Reencontros - Capítulo 56


Três meses haviam se passado desde a última perícia. O julgamento se aproximava enquanto Sakura tentava seguir a vida.

Desde o fatídico dia, não havia se relacionado com Sasuke. Já havia tentado, mas toda vez que ele a tocava de alguma forma mais íntima, ela lembrava da situação e o repudiava. Claro que ela não fazia por querer, mas seu sub consciente agia no automático. Sasuke compreendia, é claro, dizia que estava tudo bem, mas ela via nos olhos dele o quanto aquilo o feria, tanto pelo que aconteceu, quanto pelo fato de ser rejeitado.

Sakura estava sentada na varanda da casa que dava para o quintal onde havia uma piscina. Sentia-se sozinha.

Era final de tarde. Fazia tempo que não via Sophia, nem Ino. Elas haviam viajado em família junto com Gaara. Hinata estava envolvida nas provas de trimestre, Tenten enroladíssima com o casamento, mas era quem mais vinha visitar Sakura, pedindo ajuda com os detalhes do casamento. Shion foi outra que apareceu um pouco mais.

Sasuke estava sempre presente, mas precisava ir bastante para o trabalho, o que o deixava ausente também em certas ocasiões.

Sakura não estava acostumada a ficar tanto tempo sozinha, dentro de casa. Sentia que iria enlouquecer. Tinha dias que passava o dia inteiro junto com a empregada e a cozinheira apenas para distrair a cabeça. Eleanor e Amélia eram pessoas maravilhosas, mas nem mesmo elas tiravam os fantasmas da cabeça de Sakura.

As vezes, quando andava pelos corredores, era capaz de ouvir os gritos de Yahiko. Há três dias atrás, enquanto estava no escritório, ouviu um sussurro ao pé do ouvido. Sem dúvidas era a voz do Uzumaki. Sakura fechou os olhos dizendo a si mesma que era apenas uma ilusão, coisa da cabeça, mas sentiu um toque no ombro e ao olhar para o lado, encontrou os olhos castanhos olhando-a de forma irônica.

Assustada, Sakura começou a gritar, enquanto corria para fora da casa. Nesse dia, ela quase levou um tiro dos policiais que faziam sua guarda, pois, eles gritavam para ela parar de correr, dizendo que ela não podia sair, mas ela não ouvia, apenas gritava e corria. Por sorte, Sasuke estava chegando em casa e quase, por muito pouco, não atropelou ela. Freou o carro em cima da "esposa". Assustado, ambos se olharam com os olhos esbugalhados e quando Sasuke reconheceu Sakura, ele saiu do carro como uma bala e ela se jogou nos braços dele, dizendo que Yahiko estava vivo.

Foi um dia terrível onde ela precisou de remédios para dormir.

Depois disso, foi convencida a procurar um psicólogo.

Ontem foi a primeira consulta. Foi tão estranho e invasivo, mas Sakura não iria desistir. Então desde o ocorrido, Sasuke não saia de perto e quando precisava se ausentar, deixava sempre alguém de olho, como agora, que ela tentava ignorar a presença de Eleanor. A mulher estava no jardim, regando as plantinhas que ela já havia regado. As coitadas iriam morrer afogadas se continuasse daquele jeito.

Tediosa, a Uchiha suspirou e fechou a olhos.

Será que nunca mais voltaria a ser como antes?

E... Onde será que Sasuke estava? Ele disse que não iria demorar, mas já estava há bastante tempo fora.

- Tudo o que tenho por seus pensamentos.

Ouviu a voz atrás de si e tomou um susto, mas logo de recuperou ao reconhecer a voz. Abriu os olhos e um sorriso aliviado. Agora estava segura.

Levantou e praticamente se jogou nos braços do moreno. Ele envolveu o corpo dela, apertando-a, beijando a têmpora feminina.

- Você demorou. - murmurou com o rosto prensado contra o peito masculino.

