Reencontros - Capítulo 19



TIC-TAC



TIC-TAC



TIC-TAC



TIC-TAC



O relógio se arrastava no tempo enquanto ele permanecia sentado, com as pernas entreabertas, os braços apoiados nas coxas, o tronco inclinado para frente, as mãos juntas próximo aos joelhos, a cabeça baixa, um pé batia desenfreado contra o piso de mármore claro. Os cabelos bagunçados, estavam em frente ao rosto e tapando parte dos olhos dele. A barba bagunçada, olheiras adornavam os olhos negros que no momento, estavam nublados. Estavam cansados. Fadigados. 
Exaustos. 


Desde que recebera a ligação sobre a morte do pai, não havia dormido, comido ou descansado de qualquer forma. No momento em que se acalmou, teve que ir para o IML fazer o reconhecimento do corpo, já que Itachi não atendia o telefone. Tempo depois, ele chegou com Naruto e Gaara. Estava arrasado.



A primeira coisa que fez foi correr para os braços do irmão e o abraçou com força, querendo minimizar a dor que ambos sentiam e de alguma forma, aquilo só piorou o que o mais novo sentia. Itachi sofria por um pai que não era o seu. Era difícil para Sasuke saber de algo assim e não poder contar. Estava engasgado, entalado, asfixiando. Iria enlouquecer. Depois disso, Itachi assumiu tudo, preparando o velório, contratando a funerária... Agora eles estavam esperando apenas o corpo ficar pronto para irem para o cemitério.



Não demorou para o IML fazer a liberação do corpo. O caixão foi levado no carro funerário enquanto o mais novo seguia de carro com o mais velho que permanecia em silêncio. Não sentia mais nada, apenas um vazio. Por mais miserável que fosse, Fugaku era seu pai... o único vivo... E agora estava morto. E ele era órfão. Um órfão com dois grandes e sufocantes segredos.


Estava tão perdido nos próprios pensamentos que nem percebeu que haviam chegado no cemitério. Somente quando Itachi cutucou seu braço que ele voltou a realidade. O local calmo e silencioso, estava levemente movimentado por algumas pessoas que já aguardavam o corpo de seu pai.


- Você esta bem? - Itachi perguntou baixo, olhando para o pequeno grupo.


- Não. - sussurrou.


- É... - sussurrou também e destravou o carro, abrindo a porta e saindo.


O mais novo fez o mesmo.


Ele seguiu pelo local, lado a lado com o irmão. Ambos em silêncio. Ambos contemplando aquela sensação horrível mais uma vez. Ambos sabendo que agora só tinham um ao outro no mundo... Ou melhor... ele tinha apenas o irmão. Viu Konan se aproximar à passos rápidos e praticamente se jogar em cima do Itachi, abraçando-o, reconfortando-o, mantendo-o no lugar. Ele envolveu a noiva em um abraço angustiado enquanto Sasuke continuou caminhando.


Precisava continuar.


Precisava seguir.


Precisava ser forte... sozinho.


SO-ZI-NHO.


Ao se aproximar do caixão que já estava posicionado sob um amparo no belo gramado, ele recebeu um abraço do Naruto e outro do Gaara e até mesmo o Neji apertou sua mão. As meninas, Ino, Hinata e Tenten, o abraçaram com mais ternura. Ele recebeu tapinhas nas costas dos amigos de seu pai e viu que ambos estavam arrasados, mas preferiu ignorar. Precisava ignorar tudo.


O primeiro dia do ano começava com o enterro de seu pai e tudo o que ele queria era poder sair dali, sumir. Deixar tudo e todos e ir encher a cara... Mas já fazia um tempo que não bebia. Não queria que ela o visse em desgraça novamente e se bebesse, era muito provável que veria, afinal, as pessoas recorreriam a ela.


Parou ao lado do caixão e Itachi parou ao seu lado, abraçado a Konan. Ela lançou um sorriso singelo ao Sasuke. Ele não a culpou. Konan era tímida e reservada. No pouco tempo que morou com Itachi, percebeu que a cunhada não era dada a muitas palavras, era reservada, mas amava seu irmão. E isso bastava. Fechou os olhos e respirou fundo enquanto um padre se aproximava e fazia o sinal da cruz.


Aquilo era engraçado, pois, seu pai nunca fora tão religioso e pensou se aquilo era realmente necessário. Apostava sua vida como Fugaku estava se revirando no caixão achando tudo aquilo uma perda de tempo. Certamente, o patriarca iria preferir alguma leitura filosófica como "Porque tudo o que é vivo, morre"... Ou algo parecido, mas um padre?

