Reencontros - Capítulo 26



Uma brisa suave e quente tocava de leve a parte do buço, dos lábios e do queixo dela. Era um sopro agradável que causava cócegas, mas também, conforto. Sentia também um peso sobre a cintura... Braço e mão, com certeza e também sentia que abraçava algo... ou alguém. As pálpebras vibraram de forma preguiçosa enquanto ela abria delicadamente os olhos. A primeira coisa que encontrou foi um nariz e subindo o olhar, cílios longos e negros. Esbugalhou os olhos ao perceber que estava nariz com nariz com o Uchiha. Que o braço dele a abraçava e pior, ela também o abraçava. 


Ainda com os olhos esbugalhados, ela perscrutou  o rosto masculino, analisando as marcas do tempo e lentamente, os olhos verdes foram voltando ao normal enquanto ela controlava um ofego e o susto. Ele dormia tão sereno, relaxado. Baixando o olhar, percebeu que ele estava sem camisa e puta merda, ainda possuía aquele caminho de belíssimos e negros pelos que se perdiam na calça moletom. Onde estava a camisa dele? Ele havia dormido vestido, tinha certeza disso. Voltou a subir o olhar e analisou a barba crescida, os cabelos bagunçados, mas também percebeu uma pequena e delicada cicatriz próximo a sobrancelha esquerda. Algo que quase se perdia na pele morena, mas que analisando de perto (e como ela estava muito perto) dava pra notar.


Mas ela não lembrava daquela cicatriz ali. De certeza há dois anos atrás, ela não existia.


Com sutileza, foi se afastando dele, retirando a mão da cintura e se afastando. A mão dele tombou sobre o colchão e ela deslizou para o lado como uma felina, afastando-se. Quando estava em uma distância segura, levantou da cama e se abraçou. Olhou para o Uchiha certificando-se de que ele ainda dormia e olhou ao redor. O quarto era aconchegante e propriamente masculino. Conseguia enxergar com clareza o que pertencia ao loiro e o que pertencia ao moreno. Quase na ponta dos pés, ela caminhou até a própria bolsa e pegou o celular lá dentro. Viu várias mensagens das meninas e decidiu mandar uma única mensagem no grupo:


Sakura: Estou bem. Só precisando ficar sozinha. Depois falo com vocês. ♥


E só.


Com um suspiro, enviou a mensagem e ouviu um muxoxo atrás de si. Virou e viu o Uchiha se remexer na cama e coçar os olhos, espreguiçar-se e depois respirar profundamente, olhando em volta. Quando os olhos negros encontraram os verdes, ele sentou lentamente na cama, analisando-a.


- Dormiu bem? - perguntou com a voz grave por conta do recém sono.


- Sim... e você? - perguntou também baixo.


- Que bom. Também dormi bem. - com um espreguiçar, ele senta na beirada da cama, passa as mãos nos cabelos e depois esfrega o rosto, pigarreando - Café?


- Estou sem fome. - mordisca o lábio inferior quando ele fica de pé e ela tem total visão do tronco dele desnudo, instintivamente, um calafrio percorre a nuca da Haruno e ela se xinga por isso, afinal, ele não deveria estar causando efeitos em si, muito menos na situação atual.


- Você sabe que precisa comer, não é? - caminhou pelo quarto e olhou a hora no relógio de pulso que estava sobre a mesa de estudos.


- Sei, mas estou sem fome. - deu de ombros.


- Hun... - ficou olhando para ela em silêncio e suspirou - Acho que precisamos de um banho e depois podemos ir a clínica, o que acha?


- Pode ser. - balança a cabeça e senta na cadeira que ficava em frente a uma penteadeira.


- Certo. Vou tomar um banho, depois vamos até seu dormitório para você se arrumar e...


- Não! - corta a fala dele - Não quero ter que encontrar ninguém, Sasuke. - respira fundo - Não quero ter que explicar algo que nem eu mesma consigo compreender.


- Sakura...


- Por favor... - pediu num sussurro e ele lembrou de quando ela o havia resgatado no pier, ele bêbado... 


- Tudo bem. - fechou os olhos por um tempo e depois abriu novamente - Vamos fazer o seguinte: vamos no dormitório... A essa hora acredito estar vazio, sim?


