Fugitivos - Capitulo Sete
Uma leve garoa caía do lado de fora. Eu já estava parado em frente à casa da Haruno. Era uma casa aparentemente confortável, um bairro tranquilo. Olho ao redor e pouco se via a vida alí. Olho para o lado, vendo a garota dormindo, com o rosto encostado no vidro do carro. Ela abraçava o próprio corpo, o chapéu estava torto em sua cabeça. Respirei fundo e cutuquei o braço dela. A garota continuo dormindo. Cutuquei novamente. Nada. Bufei com raiva e balancei ela com certa ignorância, mas tudo o que ela fez foi resmungar: Me deixa, mãe!
Mãe!
Mãe?
MÃE!?
Revirei os olhos sem paciência e desisti. Sai do carro e caminhei até o pequeno portão que dava acesso ao jardim. Abri a trava e segui pelo caminho de cascalhos que levava até a porta e toquei a cigarra. Voltei para o carro e com certo cuidado para ela não se estabanar no chão, abri a porta do carona e peguei a menina no colo. Vejo que a porta da casa dela é aberta e uma mulher surge. Caminho com a garota nos braços até me aproximar da mulher que leva as mãos à boca.
Mulher – Meu Deus! O que houve...?
Sasuke – Ela só está dormindo. *resmungo já passando pela porta no mesmo instante em que a mulher me permite entrar na casa. *
Mulher – Coloque-a alí. *ela aponta para o sofá* Quem é você?
Sasuke – Hun. *resmungo enquanto coloco a Haruno deitada no sofá* Sasuke... Bom vou indo. Boa Noite!
Dou as costas e saio da casa, ouvindo a mulher me chamar umas duas vezes. Entro no carro e arranco de lá antes que ela resolva me colocar em um interrogatório. Desde quando essa garota resolveu colocar sua existência em prova que a minha vida mudou. Não quanto ao fato de importância e tal, mas sim ao fato de que, durante todo esse tempo no colégio, ninguém que não fosse meus amigos ou algumas garotas tiveram coragem de falar comigo. E olha que as garotas só bastaram um olhar feio para elas fugirem.
Mas, essa Haruno...
Tks! Tks! Tks!
Ela resolveu bater de frente comigo e isso era muito divertido. Na aula de arte, no refeitório. Quem já se viu uma dama falar das bolas de um cara assim, na frente de todos. E o pior: Nomeá-las.
Quanta ousadia!
Mas achei interessante, ela foi realmente ousada e não teve medo de me enfrentar. Mereceu minha atenção! Mas depois disso, na aula de dança. Cara, o Kakashi estava drogado, só pode. Me colocar naquela salinha, por Kami! O lado bom é que lá as meninas ficam quase peladas. Meu orgulho hétero agradece!
Estaciono o carro na garagem de casa e ativo o alarme. A chuva começava a ficar mais grossa então dou uma pequena corrida até a porta e então abro. Fecho a porta e passo as mãos nos cabelos. Estava tudo escuro, o que me faz ficar aliviado, mas o alivio vai embora quando uma pequena luz é acesa e sentado na poltrona verde musgo, ao lado de um abajur estava meu pai. Ele possuía um copo na mão com um líquido amarelado o que suponho ser whisky. O liquido balançava preguiçoso dentro do copo enquanto os olhos do meu pai estava voltado para os cubos de gelo dentro do mesmo. Caminho na direção da escada que dava acesso ao primeiro andar, quando a voz do meu pai invade o local me fazendo parar.
Fugaku – Se divertiu?
Sasuke – Sim.
Fugaku – Hum... Você não devia ter saído daquele jeito.
Sasuke – Eu já estava cans...
Fugaku – Por acaso *ele cortou minha fala* você acha que ninguém alí estava cansado? *seus olhos caem sobre mim* Você tem que entender a importância disso tudo.
