Gypsy - Fagulha 26
Encarava o próprio reflexo no enorme espelho se sentindo estranha. Respirou fundo e viu pelo reflexo do espelho, Konan e Hinata a olhando. Itachi havia tomado todas as providências ainda naquela tarde e Konan já estava devidamente instalada no quarto das ciganas. Ele havia dito que antes de irem jantar, ele passaria no salão e daria a notícia sobre a gravidez e também sobre a Haruno ficar responsável pelo comportamento direto das meninas, ou seja, Tsunade iria se reportar a Sakura quando fosse tratar de qualquer situação sobre o harém, não com Itachi.
Girou nos calcanhares e encontrou os dois pares de olhos ainda olhando-a. Konan estava curiosa e Hinata intrigada. Havia tentado de tudo para a prima desistir daquele jantar. Havia visto. Havia visto absolutamente tudo e sabia que se tudo corresse como havia visto, não teria mais volta. E temia por isso.
- Sah... - tentou uma última vez.
- Não, Hina. Eu já disse que vou. - enfatizou, pegando o lenço e colocando sobre a cabeça e o arrumando envolta do rosto - É só um jantar.
- E você está toda produzida!
- Are, Hinata! - bufou e caminhou pelo quarto.
- Eu só não entendo o véu. - Konan deu de ombros - Ele já te viu sem.
- Sim, mas é uma tradição na nossa família o uso do véu em certas ocasiões.
- Huuun... - franziu o cenho - Qual seu medo Hina?
- Aí Konan! - suspirou e caminhou pelo quarto - Eu não posso falar porque não me diz respeito. É o futuro do Uchiha, então não posso me meter nisso.
- Ela não pode se meter, mas fica se metendo, Konan. - Sakura rebateu, virando definitivamente para a prima - Então me deixe fazer o que eu acho certo, Hinata.
- Depois não diga que eu não tentei. - cruzou os braços.
Com um muxoxo, Sakura seguiu para fora do quarto, deixando Hinata preocupada pára trás. Durante todo o percurso para o local marcado - o jardim - Sakura não pensava em nada. Preferiu chegar naquele jantar de mente aberta, disposta a ser a pessoa mais agradável do mundo, tudo isso porque havia decidido que não valeria a pena lutar contra Itachi. Com ele, usaria a inteligência.
Chegou na entrada do jardim e dois homens estavam do lado de fora, eles menearam a cabeça para ela e ela apenas meneou a dela como resposta. Com os pés descansos, pisou na fofa grama do jardim e caminhou para dentro dele. O mesmo estava belíssimo, sabia exatamente para onde ir, pois, foi formado um caminho com pequenas lâmpadas, como tochas. Encantada, Sakura observou os enfeites aqui e ali que davam um charme e quando chegou junto a fonte, prendeu a respiração.
Estava lindo!
A fonte possuía pétalas de flor de Sakura em sua água, colocadas cuidadosamente ali para decoração. Mais ao lado havia sido montada uma tenda com luzes decorativas, uma mesa, duas cadeiras, um belo arranjo no centro e ao lado, um carrinho com alguns pratos e a bebida, e ao lado da tenda estava Itachi que ao ver Sakura chegar, prendeu a respiração. Ela estava linda.
Sakura engoliu em seco e puxou ar para dentro dos pulmões, se aproximando.
- Uma bela noite, não acha? - Itachi olhou para o céu, vendo as estrelas.
- Sim. - foi breve, olhou para o céu e depois para ele - Está tudo lindo.
- Obrigado. Fiquei com medo que não gostasse. - caminhou ao encontro dela e pararam frente a frente, Itachi pegou uma mão de Sakura e beijou o dorso, olhando-a nos olhos - Está encantadora, Rom.
- Obrigada. - desviou rapidamente o olhar - Pensei que fosse um simples jantar.
- Nada para você será simples, Rom. - ficou ereto, mas ainda segurava na mão dela - Você sempre terá o melhor.
- "Sempre" é muito tempo, não acha?
- Com você, prefiro ser otimista. - lançou a ela um pequeno sorriso - Com fome?
