Pub - Drink 1
O barulho do sininho anunciando a
entrada de mais um cliente se fez ouvir dentro do local quase vazio. Era por
volta de 20:30, às pessoas alí já curtiam suas bebidas, a música baixa e a
descrição que apenas um pub localizado no subúrbio da Inglaterra poderia dar.
Era uma noite como outra qualquer. Nada de interessante acontecia a dias e isso
era bem visível no rosto da jovem garçonete que passava o pano de forma
automática em cima do balcão. Com uma blusa branca, saia preta, uma gravata preta
e suspensório, um sapato preto e os cabelos róseos soltos, ela parecia estar
alheia a tudo ao seu redor, mas era mera impressão.
Mesmo no seu ato tão básico de limpar o
balcão frequentemente usado, ela se mantinha atenta à tudo ao seu redor,
afinal, gostava de ver a diferença das pessoas quando entravam e quando saíam.
Um garçom deixou um papel em cima do balcão e ela leu o pedido: Um Whisky
duplo. Foi até a prateleira e preparou a bebida, colocou-a em cima do balcão e
logo o garçom a pegou, levando-a até seu destino final.
Mais uma vez o sininho anunciou a
entrada de mais um cliente. Os olhos verdes foram para a figura do homem alto,
aparentemente porte atlético, cabelos negros e meio perdido que olhava ao redor
tentando compreender o que fazia alí. A garçonete ignorou o novato e terminou
de limpar o balcão no mesmo momento em que o moreno sentava em um banquinho que
ficava no canto mais afastado do balcão. Ela deixou o pano na bancada que
ficava por trás do balcão e se dirigiu até o moreno que havia levantado a mão
esquerda, chamando-a. Com um suspiro, ela se aproximou dele.
- Boa noite, o que deseja? - perguntou
despreocupada.
- Boa… - murmurou o moreno que voltou
os olhos para ela - Qual a bebida mais forte que vocês têm?
- Hun… - ela olhou por alguns segundos
aqueles olhos extremamente negros e percebeu que ele estava muito fodido.
Aqueles olhos escondiam algo de muito complicado - Temos o Etna, Vesúvio,
Krakatoa, Tambora e Toba.
- Vulcões? - ele arqueou as
sobrancelhas ao constatar que as bebidas mais fortes possuíam nome de vulcões.
- Quero o mais forte.
- Saindo um Toba. - a jovem deu as
costas ao moreno e seguiu até a estante pegando uma garrafa de rótulo preto no
alto da mesma. Pegou um copo pequeno e encheu-o com o líquido escuro, virou e
colocou o copinho no balcão em frente ao moreno - Bom proveito.
- Obrigado.
Ela se afastou do homem e começou a
arrumar alguns drinkes no balcão, mas viu pelo canto do olho o moreno segurar o
copinho entre as mãos grandes e fitar a bebida na dúvida entre beber e não
beber. Com um suspiro alto, ele virou a bebida de uma vez e com uma careta, ele
colocou o copo vazio em cima do balcão, fechou os olhos e soltou um palavrão
baixinho. Ele levantou a mão ainda com os olhos fechados, chamando-a. Com um
sorriso divertido, a rosada voltou a se aproximar do homem e apoiou as mãos na
cintura, arqueando as sobrancelhas.
- Sim?
- Outro. - a voz saiu mais grave do que
já era por conta da bebida quente.
- Querendo morrer? - perguntou
divertida enquanto ía até a estante e pegava a garrafa, voltando para junto do
moreno.
- Hun. - murmurou.
- Boa morte. - encheu o copinho
novamente e apoiou a garrafa no balcão. Ficou observando o homem virar o
líquido e grunhir algo quando o mesmo queimou sua garganta.
- Outro. - empurrou o copo para ela.
- Tem certeza? - pela primeira vez, ela
ficou com receio de servir bebida a alguém.
- Outro. - os olhos negros fitaram os
olhos verdes com seriedade.