Sasuke – Eu compreendo. *encarei meu pai*
Fugaku – Então pare de agir como criança.
Sasuke – Eu não sou criança.
Fugaku – Ah... *ele bebe o restante do líquido num gole só* Você é sim.
Sasuke – Eu não... *meu sangue começou a ferver*
Fugaku – O que? Acha que só porque fez 18 anos. Tem um carro. Fode a garota que quiser. É o gostosão da escola, não é criança!? Pois você é sim! E eu acho melhor você começar a agir como um homem de verdade.
Apesar de falar dessa forma, a voz dele era incrivelmente suave o que demonstrava ainda mais sua raiva. Ele levanta e coloca o copo em cima da mesinha de centro que havia alí perto. Suspira e caminha na minha direção. O tempo todo eu o acompanhei com os olhos, até que ele passou por mim e subiu dois degraus e então parou me olhando por cima do ombro.
Fugaku - Vai ter um momento que minha paciência com você vai se esgotar e sua adorada mãe não está aqui para aliviar o seu lado.
Abro a boca para falar, mas ele volta a subir as escadas enquanto meu sangue vai fervendo a cada passo que ele dá. Quem esse desgraçado pensa que é para falar assim da minha mãe? QUEM!? Fecho os olhos respirando fundo e então subo as escadas também seguindo para meu quarto.
Assim que entro, bato a porta com força desnecessária e tranco, tirando a chave da fechadura e jogando em cima da poltrona que havia próximo a porta. Com toda a raiva que existia em mim, tiro minha camisaa e desabotoo o cinto. Jogo meu celular, carteira e chaves em cima da cama. Abro os braços e giro eles rapidamente, caminhando para próximo a janela onde ficava uma barra próxima suspensa do teto. Respiro fundo e pulo, agarrando a barra. Meus ombros fazem “creck” quando o peso do meu corpo é sustento pelas mãos e então eu começo a fazer barra.
1.
2.
3.
...
30...
45...
60...
O suor já escorria por meu rosto, caindo pelo meu corpo. A janela embaçada pela chuva. Meus olhos cravados nas gotas que escorriam pela janela. Minhas mãos doendo. Meus pulmões queimando. Alguns fios dos cabelos presos por minha testa e olhos, dificultado minha visão.
80...
Mas eu não iria me entregar. Eu não iria permitir que ele estragasse tudo. Ele não tinha o direito de falar da minha mãe assim. Nunca! Eu não iria me abater. Eu não iria me deixar levar por essa podridão que era esse mundo que o Fugaku criou para os filhos. Não mesmo! Eu prometi a minha mãe. Eu prometi ao meu irmão!
100.
Solto a barra e caio no chão, mas minhas pernas cedem e eu me ajoelho apoiando as mãos no chão e respirando fundo. Fecho os olhos com força. Inspira, respira. Inspira, respira. Abro os olhos novamente e então levanto. Respiro fundo e caminho para o banheiro. Tiro o restante da roupa e entro em baixo do chuveiro frio. Eu precisava relaxar, precisava colocar tudo pra fora. E eu só me sentia aliviado quando tomava banho frio. Inclino a cabeça para trás deixando a água cair em minha testa e escorrer dividida por meus cabelos e rosto. Fecho os olhos.
“ JULIETA - Quem és tu que, encoberto pela noite, entras em meu segredo?
ROMEU - Por um nome não sei como dizer-te quem eu seja. Meu nome, cara santa, me é odioso, por ser teu inimigo; se o tivesse diante de mim, escrito, o rasgaria. “
- Mãe? *o garotinho deitado em sua cama, enrolado em seu edredom quentinho, chama a atenção de sua adorada mãe que estava sentada à beirada de sua cama, com o pequeno livro nas mãos*
- Sim, querido? *a voz da mãe era como um veludo suave*
- Por que Romeu queria rasgar o nome dele? *seus pequenos olhos negros brilhavam curiosos, mas também pendiam em um quase sono*
- Porque, meu amor, a família dela era inimiga da família dele e eles não poderiam ficar juntos. Então Romeu disse isso, porque se ele pudesse deixar de ser um Montecchio, ele ficaria, enfim, com Julieta.