Não havia nada de errado com o padre, nem com o ato, mas aquilo, definitivamente, não fazia parte de quem seu pai era.



Como se concordasse com aquilo, o céu ficou nublado, mas não caiu nenhuma gotinha de chuva. Parecia irônico, já que seu pai amava a chuva. Já ele, preferia o sol. Já fazia muito tempo que sua mãe tinha morrido, mas ainda sentia muita dor pela perda dela, será que seria assim também com seu pai? Será que a pouca presença de Fugaku em sua vida, acarretaria em uma pequena dor?


Rezava para que sim.


Mesmo sendo o pai que foi. Mesmo sendo louco. Mesmo tendo permitido seu envolvimento com sua suposta irmã, ainda assim, o louco era seu pai. O homem que o ensinara muita coisa. A maioria dessas coisas não eram boas, mas as poucas que valiam a pena, eram realmente importantes... E ele levaria isso consigo.


Olhou para o lado e viu Itachi respirar profundamente.


Deus, como ele queria poder arrancar essa dor falsa que seu irmão sentia. Não era justo... E mais... como ele falaria para o irmão que ele chorou a morte de um falso pai? Sabia que pai é quem cria, mas Fugaku nunca foi muito dado a carinho com Itachi e por várias vezes o rapaz perguntou ao mais velho o motivo de ser tão deixado de lado, mas tudo o que o mais velho falava era que ele precisava crescer... E ele cresceu assim.


Isso era péssimo.


Voltou a olhar para o caixão e preferiu não focalizar seus pensamentos no irmão, pois, isso só piorava seu estado. Deixaria isso para depois. Não queria ficar se corroendo ainda mais, entretanto, concentrando-se no enterro, percebeu o quão silencioso estava o local com apenas o religioso falando e o silêncio era o que mais corroía. O fato de as pessoas estarem alí, olhando para o caixão do pai deixava-o em pedaços…


Fechou os olhos e respirou fundo tentando controlar a falta de ar que esmagava os pulmões com violência. Precisava ser forte. Tinha que ser forte! Enquanto ouvia o padre fazer a reza, ele concentrava-se apenas em não desabar. Foi quando sentiu algo tocar suavemente as costas de sua mão. Pensou estar ficando louco, mas então sentiu novamente, dessa vez mais sólido, mais suave, mais gentil… Ele baixou a cabeça ao mesmo tempo em que abria os olhos e via a mão dela envolver a sua com carinho, como se soubesse exatamente o que se passava dentro dele. Os olhos negros subiram lentamente e se depararam com os verdes que estavam sérios, mas que passavam a mesma decisão da mão. Ela estava alí, afinal.



Ele apertou a mão dela dizendo em silêncio que estava grato por tê-la alí, por tê-la segurando-o enquanto ele estava prestes a desabar. O Uchiha voltou a olhar para o caixão, dessa vez se sentindo mais firme, mais resistente, como se o medo estivesse alí, mas ele estava pronto para superá-lo, porque de todas as pessoas ali, ela era a única que sabia exatamente como ele estava se sentindo, porque ele não precisava de palavras de incentivo, nem de tapinhas nas costas nem de nada. Precisava apenas de alguém que segurasse sua mão naquele momento e o mante-se de pé. Exatamente como ela fazia.






Comentários

  1. Foda viu...
    Coitado do Sasu, é uma barra e essa de não falar nada para o Ita lasca mais ainda.
    Só que viado, que final foi esse 😭😭😭😭
    Amei, amei, amei.... Ela entende essa dor dele e sabe q do q ele precisa nesse momento 😭😭😭😭😭😭
    Ah e realmente Fugaku no enterro num ser dirigido por um padre é até cômico rsrsrs

    Aí viado posta logo outro capítulo 😍
    SUPER HIPER MEGA POWER ANSIOSA PELO PRÓXIMO CAPÍTULO POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POSTA LOGOOOOOO OUTRO CAPÍTULO ❣️❣️❣️
    #TheBest
    #NumberOne

    ResponderExcluir
  2. Parece que a vida do Sasuke entrou em um turbilhão de tristeza sem fim... muito triste tudo o que está se passando com ele!! Não poder contar para o Itachi que ele não é filho do Fugaku e permanecer com a dúvida se Sakura é ou não sua irmã, parece corroera ainda mais o Sasuke...

    Aiiii, a Sakura chegando e sendo exatamente o que o Sasuke precisava foi tão intenso... tão forte... tão perfeito!!!!

    Continuaaaaaaaaaaaaaa

    Bella

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Fugitivos - Capitulo Quinze

Fugitivos - Capitulo Onze

Fugitivos - Capitulo Treze