- Uhum.


- Pronto. Vamos lá, você pega algumas roupas e saímos de lá. Fazemos o exame e eu te levo para a pensão perto do pier, pode ser?


- Uhum. - concordou. Aquilo era melhor do que ter que sofrer o interrogatório das meninas e ela não estava com cabeça para aquilo. Não mesmo.


- Ótimo. - vai até o guarda roupas e pega uma troca - Vou tomar banho... 


- Uhum.


Ele a olhou por um tempo, "uhum" será que ela só falaria aquilo? Com um revirar de olhos, ele entrou no banheiro. O banho foi rápido e assim que terminou, saiu do banheiro e a encontrou deitada na cama. Ela estava com os olhos fechados, como se dormisse, mas ele sabia que ela não estava dormindo. Ele ficou parado na porta do banheiro observando-a, vendo-a respirar tranquila enquanto sentia-se tão bem em sua cama. Aquilo causou um calor no peito do moreno e ele sabia que não era certo sentir aquilo porque ela não estava ali pelo sentimento por ELE, mas sim pela confusão que estava os sentimentos DELA.


Chegava a ser cruel.


Com ambos.


Com um suspiro, o moreno caminhou pelo quarto, foi até o guarda roupas, pegou duas mudas e as colocou dentro de uma mochila de costas. Pegou também a carteira e colocou no bolso do jeans, o celular, as chaves do carro e olhou ao redor vendo se havia algo que iria precisar. Não. Não havia mais nada. Caminhou até a cama e deu a volta na mesma parando do lado em que a Haruno estava, ele se ajoelhou e com cuidado, levou a mão até os fios róseos, tocando a cabeça dela com suavidade. Isso fez a jovem abrir os olhos lentamente e o encará-lo.


- Vamos? - chamou baixo enquanto fazia carinho nos cabelos dela.


- Uhum. - murmurou e sentou.


Ele levantou e ela também. Caminhou de forma preguiçosa pelo quarto pegando a bolsa e as roupas, jogou tudo num braço só e passou pela porta quando ele abriu a mesma. Eles caminharam lado a lado descendo as escadas e seguindo para o estacionamento. Ao chegarem lá, o Uchiha abriu a porta do carona e ela entrou, jogando tudo no banco traseiro. Ele deu a volta e entrou, arrancando com o carro logo em seguida. Todo o caminho foi feito em silêncio absoluto, cada um dentro de seu próprio mundo, tentando acalmar seus próprios monstros e aquilo era terrível.


Quando finalmente chegaram no dormitório dela, o Uchiha olhou para a Haruno enquanto ela olhava ao redor. Parecia procurar sinal das amigas, mas ao perceber que o estacionamento estava vazio, suspirou e pegou a bolsa e a roupa, abrindo a porta do carro.


- Vou ficar aqui te esperando. Tudo bem? - perguntou baixo.


- Uhum... - desceu e pigarreou - Volto em cinco minutos.


- Ok.


Com isso, ela foi embora, desaparecendo dormitório à dentro. O moreno encostou a cabeça no banco do carro e fechou os olhos. Ficou pensando em tudo o que estava acontecendo. Estava confuso, chateado, intrigado. Não era para estarem daquela forma, não mesmo.


Longos minutos se passaram até que ele ouviu batidas no vidro e ao abrir os olhos e virar o rosto, encontrou as orbes verdes. Rapidamente, destravou as portas e a Haruno a abriu, jogando a mochila de costas no banco traseiro, entrando e fechado a porta em seguida. Ele ligou o carro e começou a dirigir rumo ao centro da cidade. Estava confuso, a cabeça doía, seus nervos vez ou outra vacilavam e por Deus, como ele queria poder enlouquecer... Mas não podia. Todas as vezes que olhava para ela e via a loucura ameaçando chegar, ele se obrigava a ficar lúcido para poder segurar na mão dela quando fosse necessário. 


E naquele momento era.


Depois de longos minutos, chegaram em uma clínica. Sem demora, ele estacionou e desceu do carro. Encontrou a Haruno do outro lado do carro e lado a lado, eles seguiram para dentro dá clínica. Ao chegarem lá dentro, o processo foi automático: Pegaram uma ficha, depois fizeram o cadastro, entregaram os documentos, pagaram e aguardaram... Até que foram chamados para uma sala separada.


