Gypsy - Fagulha 17

Sakura e Hinata caminhavam juntas. As duas estavam nervosas por não saber o que estava por vir. A verdade é que Sakura sabia que Itachi não faria nenhum mal a elas, mas Hinata não se sentia assim. Por tudo o que havia acontecido, temia por algo, mas Sakura garantia que estava tudo bem. A Haruno apenas sentia-se curiosa. O que será que o Uchiha tinha em mente? Havia dado uma ideia sobre como estava o harém e ele informou que daria um jeito, mas que jeito era aquele que ele pedia sua presença e de Hinata? Passou a língua entre os lábios e quando dobrou no corredor, viu o Uchiha de pé em frente a uma porta conversando com um dos guardas. O guarda meneou a cabeça na direção delas e Itachi virou, olhando-as. Ele abriu um pequeno sorriso enquanto dispensava o guarda com discrição.


- Fico feliz que tenham vindo. - esfregou uma mão na outra.


- Estamos curiosas... - Sakura parou em frente a ele com Hinata segurando seu braço, agarrando-se a prima para se sentir segura - Não entendo o motivo de estarmos aqui.


- Você me informou que estava uma confusão e que precisava ser feito algo. - dá de ombros - Eu vi com meus olhos que vocês estão sendo excluídas por causa do que aconteceu no salão, então pensei em resolver logo a situação de vocês e depois a das meninas.


- Como fará isso? -franziu o cenho.


Sem falar nada, Itachi segura na maçaneta da porta e a gira, abrindo a porta seguida. ele dá um passo para o lado e indica que as ciganas entrem. Sakura e Hinata trocam olhares e desconfiadas, entram no local. O ambiente era um quarto. Um quarto amplo, belíssimo, todo equipado para duas pessoas - havia tudo em dobro: cama, armário, guarda roupa... - Uma porta na lateral que ela imaginou ser o banheiro. As camas ficavam cada uma de um lado do quarto e bem no meio, entre elas, ficava uma piscina que servia como banheira. A mesma era "guardada" por um dossel com cortinas transparentes na cor laranja. Ao lado oposto as camas ficavam as penteadeiras e tudo o mais. 


As ciganas se entreolharam novamente e deram um pequeno sorriso. Sakura estava sem acreditar, aquele quarto era lindo, mas visivelmente não era habitado. Ela girou nos calcanhares para o Uchiha que havia entrado no quarto e fechado a porta, mas permanecia no mesmo lugar, observando-as.


- É um belo quarto, mas o que significa? - caminhou na direção dele.


- Significa que de agora em diante vocês vão dormir nesse quarto.


Sakura esbugalhou os olhos. Aquele quarto era delas? Hinata que ouviu tudo girou nos calcanhares também e piscou desconcertada. Ela já estava próximo a piscina.


- Como? - franziu o cenho.


- Vocês não estão sendo bem tratadas no harém, então vão ficar aqui. - deu de ombros.


- Você está dizendo que nós duas vamos dormir aqui sozinhas? - Sakura não acreditava.


- Sim... E as duas estão autorizadas a irem em suas carroças e pegarem o que acharem necessário para tornar esse quarto mais... confortável. 


As ciganas trocaram olhares e um enorme sorriso desenhou o rosto de ambas. Hinata levou as mãos à boca tentando esconder o sorriso enquanto Sakura voltava os olhos para o moreno, não conseguindo conter a felicidade.


- Isso é... sério!?


- Sim. - meneou a cabeça - Como falei, não quero que vocês se sintam mal por estarem aqui... Quero deixá-las o mais confortável possível. - indicou o quarto com a mão - É todo de vocês.


A Haruno meneou a cabeça sorrindo ainda mais. Aquilo era perfeito! Teria mais privacidade, estariam mais tranquilas daquele jeito. Sabendo que havia ganho mais aquela guerra, respirou fundo e mordiscou o lábio inferior sem saber exatamente como agir. 


- Eu agradeço, de verdade. - falou mais baixo, apenas para ele ouvir.


- Não agradeça... é o mínimo que posso fazer. - respondeu no mesmo tom de voz - Se precisarem de algo não exite em me pedir. - indicou por cima do ombro - Meu quarto é na porta em frente a essa.


- S-seu quarto? - piscou algumas vezes.


