Projeto Ampulheta - Capítulo 36



- SHIKAAAAAAAAAAAAAA... - gritou da sala e viu quando o moreno apareceu correndo, derrubando tudo pelo caminho.


- O QUE FOI? O QUE FOI? VAI NASCER? - gritou desesperado, parando em frente a ela e analisando a barriga como se a qualquer momento o bebê fosse sair rasgando a Haruno ao meio.


- Não, seu idiota! - sorriu e fez cara de inocente - É que eu queria água. - piscou os cílios com delicadeza.


O Nara parou o que estava fazendo e olhou para a mulher. Sério. Concentrado. Ele havia entendido bem? A Haruno havia dado aquele grito apenas porque estava com sede? Sério isso? Ele ficou ereto e respirou fundo algumas vezes tentando se controlar. Certo. Tudo bem... Ela estava grávida. Controle-se Shikamaru Nara...


- Sasa, meu amor, minha paixão, minha vida... - falou baixo.


- Hun? - arqueou as sobrancelhas, dando um pequeno sorriso.


- Eu quase tenho um infarto achando que o bebê ia nascer agora, e tudo isso APENAS porque você está com sede? - segurou o rosto dela entre as mãos - Sério?


- Não é SÓ sede, Shimakaru Nara. É desejo! - segurou o rosto dele entre as mãos também - E se você não me trouxer, vai pegar um terçol. - respirou profundamente.


- Está me ameaçando, Sakura Haruno? - estreitou os olhos - Praga de grávida?


- De forma alguma. - balançou a cabeça.


- Foi o que pareceu. - estreitou os olhos também - Acho que você anda se aproveitando da gravidez...


- Aaaah... que maldade, Nara. - fez bico, se aconchegando no sofá e mexendo nos dedos com "displicência" - Não precisa ir pegar... Deixa pra lá... - deu de ombros novamente e o Nara estreitou os olhos. Já conhecia aquele bico e aquela chantagem - Pode voltar ao seu "serviço super importante"...


- Hun... - cruzou os braços.


- Hun... - imitou e suspirou - Como eu queria o Narutinho aqui... ou o Kiba... Eles com certeza trariam água pra mim com muito amor... - olhou rápido para o Nara e suspirou novamente - Amizade verdadeira, sabe?


- Sei... - arqueou as sobrancelhas se controlando para não rir - E o que mais eles fariam?


- Me fariam uma massagem nos pés de monstro que eu estou... Também me trariam algo gostoso para comer...


- Você está muito manhosa, Dona Sakura. - resmungou sorrindo e foi pegar a água.


- Também te amo! - sorrindo, ela olhou para o teto enquanto ouvia o amigo ir até a cozinha e pegar água.


O Nara havia ido logo cedo na casa dela para levar uns móveis do quarto do bebê. Ela havia comprado o berço e o guarda roupas, mas ele precisava ir trabalhar, por isso, a montagem ficaria para depois. Enquanto olhava o amigo pegar a água, a Haruno se pegou pensando no que o Uchiha estaria fazendo naquele momento. Inconscientemente, ela levou as mãos a barriga e acariciou suavemente. 


Como queria que fosse ele ali.


Sentia tanta falta dele que a médica havia alertado sobre uma possível depressão pós parto, mas o que a obstetra não entendia era que ela estava com saudades e não com depressão. Passava horas do dia chorando e até mesmo, em alguns momentos, chorava tanto no trabalho que até o Kabuto sentia pena dela e a liberava.


Estava tão perdida nos próprios pensamentos que nem percebeu quando o Nara se aproximou e se abaixou em frente a ela. Só quando ele tocou no rosto feminino que ela voltou a realidade e o viu ali, com o cenho franzido, olhando-a preocupado. Ela sentiu o polegar dele deslizar por sua bochecha enxugando as lágrimas que caíam. Quando ela havia começado a chorar?


- Como eu queria poder arrancar essa dor de você. - sussurrou.


- Eu sei... - sussurrou de volta e fungou-  Mas ela é o que o torna real para mim, Shika.


- Isso te faz mal. - murmurou colocando o copo de lado e sentando no sofá enquanto a puxava para si e ela se aninhava nos braços dele.


- Não faz. - murmurou também se aconchegando mais nele - Ela, de certa forma, torna ele presente.


