Reencontros - Capítulo 3

As meninas me olhavam como se eu tivesse anunciado a explosão de uma bomba nuclear. Ok. Era quase isso, mas enfim... Precisávamos contar para a Ino. Coloco o celular no bolso da calça e passo as mãos nos cabelos respirando fundo, deslizo as mãos por meu rosto e apoio os cotovelos na mesa.

- Ferrou. – cruzo os dedos e apoio o queixo as mãos.

- A Ino vai pirar.

- Ela já deve estar maluca. Cara, um filho nessa época da vida é tipo...

- Tipo o fim da carreira! – Tenten começa a pirar.

- Já chega! – levanto, pegando meu suco e minha mochila.

- Ei, aonde você vai? – Shion levanta também pegando algumas batatas fritas e comendo.

- Nós vamos. Temos aula agora. Depois da aula vamos contar para ela.

- Olha, não quero ser tipo, ruim, mas...

- Você vai, Dona Mitsashi! – olho para a Tenten – E você nem faça essa cara de enterro. Coloca um sorriso na cara. Se você chegar perto da Ino com essa cara é bem capaz de ela pensar que está morrendo.

- Ela não, mas a carreira sim. – Tenten levanta pegando o suco.

- Ela não precisa desistir da carreira. Não mesmo. – Começo a caminhar rumo o prédio de medicina.

- Então você acha que ela vai ter tempo de cuidar de um bebê e estudar.

- Ela pode trancar um período apenas e depois intercalar com o Gaara. – dou de ombros.

- Ele não vai aceitar isso. Só acho. – Shion murmura.

- Ele não tem querer. – Tenten sorri de um jeito maléfico.

- Exato. – pisco marota concordando.

Seguimos para a aula e devo dizer que foi como seguir para uma sessão de tortura. Mapeamento genético não era de forma alguma minha praia, mas era uma cadeira que tínhamos que pagar e eu simplesmente odiava. Como nem tudo são flores na vida, essa era a parte “cravo” da minha. Após o fim da aula – que durou um século- seguimos para o dormitório, tomamos um banho, imprimi o resultado e no carro da Shion, seguimos para o campus em que as meninas moravam.

O percurso durou em torno de quinze minutos e o dormitório era bem parecido com o nosso na verdade, não sendo pelo fato de alí ter umas meninas do lado de fora dançando... acho que estavam ensaiando para algo. Aquilo me causou um ar saudoso demais. Ela estacionou e descemos do carro. O ar estava mais frio que o normal o que significava que o inverno estava se aproximando. Coloquei as mãos nos bolsos da calça e seguimos para dentro do dormitório. Seguindo as informações da Hinata, o quarto delas era o último ao lado direito do último andar.

Subimos os cinco lances de escada e finalmente chegamos no extenso corredor bem iluminado – e barulhento também-. Algumas alunas nos olhavam de cima à baixo se perguntando o que fazíamos alí, porque claro, algumas provavelmente conheciam a Tenten e nenhuma – certamente – me conheciam. Já a Shion é algo que não sei dizer muito bem. Quando finalmente chegamos em frente ao quarto delas, demos duas batidas e a Ino atendeu. Estava vestindo um pijama e os cabelos em um rabo de cavalo.

Entramos e ela fechou a porta, a Hina estava sentada em cima da cama também de pijama com os cabelos em um cóque. Sentamos na cama da Ino e ela sentou ao lado da Hinata. Os olhos azuis estavam trêmulos e eu estendi o papel com o resultado. Suas mãos pegaram o papel como se pesassem uma tonelada e quando ela viu o resultado, levou uma mão à boca e uma lágrima escorreu silenciosa por seu rosto.

- Ino... – Hinata sussurrou pegando o papel e colocando em cima do criado enquanto a loira dava um soluço sôfrego.

- Ai meu Deus! – levantou com os olhos já vermelhos -  Um filho... Um filho! Que... DROGA! – sentou na cadeira da mesinha de estudos. O quarto delas era bem parecido com o meu. – Não acredito. – murmurou enquanto escondia o rosto nas mãos.