- Perdoe-me. - beijou a cabeça dela - Como você está?

- Morrendo de tédio. - reclamou e afastou o rosto do peito dele, olhando-a nos olhos.

- Imagino que sim. - sorriu - Maaaas, acho que isso está para acabar.

- Do que está falando? - Franziu o cenho.

Sasuke deu um sorriso travesso, o que fez Sakura estreitar os olhos, desconfiada. Sem dizer nada, ele foi para trás dela e tapou os olhos femininos. Sakura protestou, claro, mas ele não ligou.

- Eu disse que teríamos muitos filhos, não disse? - perguntou enquanto a guiava para dentro da casa sem destapar os olhos dela.

- Só nos seus sonhos, Uchiha. - reclamou, permitindo-se ser guiada.

- Sou bom com sonhos, senhora Uchiha. - sorriu e quando chegaram na sala, ele suspirou e destampou os olhos dela - Espero que você seja paciente.

- Hun? - Ela ficou confusa, mas então viu uma enorme caixa de papelão no chão. Olhou para o moreno que indicou a caixa com a cabeça.

- Um presente.

- O que você está aprontando, Sasuke? - franziu o cenho e caminhou na direção da caixa. Ao se aproximar, a caixa se mexeu e Sakura tomou um susto enorme - MEU DEUS! - Deu um passo para trás, o que fez Sasuke gargalhar. Ela voltou os olhos para ele e abriu a boca para reclamar, mas então ela ouviu um latido fino. No mesmo instante a Haruno paralisou. Os olhos verdes esbugalharam e ela olhou para a caixa - Meu Deus. - sussurrou, incrédula.

Em choque, voltou os olhos para o Uchiha que estava parado com as mãos nos bolsos da calça. Ele tinha um enorme sorriso nos lábios.

- Não o deixe esperando, tadinho. - fingiu chateação, mas o sorriso não saiu dos lábios dele.

- Meu Deus! - ela levou as mãos a boca enquanto corria na direção da caixa. Sem nenhum cuidado, ela abriu a caixa e soltou um gritinho ao ver o conteúdo. No mesmo instante, colocou as mãos dentro e quando as ergueu, trouxe consigo um filho de Golden - Oh meu Deus! Meu Deus! - ela abraçou o cãozinho que começou a lamber a Uchiha. Ela virou na direção de Sasuke que estava do mesmo jeito. Sakura abraçava o cão e chorava ao mesmo tempo. As lágrimas desciam pesadas enquanto ela praticamente esmagava o cachorro nos braços - Meu Deus, Sasuke!

- Que bom que gostou.

- Eu amei! - olhou para o cachorro que a farejava - Meu Deus ele é tão lindo. Você é lindo. Lindo. Lindo! - abraçou o cachorro, apertando-a nos braços. Ela olhou para o moreno e sorriu abertamente - Obrigada.

- Não agradeça. - deu de ombros e se aproximou, acariciando a orelha do filhote - A dona dos pais disse que ele era o último. Isso significa que era o pior... Então se prepare porque ele vai dar trabalho.

- Não tem problema, não é, meu amor? - encarou o filhote e beijou o focinho - Mamãe vai cuidar de você com todo amor. - e sem avisar, ela abraçou o moreno, deixando o filhote entre eles - Eu te amo.

- Eu também te amo. - abraçou os dois, beijando a cabeça dela - Fico feliz que tenha gostado... Agora você precisa dar um nome.

- Um nome? - olhou para o cachorro que espremido entre os dois, analisava a cena com os olhinhos confusos - Hum... Deixe-me pensar... Clark Kent.

- Sério que você vai colocar o nome do Superman no nosso primeiro filho? - arqueou as sobrancelhas.

- É. Ele sempre salva as donzelas, além de ser bem gostoso.

- Como é, Dona Sakura Uchiha!? - estreitou os olhos para ela.

- Não seja tão ciumento. - ficou na ponta dos pés e deu um selinho no moreno, depois abriu um sorriso enorme - Você é bem mais gostoso.