- Sim. Preferi deixá-las o mais próximo possível, assim, posso cuidar melhor das duas. 


- Não acho que seja muito conveniente isso... - tentou argumentar - Sem falar que as meninas não vão gostar disso.


- Não me importo. - ergueu os ombros, olhando-a profundamente - Você é minha única prioridade, Sakura... - deu um passo na direção dela, ficando próximo - E eu farei de tudo para fazê-la feliz.


- Tudo? - arqueou as sobrancelhas, erguendo o queixo para poder olhá-lo nos olhos.


Itachi entendeu... Tudo significava tudo e ele não estava disposto a deixá-la ir embora.


- Quase tudo. - corrigiu e deu um pequeno sorriso de canto.


- Que pena. - suspirou e deu de ombros, fingindo estar lamentando - Já estava começando a acreditar que sou sua prioridade.


Aquela ação fez o Uchiha abrir um pequeno sorriso, piscando encantado com a ousadia da Haruno em achar que ele era tão inocente assim.


- Não pense que irei ceder assim, Rom. - ergueu a mão para tocá-la, mas recurou a mão no meio do caminho - Não posso abrir mão de algo que desejo tanto.


As palavras adentraram aos ouvidos de Sakura causando-lhe um arrepio na espinha. Ela prendeu a respiração e piscou rápido, se recompondo.


- Alguns desejos são irreais. 


- Sim... - ele olhou para ela por cima do ombro, observando Hinata que estava distraída com o quarto e então voltou os olhos para a Haruno, passou a língua entre os lábios  e inclinou o corpo na direção dela, sussurrando - Mas não são impossíveis.


- Não se apegue a sonhos, Gadjô. - sussurrou de volta com os olhos estreitos.


- Não são os ciganos que acreditam nos sonhos? - arqueou as sobrancelhas.


- Quando são reais, sim. - deu um pequeno sorriso de canto.


- Ah! - deu um sorriso de canto também - Meus sonho são extremamente reais, Rom. - olhou para ela de cima a baixo e então suspirou - São tão reais que sou capaz de sentir seu cheiro quando acordo.


Abismada, ela piscou rápido, boquiaberta. Ofegou e sentiu os pelos da nuca arrepiarem. Não esperava por aquela revelação dele e isso a fez pigarrear enquanto seus ombros vacilavam. Ele a havia desarmado. Percebendo que ela havia baixado a guarda, Itachi dá mais um passo ficando a vinte centímetros de distância da Haruno e Sakura pode sentir o cheiro dele. Era um cheiro embriagante, que adentrou as narinas dela e dançou por sua mente. Itachi inclinou a cabeça para o lado e quando voltou a falar, sua voz era um sussurro tão baixo que ela só foi capaz de ouvir porque ele estava praticamente colado a si.


- Amanhã é meu aniversário. - a olhou com intensidade - Quero um presente...


- Que... presente? - perguntou baixo ainda abalada.


- Não sei... - deu de ombros - Surpreenda-me.


Após falar, ele dá dois passos para trás e então olha para Hinata.


- Hinata, caso precise de algo, por favor não hesite. - informou algo e a Hyuuga olhou para ele.


- Falarei. - meneou a cabeça.


O moreno meneia a cabeça e volta a olhar para Sakura que permanecia estática no mesmo lugar.


- Até mais.


E sem falar mais nada, ele se retirou do quarto deixando as duas ciganas sozinhas. Sakura permaneceu de pé no mesmo lugar olhando para a porta enquanto Hinata sentava na beirada da cama e respirava fundo. Havia ouvido quase toda a conversa, exceto quando eles começaram a cochichar. Havia algo de muito estranho acontecendo ali e ela não conseguia compreender, mas temia perguntar a Sakura. A prima era muito arredia em certas ocasiões e aquela era uma dessas ocasiões, então se Sakura não falasse, ela também não falaria.


Sakura girou nos calcanhares e encarou a prima. Sabia que Hinata havia escutado tudo e ela poderia simplesmente fingir que nada tinha acontecido, mas não queria esconder nada da prima. Hinata estava naquela com ela e iria compartilhar tudo... precisava desabafar sobre aquela situação. Com isso em mente, começou a caminhar na direção da prima.


- Pergunte.


- Não perguntarei se não quiser. 