- Você precisa falar pra ele.- Tenten lembrou.

- Ele não vai acreditar.

- Você tem que falar. O filho é dele, não é? – Shion perguntou.

- Claro que é! – choramingou.

- Então pronto. – ela dá de ombros.

- A Shion tem razão. Ele tem que assumir.

- Olha só. – levanto e vou até a Ino me ajoelhando à sua frente e segurando suas mãos- Vocês terminaram a pouco tempo, você apenas beijou uma vez aquele garoto. O Gaara não pode nem sonhar em dizer que esse filho não é dele porque se ele fizer isso eu vou matá-lo! Você vai conversar com ele amanhã mesmo. Vamos, liga pra ele.

- M-mas... – me olha assustada.

- Agora, Ino!

- T-tá... – sussurra e então pega o telefone que a Tenten já oferecia. Ela digita o número do Gaara e coloca no ouvido. Demora um pouco até que pela expressão parece que ele atende- Oi... Ah... Eu queria falar com você... – a voz dela estava trêmula e baixa demais – Gaara por favor... Gaara... – os olhos dela ficam cheios de lágrimas novamente – Gaara... por favor... – ela fica em silêncio um tempo e eu percebo que era porque ele também estava em silêncio e então ela balança a cabeça de forma positiva – Ok. Amanhã ás 08:00. Tchau. – E então desliga.

- Iaê?

- Claro que ele não queria, mas no fim aceitou. Amanhã ás 08:00 na lanchonete.

- Então pronto. Amanhã você vai lá e conversa direitinho. Explica tudo o que aconteceu para ele.

- Ele não vai me ouvir.

- Que se dane! Olha só, você vai contar. Ele não é obrigado a voltar com você, mas o filho é dele e esse filho ele vai ter que assumir. – levanto.

- A Saky tem razão. – Tenten afirma.

- Tudo bem então. Amanhã eu vou. – respira fundo e olha para todas – Ai Deus... Um filho... – esconde o rosto nas mãos novamente e volta a chorar.

- Eu acho melhor você deixar pra chorar quando começar a pensar no gasto financeiro. Porque vai ser grande...

- SAKURA! – Shion, Tenten e Hinata me repreendem.

- Mas gente... – tento me defender – Ok. Vamos fazer o seguinte. Você precisa começar o pré-natal e tudo o mais. A partir de agora não vai pensar individual e sim em dupla então trate de se alimentar direitinho, tá legal? – coloco as mãos na cintura.

- Uhum. – enxuga o rosto com as mãos.

- Olha só... – vou até a mesinha e pego um caderninho e uma caneta – Vou escrever aqui alimentação prévia tá bem? Sua vida vai seguir normal, Ino. Você está grávida e não doente, então pode viver normal, mas sem exageros. Sem bebida. – vou falando enquanto escrevo uma alimentação balanceada – e é bom você rever seus exercícios na academia, caso ainda frequente.

- Eu frequento sim.

- Então fale com o personal. No mais, é só isso. – entrego o caderno para ela.

- Quer ser minha obstetra? – sorri.

- Não posso ainda. – sorrio. – Mas vou te acompanhar. Prometo.

- Obrigada. – levanta e me abraça.

- Imagina. – correspondo ao abraço e então nos afastamos e eu olho para a Hina – sua tarefa é garantir que ela vai se comportar.

- Pode deixar, capitã. – bate continência.

- Ótimo. Então estamos acertadas. Amanhã você vai falar com ele e nos conta como foi.

Depois de ficar tudo acertado, ficamos jogando conversa fora para tentar tranquilizar a Ino. Ela não chorou mais em nenhum momento, o que foi muito bom e focou em tudo o que era preciso fazer. Sem falar que ela surtou quando se tocou que teria que contar aos pais. Ela praticamente arrancou todos os fios loiros, mas ainda bem, AINDA BEM, que ela tem muito cabelo. Depois de horas de papo, voltamos para nosso dormitório e eu pude finalmente dormir na santa paz do mundo dos sonhos.