Nenhum de vocês estão aqui por acaso. Há uma tradição dentro da Ceita que apenas os 5 futuros saberão. Vocês também nunca irão saber quem somos nós, assim como o próximo grupo nunca saberão quem são os próximos 5. Diferente do que muitos pensam, não somos satânicos. * a voz dela toma um ar brincalhão * Não praticamos nenhum ritual do tipo, apesar de nossos encontros e provas serem bem complexas.

- Cada um de vocês terá um papel fundamental daqui pra frente e estejam sempre alertas para os sinais que vamos deixar espalhados sempre que precisarmos passar algo para vocês. * a outra garota fala* Quero deixar bem claro que sabemos o curso que vocês escolheram e estaremos seguindo vocês durante todo o ano para ajudar no que for necessário. Vocês também terão acesso a alguns lugares que antes não tinha. Como conseguimos isso é algo que apenas os futuros 5 irão saber.

- De agora em diante, vocês são membros da Ceita * o garoto da esquerda fala * Vão precisar de lealdade, cumplicidade e confiança. Ao menos dentro da Ceita. Alguma pergunta? * Ninguém abre a boca* Ótimo. Na ordem que chegaram, podem ir saindo. E lembrem-se:

- A Ceita Tudo Sabe, A Ceita Tudo Vê. * Os 5 encapuzados pronunciaram*

Quando chegou nossa vez, levantamos e seguimos o caminho de volta até o carro. O caminho pareceu ainda mais sombrio e quando finalmente estávamos de volta ao carro, me escorei na lataria e o Uchiha se encostou ao meu lado. Cruzamos os braços e ficamos olhando para algumas pessoas que passeavam alí.

Sakura – Mistério né?

Sasuke – Também achei.

Sakura – Estou curiosa sobre os 5. Quem são... O que fazem...?

Sasuke – Isso é algo que acredito ser impossível. Só sabemos que não estão no colégio.

Sakura – É... E estão recrutando os próximos 5.

Sasuke – A garota lá falou que não fomos escolhidos por acaso... O que será que foi usado como critério de seleção? * me olha com o cenho franzido*

Sakura – Não faço a mínima ideia. * suspiro* Mas gostei da ideia do “aproveitar o último ano e se preparar para o próximo”.

Sasuke – Então tivemos a mesma linha de pensamento. * pisca maroto*

Sakura – Ah... Lembre-se que é preciso ter lealdade, cumplicidade e confiança!

Sasuke – Dentro da Ceita. Não sou obrigado a aceitar Senhor Ninguém fora dela.

Sakura – Como você é antissocial. * faço careta*

Sasuke – Prefiro você calada. * resmunga*

Sakura – Tá me mandando calar a boca? * viro para ele com as mãos na cintura*

Sasuke – Tô. * Arqueia as sobrancelhas*

Sakura – Como você é idiota, Uchiha! * reviro os olhos e dou as costas para ele abrindo a porta*

A porta fecha rápido e meu corpo é girado e jogado para o lado. Minhas costas batem na lateral do carro e eu arquejo quando sinto o Uchiha me prender no local usando o próprio corpo, uma mão no carro bem ao lado da minha cabeça e a outra mais a baixo, ao lado de minha cintura. Ele me olha de um jeito intenso e antes que eu conseguisse protestar, ele toma meus lábios em um beijo sôfrego, forte, bruto...

Resmungo, mas ele apenas ignora e segura meus cabelos de um jeito forte o que me faz arquear as costas e ficar na ponta dos pés. Seguro em sua camisa nas costas e acabo correspondendo ao beijo quando ele aperta levemente minha cintura e ao sentir minha mordida leve em seu lábio inferior, ele afrouxa mais a mão dos meus cabelos e desliza-a para minha nuca. Deslizo minha mão esquerda por suas costas até seu ombro e ele sobe a mão da minha cintura para minhas costas em um carinho suave. O Uchiha mordisca meu lábio superior e afasta o rosto brevemente do meu, me olhando nos olhos.

Sasuke – Viu, é bem melhor quando você tá caladinha. * sussurra*

Sakura – Idiota. * sussurro de volta*

Ele sorri e me dá um selinho. Abre a porta do carona e eu entro. Ele fecha a porta, dá a volta, entra no banco do motorista e logo estamos voltando para casa. Conversando animados sobre a Ceita, ele me questionava sobre os próximos encontros e eu digo que minha desculpa vai ser estudo em grupo o que não era de todo uma mentira. Ele confirma minha sugestão e diz que vai seguir a mesma linha de raciocínio.

~> Continua