- Você está tentando me enrolar. - estreitou os olhos ainda mais.

- Deu certo? - piscou os olhos de forma inocente.

- Hunf. - fez bico - Só vou deixar passar porque eu te amo muito.

- Que bonitinho. - sorriu e olhou para o filhote - Viu? O papai é bonzinho... Agora vamos, eu vou lhe mostrar sua nova casa... - começou a se afastar e então lembrou de algo importante - Ele vai precisar de comida.

- Já tem tudo no carro. - sorriu, retirando a camisa social e seguindo na direção das escadas que levava ao quarto - Vou tomar um banho e encontro vocês.

- Não demore. - colocou o cachorro ao lado do rosto, virado para o moreno e fez voz de bebê - Não demore, papai.

- Não irei. - respondeu sorrindo, subindo as escadas.

Sakura estava nas nuvens. Com o filhote nos braços, mostrou a cozinha, o escritório, a sala, a lavanderia, mostrou também o banheiro social, depois foi para o jardim. O pequeno cachorro distrubuia latidos animados enquanto Sakura conversava mais animada ainda com ele. Estavam se dando bem.

Sasuke voltou um tempo depois, mas não se pronunciou. Encontrou Sakura sentada na grama com o cachorrinho pulando entre as pernas dela, latindo e fazendo graça. Sakura gargalhava, brincando com o filhote.

Pela primeira vez em tanto tempo, o moreno via um sorriso verdadeiro nos lábios da mulher que tanto amava. Se encostou na soleira da porta onde estava e suspirou aliviado. Ao menos ela estava feliz.

- Senhor, estamos indo. - Amélia apareceu, pronunciando-se.

- Obrigado, tanto você quando a Eleanor estão dispensadas amanhã.

- Sim, senhor. - ela fez uma breve mensura.

- Obrigado pela ajuda... Vocês duas. - meneou a cabeça para Eleanor que estava mais atrás.

- Imagina, senhor. - a mulher sorriu levemente - Licença.

E elas se retiraram, fazendo Sasuke voltar os olhos para a Haruno que agora, estava deitada na grama com o cachorrinho sobre o peito, lambendo seu rosto enquanto a gargalhada dela ecoava pelo ambiente.

Refleiu se deveria se juntar ou não, mas resolveu que sim, afinal, era sua família. Tirou as mãos dos bolsos do short que usava e caminhou na direção deles. Sakura o viu se aproximar e abriu um sorriso ainda maior, tentando levantar, mas o doguinho se jogou sobre o rosto dela, fazendo-a cair deitada na grama novamente.

- Socorro! Ataque de filhote! - gritou, fingindo estar sendo verdadeiramente atacada.

- Já estou vendo que vou ter que educá-lo. - sorriu, sentando na grama ao lado dela, no mesmo instante o cachorro saltitou para o colo do moreno, tentando lamber o rosto dele, mas Sasuke o pegou no colo e acariciou o pelo rebelde - Acho que sua mãe fará todos os seus gostos.

- Não seja tão duro com ele, Sasuke. - fez bico, sentando e ajeitando os cabelos que agora estavam embaraçados - Ele é só um bebezinho.

- Hun... - arqueou uma sobrancelha pra ela - Você sabe que a educação deve vir de pequeno, não é?

- Você é tão chato! - fez bico e então olhou para o cachorro, estendendo as mãos e batendo palmas, fazendo o cachorro abanar o rabo, se preparando para pular no colo dela - Num é coisa linda de mamãe? Meu amor mais lindo do mundo! - o cachorro pulou e ela o pegou no colo, enchendo-o de beijos pelo focinho - Você é lindo, lindo. Vai ser um lindo lord!

- Ah, tá! - o moreno duvidava muito disso.