Eles seguiram por um corredor até que chegaram na porta indicada. A Haruno parou em frente a porta aberta enquanto a enfermeira lá dentro, arrumava uma mesinha. Os olhos verdes tremularam nervosos, a boca ficou seca e ela hiperventilou. Estava mal. Sentiu quando uma mão tocou suavemente a base de sua coluna e ao olhar para trás, encontrou os olhos negros nos seus. Eles estavam sérios e seguros, como se tivessem certeza do resultado.


Com um meneio de cabeça ela entrou sendo seguida por ele. Sentaram lado a lado e a enfermeira lançou um sorriso singelo. Com profissionalismo, recolheu a amostra de sangue dos dois e informou que o resultado sairia em 24 horas. Após aquilo, eles voltaram para o carro e o moreno voltou a dirigir. Tentava pensar em algo para ajudar, mas nada vinha na mente. Olhou discretamente para o lado e viu que ela estava com a cabeça apoiada no banco, com os olhos fechados e respirava lentamente. 


Havia prometido que iriam para a pensão na beira da estrada e aquele local pareceu perfeito para ele. Eles precisavam ficar 24 horas fora do ar e aquele lugar, assim como o píer, havia se tornado um lugar deles. Um lugar onde apenas eles dois iam e sabiam.


Quarenta minutos depois, estacionou em frente ao hotel de beira de estrada. O mesmo que ela o havia levado quando ele tinha enchido a cara de forma descontrolada. Ela olhou para a fachada antiga, mas confortável e sem questionar, pegou a mochila e saiu do carro. O Uchiha fez o mesmo e quando entraram no hall, a Senhora ergueu o olhar de umas revistas de moda e ao reconhecer o jovem casal, abriu um sorriso genuíno. Talvez por ter hóspedes ou por ver o Uchiha lúcido... Aquilo era bom, afinal.


- Um quarto, por favor. - o moreno pediu baixo e a mulher recolheu uma chave e entregou ao mesmo - Obrigado.


Em silêncio, os dois jovens caminharam lado a lado até a escadaria de madeira que rangeu sob o peso de ambos e quando chegaram no quarto, entraram e fecharam a porta às costas. No automático, a jovem jogou a mochila em uma poltrona, caminhou até a cama e sentou na beirada da mesma, olhando para as mãos. Desde cedo que ela estava dentro do próprio mundo e ele estava muito preocupado com isso. Não queria que ela entrasse em um colapso nervoso naquele momento.


Caminhou com cuidado, colocou a mochila em uma outra poltrona e voltou a caminhar na direção da cama, sentando ao lado dela. Sem falar nada, a jovem Haruno tomou a cabeça e apoiou-a no ombro do Uchiha. Ele não se moveu, não fez ação alguma, permaneceu parado, deixando ela utilizar de seu ombro bem como entendesse, afinal, ambos estavam cansados. Sentiu quando ela suspirou e fechou os olhos e entregando-se aquilo, ele também fechou os olhos e sem falar nada, passou o braço em torno dos ombros femininos e a puxou para si, fazendo o corpo miúdo dela, encaixar ao dele com cuidado e perfeição, ficando ambos juntos, presos dentro dos próprios pensamentos.





Comentários

  1. Aí AMEEEEIIIIII esse capítulo Bruna 😍
    Tão fofo, tão lindo a forma como o Sasu tá apoiando a Sasa, se mantendo com a cabeça no lugar 😍❤️❤️❤️❤️
    ELES NAO SAO IRMAOS 😭😭😭😭
    E SE FOREM, QUE SE FODA-SE A SOCIEDADE... VIVA O AMOR 😭😍❤️

    CORRENDO P O PROXIMO CAPÍTULO
    #TheBest
    #NumberOne

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  2. Geeeente... o Sasuke cresceu tanto nos últimos tempos!!! Ele está sendo um suporte e tanto para a Sakura, cuida dela com muito amor e carinho!!!

    Ameeeei esse capítulo e a intensidade dos sentimentos deles!!!

    Continuaaaaaaaaaaaaaa
    Bella

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