Pelotão 28 - Capitulo Quatorze




Ainda mantinha os olhos fechados quando os solavancos pararam. Segurava com força nas laterais do baú onde estava sentada e nem se deu conta do movimento ao redor, até que sentiu uma mão afastar os fios de cabelo que estavam grudado na testa por conta do sangue e só então abriu os olhos se deparando com o Capitão próximo de sí, analisando o corte. Ele estava com os olhos estreitos, os dedos ainda seguravam os fios melados de sangue e ele parecia com raiva... Muita raiva.


- A doutora tem que entender que "colocar o capacete" significa colocar o capacete. - murmurou.


- Eu sei. - murmurou de volta e quando ele tocou na testa, ela fez careta - Ai... Só me distraí.


- Hun... - ele respira fundo e se afasta um pouco dela - Levante dai, Doutora... Com calma.


- Não, obrigada. estou muito bem aqui. - deu um tapinha no baú - Ele esta firme, então vou me manter firme com ele.


- Você está sentada em um baú cheio de explosivos. - falou direto. O soldado que atirava a poucos minutos, olhou para trás com os olhos esbugalhados. O capitão manteve os olhos estreitos enquanto falava lento - Levante devagar.


- O.K. - sussurrou sentindo o sangue fugir do corpo. Sentada + em cima de um baú + cheio de explosivos = Pedaços rosa voando para tudo que é lado... Lentamente, ela soltou o baú e levantou sem tirar os olhos do Capitão. Tinha medo de que o baú explodisse então usou o olhar dele sobre sí como um ponto de equilíbrio. Se continuasse levantando devagar sem tirar os olhos dele, continuaria com todos os pedaços no lugar.


- Ótimo. - incentivou quando ela estava de pé - Agora precisamos cuidar desse corte... - olhou ao redor - Onde está a maleta de primeiro socorros?


- Ah... - olhou ao redor tentando fazer o sangue circular, porque ele ainda não havia voltado - Estão todos bem?


- Sim, onde está a maleta?


- Tem certeza? - ela olhou para ele de cima à baixo, depois para o soldado que anteriormente atirava, então olhou para os dois que dirigiam - Vocês estão bem?


- Doutora, estamos todos bem, a única aqui sangrando é a Senhorita, então por favor, onde está a maleta? - o Uzumaki já estava nervoso, afinal, ela estava com um corte na cabeça e se preocupava com os outros. Que tipo de mulher ela era?


- Eu tô bem. - fuzilou o Capitão com o olhar. O que era um corte perto de uma bala? Ainda olhando ao redor, viu que estavam realmente todos bem então soltou um suspiro e pegou uma maleta que estava próximo ao local onde ela havia sentado logo no inicio - Aqui.


- Certo.


Ela abriu a maleta, mas ele tomou-a das mãos femininas e procurou algo alí dentro que pudesse usar para fazer o curativo. A médica tentou pegar a gaze antes dele, mas a mão masculina foi mais rápida. Enquanto o mesmo pegava os materiais, ela olhava ao redor constrangida, afinal, não era para ele estar cuidando dela daquele jeito, era? Viu ele colocar remédio em uma gaze e olhar para o corte, mas os olhos dele foram para os olhos dela. Não esperava vê-la olhando-o daquele jeito, surpresa, por isso, franziu o cenho em questionamento e ela desviou os olhos dos dele. Sentiu quando o mesmo encostou a gaze no corte com suavidade. O Capitão estava concentrado, fazia o curativo com uma prática invejável para alguém que não era da area.


- Quero saber como estão os outros. - perguntou sem tirar os olhos da testa dela.


- Sim, Senhor. - um dos que pilotava falou no rádio - T13 e 14 estão bem, T15 sofreu danos, mas nada muito sério. Apenas um lado danificado sofrendo reparo no momento.


- Hun... - ele pegou outra gaze e esparadrapo - Informe à base que ele será verificado assim que chegarmos. - Usou o dente para cortar o esparadrapo e quando terminou, deu um passo para trás analisando o trabalho - Acho que ficou bom. - suspirou e se voltou para o que estava na traseira do tanque - Mais alguém à vista?


- Não, Senhor. Perímetro limpo.



- Tempo para chegada? - guardou o restante do material e fechou a maleta indo até onde estavam os "pilotos".


- 15 Minutos.


A médica apenas via as costas do Capitão enquanto ele analisava tudo. Ainda tonta pelo machucado, olhou para a maleta e a colocou no mesmo lugar de antes. Aproveitou e sentou tentando raciocinar, havia se machucado e o Capitão havia cuidado de si. Era isso ou a pancada a fizera imaginar coisas? Levou a mão até a testa sentindo o curativo alí. Não sabia se o curativo era bem feito, se era bonitinho ou não, mas se sentiu segura de alguma forma.


O restante da viagem foi em total silêncio para com ela, mas eles conversavam muito entre sí. Nem parecia que a médica estava no mesmo tanque. Minutos depois, ela ouviu vozes, barulhos e pensou que iria começar tudo de novo. Até procurou pelo capacete, mas quando viu o soldado da traseira sair de perto da arma, percebeu que haviam chegado na tal base. Sua conclusão foi concretizada quando o tanque parou e a portinhola foi aberta, e foi inevitável não soltar um suspiro de alivio. Os mantimentos estavam sendo colocados para fora, as armas também. Os soldados sairam e ficaram apenas ela e o Capitão dentro do tanque. Sentindo-se desconfortável, ela levantou a fim de sair também, mas o Capitão se colocou à sua frente, olhando-a de cima.


