Projeto Ampulheta - Capítulo 40




Olhava para a área da piscina enquanto sentia as gotículas de chuva molhar seu rosto. O orvalho da manhã ainda estava presente. O cheirinho de grama molhada. O silêncio da vizinhança. O canto dos pássaros... Era tudo tão calmo que ela queria apenas permanecer daquele jeito para o resto da vida. Com os olhos fechados, apreciava as gotículas finas e geladas que acariciavam seu rosto com suavidade. A mão, acariciava a barriga avantajada de forma distraída enquanto os pensamentos dela ficavam adormecidos.


Aquele era seu momento longe da terra.


Sentiu um chute tímido na barriga e abriu os olhos, baixando a visão até a mesma e abrindo um pequeno sorriso. Com carinho, tamborilou os dedos sobre a barriga e obteve mais um chute tímido. Ela acabou sorrindo ainda mais e suspirando, voltou a erguer a cabeça e fechar os olhos. Estava de pé na soleira da porta de vidro, com o ombro encostado na mesma. 


- Bom dia para você também, miniatura. - sussurrou.


Abriu os olhos e passou a encarar o sol que estava com poucas nuvens. Possuía um azul esplêndido, radiante... e mesmo assim, chuviscava. Era complicado de compreender. A Haruno voltou a baixar os olhos para a barriga e acariciou mais a mesma, trocando o peso da perna. Ela ajustou o blusão que usava em volta do corpo.


- Está friozinho, não é? - perguntou baixo - Seu pai nos esquentaria com certeza. - sorriu quando lembrou do calor do corpo do Uchiha - Ele era um homem quente... Seu pai... Não só em sentidos impuros, mas na temperatura. - suspira e ergue o olhar - O Sasuke parecia estar sempre dois graus além do normal, mas ainda assim, para ele aquilo era natural.


Encostou a cabeça na lateral da porta e passou a língua entre os lábios. Sua barriga de quase cinco meses estava pesada. O bebê engordava e ela emagrecia. Não era uma matemática muito racional, mas o que podia fazer? Pigarreou e voltou a olhar para a barriga.


- Eu queria muito saber o que houve com ele, mas não posso, não é? - perguntou baixo e o bebê chutou - Eu sei... Eu sei que prometi não procurar saber, mas é que... - respirou fundo puxando o ar pela boca - Não saber o que aconteceu com o Sasuke me... me mata. - mordiscou o lábio inferior - Será que ele construiu uma família? Será que acabou casando e se apaixonando por ela? - as mãos da Haruno tremem e ela precisou respirar pela boca para poder manter o controle e não ceder ao desespero - Será que você teve irmãozinhos? Ou... irmãzinhas...? 


O bebê volta a chutar e ela fecha os olhos para manter o controle. Por mais que seu coração doesse, apertasse e a sufocasse, ela não podia ser egoísta e torcer para que ele não tivesse seguido. Se ele seria feliz daquele jeito, que fosse... Ela tentaria ficar feliz por ele, mesmo que ela não estivesse.


Estava tão distraída que quase não ouviu as batidas na porta. Só quando as batidas ficaram um pouco mais agressivas foi que ela ouviu e com um muxoxo, ajustou o blusão ao corpo novamente e suspirou, caminhando na direção da porta.


- JÁ VAI! - gritou para as batidas insistentes.


As batidas cessaram e ela agradeceu mentalmente por isso. Subiu os degraus que levavam até a grande porta de madeira e quando ela destravou e abriu a mesma, sentiu o mundo desabar aos seus pés.


O mundo parecia ter paralisado enquanto ela encarava o moreno à sua frente. Apesar de estar um pouco mais magro, com olheiras, os cabelos mais bagunçados que o normal, ainda assim, era ele. Mas não podia ser. Sua mente estava lhe pregando uma peça e ela não conseguia acreditar o quão má podia ser a saudade. Porque ela sabia que ele não estava ali, sabia que era ilusão de sua cabeça e de seu coração vazio, mas ali estava a miragem. Os olhos negros percorreram o rosto feminino e um sorriso começou a nascer no rosto dele. Instintivamente, o moreno baixou os olhos para o ventre dela e ao vê a barriga, o sorriso aumentou enquanto os olhos brilhavam. Ele voltou a erguer os olhos para ela e a Haruno fechou os olhos e balançou a cabeça enquanto grossas lágrimas rolavam pelo rosto.


