Reencontros - Capítulo 38

Respirou fundo e com lentidão, segurou na mão do Uchiha. Ambos sentiram um formigamento na palma, mas nenhum dos dois falaram nada. Sasuke lançou um sorriso aconchegante a ela e com a mão livre, pegou o celular dentro do bolso da bermuda e começou a mexer. Sakura franziu o cenho, mas nada falou e ficou surpresa quando segundos depois, ela ouviu o início de uma melodia que logo reconheceu. Não podia ser, não é? Sasuke inclinou o corpo e colocou o celular no chão, depois ficou ereto e a puxou levemente para si, segurando a mão dela com mais propriedade e a outra mão, levou para as costas dela, colando os corpos.


- Essa música... - balbuciou.


- Se tornou minha música preferida. - fala baixo, encostando o queixo no topo da cabeça dela.


Sasuke guia ela em uma dança lenta enquanto a Haruno se deixa ser guiada. Ficaram um tempo em silêncio, apenas com a música ecoando pelo local. Em determinado momento, Sakura se deixa levar pelo momento e deita a cabeça sobre o peito dele, fechando os olhos. De forma traiçoeira, seu corpo lhe faz viajar para três anos atrás, quando ficava daquele jeito com ele e foi impossível não se sentir bem. Sasuke percebe que ela havia baixado a guarda e percebendo isso, resolve baixar a guarda também. Com a mão que estava nas costas dela, ele a puxa mais para si e ela vai. Delicadamente, o Uchiha beija o topo da cabeça dela enquanto girava o corpo, levando-se junto.


Eles estavam em um momento só deles.


A música, Wicked game, a mesma que tocou quando eles estavam no pier na noite do baile. A mesma música q tocou quando ele a levou até o pier pela primeira vez. Aquela música que falava sobre não querer se apaixonar, mas já estar perdidamente apaixonado. Sasuke sentiu quando a mão dela que estava em seu ombro, apertou a camisa com sutileza e ela respirou fundo. Foi impossível um sorriso não surgir nos lábios femininos. Ela também sentia. Sentia falta. Sentia o peso da música. Sentia a necessidade de estar nos braços dele... Sentia algo por ele.


- Sabe... - começou baixo - Talvez não precise ser assim.


- Assim como? - ele quase não ouviu a voz dela já que a mesma estava com o rosto enterrado em seu peito.


- Nós dois. Distantes. Inseguros. Receosos. - acariciou as costas dela e acariciou o dorso da mão feminina com o polegar.


- Seja mais claro, Uchiha. - a respiração dela era tranquila. Ela estava o ouvindo sem julgamento.


- Talvez... - passou a língua entre os lábios - Talvez possamos começar do zero.


- Eu... Eu não acho que seja possível. - respondeu triste. Sakura suspirou e afundou o rosto ainda mais contra o peito dele - Ainda não consegui esquecer o que houve.


- Mas tudo que fiz foi para lhe manter viva. - a aconchegou mais contra si. O calor do corpo dela contra o seu era perfeito - Já lhe contei isso.


- Eu sei. Mas ainda dói. - funga - A ferida foi profunda demais.


- Me desculpe. - sussurrou, beijando o topo da cabeça dela e acariciando as costas femininas - Mas quero consertar tudo. Quero curar essa ferida. É só você deixar.


- Como? - desencosta o rosto do peito dele e ergue a cabeça para poder olhar nos olhos masculinos - Me diz como.


- Me deixando entrar, Bear. - ele sussurra o apelido carinhoso, olhando-a nos olhos - Me permita chegar perto, me permita mostrar o que sinto.


- Isso que me pede é...


- Não é. - a corta - Só preciso que você não me afaste. Que me deixe ficar e que...


- E que... ? - o inventiva a continuar.


- E que não coloque o Uzumaki entre nós dois.


- Sasuke... - sussurra e desvia o olhar.


- Bear, por favor. - segura no queixo dela com a mão que segurava a mão dela e vira o rosto feminino para si - Não tem como apagar o que aconteceu, mas podemos superar e seguir adiante.


- Isso é... Impossível. - os olhos verdes estavam tristes.