Enquanto olhava nos olhos negros, ela
percebeu que ele deveria estar muito mal. Era um homem bem de vida, sua roupa
social e feições não negavam isso. Também parecia fazer o tipo sério, já que,
era monossilábico. Sempre fora muito observadora e pelo que estava parecendo,
esse homem estava querendo realmente esquecer alguma coisa… ou alguém. Com um
suspiro, ela estendeu uma mão para ele enquanto a outra segurava a bebida. Os
olhos negros foram para a mão estendida e ele franziu o cenho.
- As chaves do carro.
- Eu estou bem. - ele murmurou
carrancudo.
- Quer se matar?Ok, mas não comigo
sabendo que isso irá acontecer. - trocou o peso de perna - As chaves, por
favor.
Os olhos negros pela primeira vez desde
que entrara alí observaram a jovem. Ela aparentava ter entre 20 e 25 anos,
cabelos róseos, olhos extremamente verdes, os braços expostos pela camisa
mostravam-se cheios de tatuagens, seios medianos, cintura fina sendo modelada
pelo suspensório bem preso à saia, uma gravata borboleta, os lábios estavam
limpos, mas os olhos verdes estavam bem marcados por um lápis preto. Ela
parecia fazer o tipo rebelde aos olhos do moreno, mas sua voz suave fazia toda
a pose de “durona” desmanchar.
- Seus pais sabem que está fora de casa
à essa hora? - murmurou arqueando as sobrancelhas.
- Ok. Acho que você merece morrer. -
Encheu o copinho mais uma vez e o moreno sem pestanejar, virou o conteúdo
garganta a dentro.
Ele abriu a boca para protestar, mas
nesse exato momento, o celular tocou e tateando o bolso da calça social, ele
puxou o aparelho e olhou na tela. A jovem viu ele soltar um suspiro cansado e
rejeitar a ligação, mas não guardou o celular, em vez disso, os olhos negros mantinham-se
presos na tela do aparelho enquanto as mãos seguravam o pequeno objeto com
certa força. Percebendo que estava sobrando, a jovem garçonete saiu de fininho
e guardou a garrafa na estante.
Um garçom chegou com uma notinha de
finalização de mesa e logo ela estava entretida naquela função. Um tempo
depois, o pub estava praticamente vazio, não sendo pelo moreno que permanecia
no balcão segurando o celular em uma mão e o copo vazio na outra e uma mesa com
três homens e três mulheres que conversavam animados. Quando terminou de
arrumar os copos limpos em cima de uma bandeja, ela olhou de canto para ele e
viu que o mesmo continuava do mesmo jeito, parecia que nem respirava.
Esse tipo de coisa acontecia com muita
frequência, mas poucos costumavam agir daquele jeito. Geralmente enchiam a cara
e saiam fazendo ou falando besteiras. Apesar de muito nova, a jovem garçonete
sabia quando alguém precisava de ajuda, afinal, já foi mais psicóloga dentro do
pub do que garçonete. Pegou um copo, encheu com gelo e água e seguiu na direção
do moreno. Apoiou o copo no balcão e deslizou-o em direção ao moreno que olhou
para o copo com água e depois levantou o olhar para a jovem que já sentava à
sua frente do outro lado do balcão.
- Trabalho ou mulher? – Direta como sempre,
não quis fingir não saber o motivo.
- Não acha que já passou da hora de ir
para a cama? – voltou a olhar para o copinho que antes era usado para beber o
drink alcoólico.
- Fico muito grata pelo elogio,
mulheres adoram quando lhe dão menos idade do que elas realmente têm... Mas não
mude de assunto, mulher ou trabalho?
Ele voltou a olhar para ela. Certamente
ela não desistiria, afinal, já apoiava os braços no balcão e inclinava o corpo
levemente na direção dele afim de saber o real móvito de sua visita a um pub.
Desde que se entende por gente, foi um homem de poucas palavras, entretanto,
extremamente paciente, mas quando se irritava... E agora ele estava no mínimo,
chateado e apesar disso, não conseguia descontar sua raiva na jovem à sua
frente. De alguma forma, ela parecia realmente preocupada consigo... Coisa que
a muito, muito tempo não acontecia.