Distraídos com o pequeno dog, nem perceberam a noite adentrar. Os sorrisos eram frouxos, os latidos eram afoitos e os olhares, beijos e carinhos eram naturais. Finalmente, Sasuke via sua adorada Sakura voltar a ser quem era antes de tudo aquilo acontecer. Seu peito se enchia de paz. Uma paz ha muito desconhecida. Suspirou, relaxado, vendo Sakura correr de um lado para o outro enquanto o cachorro a seguia.

Ouviu a campainha tocar. Sakura olhou rápido para ele, mas o moreno apenas sinalizou com a mão para ela continuar. Ela meneou a cabeça e voltou a brincar com o cachorro, enquanto ele levantava, passava as mãos na bermuda tirando a grama que havia grudado e seguiu para dentro da casa.

Os lábios ainda carregavam aquele sorriso triunfante. Ao chegar na enorme porta, abriu a mesma deparando-se com Hinata. Os olhos claros estavam dilatados, as bochechas coradas, levemente ofegante. Ao ver Sasuke, ela deu um passo para trás, assustada.

- Hyuuga - cumprimentou franzindo o cenho.

- S-Sasuke... - respirou fundo - A S-Sakura está? - perguntou mais por costume, pois, sabia que a amiga não poderia ir a lugar algum.

- No jardim. - indicou o interior da casa e deu um passo para o lado, permitindo que ela entrasse - Está tudo bem?

- Sim! - a voz saiu mais aguda. Sasuke percebeu que havia algo de errado. Hinata parecia estar se controlando para não explodir. Ele só não conseguia compreender se aquilo era bom ou ruim. Resolveu acabar com aquilo - Eu lhe acompanho.

E em silêncio, eles seguiram pela casa. O moreno olhava Hinata vez ou outra pelos cantos dos olhos enquanto a mesma torcia as mãos uma na outra. Ao chegarem na entrada do jardim, Hinata suspirou, vendo Sakura sentada com o filhote no colo. A ex Haruno seguiu os olhos até a porta vendo a amiga.

- HINATA! - gritou, abrindo um enorme sorriso, ela pegou o cachorro e mostrou a amiga - Veja meu filho que lindo!

- Cristo, Pai! - a Hyuuga esbugalhou os olhos.

- Hinata, está tudo bem? - Sasuke se aproximou, tocando-a delicadamente no ombro.

- Ãn? - olhou para ele, aérea.

- Hina? - Sakura estranhou o comportamento da amiga e levantou, trazendo o filhote nos braços - Hina o que houve?

- E-e-eu... - voltou os olhos para a amiga e depois para o filhote - Um cachorro...

- É. Nosso filho! - Sakura sorriu parando em frente a amiga, olhando-a desconfiada - Você está pálida.

- T-tô? - a voz dela falhou.

- Ela vai desmaiar... - Sasuke apontou.

- Vou? - olhou para o moreno, atordoada.

- Meu Deus! - Sakura se adiantou, colocando o cachorro no chão e segurando o rosto da amiga - Hinata, o que houve?

- Houve? - franziu o cenho e então puxou o ar para dentro dos pulmões. Seus ouvidos zumbiam - N-n-nós também...

- Vocês também o que, Hina? - Sakura segurou nas mãos da amiga, sentindo-a gelada.

- Ela vai morrer. - Sasuke balbuciou, esbugalhando os olhos.

- Vamos ter... - os olhos claros focaram nos olhos verdes e Hinata sentiu o mundo ficar silencioso, a boca formigar, o ar faltar aos pulmões e enquanto sussurrava a última palavra, ela sentia o chão debaixo dos pés sumir - Gêmeos...

A última coisa que sentiu foram braços fortes erguendo-a. Isso, estava sendo erguida... E então tudo escureceu.








Comentários

  1. Meu deus! Mataram a Hinata!!!! MEU PAI AMADOOOO ELES VAI TER GÊMEOS!!! DEUS DO CÉU

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  2. Vou ler fugitivos de no pra aguarda reencontros ...gostaria muito q vc continuasse

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