- É impossível porque você não quer ou porque você tem medo?


- É impossível porque é impossível.


- Posso te mostrar que não é. - com cautela ele aproxima o rosto do dela e roça o nariz pelo nariz feminino. Instintivamente, ambos fecham os olhos. A respiração dela era pesada e irregular - Eu só preciso de uma chance. Uma única chance.


- M-mas... Agora? - pergunta baixo, insegura. A música estava chegando ao fim.


- Não. - beija a ponta do nariz dela e afasta minimamente o rosto, olhando nos olhos verdes - Não agora, mas a partir de hoje. Me permita lhe reconquistar. Por favor.


- E se não der certo? - estava indecisa - E se nos machucamos mais?


- Feche os olhos. - sussurra.


Sakura fica olhando para ele por um tempo e então fecha os olhos. Enquanto a música vai chegando ao fim, Sasuke inclina o rosto e aproxima os lábios dos dela, mas não os beija. Apenas roça um no outro, sentindo a textura e então os afasta, beijando o rosto dela com delicadeza, depois leva os lábios até o ouvido dela, sussurrando.


- Não vai dá. - sorri e a abraça com carinho, sendo correspondido - Você ainda confia em mim.


- Sou muito burra em confiar em você. - murmura, voltando a afundar o rosto no peito dele.


- Ou tem um enorme coração. - sorri e com delicadeza, se afasta dela - A música acabou.


Sakura respira fundo e sorri, desviando o olhar. De forma sutil, solta a mão dele e Sasuke vai pegar o celular. A Haruno pigarreia e olha para o moreno que voltava e indica a saída com a cabeça. Em silêncio, Sakura caminha para fora da sala e ao chegar no corredor, olha para trás e vê o Uchiha se aproximando.


- Para onde agora, Doutora?


- Doutora? - cruza os braços.


- Uhum... A Senhorita já está muito bem encaminhada na medicina, então acho por bem chamá-la assim. - dá de ombros.


- Babando meu ovo, Uchiha? - arqueia as sobrancelhas.


- Um pouco. - sorri.


- Hun... Bom... Não vai voltar pra oficina de luta?


- Os rapazes já foram quase todos, estão lá apenas o Gaara, o Kakashi e o Kiba.


- Mas já? - bufa - Bando de amigos fuleiros.


- Pega leve, Haruno. - ele sorri e passa por ela, esbarrando no ombro feminino - É quinta-feira de tarde. O pessoal trabalha. - olha por cima do ombro - Acho que hoje, nós dois somos os únicos desocupados.


- Desocupada uma ova! - caminha rápido e passa por ele á passos rápidos - Eu estou em um trabalho extra.


- Ah, então eu sou um trabalho? - Faz bico - Magoou.


- Você é um baita de um trabalhão. - revira os olhos - Teimoso para um...


- Hunf.


Ele cruza os braços e continua caminhando em silêncio pelo corredor. Quando já estão chegando no final, ele lembra de algo e sem falar nada, segura Sakura pelo pulso e a puxa para um corredor. Ela protesta, mas se cala quando percebe para onde ele a estava puxando. Sem acreditar, Sakura prende a respiração quando chega no final do corredor e é puxada para debaixo da arquibancada. Aquela saudosa arquibancada que possuía tantos segredos a respeito deles dois.


Quando chegam embaixo da arquibancada, Sasuke solta o pulso dela e fica parado, olhando o local. A tinta era a mesma, as ferragens haviam passado por uma manutenção, era visível, mas ainda assim, era a arquibancada deles. Foi impossivel não sentir a nostalgia do local. Ele caminhou até um determinado lugar e se meteu por baixo das ferragens, até estar quase ajoelhado e então ergueu a mão e deslizou os dedos pelo ferro em um determinado local da arquibancada.


- O que ta fazendo ai seu doido? - Sakura quis saber, se abaixando e olhando para onde ele estava, a iluminação ali era bem precária.


- Vem aqui. - olha rápido para ela.