As lembranças daquele dia voltam à tona em minha mente. Agora eu entendo. Essa droga de nome me fez ser quem sou. Essa droga de nome te levou de mim. Essa droga de nome me afastou do meu irmão. Essa droga de nome me fez isso. Desligo o chuveiro, pego uma toalha e me enxugo rapidamente. Saio do banheiro mais relaxado e pego apenas uma box preta no guarda roupa. Ligo o ar, pego a carteira e as chaves e coloco em cima da penteadeira. Caminho até a cama e sento na beirada. Pego o celular e desbloqueio a tela. Vejo uma mensagem do Gaara:
“Cara você sumiu. Está tudo bem? O Naruto disse que você estava de babá, é verdade?”
Resolvo responder: “Sim e sim.”
Naruto e suas fofocas. Mas lembrar disso me fez pensar algo. Essa Haruno estava metida demais e ninguém nunca agiu assim. Eu precisava saber mais sobre ela, afinal, ela parecia estar sofrendo algum distúrbio de personalidade. Eu acho. E eu precisava fazer algo que tirasse meus pensamentos de meus problemas. Procuro nas chamadas recentes o nome do Naruto e quando acho, coloco pra chamar. O telefone toca umas cinco vezes e então a voz sonolenta dele invade meus ouvidos.
Naruto – Ah não cara. Não me diz que você não pegou a coisa rosa. *ele resmunga do outro lado*
Sasuke – Não peguei. Nem pensei nisso, na verdade.
Naruto – Hum...
Sasuke – Por que a preocupação? *Olho ao redor, observando meu quarto em um quase escuro*
Naruto – Nada demais.
Sasuke – Hum... Tô precisando de um favor. *deixo meu corpo tombar para trás na cama, minhas pernas ficam fora dela*
Naruto – Sabia. Fala logo.
Sasuke – Preciso saber mais sobre a coisa rosa. *agora eu olhava para o teto do meu quarto*
Naruto – Pra quê?
Sasuke – Apenas pesquise tudo o que você puder.
Naruto – Tá. *ele resmunga* Agora posso voltar a dormir?
Sasuke – Pode, meu amor. Vá dormir vá. *falo debochado já imaginando o chilique dele*
Naruto – Meu amor são teus ovos! *ele esbraveja, mas logo se cala* Merda, teus ovos não! ECA! CREDO! PORRA, SASUKE! Aaaaaaah tchau!
O Naruto desliga na minha cara o que me faz rir muito. Bloqueio o celular e deixo ele num canto da cama, estico o braço e pego o travesseiro, colocando-o em baixo da minha cabeça. Coloco um braço por cima de meus olhos sentindo enfim o sono me invadir. Hoje tinha sido um dia daqueles e eu precisava repor as energias, afinal, amanhã prometia ser um dia pior que o de hoje.
- -
Acordo sentindo uma coisa estranha nas minhas pernas. Tento embolar na cama, mas não consigo. Abro os olhos relutante e percebo que acabei dormindo com metade do corpo para fora da cama. Que ótimo. Respiro fundo e levanto sem coragem alguma. Pego o travesseiro e jogo de volta para a parte de cima da cama, levanto e vou até o banheiro, faço minha higiene rápido, saindo do banheiro e caminhando até o guarda roupas e pego uma bermuda, uma cueca e uma camiseta. Visto, calço um chinelo de dedo e saio do quarto. O corredor estava silencioso. Desço as escadas e não vejo ninguém na sala, mas assim que chego na cozinha tenho vontade de da meia volta. Sentados à mesa estavam meu tio Madara, meu primo Obito e meu pai. Suspiro e sento numa das cadeiras livres, já colocando café em uma caneca.
