Pub - Drink 37
Aquele dia estava,
definitivamente, tirando-a do eixo. Havia recebido outra ligação da clínica e
dessa vez, eles pegaram bem pesado. Encarou-se no espelho mais uma vez e
respirou fundo. Só havia um jeito de conseguir algum dinheiro e por mais que
ela não concordasse, precisava fazê-lo. Pegou a bolsa sobre a cama, pegou as
chaves e saiu do pequeno apartamento. Desceu os lances de escada e passou pela
portaria sem nem falar com o porteiro.
Não estava com nenhum ânimo.
Seguiu até o ponto de ônibus e não demorou para estar sentada a
caminho do pub. Encostou a testa na janela e fechou os olhos, respirando fundo.
Depois que resolvesse isso, precisaria procurar outro local para morar. Talvez
um kitnet, um quartinho ou algo que se encaixasse em seu orçamento, agora,
estrangulado.
Quando tornou a realidade, viu que estava chegando em seu
destino, por isso, levantou e solicitou a parada. Minutos depois, estava em
frente ao pub. O horário ainda era cedo para funcionamento, mas sabia que Gaara
estaria ali àquela hora. Com um respirar profundo, entrou no estabelecimento.
As cadeiras encontravam-se sobre a mesa, as luzes estavam
desligadas, a máquina de música desligada. Apenas Ino era vista arrumando umas
bebidas sobre as prateleiras e quando Sakura entrou, ela girou nos calcanhares,
encarando a amiga.
- Ei... - cumprimento.
- Oi. - sorriu, aproximando-se - O Gaara tá ai?
- No escritório. - indicou a porta atrás de si com a cabeça - O
que faz aqui tão cedo?
- Vim conversar com ele. - suspirou - Assuntos para resolver.
Ino ficou encarando ela por longos segundos, até que deu uma
respirada profunda e balançou a cabeça. Conhecia aquele clima de Sakura. Sabia
que ela só agia daquele jeito quando as coisas estavam muito ruins e pior,
quando envolvia a saúde de sua mãe.
- Tia Mebuki...?
- Os médicos falaram que o caso dela é muito grave. - respondeu
baixo e desviou o olhar - Mas... eu tenho fé que ela vai sair dessa.
- Sah... - a loira deu a volta no balcão e caminhou até a amiga,
abraçando-a - Eu vou orar por ela.
- Obrigada. - sussurrou, abraçando a loira.
Sakura fechou os olhos e respirou fundo. Não queria chorar. Não
iria chorar. Ela precisava ser forte e seria, mais uma vez, como sempre foi.
Afastou a Yamanaka com cuidado e deu um sorriso curto, pigarreando.
- Bem... deixa eu ir lá conversar com ele.
- Tá... boa sorte. - murmurou, vendo a Haruno passar pelo balcão
e depois pela porta.
Sabia que as coisas não estavam sendo fáceis e queria muito
ajudar com qualquer coisa, mas já havia emprestado todas as economias no mês
anterior para a mãe de Sakura fazer uma cirurgia de emergência, agora, ela
estava precisando de mais grana e ela realmente não sabia o que fazer.
Sakura passou pela cozinha e seguiu até a porta à esquerda, nos
fundos. Parou em frente a ela e respirou fundo algumas vezes, tomando coragem,
depois deu duas batidas. Esperou.
- Entra. - a voz dele surgiu abafada.
Ela abriu a porta e encarou o ruivo que sentava atrás da mesa
com um monte de papelada espalhada sobre o tampo de vidro. Os olhos verdes do
ruivo encontraram os verdes de Sakura.
- Sakura... que surpresa. - arqueou as sobrancelhas, indicando a
mesa a frente - Senta.
- Obrigada. - sorriu e sentou, pigarreando.
- Como você está? E dona Mebuki?
- Ah... eu tô indo e minha mãe... bem... - puxou o ar pela boca
- Sem nenhuma melhora.
- Ah, cara... - ele murchou - Que merda.
- É... - sussurrou - Por isso eu vim conversar com você...
- Sakura...
- Não, Gaara, me deixa falar, por favor. - pediu, erguendo as
mãos. O ruivo suspirou, meneando a cabeça - Eu já peguei dinheiro emprestado
com a Ino, com você. Você já me adiantou as férias e já me deu aumento. Eu
realmente não posso te pedir mais nada, mas... há algo que eu posso fazer para
amenizar isso.
Gaara ponderou por longos segundos, até que esbugalhou os olhos.
- De jeito nenhum!
- Gaara, por favor.
- Não, Sakura! - espalmou as mãos na mesa - Você está me pedindo
demissão, como posso aceitar isso?
- O que mais posso fazer? - apoiou as mãos na mesa também -
Porque você, sinceramente, não possui o dinheiro necessário para tudo e eu já
te devo o suficiente para saber que não há muito o que fazer...
- Eu... eu posso te emprestar um pouco mais!