- Você é louco, Uchiha. - resmunga, mas vai para onde ele estava. O local era de difícil acesso, pouco iluminado, e ela teve que se abaixar também para caber naquele espaço apertado - O que tem aqui?


- Olha... - aponta para um local na ferragem.


Sakura precisou de um pouco de esforço para enxergar o que ele mostrava, a baixa iluminação, a tinta um pouco escura das ferragens, os ferros velhos, mas ela viu... números... não, não eram só números, era... uma data... Ela inclinou a cabeça para tentar lembrar daquela data, mas não conseguia, simplesmente não conseguia.


- Uma data... - fala baixo - O que tem essa data? Foi você quem escreveu? - olha pra ele.


- Uhum. - sorri e desliza a ponta dos dedos novamente e então baixa a mão e olha pra ela - A data do nosso primeiro beijo.


Sakura esbugalha os olhos e sua boca abre em surpresa. Ela olha para a data e respira de forma lenta, pela boca.


- Tá brincando...


- Não... - dá de ombros - Foi aqui, não foi? - coça os cabelos - Eu saí correndo... desculpe.


- Meu Deus... - sussurra e ergue a mão, deslizando a ponta dos dedos pelos números, sentindo a porosidade e a diferença de textura entre as ranhuras e o ferro - Você não fez isso...


- Pior que fiz. - mordisca o lábio inferior, constrangido - Eu fiquei perdido naquele dia, então voltei aqui no outro dia e fiz.


- Por quê? - olha pra ele.


- Bom... - respira fundo e olha para a data - Digamos que eu havia gostado do beijo e não queria esquecer dele, porque algo dentro de mim sabia que nada seria como antes, então escrevi para não esquecer.



- Nossa. - respira fundo e olha pra ele, sorrindo - Que cafona.


- Uau... Eu sou romântico e você me chama de cafona? Magoou. - faz bico.


- Foi romântico, mas também foi cafona. - dá de ombros - Mas foi muito bonitinho. - sorri.


- Melhorou.


- Dramático.


Sorrindo, Sakura sai debaixo da arquibancada e ele a segue. Quando estão no corredor, ambos caminham lado a lado, olhando ao redor. Todo o caminho foi feito em silêncio até que chegaram no estacionamento. Entraram no carro da Haruno e ele encosta a cabeça no banco do carro e suspira. Pela primeira vez depois de tanto tempo, estava se sentindo bem e quando falamos "bem" estamos falando de estar sem problemas. 


Sakura deu partida e começou a dirigir distraída, cantarolando uma música que tocava no rádio e ele não conhecia. Em determinado momento, quando pararam em um sinal, ela olhou para ele e teve o olhar retribuído.


- Posso te fazer uma pergunta? - perguntou baixo.


- Sabe que sim. - da dá um pequeno sorriso.


- Por que voltou a beber? Você sabe que não pode. Estava indo tão bem, sem falar no remédio para o coração. - seu tom de voz era de lamento.


- Bom... - coça a nuca e desencosta a cabeça do banco, olhando para as mãos - Digamos que a bebida me leva para um lugar onde a dor não dói. Onde a lembrança de esquece. Onde tudo que existe deixa de existir... - franziu o cenho confuso com a própria explicação e olhou para ela - Você conseguiu entender?


- Uhum. - meneia a cabeça de forma positiva e sorri minimamente - Perfeitamente.


- Que bom. - respira aliviado e então volta a olhar para as mãos.


Sakura permanece em silêncio e volta a dirigir. De soslaio, percebeu a tatuagem no braço do Uchiha. A tatuagem da bússola... A SUA tattoo... Voltou a se concentrar no trânsito, mas sua mente a levava todas as vezes para o pier, no dia do seu aniversário, quando ele havia feito aquela tattoo e ela havia feito a sua... Falando na sua tatuagem, desde ele fora embora, ela havia feito questão de "esquecer" a mesma o que foi bastante complicado, mas depois de um tempo, foi como se ela não existisse.


Longos minutos se passaram com ambos em silêncio, dentro dos próprios pensamentos e mundos, até que o moreno percebeu que Sakura dirigia para um lugar desconhecido. Curioso, ele arqueou as sobrancelhas.