- O que lhe dá a pensar que é um desses
dois motivos? – sua feição era séria, bem como sua voz.
- Bem... – ela passou a ponta da língua
entre os lábios enquanto ajeitava o corpo ficando empolgada por ele estar
conversando consigo – Você me parece ser um homem importante, talvez executivo,
um CEO? Ou o dono... Eu chutaria alguém importante... Geralmente pessoas assim
costumam ter problemas pra cacete. – deu de ombros – Oooou... Mulher.
- Mulher? – ele franziu o cenho.
- Uhum. – balançou a cabeça – Você usa
uma aliança do tamanho do mundo no anelar direito. Está noivo... Então eu tenho
cinco opções: 1- Você foi traído; 2- Você não ama mais sua noiva; 3- Você até
gosta dela, mas não sabe se deve casar; 4- Você à atraiu e não sabe como
contar; ou 5- Vocês até se gostam, mas ela cobra sua presença enquanto você
trabalha demais.
- O que te faz criar tantas teorias?
- Nós mulheres temos o talento de foder
com vocês. – um sorriso brincalhão surge nos lábios femininos.
Enquanto ela sorria, ele se mantinha
sério. Observava cada reação da jovem à sua frente imaginando se ela estava
realmente sendo solidária ou sarcástica, curtindo de seu terrível momento para
melhorar a própria noite. Entretanto, ela estava certa. E isso era terrível de
se admitir. Sem responder, ele apenas baixou o olhar para o copo e o celular
que ainda estavam em suas mãos e soltou um suspiro alto.
- Xiiii, já ví que a resposta é mulher.
– a voz dela saiu deprimida – Olha, vou te dar um conselho. – ficou ereta na
cadeira. Os olhos negros voltaram a encarar os verdes – Ficar enchendo a cara
não vai te ajudar muito, vai por mim, a única coisa que você vai ganhar é uma
dor de cabeça dos caralhos amanhã. – inclinou na direção dele e sussurrou – Não
fala pro meu chefe que eu tô dispensando um cliente dele. - deu uma piscadela
voltando a ficar ereta. – Mas vai pra casa, toma um banho daqueles muito foda, come
algo e vai dormir. Amanhã você vai estar bem melhor.
- Você não acha que tem a boca um pouco
suja? – argumentou pelos palavrões que ela estava soltando.
- Não sabia que você era dentista. –
arqueou as sobrancelhas – Ou talvez meu pai...
- Minha filha não falaria tantos
palavrões. – foi direto ficando ereto também.
- Claro que não. Ela seria mais uma
mimadinha que você e sua noiva perfeita iriam criar para ficar de amostra para
a sociedade. – Passou uma mão nos cabelos.
- É isso que pensa sobre minha classe?
– o moreno arqueou as sobrancelhas achando muita ousadia da parte dela ser tão
direta como estava sendo. Pela primeira vez desde que chegou naquele pub ele
percebeu que alí, longe de sua redoma “perfeita” ele ouviria tudo o que merecia
ouvir. Ouviria tudo aquilo que as pessoas tinham medo de lhe falar.
- É o que todos pensam. – a jovem
deslizou a ponta do dedo indicador por cima do balcão e o movimento não passou
despercebido pelos olhos negros que logo voltaram a olhar nos olhos verdes – Mas
não estou julgando-o, longe de mim. Só estou falando a verdade...
- E por que você não está julgando? –
foi curioso.
- Acho que vocês já pagam muito caro
por isso. Perdem privacidade, vivem de aparências, tem amigos falsos...
-levantou e começou a ajeitar a saia – Agora se quer mesmo continuar enchendo a
cara é uma opção sua. – voltou a olhá-lo e estendeu a mão – Mas não posso
permitir que saia daqui dirigindo.
O homem olhou para a mão estendida. Viu
que a mesma era pequena e de aparência delicada. As unhas pintadas de preto
davam um contraste com tudo o que vira até agora. Ela era sem dúvida, a menina
mais contraditória que já vira em sua vida e rezava aos céus para que sua filha
não seguisse por esse caminho. Na verdade, nem sabia porque estava dando
ouvidos a uma adolescente. Só podia estar realmente sob o efeito da tal bebida.
