Jarros de Almas - Capítulo 6




Olhava para o corpo nu em cima da cama sentindo sua boca formigar. Ela estava em torpor, era o momento certo para fazer o que bem desejava. Se aproximou com cutela da cama e colocou a mão por trás da nuca da mulher e a puxou para sí erguendo o corpo dela de encontro ao seu. Ela estava praticamente ajoelhada na cama, com os braços caídos nas laterais, os olhos entreabertos e apenas sentiu os lábios do homem tomarem os seus em um beijo que apenas ele sabia dar. Aquele beijo que lhe tomava os sentidos, que lhe deixava bamba, que a fazia esquecer quem era.

Ela tentou levantar as mãos para pegar nos cabelos macios que ele tinha, mas ela não possuía forças, seu corpo ainda não tinha se recuperado da noite intensa que havia tido com ele e pouco a pouco foi sentindo a escuridão tomando conta de sí e sem lutar, ela se permitiu ir junto com o cansaço que a puxava para o fundo de seu subconsciente.

Já o homem observava a mulher que o beijava de olhos fechados, desfalecendo cada vez mais em seus braços e quando ele percebeu que ela havia desmaiado, ele parou o beijo e ainda a segurando pela nuca, afastou a boca da dela. A cabeça da mulher tombou para trás, mas a boca dela permaneceu aberta. Ele aproximou a boca da dela dois centímetros e começou a sugar. Os olhos negros tornaram-se vermelho-sangue. Ele sentiu o corpo da mulher retesar, mas ela continuava inerte em seus braços. Viu algo em seu peito vibrar e então um pequeno brilho subir de seu peito e lentamente ir passando por sua garganta. Ele continuava sugando, ansiando para que aquilo chegasse logo em sua boca, já sentia o gosto doce que ela possuía. O vermelho em seus olhos se tornaram mais intenso e ele apertou ainda mais a nuca da mulher, sugando com mais afinco. Uma pequena bola brilhosa apareceu no fundo da garganta dela e ele sentiu a ponta dos dedos formigarem devido a ansiedade. A bolinha brilhante e enevoada saiu da boca dela e entrou pela boca dele de forma espectral. O homem de olhos negros fechou a boca e olhos degustando do sabor da alma daquela mulher. Soltou a nuca dela e o corpo da jovem caiu na cama em um baque surdo.

Passou a ponta da língua entre os lábios sentindo o sabor doce que ela possuía. Seu corpo se arrepiou e ele abriu os olhos mirando-a. Apenas mais uma. Caminhou pelo quarto rumo a porta na lateral e ao entrar não se preocupou em fecha-la, aquela pobre criatura não acordaria nem tão cedo. Apoiou as mãos na pia e baixou a cabeça respirando fundo. Levantou a cabeça e encarou o próprio reflexo no espelho do banheiro. Seus olhos estavam negros novamente, seus ombros estavam relaxados, seus cabelos extremamente bagunçados. Fitou pelo reflexo o peito e viu um pequeno arranhão causado pela mulher que agora dormia na cama e soltou um muxoxo passando a ponta do indicador alí. Odiava quando elas o arranhava. Não gostava de ser marcado.

Com um suspiro cansado, voltou a se encarar e lembrou dos olhos verdes que conheceu no luau de ontem à noite. Aqueles olhos tão límpidos quanto a água do mar. Aqueles olhos curiosos e ao mesmo tempo cautelosos. Nunca vira em toda sua vida uma jovem dona de uma beleza tão exótica como aquela moça de ontem e estava realmente curioso sobre ela. Sem falar que ela não ficou nem um pouco afetada com ele. Passou uma mão pelos cabelos e puxou alguns fios na parte de trás da nuca ao lembrar que até ousou usar um pouco de poder sobre ela, mas o máximo que conseguiu foi deixa-la paralisada diante de sí.

Por quê?!

Talvez se usasse um pouco mais do poder... Mas sabia que não podia. Usar poder em humanas era muito arriscado, isso a mataria, ou a faria perder o controle. Com um bufar irritadiço, ele entrou no box e tomou um banho rápido. Precisava dar um jeito de ter aquela mulher de olhos verdes em sua cama e precisava ter a alma dela dentro de sí.

Não demorou muito para estar procurando uma roupa para vestir e rapidamente optou por uma bermuda jeans escura e uma camiseta azul marinho. Não precisava de muito, mas também não era adepto a cores claras. Calçou um chinelo, colocou a carteira no bolso traseiro da bermuda e caminhou novamente até a beirada da cama onde mais uma vez levou a mão até a parte de trás da nuca da mulher e a puxou para sí, porém dessa vez de forma rápida fazendo o tronco dela erguer e os braços penderem na lateral do corpo inerte novamente. Os olhos negros ficaram vermelhos e ele aproximou a boca do ouvido dela, sua voz saiu num sussurro. Ele não precisava mais do que aquilo.

- Quando acordar, vá embora. Viva normalmente, e venha se solicitada.

E mais uma vez, ele soltou a nuca dela, fazendo o corpo feminino cair com um baque surdo na cama. Caminhou pelo quarto, pegou os óculos de sol que tinha em cima da penteadeira e colocou no rosto, abrindo a porta e saindo.

Colocou as mãos nos bolsos da bermuda e desceu as escadas da pensão em que estava hospedado. Uma coisa boa em Mykonos era que aqui praticamente todo mundo se conhecia, o local era relativamente pequeno e muito aconchegante então sabia que era questão de tempo até encontrar a jovem de olhos verdes. Viu que o restaurante da pensão estava movimentado, mas preferia não tomar café por alí. Se queria ter resultado, era melhor começar de agora. Caminhou até a recepção e começou a folhear os panfletos turísticos que mostravam pontos movimentados.

