Gypsy - Fagulha 5





Caminhou por vários corredores até que pararam em frente a uma enorme porta de madeira bem talhada. A tal Tsunade parou em frente a porta olhando-a. A mulher olhou a cigana de cima a baixo, provavelmente achando estranho o fato de ela ainda estar com o lenço sobre o rosto escondendo-se, mas não a julgava, a menina havia sido "raptada" e agora era mandada para um destino do qual, provavelmente, não iria gostar. Com ambas as mãos, a mulher abriu a grande porta de madeira que cedeu com um pequeno rangido e revelou seu interior.


A primeira coisa que a jovem cigana fez foi prender a respiração mediante aquele enorme quarto com seus tons que variavam entre o vermelho e o laranja, mas estonteantemente belo. Ali dentro haviam várias garotas, algumas vestidas, outras seminuas e outras totalmente nuas. A mulher meneou a cabeça para que a jovem entrasse no quarto e ela entrou. Um pé, depois o outro, sob os olhos atentos de todas as garotas. Sentia-se tímida, reclusa, nunca havia visto uma mulher nua a não ser ela mesma, mas ali todas pareciam bem confortáveis. Ouviu a porta ser fechada e olhou para trás, assustada. A mais velha indicou o centro do quarto e a jovem cigana caminhou até lá enquanto as outras meninas se aproximavam formando um círculo em volta dela.


- Meninas... - começou seu discurso - Essa jovem é uma cigana que a partir de agora ficará aqui com vocês.


- Uma cigana? - uma ruiva arqueou as sobrancelhas. Ela estava vestindo uma calcinha e um sutiã, mas possuía um vestido nas mãos, provavelmente estava se vestindo quando a cigana chegou.


- Você é virgem? - uma morena perguntou se aproximando. Ela era uma das que estavam totalmente nua.


- Dizem que ciganas se guardam... Você se guardou para alguém? - uma outra morena pergunta.


- Já chega de perguntas. - Tsunade cortou vendo que a cigana havia esbugalhado os olhos - Ela foi escolhida pelo Senhor Itachi e será como uma de vocês... Ino? - olhou ao redor até que uma loira apareceu. Ela vestia uma linda túnica enquanto penteava os cabelos - O Senhor Uchiha pediu para você ensinar tudo para essa jovem.


- Por que ele sempre me dá as tarefas mais difíceis, hein? - fez bico se aproximando da cigana.


- Porque ele confia em você. - Tsunade sorriu - Agora cuide bem dela. Enquanto isso, todas vocês se preparem, hoje a noite teremos festa.


Um alvoroço se formou diante da palavra "festa". Tsunade foi embora deixando todas ali dentro. Ino olhou a cigana de cima a baixo de forma lenta. Não dava para saber muita coisa com aquela garota toda coberta, mas conseguia compreender porque seu Senhor havia escolhido ela. Seus olhos eram hipnotizantes demais, do tipo que prende, que chama, que envolve. Eram olhos que possuíam chamas flamejantes e encantadoras. Com um aceno de mão, a loira chamou a rosada até um canto do quarto onde havia uma cama vaga e ao parar ao lado da mesma, a loira apontou para a cama, soltando um suspiro.


- Essa cama está vaga. Será sua. Sou Ino Yamanaka. - deu de ombros - E você?


A jovem cigana olhou para a cama e para a loira umas três vezes até que suspirou. Não adiantava resistir, afinal. Enquanto estivesse ali precisava "dançar conforme a música" ou ao menos iria fingir isso até arrumar um jeito de fugir. Mordiscando o lábio inferior, a cigana respirou enchendo o peito de coragem.


- Sakura Haruno. - respondeu baixo.


- Sakura... Você tem nome de flor. - arqueou uma sobrancelha.


- Mas sou filha do fogo. - respondeu orgulhosa erguendo o queixo.


- E o que isso significa? - de repente, Ino sentiu-se curiosa e se aproximou um pouco mais da cigana.


- Que nasci do fogo. Fui beijava pela chama flamejante de Hefesto enquanto ele banhava-se no mar do sol.


