Pelotão 28 - Capítulo Trinta e Nove

Cinco dias haviam se passado desde quando operara Naruto. Estava tão cansada, tão estressada. Tudo dentro de si doía, principalmente porque já faziam três dias que dormia no quarto dele, sentada na cadeira, observando-o. Lee tinha ído para o campo, socorrer alguns soldados, então restou a ela ficar ali naquele quarto, em total silêncio.

Sempre conversava com Naruto. Preferia crer que ele a ouvia, por isso, mantinha sempre um diálogo animado, mesmo quando seu corpo queria muito desabar. Há dois dias, Jiraya havia ligado e perguntou se havia a possibilidade de transferir Naruto. Ela informou que sim. Ele estava estável, as feridas já começavam a mostrar o processo de cicatrização.

Mas o que realmente preocupava era a bala na cabeça. Sakura não conseguia dizer o quanto ela o havia afetado e isso a preocupava. Em uma análise rápida, percebeu que não havia hemorragia aparente nem danos, mas quando se trata da cabeça, tudo é um mistério.

Mas estava realmente feliz, agora, por exemplo, arrumava toda a transferência dele, ajeitando-o melhor na maca, prendendo com firmesa para que ele não se machucasse durante o transporte e rezava para que desse tudo certo.

Depois de conferir pela milionésima vez se ele estava realmente seguro, pegou os principais equipamentos que julgou precisar para a transferência e colocou tudo dentro de uma bolsa que foi entregue para um soldado, depois foi até o "quarto" e pegou a própria bolsa, voltando logo em seguida. Viu os soldados que a levaram até lá prontos para leva-la de volta para a base. Viu quando dois deles pegaram a maca onde Naruto estava e o levaram na direção do tanque. O soldado que tinha feito sua escolta se aproximou dela, indicando que ela caminhasse e assim Sakura o fez. Caminhou em direção ao tanque.

Teve dificuldade para subir e até nisso sentiu falta de Naruto, pois, ele a ajudava a subir.

Respirou fundo e subiu, entrando no mesmo, sentando-se em frente a maca onde jazia o Capitão.

O caminho de volta foi um inferno. Entre bombardeios, tiros e explosões, Sakura tentava manter Naruto o mais estável possível, lutando para se segurar e evitar ao máximo os saculejos na maca dele. O que lhe resultou em alguns roxos nos bracos e pernas. Mas ela não ligava. 

Quando finalmente chegaram na base e pararam o tanque, ela soltou um gemido de alívio, respirando fundo para se recompor. Levantou rápido e começou a desatar as cordas que prendiam Naruto junto com uns soldados, depois eles pegaram a maca e com todo o cuidado do mundo, saíram do tanque levando o loiro. Ela saiu logo em seguida.

A primeira coisa que viu foi a base militar. Próximo ao tanque estava um monte de gente, dentre essas pessoas: Jiraya e Kakashi. Eles analisavam o Uzumaki. Sakura desceu do tanque e se aproximou, vendo Jiraya fechar as mãos em punhos, erguendo os olhos para ela logo em seguida. Os olhos estavam tristes, ela viu o pomo de Adão dele subir e descer, angustiado.

- Como ele está?

- Aparentemente bem. Preciso analisa-lo melhor no posto. A viagem foi conturbada. - resolveu ser curta.

- Certo. - com um sinal de mão, o major dispensou os soldados, indicando que eles levassem Naruto para o posto e seguiu junto.

Sakura foi junto e Kakashi ao seu lado. O caminho foi silencioso e assim que chegaram no posto, Sakura viu bastantes soldados ali. Naruto foi colocado em uma cama e rapidamente, ela começou a analisa-lo, vendo como estava o estado dele enquanto com a ajuda de alguns enfermeiros, conectava ele a alguns aparelhos, vendo o monitoramento.

Ficou feliz por ele estar estável.

Suspirou aliviada, pegando uma prancheta e anotando um monte de coisas como: medicação, horários, desempenho e histórico. Depois de ter feito tudo, ela girou nos calcanhares, vendo o Major parado aos pés da cama, olhando para o afilhado.

- Ele continua bem. - sanou a dúvida dele.

- Certo. - meneou a cabeça e olhou para ela - Fez um ótimo trabalho, doutora.

Ele a estava elogiando? Era isso mesmo?

Franziu o cenho, desconfiada, mas estava tão exausta que preferiu não debochar.

- Apenas fiz meu trabalho.

- Com perfeição. - foi Kakashi quem falou dessa vez.

Ela olhou para o Tenente e lançou um pequeno sorriso.

- Obrigada.

- Devo lhe dizer que hoje a tarde irá chegar um neuro. - Major cruzou os braços - Já que a senhorita informou que não tem essa especialidade, pedi para que trouxessem um para cá, uma vez que Naruto não tem condições de ir para fora da base.