- Pergunte logo, Hinata. Não fique se corroendo. - sentou na outra cama, ficando de frente para a prima.


- Tudo bem. - passou a lingua entre os lábios e tomou fôlego - Primeiro: Por que esse homem faz seus gostos? Por que ele foi me buscar e pagou muito, muito caro por mim? Outra coisa: Como é que ele ainda não tocou em você? Porque está na cara que ele te deseja demais e esse desejo não foi saciado. Outra coisa que também não entra na minha mente é o motivo de ele nos permitir ter várias coisas, mas não nos liberta e que merda é essa, Sakura, de você ficar de cochicho com ele!? - parou e respirou fundo já que havia falado tudo num fôlego só - Eu não compreendo!


- Eu sei que não. - passa a lingua entre os lábios e desliza a mão de forma distraída pelo tecido de ceda que cobria a cama - Nem eu mesma compreendo, Hina... - suspira e olha para a piscina cheia de pétalas de rosas vermelha - A verdade é que... mesmo odiando-o por ter nos trazido para cá, há algo nele que... me puxa... como um magnetismo muito forte.


- Isso não é normal, Sakura. - suspira - Se sentir atraída por ele não é normal.


- Atração? - olha para a Hyuuga - Não... Acho que não... mas é o mistério que envolve ele. Não só ele, mas tem o Shisui também. Você já o conheceu?


- Não formalmente. - dá de ombros.


- Ele é o único em quem de fato confio.


- Você pareceu bem confiante com o Senhor Uchiha ainda ha pouco.


- De jeito nenhum! - balançou a cabeça - Eu sinto que devo desafiá-lo, entende? - estreitou os olhos e depois balançou a cabeça - É tudo muito confuso para mim.


- Por que não olha nas cartas? - arqueou as sobrancelhas - Ele nos permitiu pegarmos nossas coisas.


- Eu sei... mas tenho medo. - mordisca o lábio inferior.


- Medo de que, prima? - levanta e caminha até a Haruno, senta na cama ao lado dela e segura na mão da mesma - Sakura, você não precisa ter medo de muitas coisas aqui, não é?


- Não... - responde baixo.


- Prima, eu vivi num inferno. - desvia o olhar e olha para o chão enquanto os olhos enchem de lágrimas - E eu odeio ao mesmo tempo em que sou grata por esse homem... - olha pra Sakura - Mas há algo nele que mexe com você e você precisa se proteger disso.


- Eu sei. - sussurra - E estou.


- Mas...?


- Mas eu tenho medo do que posso encontrar nas cartas. - olha para a prima e aperta a mão dela - Pela primeira vez na vida, eu tenho medo do meu destino, Hina. Eu... - respira fundo - Eu sinto que posso ajudar a todos... O Shino... eu estou muito preocupada com ele.


- Eu também estou. - suspira - Quero saber como estão meus pais.


- Eu também... Mas eu vou ajudar. - meneia a cabeça de forma positiva - Eu vou recuperar nossa famíia, Hinata. Eu te prometo.


- E como pretende fazer isso? Tudo bem que o Uchiha faz seus gostos, mas ainda assim ele não é confiável.


- Não é... Por algum motivo ele não me deixa ir, Hinata, mas eu vou juntar todos e ai, nós vamos agir.


- E o que você tem em mente? - franziu o cenho.


- O plano é longo... mas é perfeito.


Com um pequeno sorriso, Sakura começa a contar a Hinata tudo o que havia planejado para recuperar sua família e depois fugir dali e voltar para sua vida, de preferência, bem longe daquele palácio e dos Uchihas. O dia seguiu com elas trancadas dentro do quarto conversando e já no cair da noite, seguiram para as carruagens e pegaram seus pertences. 


Já na hora de dormir, Sakura ficou olhando para o teto por um longo tempo enquanto Hinata dormia na cama ao lado. A Haruno pensava a respeito do seu plano, de sua família e dos irmãos, mais em especifico pelo Itachi... Ele queria um presente, mas o que ela poderia dar? Não tinha nada e ele não merecia nada que havia dentro da carruagem dela. Ele não era digno de pisar em seu solo sagrado. A noite avançou e com ela, os tormentos da Haruno e só quando a madrugada havia chegado que ela conseguiu dormir, sendo vencida pelo cansaço.