- Eu não compreendo, Sakura. - afagou os cabelos dela, olhando para o porta retratos que havia em cima de um criado mudo. Na foto, aparecia a Haruno ao lado de um moreno sério, mas apesar da foto "séria" ele parecia feliz... E sua amiga estava radiante - Você diz que ele te ama e você... meu Deus, você está sofrendo demais... Porque não estão juntos!?


- Só... não dá. - piscou e lágrimas grossas caíram - Mas isso é torturante.


- Estão todos preocupados. - dá um beijo no topo da cabeça dela e faz um carinho no braço da Haruno - Ninguém quer te deixar sozinha porque tem medo que algo aconteça.


- Não vai acontecer nada. - tentou despreocupar o Nara.


- Sério isso? - virou a cabeça, olhando-a nos olhos - Quando não está dando trabalho você está chorando, quando não está chorando você está desesperada.


- Não é pra tanto. - desviou o olhar.


- Não!? - segurou no queixo dela e virou o rosto da Haruno para si, fazendo-a olhá-lo nos olhos - Mês passado você surtou na rua dizendo que havia visto o tal Sasuke, perseguiu um desconhecido pela rua feito uma louca e quase fora atropelada, para no final das contas, descobrir que não era ele. A quinze dias atrás você enlouqueceu aqui com a Ino apenas porque ela sugeriu entrar no quarto onde o cara dormiu... E olha que ela APENAS queria te ajudar a limpar o local... Semana passada estávamos todos bem, comemorando o aniversário do Kiba quando no meio dos parabéns você desatou a chorar e só parou quase três hora depois quando ligamos para sua médica e ela receitou um calmante para você. Isso sem falar nas horas que você DO NADA começa a chorar sem nem perceber. - respirou fundo - Até a assistência social está de olho em você, Sakura... Seu histórico de vida não favorece em nada nesse seu comportamento.


- Eu sinto muito. - sussurrou baixando a cabeça e sentindo mais lágrimas caírem - Eu não queria assustar vocês...


- Meu anjo. - abraçou a amiga e afagou os cabelos dela novamente, dando vários beijos pelo topo da cabeça dela - Nos preocupamos com você porque te amamos. - beijou a cabeça e sussurrou no ouvido dela - Itsumo.


- Itsumo. - sussurrou de volta escondendo o rosto na curva do pescoço dele.


- Boba. - sorriu de leve e afagou as costas dela.


- Mas eu tô bem, Shika... Só sinto falta dele... Muita falta. - ergueu os olhos, olhando-o nos olhos - Não vou me matar ou tentar matar meu bebê... Não seria capaz de acabar com a única parte dele que ficou comigo.


- Tudo bem. - suspirou e deu um beijo na ponta do nariz dela - Tudo bem, meu anjo. Vai ficar tudo bem.


Ela não respondeu nada, apenas se permitiu ficar apoiada no amigo enquanto continuava chorando. Será que ninguém compreendia que ela sentia saudades? Que a dor que sentia era de amar, ser amada e não poder viver isso? Como era complicado. Não iria permitir que ninguém tirasse de si seu bebê. A única parte que havia ficado dele consigo. Não iria. Não aceitaria.


~1798~


Quatro meses e cinco dias.


Era exatamente esse o tempo que se passara desde que voltei para meu século, para minha casa, para minha família, para minha vida... Minha... Minha... Minha... Essa palavra nunca perdera tanto o sentido quando usada dessa forma. Para mim, ela só fazia sentido quando era proferida seguida do nome da mulher de cabelos róseos e olhos verdes, grandes e brilhantes.


Minha Sakura.


Minha bela, adorada, desmiolada, desbocada, Sakura Haruno... Nunca em toda a minha vida pensei sentir o que senti desde que a havia conhecido. Uma explosão de sentimentos e vivências que nem mil anos serão capazes de me fazer esquecer o curto tempo que passamos juntos. Lembro-me perfeitamente do momento em que a conheci, quando abriu a tampa daquela máquina e me olhou com os olhos esbugalhados diante de tal ato. A máquina funcionou e me levou para você. Me levou para seu mundo, para sua vida, para seus braços.


O melhor lugar que fui capaz de conhecer e estar.


Todas as minhas crenças, costumes e verdades ela derrubou como se não fossem nada, com ações, palavras e com sua teimosia insuperável. E como eu adorava vê-la fazendo birra, quando cruzava os braços e fazia um bico inconsciente, ou até mesmo quando perdia o controle e saia gritando palavras inadequadas pelos quatro cantos da casa. Era tudo o que eu não esperava de uma dama, mas incrivelmente aquilo me encantou.