- Não brinque comigo. - pediu em um sussurro levando as mãos ao rosto, abafando o choro baixo - Me deixe em paz!


- Sakura? - a voz grave dele surgiu preocupada e receosa.


- Não... - balançou a cabeça - Você não é real.


- Sakura... - chamou angustiado e deu um passo a frente, tocando suavemente nas mãos que estavam tapando o rosto.


No mesmo instante ela parou. Todo o corpo feminino paralisou, a respiração se tornou errada e com lentidão, as mãos femininas saíram do rosto. Os olhos verdes estavam vermelhos e esbugalhados. De repente, o corpo dela começou a tremer enquanto os olhos esbugalhavam ainda mais. Ela piscou atordoada e começou a ofegar. O moreno se preocupou ainda mais e levou a mão até o rosto feminino. Ao sentir o toque dele, a Haruno soltou um pequeno grito e então se jogou nos braços do Uchiha.


- Por favor, fique. - pediu baixinho enquanto afundava o rosto no peito dele e soluçava. Era costumeiro imaginá-lo ali, na porta de sua casa, mas era a primeira vez que conseguia tocá-lo e ele não dissolvia, deixando-a numa realidade cruel. Por isso, a Haruno envolveu o corpo dele abraçando-o com força, inalando o cheiro dele e era tão real. - Não me deixe, por favor. 


- Está tudo bem, Minha Sakura. - sussurrou enquanto o coração despedaçava. Ele a abraçou com ternura e inclinou a cabeça, enterrando o nariz na curva do pescoço dela e inalando o cheiro. Como sentira saudades daquilo. Do calor dela, do cheiro dela, do toque dela. - Eu não vou.


- Você vai, eu sei. - sussurrou baixinho, apertando-o mais contra si - Mas fique só mais um pouco...


Com cuidado, ele se inclinou e passou um braço por baixo das pernas dela e o outro apoiou as costas, pegando-a no colo. Ela se aninhou nos braços do moreno e ele fechou a porta com o pé, desceu as escadas e caminhou na direção da sala. Em nenhum momento, a Haruno tirou o rosto do peito dele, chorando baixinho, apertando-o contra si, se agarrando a cada segundo milagroso como aquele. Ao chegar no sofá, o Uchiha sentou no mesmo e a colocou sentada em seu colo. A Haruno se encolheu no colo dele e deslizou uma mão até o peito, agarrando a camisa ali e fungando.


- Você é tão real. - sussurrou e soluçou - Meu Deus!


- Eu sou real, meu amor. - sussurrou baixo no ouvido dela, apertando-a contra si e beijando a bochecha molhada - Eu estou aqui. Voltei para você... para vocês. - corrigiu e desceu uma mão até o ventre dela, repousando-a ali com cuidado.


- Não... Não é possível. - deslizou a mão e colocou sobre a dele que estava em sua barriga - Não é.


- Claro que é, Minha Sakura - Sorriu levemente e ergueu a mão até o rosto dela, afastando a face de seu peito e segurando-a pelo queixo, ele fez a Haruno olhar em seus olhos. Os olhos verdes estavam vermelhos, trêmulos, assustados. Ele a olhou com intensidade enquanto com o polegar, enxugava uma lágrima que escorria - Eu sou real. Estou com com vocês e não pretendo ir embora nunca mais.


Ela permaneceu olhando-o de forma séria. Os olhos negros estavam límpidos, a forma como ele acariciava seu rosto. O calor do corpo dele. O braço que a rodeava com propriedade. O Cheiro. Era tudo muito real.


Como se despertasse, ela afasta sutilmente o corpo do dele e ergueu as mãos, tocando-lhe o rosto. Os dedos femininos deslizam pela têmpora, nariz, bochechas, maxilar, boca. Os olhos verdes acompanhavam os dedos e ele permaneceu parado, deixando que ela tocasse em si.


- Não pode ser.  - sussurrou, olhando nos olhos dele - Desativamos a máquina. - balcuciou enquanto as mãos tremularam.


- O Naruto salvou os dados em algum lugar que agora não lembro o nome. - informou, deslizando as mãos até às dela e gurando-as, ele respirou profundamente e deu um pequeno sorriso - E eu vim para vocês. 


- C-c-c-co...mo!? - balançou a cabeça e começou a tremer - Meu Deus! Meu Deus!


- Sakura, mantenha-se calma. - pediu baixo.