Fugaku – Não dá bom dia?
Sasuke – Bom dia. *resmungo*
Madara – Bom dia, sobrinho. *sua voz era provocativa*
Obito – Bom dia, primo. *a voz dele era mais provocativa ainda*
Madara – Você não parece ter dormido muito bem.
Sasuke – Dormi de mau jeito. *Pego uma fatia de bolo e começo a comer*
Fugaku – Enfim. Eu acho que poderíamos fazer essa reunião no restaurante. Ficaria melhor.
Madara – Pode ser. Só dizer o dia e a hora e eu ligo para o Uzumaki.
Fugaku – Hum. Vamos deixar para a quinta... Sasuke, você vai conosco.
Não respondo. Eu não tinha condições para responder. Eu não queria ir, mas sabia que se não fosse meu pai daria um chilique. Termino meu café ouvindo a conversa. Meu primo ficava o tempo todo opinando, dando orgulho ao pai. Idiota! Assim que termino o café, volto para meu quarto. Escovo os dentes e pego em cima da mesinha de estudos, meu caderno negro, pego também um lápis, caminho até o pequeno som que ficava em uma prateleira e ligo o mesmo. Caminho até a poltrona que ficava ao lado da porta e sento ouvindo as primeiras frases da música.
Estou cansado de ser o que você quer que eu seja
Me sentindo tão sem fé, perdido sob a superfície
Não sei o que você está esperando de mim
Colocado sob pressão
De andar com seus sapatos
(Pego na correnteza, só pego na correnteza)
Cada passo que eu dou é mais um erro para você
(Pego na correnteza, só pego na correnteza)
Abro o caderno e vislumbro os desenhos que havia alí. Passo algumas folhas até uma folha em branco. Encosto a ponta do lápis no papel suavemente e começo a fazer uns traços. O lápis deslizada pela superfície plana da folha, enquanto meus olhos seguia a ponta do mesmo. Uns traços saem mais fortes que o necessário, então passo a ponta do meu dedo médio em cima deles para clarear.
Eu me tornei tão indiferente
Não posso sentir você aí
Me tornei tão cansado
Muito mais consciente
Estou me tornando isto
Tudo o que eu quero fazer
É ser mais como eu sou
E menos como você é
Começo a desenhar um bico. Ele sai pouco curvado então pego uma borracha e apago. Volto a fazer o cibo mais curvado e agora ele me parece perfeito. Começo a escurecer o contorno e depois faço o desenho das narinas dele. Volto a tratar o desenho com suavidade quando chego na parte da pelagem do pescoço. Eu queria que o desenho ficasse em degrade.
Você não pode ver que está me sufocando?
Me segurando tão apertado
Com medo de perder o controle
Pois tudo o que você pensou que eu pudesse ser
Caiu por terra bem na sua frente
(Pego na correnteza, só pego na correnteza)
Cada passo que eu dou é mais um erro para você
(Pego na correnteza, só pego na correnteza)
E cada segundo que eu desperdiço é mais do que eu posso ter
Agora a parte da cabeça, o espaço para o olho. Um lindo falcão começa a tomar forma na folha. Não sei exatamente o tempo que passei desenhando, mas quando dou por mim, só faltava apenas o olho e sobre este eu não tinha dúvidas. Um círculo só, e depois pintei tudo dentro. Um buraco negro era o olho do falcão.
E eu sei
Que eu posso terminar fracassando também
Mas eu sei que
Você era exatamente como eu
Com alguém desapontado com você
Termino o desenho, e coloco o lápis preto na minha orelha. Levanto um pouco o caderno para observar melhor. Estava incrível. Sorrio satisfeito. Eu adorava desenhar. Geralmente o fazia quando queria me sentir livre. E bem, eu era uma pessoa muito presa, a prova disso era que em dois meses, esse já era meu terceiro caderno. Escuto meu celular tocar e olho ao redor, procurando-o. Vejo ele em cima da cama. Coloco o caderno na poltrona e levanto indo até a cama, pego o celular e vejo que era o Naruto. Atendo.