- Para aonde estamos indo?


- Bom... Nosso último passeio de hoje. - sorriu de forma animada.


- Que seria...?


- Salão! - informou eufórica e bateu as mãos no volante.


- Salão? - franziu bastante o cenho, confuso.


- Aham... Mais precisamente, barba, cabelo, bigode e... Depilação. - falou a última palavra com lentidão.


Sasuke ficou paralisado enquanto absorvia a última informação 


- Eu ouvi o que penso ter ouvido? - se inclinou na direção dela no intuito de ouvir melhor.


- Perfeitamente, caro Uchiha. Se os cabelos e barba ficaram assim, avalie as partes baixas! - estremesseu com o pensamento - Bom... Marquei para nós dois. - da de ombros e gira o volante entrando em uma rua comercial - Não se preocupar, a DanyDa ótima com depilação masculina.


- Depilação... Masculina!? - fez careta e arrumou a postura - Você tá brincando, não é? - estava incrédulo.


- Não. - responde animada.


- Claro que tá... Você no mínimo, bebeu...


- De forma alguma, baby. - para o carro em frente a uma loja de fachada rosa com uma mulher só de toalha no banner promocional enquanto segurava um papel com cera na mão. - Você vai se depilar hoje!


- Pra que depilação com tanta urgência? Nem vou usá-lo hoje!


- Não é porque uma pessoa não vai receber visitas que ela não varre a calçada. - puxou o freio de mão, retirou o cinto e olhou para ele com as sobrancelhas arqueadas - Não é porque o museu está fechado que não se cuida do quadro.


- Ei! - protesta quando ela abre a porta do carro - Está "me" chamando de obra prima, dona Sakura? - perguntou com certa maldade... Não custava ousar um pouquinho, não é ?


- Não. - fechou a porta e o moreno saiu do carro e fechou a porta também - Estou "te" chamando de velho e antiquado. - apressou os passos e chegou na porta da loja, deixando-o para trás.


- Ooou... Nem vem... Sakura, espera! - chamou quando ela já tocava a campainha da loja - SAKURA!? 


- Quê!? - virou, impaciente no mesmo instante em que a porta se abria e uma mulher aparecia ali - Dany! - cumprimentou animada, abraçando a mulher.


- Sakura, querida, pensei que não iria vir esse mês. - franziu o cenho e ergueu os olhos, olhando para o Uchiha. Ela abriu um sorriso enorme e estendeu uma mão - Sou a Dany e você é o...?


- E-eu s-sou Sasuke Uchiha. - pigarreou e apertou a mão da mulher com timidez - Sakura vamos embora.


- Nunca! - deu um tapinha no ombro dele e olhou para a mulher - Releva, é a primeira vez dele.


- É mesmo!? - a tal da Dany ficou extremamente feliz.


- Não.... Obrigado... - segurou Sakura pela mão e tentou puxa-la, mas a Haruno o puxou de volta e entrou na loja - Sakura... Sakura? - chamou sussurrando quando ela entrou e deixou ele plantado na porta com a tal da Dany observando tudo. Ele pigarreou e deu um sorriso sem graça para a mulher - D-desculpe, é que... A Sakura ela... Hun... Bateu com a cabeça hoje e bem... - deu um sorriso sem graça - Depilação... Hehehe... Imagina... Depilação... Eu... Hehehe... - inclinou o corpo - Sakura!?


- Ela não vai te ouvir. - a mulher cruzou os braços com diversão e arqueou as sobrancelhas - A Sakura já foi para o quartinho.


- Quartinho!? - ele esbugalha os olhos para a mulher.


- Sim. Ou você acha que a depilação "a brasileira" é feita em qualquer lugar? - balançou a cabeça e deu a volta no Uchiha, apoiando as mãos nas costas dele e o empurrando para dentro da loja. Ele tropeçou nos próprios pés e entrou na loja e virou com medo quando a porta foi fechada - Então, por onde vamos começar?


- Começar o que!? - Se assustou e cruzou os braços tentando não olhar ao redor.


- Barba, cabelo, bigode ou depilação?