- I-i-is-so na-não é... - começou a ofegar - Não é po-po-possivel.


- É sim. - rodeou o corpo dela e fez a Haruno colar em si - Agora acalme-se. Não fará bem ao bebê você continuar assim. - acariciou os braços femininos.


- Meu Deus! Meu Deus! - ficou sussurrando por longos segundos. - Vo-vo-você... É... real?


- Sim. - sussurrou e sorriu - Eu sou, Minha Sakura.


- MEU DEUS! - como se fosse possível, ela tentou se jogar em cima dele, mas por estar sentada no colo masculino, o que conseguiu foi agarrá-lo com força enquanto distribuía beijos por todo o rosto dele, sorrindo - É você! É você!


- Sim. - sorrindo, ele se permitia ser beijado.


- Você está aqui! - começou a sorrir feito louca, dando vários selinhos nele. Ficou ajoelhada no sofá com os joelhos na lateral das pernas dele e segurou o rosto masculino entre as mãos, olhando-o nos olhos - Você voltou para nós.


- Voltei, meu amor. - respondeu baixo, fitando-a - Para ficar... - pigarreou - Se você me aceitar aqui, é claro.



- Sim! Sim! Sim! - repetia e voltou a beijá-lo. O Uchiha aproveitou a oportunidade para beijá-la também.


O que começou com selinhos afoitos, logo se tornou um beijo calmo e apaixonado. A euforia foi passando e a paz foi tomando o coração de ambos. A partir desse momento, o moreno assumiu o controle da situação, rodeando a cintura da mulher com uma mão enquanto a outra ia até a nuca dela e envolvia a pele com delicadeza, puxando-a um pouco mais para si. Ambos ofegaram de forma profunda, sentindo o reconhecimento dos lábios e dos toque que há muito não sentiam. Era uma sensação perfeita.


Ela aproveitou para envolver os dedos nos fios negros e puxá-lo para si, erguendo minimamente o corpo para ele, querendo mais do calor do corpo masculino. A mão masculina que estava na cintura a apertou um pouco mais e quando ele sentiu a protuberância da barriga dela, afrouxou um pouco mais. Já a Haruno, sentindo-o ali, consigo, sentiu o peito aliviar e quando menos esperou, seus olhos transbordaram no meio do beijo e em determinado momento, os lábios ficaram salgados e molhados, por isso, o moreno parou o beijo com delicadeza e ergueu os olhos negros para ela, franzindo o cenho quando viu que ela chorava.


- O que houve? - perguntou baixo.


- É que... - fungou - Você está aqui. - sussurrou - Com a gente.


- Sim, estou. - sorriu e levou ambas as mãos ao rosto feminino, enxugando as lágrimas. Ela sorriu e baixou o olhar para a barriga e ele fez o mesmo. Com cuidado, o moreno baixou as mãos e tocou na barriga, acariciando-a, sentindo a diferença do local - Como está?


- Bem. - respondeu baixo, sorrindo - É um bebê bem agitado. Guloso. 


- Puxou a você, então. - sorri e ela o olha fazendo bico - Perdão.


- Hun... - ela estreita os olhos, mas não engole o "perdão" dele já que o mesmo mordiscava o lábio inferior no intuito de ocultar um riso. Suspirando, ela volta a olhar para a barriga - Também chuta bastante. Dobra de tamanho a cada dia e se continuar assim eu vou explodir.


- Acho que nessa parte, pode ter puxado a mim. - respondeu pensativo e quando ela ergueu os olhos para ele, o moreno apenas deu de ombros - Perdão, mas é que você não é muito grande, então...


- Então vou ter um gigante. - murmura de forma dramática e ele sorri. O sorriso foi contagiante e como se discordasse, o bebê chutou com força, fazendo-a soltar um gemido baixo e o moreno paralisou, esbugalhando os olhos com a mão sobre a barriga dela.


- Ele...? - balbuciou.


- É... acho que quer participar da conversa. - resmungou se ajeitando, mas acabou recebendo outro chute bem onde estava a mão do moreno, próximo á costela dela - Oooou, vai com calma aê miniatura.


- Meu Deus! - ele sussurrou, maravilhado. Os olhos negros brilharam e um sorriso sutil e único nasceu nos lábios masculinos enquanto os olhos negros encaravam a barriga. Como se ambos fossem feitos de vidro, ele deslizou os dedos com suavidade, enquanto focava toda a sua atenção naquele ponto - Olá, meu filho... Ou filha. - corrigiu, sorrindo.