- Não pode! - rebateu, respirando fundo - Não pode Gaara... Só o
que te devo já vai ser o suficiente para me fazer sair daqui com uma mão na
frente e outra atrás...
- De jeito nenhum! - ficou de pé - Se você sair, como vai se
sustentar?
- Eu dou um jeito! Sempre dei! - rebate.
- Meu Deus, Sakura, você nem está pensando...
- Tenho pensado nisso há dias. - respirou fundo e ficou de pé,
olhando-o nos olhos - Gaara, por favor. Eu preciso dessa demissão. Eu preciso
desse dinheiro e não vou aceitar de outra forma, então por favor... - baixou a
voz, suplicando - Por favor, apenas aceite.
O ruivo ficou encarando-a por longos segundos até que bufou,
irritado e então sentou. Esfregou os cabelos, resmungou várias vezes, soltou
alguns palavrões e então suspirou, voltando os olhos para ela. Sakura
permanecia de pé, olhando-o aflita. A verdade é que ela não queria pedir
demissão, mas não havia outra saída. Já tinha pensado em todas as
possibilidades.
- Sente-se, Sakura.
Em silêncio, ela o fez.
- Tudo bem... - pigarreou - Mas eu vou lhe demitir. NÃO aceito
outra opção. - a cortou quando ela abriu a boca para protestar - Demitirei você
com todos os direitos. Acredito que assim ficará mais fácil.
- Obrigada. - sussurrou, tendo os olhos cheios de lágrimas - De
verdade, Gaara.
- Não agradeça. - suspirou, balançando a cabeça - Não me
conformo.
- Mas eu sim. - sorriu, ficando de pé - Posso te abraçar?
Ele a olhou de lado. Estava puto com Sakura, mas antes de tudo,
gostava dela de verdade. Sakura era uma ótima amiga, por isso, ficou de pé e abriu
os braços para recebê-la em um abraço apertado.
Afagou os cabelos róseos por longos segundos até que se afastou
dela.
- Acho que... Você precisa dar a notícia para a Ino, não é?
- Ela vai me matar. - mordiscou o lábio, murmurando.
- Boa sorte. Foi uma escolha sua. - deu de ombros.
Com um sorriso, ela agradece e sai da sala dele, deixando a
carteira de trabalho lá. Quando passou pela cozinha, observou tudo ao redor.
Sentiria falta do Pub. Sabia disso, mas quem sabe um dia não voltaria? Preferia
ser otimista.
Assim que cruzou a porta que dava acesso aos dois ambientes,
percorreu os olhos pelo local vendo Ino limpar uma mesa. Ela estava descendo as
cadeiras e arrumando-as quando ouviu a porta ser aberta e voltou os olhos na
direção de Sakura.
- Eu acho que você deveria vir aqui e se despedir de mim. -
apontou, abrindo os braços para a loira.
Ino ficou olhando-a por longos segundos tentando decifrar
aquilo, mas assim que entendeu, deixou a flanela cair sobre a mesa e abriu a
boca, chocada. Sakura havia realmente pedido demissão? Não podia ser, não é?
- V-você... - balbuciou, caminhando na direção da amiga.
- É... - suspirou, dando de ombros - Acabei de falar com o
Gaara.
- Sua idiota! - Ino se aproximou, dando uns tapas na amiga e
depois a puxando para um abraço apertado - Como você tem coragem, sua puta
descarada?
- Não seja dramática. - sorriu, mas sentiu as lágrimas caírem
quando as de Ino também caíram - Ainda vou vir aqui torrar a paciência de todos
vocês.
- Com o que você vai trabalhar agora, sua piranha? - afastou-se,
mas permaneceu segurando nas mãos da Haruno.
- Não sei... Vou procurar algo. - deu de ombros - Eu só acho que
vou prec.. - Parou de falar quando ouviu o telefone tocando. Procurou o
aparelho dentro da bolsa e piscou com medo quando reconheceu o número da
clínica - É da clínica.
- Atende logo! - a loira apontou, agoniada.
- Certo... - sussurrou, pigarreando para clarear a voz e então,
atendeu - Alô?
- Senhorita Haruno? - a voz de uma mulher surgiu do outro lado
da linha.
- Sim, é ela... - os olhos verdes encontraram os azuis enquanto
Sakura ouvia a ligação.
Ino estava curiosa para saber o que era, mas sua curiosidade se
esvaiu quando ela viu os olhos de Sakura esbugalharem, a boca dela abrir e o
telefone escorregar de sua mão, caindo no chão. No mesmo instante, os olhos
dela ficaram cheios de lágrimas e da boca da jovem Haruno, ecoou um lamento tão
melancólico que no mesmo instante, Ino a abraçou antes que ela caísse no chão
em meio aos prantos.
O meu Deus🥺 será que Dona Mebuki não resistiu..
ResponderExcluirPor favor
ResponderExcluirContinuação logo 😭😭😭😭😭😭
Ai meu Deus 😢😢
ResponderExcluirContínua