Em silêncio, ela apenas meneou a cabeça. Deixou-se ser guiada por Itachi até a mesa onde ele puxou uma cadeira e ela sentou, agradecendo. Ele se dirigiu a mesa ao lado e pegou dois pratos que estavam tampados e colocou um em frente a ela e um onde seria seu lugar, depois pegou vinho e serviu para ambos. Sakura agradeceu e retirou o véu do rosto, dando um pequeno gole na bebida. Itachi sentou-se em frente a ela e a observou por longos segundos.
- Nunca me acostumarei com sua beleza.
- Não sou a mais bela, Gadjô.
- Para mim é a única.
Sakura ficou corada e bebeu um pouco mais do vinho, precisava de álcool no sangue para encarar aquele jantar. Itachi retirou a tampa dos pratos revelando o jantar deles. Os olhos de Sakura brilharam e sua boca salivou. Ela subiu os olhos para os negros e sorriu.
- Parece bom.
- Espero que esteja de seu agrado. Tive que improvisar na receita. - revelou baixo.
- Como!? - esbugalhou os olhos - Foi você quem preparou?
- Sim. - murmurou - Tive que expulsar todo mundo da cozinha, pois, não me queriam deixar mexer em nada. - bufou irritado - Agora me diga se tem cabimento, eu não posso cozinhar na própria cozinha de meu palácio porque as cozinheiras acham que vou fazer um desastre!
Ela não sabia o que falar. Apenas encarava o moreno espantada. Ele cozinhava? Pior! Ele havia conzinhado para si! E pior ainda, as cozinheiras haviam reclamado com ele!
Sem conseguir se conter, a Haruno caiu na gargalhada. Ela sorriu tanto que levou as mãos a barriga, tentando se controlar. Enquanto isso Itachi a olhava confuso, sem saber qual a graça na situação, mas ficou constrangido quando percebeu que ela ria de si. Não fazia parte do plano ser uma piada, mas apesar de tudo, estava achando lindo aquele sorriso dela. Tão leve e puro que ele relevou a vergonha.
- Me... Desculpa... - pediu puxando o ar pela boca enquanto tentava parar de rir - Não sei... O sabor, mas... Está com a cara ótima.
- Tudo bem. - puxou o ar pela boca e pigarreou, depois, apontou para o prato - Você primeiro.
Sakura apenas meneou a cabeça e provou da comida. De cara, a mistura dos temperos com pimentas e algo que ela não conseguiu identificar atingiu seu paladar. Estava perfeito. Mas decidiu brincar com o Uchiha que a olhava nervoso. Fez uma careta, deu de ombros e repousou os talheres no canto do prato, suspirando.
- Bom...
- Está tão ruim assim? - sentiu o rosto esquentar. Deveria ter deixado as cozinheiras prepararem o jantar. Já fazia tanto tempo que não cozinhava que tava na cara que iria se sair péssimo.
- Está... maravilhoso! - sorriu.
Itachi soltou o ar com força enquanto sentia a tensão se esvair.
O jantar seguiu seu curso de forma tranquila, enquanto eles conversavam sobre banalidades e se conheciam. Itachi contou algumas coisas de sua infância e Sakura acabou fazendo a mesma coisa. Estavam tão envolvidos na conversa que quando acabaram de comer, foram para debaixo da árvore que estava decorada com um lençol, almofadas e uma pequena cesta que continha frutas para degustação e continuaram a conversa lá.
Ele já estava comendo uva e ela morango, deitados sobre os travesseiros,conversando sobre os planos para conseguir conquistar mais um poço de petróleo quando começou a falar sobre uma aventura que viveu onde teve que se fingir de morto para não morrer.
- Não acredito que fez isso! - ela estava chocada.
- Acredite, Rom, as vezes, eu também me desespero. - deu de ombros e sorriu.
- Allah! - ela acabou sorrindo também, engasgando brevemente com o morango, mas tossiu para se recompor e ele riu da situação - Você não conhece limites.
- Não gosto de me limitar. - comeu uma uva e deu de ombros, suspirando - O limite nos faz parar em determinado momento e eu não sou o tipo de pessoa que gosto de parar quando vejo que dá pra seguir a diante.
- Poético. - sorri e ajeita a saia, olhando para cima, vendo as luzes que haviam sido postas ali para decorar a árvore - Isso me faz lembrar de quando dançávamos em torno da fogueira. - mordisca o lábio com tristeza e olha pra ele - Nossas canções reportam histórias de nossas conquistas.
- Já ouvi algumas. - desvia rapidamente o olhar - Eu... Eu sinto muito pelo que fiz, mas se serve para ajudar, sua família chega amanhã de manhã.