O bebê voltou a chutar.


- Meu Deus, vou ficar sem a costela. - ela sussurrou, respirando fundo enquanto o moreno sorria mais.


- Isso é... - ele pisca para controlar as lágrimas que começavam a encher os olhos dele. Com um fungado, o moreno ergue os olhos para ela de forma séria e engole em seco, enquanto balançava a cabeça - Obrigado, Minha Sakura.


- Sasuke... - sussurra.


- Obrigado por... por me dar um filho. - respira fundo e coça os olhos, enxugando-os, depois volta a encará-la - Obrigado por me amar tanto. Obrigado por ser tão insistente, tão antiquada e tão... única. - ele segura o rosto dela entre as mãos e acaricia as bochechas femininas que já estavam molhadas. Os olhos negros passeiam por cada detalhe do rosto feminino e depois pousam nos olhos verdes - Eu te amo tanto que não seria capaz de colocar em palavras tal sentimento... e gratidão. Por isso eu... Eu queria lhe pedir algo.


- Peça. - soprou baixo. Estava tão emocionada que tudo o que fazia era chorar.


- Gostaria de saber se aceita ser Minha Senhora. - com o polegar ele enxugou uma lágrima que escorria - Se aceita ser minha porque já sou inteiramente seu... Não foi certo de minha parte tomá-la antes de um casamento, engravidá-la e ainda por cima partir, mas estou aqui disposto a corrigir tudo isso... Não apenas por responsabilidade, mas por amor. Simplesmente por isso. - respira fundo - Ainda não sei como farei para permanecer e me manter aqui, mas garanto-lhe que serei o melhor de todos os maridos se assim você me permitir. - respirou fundo e deu de ombros, mordiscando o lábio em ansiedade - Por favor, diga que sim. E-eu nã...


- Sim! - o interrompeu, abrindo um sorriso enorme enquanto meneava freneticamente - Sim. Sim. Sim.


Sem esperar, ele toma os lábios dela, beijando-a com voracidade enquanto sorria. Ambos estavam perdidos entre risos e beijos, carinhos e declarações de amor eterno. Era um fato que estavam felizes, completos e realizados. Depois de longos minutos, ela deitou a cabeça no peito dele e o moreno passou a fazer perguntas a respeito da gestação, do tempo em que esteve fora, como andava o trabalho dela e tudo o mais. A manhã foi passando e com ela, veio a tarde também. Deixando os dois envolvidos no clima de reencontro.


Ambos ficam em silêncio por um bom tempo enquanto ele apenas acariciava a barriga dela e ela permitia que ele fizesse aquilo com total liberdade. Estavam realmente felizes. Muito. A Haruno fechou os olhos e respirou fundo, inalando o cheiro dele, sentindo o coração dele bater contra seu ouvido, sentindo a respiração dele no topo de sua cabeça, o carinho dele em sua barriga. Já o Uchiha, sentia-se em casa, sentindo a pele suave dela, o cheiro dela, o corpo pequeno encaixando-se ao seu, a forma como o corpo dela correspondia ao seu mais simples toque. Ela era perfeita para ele de um jeito inexplicável e pela primeira vez na vida, ele se sentiu completo.









Comentários

  1. Sem palavras p esse capítulo 😭
    Não consigo parar de chorar 😭😍❤️
    Perfeitoooooooo 😭😍

    SUPER HIPER MEGA POWER ANSIOSA PELO PRÓXIMO CAPÍTULO POR FAVOOOOOR POR FAVOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POR FAVOOOOOR POSTA LOGOOOOOOO OUTRO CAPÍTULO ❣️
    #TheBest
    #NumberOne

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  2. Mara. ... estava aguardando muito esse capitulo. ..

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  3. ELE VOLTOU VIADO!!!!!!!!
    AGUARDEI TANTO POR ESTE MOMENTOS!!!!😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍

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  4. Estou sem palavras vc sua estoria toca realmente em nossos sentimentos e como se fossem parte de nos o reencontro foi incrivel.posta mais por favor autora sama.

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  5. Aí vc reler e ainda chora... amooooooo
    Eva

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  6. Esse reencontro foi lindo! Sasuke pode trabalhar com comércio, embora eu o imagine dando tudo de graça para as "damas".

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