- Ãhn...- a loira estava com a boca entreaberta, o cenho franzido enquanto tentava entender o que aquilo significava. Será que a cigana era doida? Ou a insolação havia fritado seus neurônios. Pelos céus, seria ela uma lunática?- Sei..


- Que ótimo! Uma maluca! - uma outra loira resmungou enquanto se jogava numa cama próxima e olhava para a cigana como se ela fosse um alien - Acho que o Senhor Uchiha tomou sol demais.


- Temari! - a ruiva a repreendeu, se aproximando - Lembre que as paredes têm ouvidos!


- Tanto faz. - deu de ombros - Só estou verbalizando o que todas pensaram.


- Enfim... - Ino falou mais alto, voltando-se para a cigana - Você sabe porque está aqui, não é?


- Sim. - murmurou. Sabia seu destino, mas enganavam-se todos se pensavam que ela iria ceder assim tão fácil.


- Que ótimo. Tenho algumas roupas que podem servir em você por hoje, mas não se preocupe, o Senhor Uchiha cuida muito bem de todas nós... Em todos os sentidos. - dá um sorriso de canto.


- Não só ele, como os irmãos. - Uma outra morena solta uma gargalhada.


- Não vou fazer parte disso. - a cigana responde rápido.


- Você não tem querer, bebê. - A tal Temari rebate - Ninguém diz "não" para eles.

  
- Pois eu direi. - olha para a loira com raiva - Ninguém vai me obrigar a nada.

  
- Você não... - Temari começa, mas é interrompida.


- Tudo bem, Sakura. - Ino interrompe a discussão- De qualquer forma, seria bom você colaborar... Apesar de nunca ter nos tratado mal, o Senhor Uchiha também é conhecido por sua raiva incontrolável. - a loira lança um sorriso amigável para a cigana.


- Não quero saber disso. - a cigana senta na beirada da cama - Ele fez a mim e a minha familia de escravos, não há motivos para tentar agradá-lo.


- Só estou te avisando. - suspirou derrotada - Mudando de assunto... Acho que você precisa de um banho e colocar roupas mais leves. Aqui está muito quente para ficar usando esse tanto de roupa e o lenço, não acha?


- Sim, está. - sussurrou - Mas não quero me mostrar.


- Acha que vai conseguir se esconder por muito tempo? - a loira cruza os braços - Enfim... Dou deixar umas roupas aqui pra você.


- Ok. Obrigada.


Ficou sentada observando o movimento. Por mais que desejasse se manter oculta, precisava realmente de um banho, o tempo estava bem quente, sem falar que sentia o corpo doer pela longa viagem e pela "luta" que enfrentou. Viu quando Ino pegou alguns pedaços de pano que ela chamou de roupa e colocou sobre a cama, depois se afastou e foi vestir-se. Todas as meninas vestiam roupas expostas demais, faziam maquiagem extremamente marcante (o que ela gostou muito, principalmente a dos olhos) e cantarolavam animadas. Uma coisa que deixou a cigana encucada, afinal, como aquelas meninas podiam estar bem diante de uma situação daquela? Elas eram escravas sexuais!


Pouco a pouco, o quarto foi ficando vazio e a jovem cigana ao ver-se sozinha ali, resolveu "conhecer" mais o mesmo. Sua cama era linda, possuia estrelas penduradas, almofadas fofinhas, um cobertor muito suave ao toque. O quarto parecia ser dividido em "partes". Ao centro ficava uma especie de mesa com livros e outras coisas que ela não se atentou, mais para um canto, uma espécie de sala de convivência com mais almofadas, lamparinas, bules, xícaras, vários pufes dentre outros, uma porta num canto deixava claro que era o banheiro e o restante do quarto eram camas. Ao todo, contabilizou dez camas, sendo a sua a de número dez. Ao lado de sua cama havia um pequeno guarda roupas e quando ela abriu viu ali diversas toalhas, cobertores e materiais que poderia ajudar na higiene e instalação. 