- Isso é sério? - sua voz saiu fina de nervoso. Ele pigarreou e sentiu quando o suor escorreu por sua têmpora.


- Uhum... - a mulher ficou olhando para ele e então passou a língua entre os lábios, se compadecendo do moreno - Vamos começar pelo cabelo, vamos cortar e depois ajeitar essa barba, sim?


- Eu... Eu acho melhor não.. - ele respirou fundo - Nada contra, sabe? Mas já tenho meu cabeleiro e...


- Acha que não sou capaz? - cruzou os braços 


- Quê!? - esbugalha os olhos - E-eu n-não disse isso.


- Ótimo! - bate palmas e começa a caminhar por um corredor - ME SIGA, BONITÃO! - gritou por cima do ombro.


Sasuke fica parado olhando para o corredor que agora estava vazio. Suas mãos suavam, seu peito palpitava. Era isso mesmo? Não conseguia acreditar. Sakura só podia estar de zueira consigo. Derrotado, Sasuke respirou fundo, engoliu em seco e seguiu pelo corredor. Passou pela primeira sala e tinha um monte de mulheres ajeitando as unhas. Ele apressou os passos pelo corredor até que chegou numa segunda sala e haviam várias pessoas ali cortando, pintando, colocando, criando, metamorfando, cabelo. Ele viu Dany acenando próximo a uma cadeira vazia. Engolindo em seco, o Uchiha entrou na sala. Ficou surpreso ao vê que ali haviam mulheres e homens e isso o fez relaxar um pouco mais.


Desconfiado, sentou na cadeira e informou a mulher que queria apenas reduzir os fios, mas que manteria o corte e assim a mulher fez. Se mostrando muito eficiente, ela cortou os cabelos dele, mas manteve o corte com perfeição. Surpreso, ele se sentiu mais confiante quanto ao trabalho da mulher e pediu para ela ajeitar a barba. Também não iria retirar, apenas iria deixar menor e alinhada. Dany sorriu e fez o que ele pediu. Quando ela terminou, ele não estava mais com cara de mendigo, o que foi bom. A mulher ficou surpresa com a beleza que estava escondida debaixo daquele tanto de pelo desalinhado. Aquele homem estava querendo se camuflar?


- Então, vamos à depilação? - arqueou as sobrancelhas.


- Como!? - olhou para ela pelo reflexo do espelho e esbugalhou os olhos.


- Depilação, baby... - apontou para as partes baixas dele - Vamos passar a cera ai.


- Quem? Você? - esbugalhou ainda mais os olhos e balançou a cabeça - Ta doida?


- Fica tranquilo, baby. Já fiz isso várias vezes. - dá uns tapinhas nos ombros dele, puxa o avental que havia colocado sobre os ombros dele para aparar os cabelos e gira a cadeira do moreno, deixando-o livre para levantar - Me siga.


E caminhando graciosamente, ela sai da sala, deixando-o para trás. Sasuke engole em seco várias vezes, coça a nuca, sente a mão ficar gelada. Seguir? Depilar? Com... ela...? Santo Pai! 


- Vai na fé, irmão. A Dany já tá acostumada a ver pinto. - ouviu uma voz vir de trás de si e virou, vendo um homem que ajeitava a barba - Ela nem vai notar você.


- Duvido muito. - murmurou.


Sasuke respirou fundo e deu as costas ao homem. Levantou aflito e começou a caminhar para fora da sala. Ela o esperava no final do corredor pouco iluminado. Ele seguiu pelo corredor e ao passar por uma porta, ouviu claramente a gargalhada de Sakura vir de uma sala e a voz dela falando algo como "adoro isso" e também "pele de bebê". Ele preferiu não querer saber o motivo da conversa e nem estava afim. Todo o seu pensamento estava na situação de que ele teria que tirar a roupa para aquela mulher arrancar seus pelos. Prometeu que aquela seria a primeira e última vez.


Estava morto de vergonha.


