Reencontros - Capítulo 4

Enquanto o professor falava, eu ía prestando total atenção enquanto o pequeno gravador fazia seu incansável trabalho. Ele passa mais um slide, dessa vez, mostrando um bebê em posição fetal cefálica de face. Ele falava sobre o risco do parto normal e que a cesariana seria o modo correto. Que daquele jeito, o bebê morreria, e então ele mostrou no outro slide o que aconteceria com o bebê caso tentasse o parto normal e não foi nada legal de se vê. Senti meu celular vibrar no bolso da calça e olhei na tela vendo uma chamada da Hinata.

Com um suspiro, cliquei em “rejeitar” e voltei minha atenção para a aula. Infelizmente, eu precisava me concentrar nela para depois me preocupar com a situação Ino/Gaara. Guardo o celular novamente e volto minha atenção para a aula que já estava chegando o fim. O professor passava um trabalho em grupo para a próxima aula (que seria daqui há cinco dias) sobre partos cefálicos de face. Ele faz as considerações finais e finalmente a aula chega ao fim.

Guardo meu material e um burburinho toma conta da sala enquanto os alunos também se preparam para sair. Vejo a Shion se aproximar, ela havia sentado do outro lado da sala e a Tenten entra feito uma bala na sala, ofegando.

- Menina pelo amor de Santo Odin!

- O que houve? – Jogo a mochila nas costas.

- A Ino tá desesperada no telefone e a Hinata tá pior.

- Quem morreu? – Shion pergunta. – joga a mochila nas costas também.

- O Gaara não acreditou.

- O quê? – paro na mesma hora o que estava fazendo e olho para a Tenten.

- Eu não falei com a Ino porque ela só faz chorar, na verdade foi a Hinata quem me contou. Ela disse que o Gaara falou “vá procurar o pai do seu filho que certamente não sou eu.”

- Aquele desgraçado não falou isso. – Shion murmurou incrédula.

- Falou.

- E vai se arrepender por isso.

- Saky, o que...

A Tenten tenta falar, mas eu apenas ignoro. Pego meu gravador que estava em cima da mesa e coloco dentro do bolso do jeans. Saio da sala a todo o vapor enquanto caminho rumo ao lado de fora do prédio de medicina. Estava caindo um a leve garoa e eu subo o capuz do meu blusão, aproveito e fecho o zíper também para conter o frio. Começo a caminhar ainda mais rápido sentindo o sangue ferver dentro de mim.

Tudo bem ele não querer ficar com ela.

Tudo bem ele estar chateado com ela.

Agora duvidar da honestidade de minha amiga... Aaaaah, mas isso ele não vai fazer e ficar por isso mesmo. Não, não.

Em poucos minutos chego no estacionamento do dormitório e destravo o alarme do meu carro, abro a porta e jogo a mochila no banco do carona. Entro e fecho a porta, coloco o cinto e já coloco a chave na ignição ligando o carro. Engato a ré com raiva e ativo o viva voz do celular, dirigindo para fora do estacionamento.

- Ok. Buscar Hinata. – o celular processa um pouco e então mostra o número da Hina na tela – Ligar.

Enquanto sigo dirigindo para fora do campus, escuto o som da chamada. Toca exatamente quatro vezes, até que a pessoa atende e a primeira coisa que escuto é um soluço de choro.

- Saky? – Hinata atende agoniada.

- Onde vocês estão? – dobro em uma esquina, aproveitando o sinal verde.

- No dormitório. Por quê? – Escuto o barulho de algo caindo.

- Estou indo ai pegar o exame.

- Como?

- Estou indo pegar o exame. Desce com o ele.

- Para que?

-  Apenas desce, Hinata. Tchau!

Enfio o dedo na tela do celular desligando a ligação. Paro em um sinal e fico batucando os dedos no volante novamente. A garoa agora era uma chuva fraca. Tudo o que me faltava agora era essa chuva ficar ainda mais forte. Vejo o sinal abrir e volto a dirigir já vendo o campus em que elas estudavam. Entro na parte dos dormitórios e sigo dirigindo agradecendo aos céus por ser horário de aula e os alunos estarem em sala. Espero ao menos que a Shion faça o favor de anotar a matéria para mim. Paro na porta do dormitório das meninas e vejo a Hina sair correndo de lá se protegendo com um blusão.

- Sakura, o que você vai fazer com isso? – Pergunta quando baixo o vidro da janela do carro e ela me estende o papel do exame.

- Vou fazer o Gaara engolir isso aqui.

- Ele não vai digerir isso. A Ino tentou. – Se abraça.

- Então vou enfiar goela abaixo!

- SAKURA! – grita, mas já era tarde. Subo os vidros novamente, dando a ré e arrancando dalí.

Ok. Exame nas mãos, nervos à flor da pele. Frio torrencial. Chuva ficando mais forte. Tudo o que eu precisava agora era de um Gaara bem na minha frente para eu descontar toda a minha raiva. Destravo o celular novamente e ativo o comando de voz.

- Ok. Buscar Naruto. – mais uma vez o celular processa e então aparece o número dele – Ligar. – dessa vez chama por sete vezes até que uma voz incrédula e grave surge do outro lado.

- S-Sa-Sakura!?

- Onde encontro o Gaara? – dirijo rumo ao dormitório masculino. Eu nunca tinha estado por aquelas bandas, mas o mapeamento era igual ao meu campus e seguindo isso eu dirigia.

- Quê? – sua voz sobe ¼.

- Onde encontro o Gaara?

- Ele está na piscina.

- Onde fica?

- Sakura, o que está acontecendo?

- CARAMBA NARUTO, ONDE FICA A PORCARIA DA PISCINA?

- Fica no prédio de Gestão de Qualidade. O que está acont...

A voz dele se perde quando desligo a ligação novamente e então vejo um grupinho de garotos conversando sob uma marquise. Paro o carro, e baixo o vidro sentindo as gotas da chuva em mim.

- Bom dia, meninos. Onde fica o prédio de Gestão de Qualidade?

- Gestão... Você vai pegar aqui à direita. Ele é o terceiro prédio à sua direita. – um loiro responde.

- Valeu.

Subo o vidro novamente, voltando a dirigir. Seguindo as orientações dele, chego rápido no tal prédio de G.Q. Estaciono o carro, pego o exame e dobro ele em duas partes, coloco no bolso do blusão e me abraço, subindo o capuz do mesmo. Desligo o carro, saio dele e ativo o alarme. Caminho à passos largos entrando no prédio e quando eu ía perguntar a um garoto onde ficavam as piscinas vejo uma placa informativa com uma seta. Odin não estava brincando em serviço. Vou seguindo as setas enquanto aproveito e baixo o capuz. Dobro em um corredor recebendo olhares curiosos. Provavelmente estavam todos se perguntando quem eu era e o que fazia alí tão desesperada.