- Procurando diversão? – ouviu a voz animada do loiro que parava ao seu lado.

- Um bom lugar para tomar café. – resmungou, pegando uns cinco e colocando no bolso traseiro da bermuda.

- Temos boas cafeterias. – Ele se inclinou sobre o balcão e guardou algumas chaves, voltou a se endireitar e apoiando o antebraço no balcão sorriu amigável para o moreno que lhe olhava de lado. – Tem alguma exigência?

- Um lugar bem movimentado.

- Então deve ir para as cafeterias próximo ao centro. – o loiro pegou um panfleto no mostruário e abriu, colocou sobre o balcão e apontou para uma cafeteria, seus olhos azuis fitaram o moreno e ele piscou maroto – Os melhores bolinhos e sonhos estão aqui. Eles fornecem para nós. – Apontou outra cafeteria – Aqui estão os melhores croissant.

- Hun... – ele pega o panfleto e olha o caminho que deveria seguir – Acho que vou para lá.

- Bom dia. – o loiro faz um aceno vendo o moreno já sair da pensão.

Olhando para o panfleto mais uma vez, seguiu pela calçada do lado direito. A rua de paralelepípedo com encontros brancos parecia mais iluminada que o normal na ilha de Mykonos. Talvez fosse por tudo alí ser branco e azul, e em alguns casos raros, vermelho. Mykonos possuía ruas estreitas, porém, todas muito belas e de uma natureza bem diferente. Não era tolo de negar isso. Mesmo sendo rústica como se mostrava, vários turistas se divertiam por suas estreitas ruas e se amontoavam por suas hospedarias, afinal, a ilha era conhecia por ter os melhores luaus, as baladas mais movimentadas e também por ser conhecida como: A Ilha Paradisíaca Onde Tudo Acontece.

Dividindo sua atenção entre o panfleto, entre desviar das pessoas, entre as ruas desniveladas (afinal, as ruas de pedras não ajudavam em sua geografia) e o calor que estava fazendo, o jovem de cabelos negros descia as ladeiras da ilha rumo a tal padaria indicada pelo loiro e ficou bem feliz em saber que faltavam apenas mais três ruelas para chegar lá.

A primeira coisa que seus olhos capturaram foi a mesquita de topo vermelho. Ele logo guardou o panfleto no bolso traseiro da bermuda e continuo caminhando por alí olhando o movimento. Uma padaria a esquerda, outra a direita, uma loja de artesanato ao lado da padaria a esquerda, ao fundo da mesquita ficava a praia. Ao lado da padaria da direita ficava uma loja de roupa. E depois um café, uma doceira, uma floricultura, uma banca de jornal, uma espécie de estúdio de fotografia. Estreitou os olhos para as padarias e sentiu um arrepio percorrer a espinha quando viu na padaria da direita uma bela jovem de vestido longo azul esvoaçante, com uma rasteirinha negra cheia de tiras no tornozelo e cabelos róseos presos numa trança lateral.

O sorriso de canto foi involuntário e ele caminhou até lá fazendo uma nota mental de agradecer ao loiro mais tarde por indicar aquele local. A padaria era bem movimentada, cheia de mesas com toalhinhas em xadrez branco, azul e vermelho. Alguns quadros negros mostravam o que se era servido. Viu em cima, uma placa escrita “Taverna do Nonó”. Passou por trás da jovem vendo-a distraída com um cliente e sua boca até salivou quando percebeu que o vestido que ela usava era ousadamente decotado, deixando sua pele leitosa das costas deliciosamente à mostra.

Escolheu uma mesa bem no canto, onde poucas pessoas estavam sentadas e pegou um cardápio levantando na altura do rosto e pacientemente esperou. Olhava por cima do cardápio vendo-a anotar o pedido de um casal. Ela possuía um sorriso gentil nos lábios e sua trança pendia com graça por cima do ombro. Viu ela agradecer ao casal e segurando levemente na saia do vestido, seguiu para dentro da padaria. Ele a seguiu com os olhos e viu quando um homem de cabelos brancos o olhou e a chamou. Na mesma hora o jovem de cabelos negros levantou o cardápio escondendo-se. Queria pegá-la de surpresa. Não demorou muito e ele pode ouvir a voz doce e animada dela soar perto de sí.

- Bom dia, Senhor. Já sabe o que vai querer comer?

Com um suspirar teatral, o moreno baixou o cardápio e na mesma hora a jovem deu um passo para trás esbugalhando os olhos e entreabrindo a boca de forma involuntária. Ele apoiou o cardápio na mesa e depois retirou os óculos de sol, colocando-os na camisa. Ele a olhou nos olhos e inclinou a cabeça para o lado enquanto tamborilava os dedos da mão direita na mesa com um pequeno sorrisinho de canto.


- Já. – arqueou uma sobrancelha.



~> Continua




Notas Finais:

Para conhecer Mykonos, clique AQUI.







Comentários

  1. Uuuaauuuu eu qrooo ir para Mykonos 😍😍😍
    Cada capitulo me deixa mais intrigada com essa fic foderosa, e mais ansiosa pelo próximo capítulo ainda.
    E sera q o Sasuke levou a pergnt da Sakura sobre o q "comer" para outro sentindo?! 😂😂😂😂😂
    Parabéns Bru, arrasando cm sempre
    #TheBest
    #NumberOne

    ResponderExcluir
  2. Aaaaaaah isso é injusto!
    Ta muito curto o cap.
    Quero mais.
    Perfeito cara. Amei

    ResponderExcluir
  3. D+ não vejo a hora de ver a primeira conversa entre eles ,porque a tensao ta rolando.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Fugitivos - Capitulo Quinze

Fugitivos - Capitulo Onze

Fugitivos - Capitulo Treze