Resolveu tomar um banho já que estava sozinha. Pegou uma toalha e foi até o banheiro, entrou e trancou a porta certificando-se de que ninguém faria nenhuma surpresa. Olhou ao redor sentindo-se espantada. Aquele banheiro era enorme, elegante, aconchegante e maior que sua carroça. Suspirou saudosa. O que será que haviam feito com sua casa?


Cansada, tirou o vestido cigano e foi até o enorme espelho que tinha próximo as pias, sim, pias. Aquele banheiro certamente era comunitário. Lentamente, retirou o lenço do rosto e quando o mesmo estava descoberto, mirou o próprio reflexo. Os olhos verdes, os lábios carnudos, o nariz médio e afilado. Era muito bonita, sabia disso e era exatamente por isso que se escondia daqueles homens. Caminhou até um box de vidro, entrou, ligou o chuveiro e tomou um banho demorado. Ficou imaginando como estariam os outros, pra onde haviam levado Hinata e se ela estava do mesmo jeito que a Haruno.



Terminou o banho, enrolou-se na toalha e saiu do banheiro com cuidado. Olhou ao redor verificando se estava sozinha e quando se sentiu segura, caminhou em direção a cama onde estavam as roupas de Ino. Essa parte foi difícil, a loira havia deixado roupas muito pequenas e finas, então a cigana teve certa dificuldade para arrumar aquilo, mas conseguiu uma saia longa com um tecido fino e leve, por isso, vestiu outra saia por cima, deixando a roupa menos transparente. Na cama também tinha um bustiê lindo, verde água e ela vestiu, depois pegou um outro, maior, na cor preta e vestiu. Encontrou um lenço e envolveu na barriga, escondendo sua carne. Por fim, pegou um outro lenço roxo com detalhes pretos que combinavam com o bustiê e ficou feliz, pois, poderia envolver o rosto.


Mas faltava algo.


Sua maquiagem.


Suspirou e foi até o guarda roupas e ficou feliz novamente quando viu kits de maquiagens, mas não ficou surpresa, afinal, as meninas ali usavam bastante maquiagem. Pegou o kit e começou o trabalho. No rosto não passou nada, nem nos lábios, mas nos olhos, fez sua maquiagem marcada, esfumada, preta. Destacando bem o verde esmeralda de seus olhos. Ao terminar, guardou o kit, pegou o leço e foi ate o banheiro onde colocou o lenço no rosto e deu dois passos para trás, olhando-se.


Satisfeita.


Ouviu um barulho no quarto e se sobressaltos, assustada. Caminhou com cuidado até o quarto e viu Tsunade ali, olhando-a. A mulher olhou para a cigana de cima a baixo e arqueou as sobrancelhas em aprovação. Suspirou ao ver o lenço no rosto da jovem, escondendo-a.


- Vai ficar mesmo com isso?


- Sim. - meneou a cabeça.


- Tudo bem. - suspirou - O Senhor Uchiha solicita sua presença no grande salão.


- Não est... - começou a falar, mas foi interrompida.


- Ele imaginou que você negaria. - deu um leve sorriso - Por isso pediu para informar que se você não estiver no salão em cinco minutos, ele mesmo vem aqui refazer o convite. - a mulher arqueou as sobrancelhas - Então... ?


A cigana ficou olhando para a mulher com certa raiva. Ela era uma cigana! Povo livre! Dona de sua vida! Quem aquele homem pensa que é para ficar lhe dando ordens? Certamente ele iria aprender que não se doma uma Rom.


A jovem empinou o nariz de forma orgulhosa e saiu do quarto passando pela mulher que soltou um leve sorriso. Aquela cigana era rebelde, genista, decidida, orgulhosa. Certamente seu Senhor havia arrumado um problema para si próprio.



Notas Finais:


Para conhecer o quarto das meninas e o palácio é só clicar AQUI.











Comentários

  1. Meu Shisui irá cuidar de mim em todos os sentidos 😏
    Aí que foda deve tá sendo o Sasa, tão tirando o que ela mais ama, a liberdade dela, mais creio q ela vai dar a volta por cima e o jogo vai ser virado de lado 😏

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