Projeto Ampulheta - Capítulo 41

O dia avançava e com ele, o envolvimento do casal. Ambos estavam deitados na espreguiçadeira, ela com a cabeça apoiada no peito dele enquanto ele acariciava a barriga dela. A Haruno aproveitou a manhã para contar tudo sobre a gravidez e que não sabia se era menino ou menina. Claro que aquilo deixou o Uchiha intrigado, pois, ele não compreendia como era possível saber o sexo antes do nascimento e tamanho foi a surpresa dele, quando ela tentou explicar como acontecia.


Sasuke ouviu tudo atentamente, desde quando ela descobriu a gravidez até aquela manhã, sobre como ela havia conversado com o bebê sobre a falta que ele fazia. Tocado pela delicadeza da Haruno, o moreno a encheu de beijos e promessas de felicidade eternas. O moreno também contou sobre o tempo em que esteve na sua época. Sobre a falta que ela fazia e sobre como foi a despedida com sua família. 


Enquanto ouvia, Sakura chorava sentindo a dor do amado. Ela não queria que ele ficasse tão distante dos seus parentes, mas seria egoísmo demais de sua parte querer que ele ficasse? Achava que não. Ela agora carregava um filho dele e achava justo ele ficar. Ela nunca pediria pra ele escolher entre a família e ela e seu filho, mas ficou extremamente feliz por ele ter escolhido a ela e seu bebê. Ficou muito feliz. Quando a tarde começou a aparecer, decidiram comer. Juntos, foram para a cozinha e prepararam o almoço, mas claro que o Uchiha reclamava o tempo todo, informando que ela precisava descansar.


O que deixava a Haruno bastante irritada. Ela estava grávida e não doente!


Logo após o almoço, voltaram para a espreguiçadeira novamente e passaram boa parte da tarde lá, até que a Haruno lembrou de algo e seus olhos brilharam diante daquilo. Com um sorriso travesso, ela levantou da espreguiçadeira sob protestos do moreno e ele estreitou os olhos quando viu os olhos verdes olhando-os de forma trelosa.


- O que você está aprontando? - franziu o cenho.


- Quero te mostrar algo. - mexeu o corpo de forma ansiosa, mordiscando o lábio inferior -
Vem. - estendeu uma mão pra ele.


- Huun... - ainda com o cenho franzido, o moreno pegou na mão dela, levantou e a seguiu casa a dentro.


Visivelmente animada, ela o guiou pela escada, depois pelo mezanino, corredor até que chegou em frente ao quarto que era dele e parou com a mão na maçaneta. Girou nos calcanhares e o mirou com uma alegria que não cabia dentro de si o que fez o Uchiha respirar profundamente. Estava tão completo em estar ali que quase não sentia a dor de ter deixado seu irmão, cunhada e sua sobrinha para trás.


Ainda em silêncio e olhando nos olhos negros, ela girou a maçaneta e empurrou levemente a porta, dando um passo para o lado, permitindo-o entrar. E ele o fez. Em silêncio, o moreno adentrou o cômodo que fora seu por quase dois meses e respirou fundo e lento, quando percebeu que estava tudo exatamente do mesmo jeito que havia deixado. Caminhou lentamente pelo ambiente reconhecendo-o novamente. Viu sob um dos criados mudos, um - que agora sabia ser - porta retratos com uma foto dele junto com ela. Viu também sua cartola, viu uma camisa que fora sua sob uma almofada, mas no mais, estava tudo intocado.


Com o peito apertado, ele virou para ela e encontrou a mulher parada na soleira da porta, olhando-o. Não conseguia distinguir o que estava sentindo. Era um misto de dor e paixão que não cabia dentro de si. Ela havia mantido-o ali mesmo quando ele não estava mais presente. Engoliu em seco para tentar fazer o bolo que havia crescido em sua garganta dissolver, mas estava difícil. Viu-a caminhar lentamente em sua direção e quando ela parou próxima à si, sentiu que seu mundo estava prestes a desabar.