Agora, enquanto olho da janela de meu quarto o vasto campo da propriedade de minha família, com o sol batendo nas gotas de orvalho que banhavam a grama, sentia meu peito vazio. Nunca em toda a minha vida eu me senti tão fora de mim, como se não pertencesse a essa casa, a esse mundo, a essa vida, porque minha vida estava há anos longe de mim, meu coração, meu amor...


Quando imaginei que proferia tais palavras? Logo eu, que até lhe conhecer pretendia casar apenas por posição politica e social, mas que agora, profiro a palavra “amor” com uma certeza tão grande que chega a me sufocar, porque eu te amei tão intensamente quando estive com você que mesmo aqui, longe, depois desse tempo, continuo amando-a desesperadamente. Sinto-me péssimo, perdido, um traidor por não ter te dito tudo isso. Por não ter te colocado em meu colo e enquanto te beijava falar que te amava a cada respirar, mas eu não podia... Eu não conseguiria... Deveria ser justo para com você, porque eu precisava voltar para cá, e você sabia disso, e por mais que eu precisasse, eu não queria voltar para meu século. Eu queria poder estar de volta em seus braços, sentindo seu cheiro e todas as sensações que seu corpo, sua presença e seu coração são capazes de me proporcionar.


Devo dizer-lhe, Minha Sakura, que cada dia para mim tem se tornado tão lento e insuportável que todos já notaram meu desânimo. Meu irmão diz que fui um idiota em voltar para cá, segundo ele, devemos ficar onde nosso coração está, mas como explicar para ele que eu tinha coisas aqui para acertar e também como explicar que eu precisava voltar porque minha ida para seu tempo foi um erro?


Um maravilhoso erro.


Com um suspiro cansado, retiro a toalha de minha cintura e jogo-a sobre a cama. Lentamente, visto minhas roupas (as boas e velhas roupas do meu tempo), e nem mesmo elas me parecem pertencer mais. As vezes me sinto sufocado por vestir tantas roupas... Quanta ironia. Vou até a penteadeira e penteio meus cabelos deixando-os alinhados, ajeito meu paletó e finalmente saio do quarto. O corredor comprido, de piso de madeira e teto alto era tão familiar e tão estranho ao mesmo tempo... Quando chego no inicio da escada, escuto um gritinho agudo e alto que me faz abrir um sorriso (um dos poucos que tenho dado). Minha Mei. Minha linda princesinha que havia crescido tanto nesse pouco tempo que estive fora.


Ao descer as escadas, vejo-a rodopiando pela sala com seu vestido rosa esvoaçante, enquanto ergue a boneca à cima da cabeça sob os olhares atentos de minha cunhada, Konan e da governanta, Chiyo que sorria diante da brincadeira da baixinha. Quando me vê, a Mei esbugalha os olhos e abre um sorriso lindo – e banguela – para mim.


- Tiooo... – ela corre rápido e abre os braços enquanto se joga em cima de mim.


- Olá, princesinha. – pego-a no ar antes que ela caia – Bom dia.


- Bom dia. – ela me dá um beijo estalado na bochecha e me mostra a boneca – A Lua está lhe desejando bom dia também.


- Bom dia, Senhorita Lua. – faço uma mesura com a cabeça para a boneca. Olho para as mulheres que nos assistiam – Bom dia Konan, Senhora Chiyo.


- Bom dia Senhor Uchiha. – a idosa foi a primeira a cumprimentar.


- Bom dia, Sasuke. – Konan me dirigiu um sorriso terno.


- Onde está o Itachi? – caminho pela sala ainda carregando a Mei.


- Papai foi olhar o Tornado. Ele disse que você anda muito desatento com o bicho. – Mei entrega fazendo uma cara engraçada.


- Ora... Então seu pai anda me difamando? – arqueio as sobrancelhas olhando-a curioso.


- Uhum. – balança a cabeça de forma positiva fazendo os cachos negros balançarem no ar. - E ele também falou alguma coisa que Mei não conseguiu ouvir porque papai tapou os ouvidos da Mei. - a menina continua entregando o pai. Um costume (que eu não sei explicar como, mas que ela aderiu ) era tratar a sí mesma na segunda pessoa.