Ao chegar ao lado de Dany, ela abriu a porta da sala e indicou que ele entrasse e assim o moreno fez. Olhou ao redor percebendo que havia uma maca alta e acolchoada coberta com um papel, ao lado uma estante com livros, um jaro pequeno com flores, nas paredes alguns quadros, televisão, revistas e um pote ligado na energia. Ele viu dentro daquele pote uma gosma marrom e engoliu em seco.


- Tire a calça, cueca e deite na maca, por favor. - pediu enquanto seguia para um armário no cantinho que ele não havia visto e abriu uma gaveta, pegando luvas e máscara.


- Tirar... tudo? - respirou fundo.


- É amor... - olhou pra ele por cima do ombro e sorriu, voltando a pegar uma espátula e mexer na gosma marrom - Como quer que eu te depile?


- B-b-bom... é que eu... - pigarreou - Digamos que nunca fiz isso... - indica a cera - Nunca depilei.


- QUÊ!? - a mulher olhou pra ele com os olhos esbugalhados.


- Não! Quero dizer... - xingou baixo - Já tirei, mas não assim. - olhou para o lado - Sempre cuidei de tudo sem ajuda... - olhou pra ela e gemeu alto - Dá pra entender?


- Ah... - inclinou a cabeça para o lado - AAAAAAH! - sorriu aliviada - Você nunca depilou na cera ou com alguém te ajudando. Entendi... Nossa que alívio. - leva a mão ao peito, virando e pegando um talco - Pensei que NUNCA tinha tirado nada.


- QUÊ!? - deu dois passos para trás - Tá louca?


- Desculpe, mas do jeito que você falou... - deu de ombros e indicou a maca - Vamos, deite logo, por favor.


- Aí merda... - murmurou.


Estava constrangido ao extremo. Não era dado a se despir na frente das pessoas, principalmente naquela situação. Só tirava tudo na hora do sexo. Não sendo, não costumava mostrar além da cueca. Tudo bem. Era homem. Ela era profissional. Não tinha problema. CLARO QUE TINHA! E se ele ficasse duro? Gente, é normal. Não que ele tivesse qualquer interesse na tal da Dany, mas ele era homem e o pênis é um órgão individual e incoveniente. Ter um pênis é como conviver com um segundo indivíduo, imoral, teimoso, mal educado e cheio de vontade própria. 


Fechou os olhos e decidiu acabar logo com aquilo. Respirou fundo e abriu os olhos. Desafivelou o cinto, abriu a calça e a retirou. Demorou longos segundos para poder tirar a calça. Enquanto ele fazia tudo, a mulher estava ocupada. Sentindo as bochechas esquentarem, Sasuke respirou fundo e baixou a cueca de uma vez só. Com pressa, deitou na maca e pigarreou. Dany virou e quando viu que ele estava pronto, deu um sorriso, puxou um carrinho que tinha o baldinho em cima e pegou um algodão e um frasco.


- Vou limpar, tá? É loção. - indicou o frasco. Sem esperar a autorização dele, ela banhou o algodão e com as mãos vestidas pela luva, começou a limpar toda a virilha dele. Sasuke prendeu a respiração quando ela afastou seu membro para o lado e depois para o outro, passando o algodão com o líquido gelado - Isso aqui usamos para esterelizar a área. Depilação é coisa séria. - conversava naturalmente enquanto fazia aquilo. Sasuke percebeu que ela não olhava diretamente para seu pênis, aquilo o deixou mais confortável. Tentou não pensar no fato de estar pelado e olhou para o teto, tentando se distrair com a iluminação alta - Agora vou passar o talco, ele ajuda na fixação da cera. Não vai repuxar. 


Pegou o frasco e berrubou talco por toda a região que iria depilar. Ela vira, coloca o talco no armario, pega a espátula, pega cera e passa na virilha dele. Sasuke sente a quentura da cera e arqueia as sobrancelhas. Tá, precisava admitir. Até que a cera quente era agradável. A mulher esperou a cera secar e ele fechou os olhos apreciando a cera quentinha na sua virilha.


- Vou puxar. - ela informou.


- Ok. - respondeu relaxado. E então a mulher puxou a cera. Sasuke esbugalhou os olhos, prendeu a respiração, estudou o peito e gritou - AAAAÁAAAAAAAAH.