Sasuke – Iaê?
Naruto – Quem é o cara? *a voz dele estava animada*
Sasuke – Eu. Agora fala logo. *reclamo, sentando na beirada da cama*
Naruto – Cara você é muito ingrato... mas enfim. Vamos aos dados. Sakura Haruno, 17 anos e 10 meses. Geminiana. Dança. Já fez música, mas abandonou por conta da dança. Filhinha de papai, na verdade, é de mamãe. Sonha em fazer medicina, mas por algum motivo de família parece que vai fazer direito. Já teve dois namorados. Na verdade o primeiro foi um casinho. Costuma ser a filha perfeita, mas esse ano resolveu virar o cabeção. Ótima aluna. Ótima amiga. Não gosta de ninguém no momento. Não tem nenhum podre. Os pais dela são do tipo certinho. Adora animais e causas sociais. É esquentadinha, brava, birrenta, não perde tempo em xingar. Gosta de desafios e se sente desafiada por qualquer mínimo motivo, mas também sabe ser uma Lady impecável quando necessário. É descrita como doce, amável, sincera e altamente delicada. Isso é uma coisa a se questionar... Não tem alergia a remédios nem comida. Tipo sanguíneo é A+. Tem miopia e astigmatismo. Adora cinema e é viciada em livros. Alguma dúvida?
Sasuke – Hum... Acho que não.
Naruto – Tudo bem então.
Sasuke – Vem cá, como você conseguiu descobrir tudo isso em menos de 8 horas?
Naruto – Eu tenho meus contatos. Sou inteligente. Foi por isso que você me ligou.
Sasuke – Desembucha!
Naruto- Tá... Quando eu te ví bancando a babá, imaginei que você fosse querer saber mais, então puxei papo com a Hinata. Aquela amiga dela, moreninha, gente boa. Peguei o telefone dela e agora de manhã liguei como quem não quer nada e ai comecei a perguntar sobre a vida dela e entrei no papo amigas. De início ela já falou da coisa rosa, então foi bem fácil.
Sasuke – Você é um idiota muito esperto. Quando quer.
Naruto – Claro que sim.
Sasuke – Tudo bem então, valeu dobe.
Naruto – Valeu nada. Depois você me faz um favor.
Sasuke – Vá se lascar!
Naruto – Também te amo!
E ele desligou. Sorri e fiquei olhando para a porta enquanto batia o celular na palma da minha mão. Então ela era uma garotinha perfeita e agora resolveu mudar de ideia, mas por qual motivo? Esse era o mistério e eu não precisaria me importar com isso, mas infelizmente fiz uma promessa ao meu irmão e estava na hora de cumprir essa promessa. Jogo o celular de volta na cama e levanto indo até a poltrona. Pego o caderno, a borracha e então começo a passar no olho do falcão. Quando ele já está quase todo apagado, pego o lápis que estava em minha orelha e começo a refazer o olho, dessa vez menos escuro e então começo a desenhar dentro dele. Pouco a pouco, o desenho dentro do olho do falcão vai tornando forma.
Cinco minutos depois, termino por fim o desenho. Afasto ele de mim novamente e contemplo o desenho com a mudança. Balanço a cabeça satisfeito e então batuco o mesmo. Eu só tinha visto aquelas sapatilhas uma única vez na vida, mas foi o suficiente para reproduzi-las dentro do olho do falcão. Fecho o caderno e caminho até a mesinha de estudo colocando ele de volta em seu devido lugar. Jogo o lápis em cima da mesinha e a borracha. Pego o celular, coloco no bolso e por fim, saio do quarto, trancando a porta.