- Eu... não tive coragem de mexer em nada. - dá de ombros enquanto olha ao redor, mordiscando o lábio inferior, lembrando dos dias em que passou horas naquele quarto, tentando reviver os momentos com ele, tentando sentir o cheiro dele, tentando lembrar de como era bom estar nos braços dele - Não consegui. - confessou em um último sussurro.


Olhando-a daquele jeito, ele não conseguiu ter uma reação diferente a não ser acabar com a distância que os separavam com duas passadas, tomá-la em seus braços e tomar-lhe os lábios róseos em um beijo profundo, saudoso e dolorido. Céus, como sentia dor por tê-la feito sentir dor. Não queria nunca ter ido embora e deixado-a daquele jeito. Amava tanto aquela mulher que seria capaz de desfazer o mundo e refazê-lo apenas para poder tê-la em seus braços novamente.


E ela ainda carregava um filho seu.


Era possível amar uma pessoa de forma impossível e ainda assim, amá-la duas vezes mais?


No peito dele, sim!


Os braços femininos foram para os ombros masculinos de forma automática e seu corpo se deixou levar quando ele girou no eixo, fazendo-a girar junto e a conduziu de forma delicada até a cama. Deitou-a sobre a cama macia e ainda beijando a Haruno, subiu em cima dela com cuidado, passeando a mão pelo corpo feminino. Sentiu ela suspirar contra seus lábios e com toda a paixão que possuía, afastou minimamente os lábios, apenas para poder olhá-la nos olhos. Sem entender, Sakura o olhou nos olhos também e franziu o cenho, enquanto era encarada pelo moreno.


- Algum problema? - perguntou baixo.


- De forma alguma, Minha Senhora. - murmurou sentindo o corpo esquentar. Como era bom sentir o calor dela novamente - Apenas pensando...


- Em que? - sussurrou e passou as mãos nas costas dele.


- No quanto eu lhe amo. - sussurrou de volta e acariciou o rosto dela com delicadeza - Pensando no quanto estou feliz. No quanto me sinto realizado... - respirou fundo e com suavidade, desenhou a linha do maxilar dela, depois desceu pelo ombro, braço e repousou a mão sobre a barriga - Meu Deus... - sussurrou com os olhos cheios de lágrimas.


- Sasuke... - sussurrou de volta com os olhos cheios de lágrimas.


- Meu amor... - sussurrou de volta, tomando os lábios femininos com fome.


Naquele final de tarde, se amaram como nunca haviam feito antes. Era arrebatador a forma como ela fora tocada, como fora beijada, como fora olhada. O Uchiha era um homem totalmente diferente. Mais carinhoso, mais cuidadoso, mais amoroso. Naquele momento, não houveram palavras ousadas, nem posições mirabolantes, nem força em excesso pelo desejo. Naquele momento, houve apenas o cuidado. Ele a amava e fazia questão de demonstrar isso com ações e palavras. A forma como a amou naquela tarde, exalava cuidado, proteção, carinho, saudade e amor. Nunca, em toda a sua vida, ela havia se sentido tão amada e ele fazia questão de deixar aquilo explícito.


Não se preocuparam com o tempo, nem com qualquer outra questão. Se preocuparam apenas em se amar, em dar amor um ao outro. Com isso, a tarde avançou de forma lenta. Se amaram várias vezes e nem mesmo quando a noite chegou e o estomago apertou eles quiseram parar. O Uchiha desceu até a cozinha, pegou comida e voltou para o quarto onde a Haruno, despida, o esperava para se alimentar e depois, terem mais uma rodada de amor. O bebê, não se mexeu em momento nenhum, respeitando o momento dos pais. Apenas quando Sakura comeu que o neném deu uns chutes como se agradecesse o alimento e depois voltou a ficar quietinho. E assim, quando a noite começou a avançar, eles dormiram ali mesmo, satisfeitos, cansados, mas completos.