Sakura sentiu o coração aquecer.

- Isso é maravilhoso! - deu um pequeno sorriso - Vai ser muito bom o Naruto ser avaliado por um especialista.

- Sim... Peço para que a senhorita organize tudo da forma que precisar. O helicóptero já foi buscar ele. Acredito que daqui há duas horas, estejam aqui.

- Certo.

E com um breve meneio de cabeça, o major se retirou. O tenente ainda ficou, olhando-a de um jeito sério. Sakura devolveu o olhar, suspirando.

- Pode falar, Tenente.

- Sabe, doutora... - ele suspirou - Eu sei que o major tem sido cruel, e não concordo com muitas atitudes dele, mas ele ama o Naruto de uma forma absurda. Ele erra tentando acertar.

- Tenente, eu nunca duvidei do amor que ele tem pelo Naruto... e pelo Konohamaru...

- Você...

- Sim, eu o conheci, mas enfim... Eu sei que o major ama os afilhados, mas isso não da a ele o direito de ser cruel, mesquinho e egoísta com os outros. 

- Compreendo... - murmurou e pigarreou - Bom, eu espero que vocês se acertem... o Naruto iria gostar disso. De qualquer forma, estou me retirando...

Sem esperar por uma resposta, ele se retirou. Sakura respirou fundo e girou nos calcanhares, olhando para o loiro, agora devidamente colocado, monitorado e medicado. Ela fez um pequeno bico e acariciou a mão dele, suspirando.

- Fica bom logo, Capitão. Esse povo é mais chato do que você. - e com um leve tapinha na mão dele, ela se afastou.

Sakura aproveitou a calmaria para ir até a sua cabana, tomou um banho longo e relaxante - ao menos do jeito que dava - trocou as roupas por roupas limpas, penteos os cabelos, prendendo-os em um rabo de cavalo e com um respirar profundo, voltou para o posto. Enquanto voltava para o posto, viu o helicóptero passar a cima de sua cabeça e aliviada, ela agradeceu aos céus, sabendo que era o neuro.

Finalmente Naruto seria analisado por alguém competente.

Com um pequeno sorriso nos lábios, entrou no posto e ao olhar para o leito do loiro, viu Sasuke sentado no canto da cama, conversando com o amigo. Ele não notou a presença da médica, por isso, Sakura caminhou silenciosa, analisando o moreno conversar animado com o loiro desacordado.

- (...) tô te falando, cara, tá punk o negócio, mas eu também não tenho culpa. Se ela me ouvisse melhor, saberia disso, mas é cabeça dura viu... - suspirou e ficou em silêncios alguns segundos - Sua mãe mandou lembranças... Ela escreveu uma carta, mas como não teve nenhuma resposta sua, escreveu para mim perguntando por você. Ela te chamou de desnaturado e ingrato. - sorriu - Eu não falei nada pra ela, mas acho bom você responder a ela assim que possível ou ela vai colocar essa base abaixo para lhe dar uns bons supapos. - mais uma vez ele suspirou. Quando voltou a falar, sua voz estava melancólica - Acorda logo, cara... Isso aqui é mais inferno ainda sem você pra atazanar.

- Ele anda muito teimoso. - a médica resolveu se pronunciar.

Sasuke teve um pequeno sobressalto, mas ao vê-la, sorriu.

- Eu já disse a ele que não vou limpar a bunda dele não.

- Vai sobrar pra mim. - a médica resmungou, mas logo sorriu, se aproximando e parando ao lado dele - Ele vai ficar bem.

- Vai sim. - meneou a cabeça e voltou os olhos para o loiro - O Naruto... é um cara durão. Ele não vai cair tão fácil.

- Ele é muito teimoso. - ela sorriu e deu de ombros - Mas estou orgulhosa dele. Está resistindo bravamente.

- É... - fez uma pequena careta - Esse cata não se deixa ser abatido.

Ainda envolvidos naquele clima, ouviram um pequeno burburinho na entrada do posto e ao olharem para lá, viram o Major entrar sendo seguido pelo Tenente e depois por um homem que assim que Sakura pousou os olhos nele, sentiu um calafrio percorrer a espinha. De repente, foi como se o seu passado estivesse ali, lhe esbofeteando.

Ela viu, em câmera lenta, os olhos mel dele pousar sobre si. Viu as pupilas dele dilatarem levemente. Viu um pequeno sorriso desenhar os lábios finos dele. Ela também viu ele arrumar a postura enquanto se aproximava.

- Doutora... - a voz do major a tirou do transe. Ela voltou os olhos verdes brevemente para ele - Como lhe falei, esse é o neuro, Saso...

- Sasori. - ela completou em um sussurro, voltando os olhos para o ruivo.

O ruivo arqueou levemente a sobrancelha, dando um sorriso maior.

- Olá, Sakura.