- Mesmo!? - esbugalhou os olhos, feliz.
- Sim.
- Allah, Gajdô! - da palminhas de alegria e come um morango, feliz - Apesar de tudo, obrigada por trazê-los de volta.
- Tudo o que você quiser, Rom. - suspira e a olha de forma séria - Eu já lhe falei isso.
- Já. - desvia o olhar rapidamente.
- Fico me perguntando se algum dia, terei o prazer de olha-la sem no fundo, existir algum remorso.
- Isso é tão complicado. - volta os olhos para ele - Eu... Eu olho pra você e lembro de tudo o que aconteceu.
- Mas você é livre.
- Eu sei. - baixa o olhar e lembra do que viu nos búzios - Mas não é tão simples.
- Me diz o motivo. - segura o queixo dela e levanta o rosto da cigana, fazendo-a olhar para si - Me diz o que ainda te prende aqui.
- Eu não posso.
- Você me enlouquece desse jeito. - suspira e desliza a mão pelo rosto dela, acariciando a derme corada - Eu não consigo te ler e isso é torturante.
- No momento, até eu mesma me torturo. - murmurou, sentindo a palma quente dele contra sua pele, causando um calor gostoso que começava ali e terminava em seu peito.
- Então não pense tanto. - ele desliza o olhar pelo rosto dela e passa pelos lábios rosados, carnudos e convidativos. Sem perceber, Itachi inclina o corpo levemente, aproximando-se dela - Apenas se jogue. Se existe um penhasco, nem sempre vale a pena relutar.
- Existe uma linha entre a vontade e a coragem. - respondeu baixo, submergida nos olhos negros. Ter Itachi olhando-a, tocando-a e falando daquele jeito, a adormecia e isso não era nada bom para a sanidade dela.
- Esqueça a linha, Rom. - ele deslizou a mão pela bochecha dela, depois ombro, braço, mão, dedos... Todo o caminho era feito com tanta sutileza, ternura e sensualidade que a cigana não conseguia reagir. Como um ímã, por onde os dedos dele passavam, os pêlos dela iam se arrepiando e a pele esquentando. Sakura sentia a boca seca, seu estômago dava cambalhotas e ela apenas ficava presa nos olhos negros dele enquanto o mesmo se aproximava um pouco mais, ficando próximo a ela. A mão dele deslizou pela mão dela, saindo daquela parte e indo para a cintura feminina. Quando voltou a falar, sua voz era um sussurro rouco, baixo e sôfrego - Olhe para o penhasco e se jogue, Sakura. Ignore o limite, e se me permite, eu quero me jogar no penhasco junto com você.
A respiração dele batia contra a pele dela, causando uma cócega gostosa. A mão masculina deslizou pesada pela cintura feminina e pousou na lombar dela, puxando-a ainda mais para si. Entregue, ela apenas permitiu que ele acabasse com o espaço que havia entre os dois e instintivamente, a cigana ergueu o queixo ainda mais para poder olhá-lo nos olhos. Aqueles olhos tão negros que agora, não possuíam nenhuma marca, apenas um brilho faminto, perigoso e predador sobre ela. O moreno ofegava levemente, perdido entre os olhos e os lábios dela. Ele passou a língua entre os lábios sentindo a boca seca. Por Allah, como queria tomá-la para si.
- Permita-me beijá-la. - pediu em um sussurro - Por favor.
Não.
Diga não.
Era o que dizia seu interior, mas sua mente estava tão nublada. Aqueles olhos negros a deixava desorientada, sem falar nas mãos dele que a seguravam com tanta propriedade, como se ela fosse fugir. Mas ela iria? Talvez fosse, mas não naquele momento, e não por falta de vontade, mas sim por falta de força. Daquela forma, nos braços dele, sentia-se fraca, como se realmente precisasse dele para manter-se de pé. Desde quando se sentia daquele jeito? Nunca! Entreabriu a boca e puxou o ar para dentro dos pulmões de forma lenta. Sem querer, se permitiu sentir o cheiro dele descendo por sua garganta e como loucura, seus pelos arrepiaram.
Que sentimento era aquele?
Sem conseguir frear os próprios pensamentos, meneou a cabeça de forma positiva.


Haaaaa não na melhor parte...faz isso comigo não
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