Com um muxoxo, meteu a mão dentro do bolso da calça e retirou de lá as chaves
do carro e colocou-as sobre a mão. Por uma fração de segundos a ponta de seus
dedos tocaram na pele da mão dela e ele percebeu como era quente. Ela fechou a
mão e seguiu até perto do caixa, abriu uma gaveta e jogou as chaves alí dentro.
Pegou um telefone sem fio e voltou caminhando na direção do moreno enquanto
digitava algum número no aparelho.
- Tobias? – encostou o antebraço no
balcão e abriu um sorriso enorme enquanto inclinava o corpo levemente na
direção do moreno. – Sim amor, sou eu. Tô precisando de seus serviços. – Em
nenhum momento a jovem tirava os olhos dos olhos do moreno e ele, por sua vez,
a olhava curioso – Tá bom. Estou te esperando. – A jovem desligou o telefone e
prendeu o aparelho no cós da saia – Chamei um táxi para você.
- Você é bem insistente. – retirou a
carteira do bolso e colocou dinheiro em cima do balcão, pagando a bebida.
- É que tô tentando uma vaguinha no céu
quando morrer e se eu deixar você ir embora assim, vou acabar sendo julgada por
não ter amor ao próximo. – levantou as mãos como se estivesse sendo rendida – E
eu sou uma pessoa muito amorosa.
- Hun. – resmungou.
- A propósito, qual seu carro? –
mordiscou o lábio inferior.
- Qual o motivo da pergunta?
- É que se você morrer... Posso ficar
com ele? – Abriu um sorriso.
- E a parte de amor ao próximo? –
arqueou as sobrancelhas.
- E você acha que cuidar do seu carro
não é um ato de amor? – fez bico – Veja bem, você poderá descansar em paz
sabendo que ele será muito bem cuidado.
- Meu testamento já está pronto, e você
não está inclusa. – arqueou uma sobrancelha divertido, afinal, havia cortado o
barato dela.
- Odeio testamentos. – resmungou.
Ele acabou soltando um sorriso nasalado
com a cara de decepção que ela fez e pela primeira vez naquele dia ele sorriu.
Claro que o ato não passou despercebido pelo homem que enquanto voltava para
casa no banco traseiro de um táxi pensava que talvez, apenas talvez, seu dia
não tenha sido tão merda como imaginou que seria. Também nunca imaginou que
deixaria seu carro em um subúrbio da Inglaterra, e as chaves em um pub
qualquer.
Incrivelmente, não estava arrependido
de ter ido lá. Nem sabia como havia encontrado aquele lugar para ser franco,
mas agradeceu mentalmente aos céus por tê-lo mostrado. Também percebeu uma
coisa que nunca tinha percebido, sua paciência com adolescentes era maior do
que imaginava e começava a se questionar se os pais da jovem de cabelos róseos
sabiam de seu trabalho naquele local.
Provavelmente não.

Primeiramente, eu preciso esperimentar alguma dessas bebida com nome de vulcões. Kkkkkkk
ResponderExcluirEm segundo lugar, esse aperitivo não deu nem pra tirar gosto.
Eu querooooooo maaaaais.
Misericórdia!
Não acredito que finalmente essa história foda pra caralho tá sendo postada.
#atualizaçao/toda/semana/por favor.
Pinguçaaaaaa!!!
Excluir*--------------------*
Ai meu coração...Quero mais, muito mais!!!! Surtando de tanta ansiedade.
ResponderExcluirHusahsuahsuahs acalma esse coraçãozinho, Bia
ExcluirMorrendoooooo de rir 😂😂😂😂😂
ResponderExcluirAMEEEIIIII
E fala sério já tem q postar outro capítulo, e hj ainda please...
Ah tio Mad realmente vc ter achado esse Pub penso q foi sua salvação ou perdição 😂😍
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ExcluirEle tá é ferrado
Que nomes criativos para doses...
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