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Depois de um dia conturbado, em que meu pai jogava na minha cara o ótimo filho que o Itachi e o Obito eram. Do meu tio dizendo que eu precisava seguir os passos da família e de eu passar a maior parte do dia estudando estratégias de comando, estou finalmente deitado em minha cama, olhando para o teto tentando esvaziar minha mente. Ainda era cedo e eu já me sentia cansado. Rolei da cama ficando com a barriga para baixo e meti o rosto no travesseiro tentando diminuir o ar em uma falha tentativa de desmaio, quando escuto um BIP no celular.
Eu não queria, de modo algum, ter que levantar da cama, mas aquele era um BIP de e-mail e sendo e-mail, seria muito difícil ser algo que não valesse a pena ler. Relutante, estico a mão esquerda e tateio ainda sem tirar o rosto do travesseiro, o criado mudo até que acho meu celular e então viro o rosto, desbloqueando a tela. Era um e-mail desconhecido. Abri.
Olá,
Você definitivamente deve estar se perguntando quem sou, pois devo lhe dizer que identidade eu não tenho. Sou um grupo, mas também sou individual, estou em todos os lugares e posso ouvir tudo. Muitos desacreditam de minha existência, mas você pode provar se isso é verdade ou mentira.
Somos A Ceita. Você é um dos estudantes contemplados para fazer do seu último ano no ensino médio o melhor ano de sua vida. Não será fácil entrar e também não será fácil nos deixar. Se a charada abaixo você desvendar, convidado você será. Basta apenas nas etapas passar e parte da equipe você fará.
Esse e-mail ficará ativo por 5 minutos após o recebimento, você deve respondê-lo sem contactar ninguém. Se você pesquisar na internet, saberemos. Então lá vai.
“No dia do funeral de sua mãe, Mariana conheceu um belo e misterioso homem, pelo qual se apaixonou louca e intensamente.
Os dois saíram para jantar, trocaram beijos e carícias. Aquele homem se transformou na razão de viver da menina.
Certo dia, quando marcaram um encontro, o rapaz não apareceu, a garota então, ligou incansavelmente para ele, que não atendeu o telefone durante todas as tentativas de ligações.
Passadas algumas semanas, a irmã de Mariana apareceu morta.
Quem teria matado a irmã de Mariana? “
Esfreguei os olhos e sentei na cama. Li o e-mail mais uma vez. A Ceita era um grupo que se especulava existir. A muito se fala dela, mas não se sabe quem é. Bem eu só tenho mais dois minutos então vamos a resposta. Mariana e a irmã enterram a mãe e no enterro Mariana conhece o homem dos sonhos. Certo dia ele some. Depois de algumas semanas e algumas tentativas ela não consegue entrar em contato com ele e então a irmã de Mariana aparece morta.
Coço meu queixo sentindo a barba que começava a nascer e acabo sorrindo de canto. Que idiota! Clico em responder e digito:
“A própria Mariana”
E clico em enviar. Pronto, minha resposta era Mariana. Agora vamos aos fatos. A Ceita realmente existia? Eu nunca havia dado bola para esse grupo, afinal, eram apenas especulações, mas agora... Será mesmo que eu deveria entrar nessa? Deito na cama e coloco o celular em cima do criado mudo e olho para o teto, mas então meu celular bipa novamente e eu pego-o, destravando e vendo a resposta da minha resposta.
Parabéns!
Você acertou nossa charada de iniciação. Para continuar nela temos algumas condições:
- Não comente sobre esse e-mail com ninguém;
- Não comente sobre A Ceita com ninguém;
Sábado à noite teremos nosso encontro de iniciação. Ás 16:00 Você receberá um e-mail informando o local, hora e o que deve levar consigo.
Obs: Essa mensagem também irá ser deletada automaticamente.
Boa Noite.
É eu acho que vou entrar nessa sim. Coloco o celular de volta no criado mudo e fecho os olhos, decidindo que agora o ano começava a ficar interessante.
~> Continua
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