- Mei! – Konan censura – Veja bem, cunhado, seu irmão apenas está preocupado com você... E com o Tornado. - se prontifica em proteger o marido.


- Senhor Uchiha. Seu irmão pediu para lhe informar que a carruagem para hoje a noite estará sob seus cuidados. O Ichiraku já veio aqui para saber qual irá usar, mas como o Senhor não havia descido de seus aposentos pedi para que retornasse depois.


- Hun... – resmungo enquanto desço a Mei de meus braços e ela sai saltitando na direção da mãe- O Itachi e essa insistência em me fazer ir a esse baile, mas tudo bem. - coço brevemente a nuca enquanto escuto passos soar na porta. Viro e dou de cara com meu irmão.


- Bom dia, irmãozinho. - um sorriso cínico surge na boca dele.


- Bom dia, Itachi. - estreito os olhos para o mesmo. Ele percebe minha “raiva” e respira fundo.


- A Mei já foi me entregar, não é? - franzi o cenho.


- Ela foi uma mocinha muito inteligente que seguiu a educação que teve de nunca mentir nem esconder nada da família. - defendo minha princesinha.


- Hun… - o Itachi olha para a menina que brincava distraída com a boneca - Ela deveria ficar ao lado do pai. - resmunga.


- Ela sabe ao lado de quem deve ficar, Itachi. - dou as costas para ele e sigo rumo à sala de jantar - Vou fazer meu dejejum.


Assim que chego na sala de jantar me deparo com a mesa farta de delícias feitas pela Chiyo. Estar aqui era acolhedor, aconchegante, mas agora era vazio. Sento à mesa, na ponta e começo a comer. Até esse simples ato era angustiante, como estar comendo água, ou até mesmo vento. Não havia mais a graça de comer ouvindo histórias e mais histórias, ou as gargalhadas extremamente deselegantes para o horário, mas que ecoavam por meu cérebro e se firmavam em meu coração me causando um sentimento de paz. Ainda agora, quando fecho os olhos, sou capaz de imaginá-la sentada à minha frente, com seus cabelos bagunçados, mas presos de forma sutil, com sua camisola de seda, uma perna dobrada na cadeira enquanto bebe com muito gosto seu café. Posso imaginá-la me olhando com aqueles olhos verdes intrigados, mas felizes por me ter ali. Posso imaginá-la baixando a xícara e arqueando as sobrancelhas enquanto pega uma torta, morde um pedaço e como uma menina, arranca um outro pedaço e joga em mim, me fazendo franzir o cenho chateado por tê-la me importunando.


Inconscientemente, dou um sorriso nasalado e abro os olhos, me deparando apenas com a cadeira vazia, e a pouca fome que possuo vai embora. Um bolo se forma em minha garganta e deixo as mãos cairem sobre a mesa, soltando um suspiro alto e pesado, sentindo meus olhos embaçarem.




Comentários

  1. To morrendo de tristeza com esses dois.... sakura devia ir atrás dele

    ResponderExcluir
  2. Meus olhos embaçarem... É assim q meus olhos tbm estão Sasu 😭😭😭😭😭
    Ele não vai aguentar gnt 😭😭😭😭
    Num pode isso acontecer 😭😭😭
    E esse Shikamaru Nara tá cm mts liberdades, tô gostando não 💔
    Aí Bruna é sério 💔😭
    Sasu tem q voltar, assim não dar, ele q tinha q tá com a Sasa nesse momento não esse safado do Shikamaru Nara 💔

    SUPER HIPER MEGA POWER ANSIOSA PELO PRÓXIMO CAPÍTULO POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOR POSTA LOGOOOOOO OUTRO CAPÍTULO
    #TheBest
    #NumberOne
    😭💔

    ResponderExcluir
  3. puta que pariu isso heim...
    quero meu Sasuke alegre tá sofrendo tadinho ele tem uma filha que não pode ficar longe de pai....
    fala eles ficarem juntos de novo ..
    SasuSaku na veia...
    😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍
    por favor....estou chorando. .
    vou entrar em depressão junto.....
    tu é mto malvada Bruna....RS....
    amolece esse core muié

    ResponderExcluir
  4. Sério,por favor essa situação tá bad demais eu necessito dos dois juntos

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Fugitivos - Capitulo Quinze

Fugitivos - Capitulo Onze

Fugitivos - Capitulo Treze