- Preste atenção, Doutora. - respirou fundo. Queria que ela compreendesse a seriedade de suas próximas palavras - Estamos em um dos piores lugares para se estar nessa guerra. Muitos avisos que passei a Senhorita ignorou, então por favor. - Ele inclinou o corpo um pouco para frente para poder olhá-la nos olhos de igual para igual - Ao menos dessa vez, de forma alguma, ignore tudo o que vou lhe falar. Tudo bem?


- Sim. - sussurrou. Estava concentrada, entorpecida, inebriada. A autoridade com a qual ele falava deixava claro a seriedade da situação. Ela via muitas coisas passarem pelos olhos azuis, principalmente medo e determinação.


- Ótimo. Preciso que confie cegamente em mim. Quando eu falar corra, você corre. Quando eu falar fique, você fica. Se eu falar para você pular, você pula... E o mais importante: Em momento algum, nunca, jamais, em hipótese alguma afaste-se de mim sem que eu lhe peça para que o faça, compreendido?


- Uhum. - manteve-se olhando-o nos olhos. Os azuis dele estavam cintilando, a boca estava em uma linha, os ombros retos... Tudo nele exalava seriedade.


- Estou falando muito sério. - passou a língua entre os lábios, fechou os olhos por um momento depois os abriu, olhando-a nos olhos. Estavam muito próximos. Sentiam a respiração um do outro - Só poderei protegê-la se a Senhorita realmente me ajudar. Isso aqui não é brincadeira, então quero saber se posso contar realmente com você.


- Pode confiar, Capitão. - empinou o queixo - Serei sua sombra.


- Ótimo. - balançou a cabeça de forma positiva e deu um sorriso de canto quase imperceptível. - Vamos.


Ele deu as costas e saiu do tanque. A médica se apressou em acompanhá-lo e ao sair, a primeira coisa que viu foi destroços. Estavam em uma especie de prédio abandonado, todo destruído, como se tivesse sido bombardeado e ao olhar atentamente, ela viu que o lugar realmente havia sido bombardeado. O chão era de cascalhos, resto de concreto, poeira, resto de armas e balas. Olhou ao redor vendo o local deserto, mas o barulho de tiros era constante. À sua frente, o Capitão caminhava com o fuzil em punho, enquanto fazia alguns sinais para os soldados que íam a sua frente.


Ela percebeu que alí era uma especie de bairro, mas que estava abandonado. Era uma visão triste. Várias casas e prédios abandonados e ela imaginou quantas famílias haviam sido retiradas de suas moradias, respirou fundo tentando conter o bolo que se formava na garganta e viu o Capitão seguir para um dos prédios, e ela o seguiu. Eles corriam atentos, passando de um prédio para o outro e quando eles dobraram um dos prédios, entraram em um prédio que parecia ainda mais destruído. Assim que entraram, a primeira coisa que enxergou foram os vários soldados aqui e alí, fazendo manutenção nas armas, cuidando dos feridos, conversando, estudando planos de ataque e defesa, descansando... Percebeu que a base era dividida em andares, e pelo que viu, alí estavam todos "bem".



Os homens olharam para eles e acabaram sorrindo quando viram o Pelotão 28. Um homem de cabelos castanhos e olhos castanhos em um estranho formato de "quase fenda" levantou e caminhou até o Capitão Uzumaki, apertando a mão do mesmo e o puxando para um "abraço camarada".


- Iaê Uzumaki! - cumprimentou divertido - Pensei que não iria te ver nem tão cedo, mas quando o Major informou que você estava vindo fiquei muito feliz, cara.


- Claro que ficou. - brincou dando um soco no ombro do outro - Sempre livro sua bunda de merda, não é?


O castanho deu uma gargalhada alta sendo seguido por todos. A médica se sentiu meio deslocada por estar "por fora" da piada, mas sentiu as bochechas queimarem quando os olhos de fenda se voltaram para ela seguido de um arquear de sobrancelhas e um sorriso de canto muito charmoso.


- Então você é a tal doutora... - caminhou em direção a mesma e a puxou para um abraço também - Bom te ter aqui.


- Ah... - balbuciou sem saber se correspondia ao abraço, ou se ignorava, mas nem teve tempo de encontrar sua resposta, porque o Capitão Uzumaki segurou o castanho pelo colete à prova de balas, puxando-o para trás, afastando o homem uns cinco passos da médica.


- Deixa de ser aproveitador, Inuzuka. - murmurou.


- Aaah, deixa de ser fodido, Naruto! - revirou os olhos, voltando a caminhar em direção a médica - Capitão Kiba Inuzuka, ao seu dispor. - pegou a mão dela e beijou o dorso.


- Oh! - piscou algumas vezes - Obrig...


- Já falei para não se aproveitar. - interrompeu a médica, segurou o Capitão pelo colete, puxando-o para trás novamente, mas dessa vez, o Uzumaki se colocou em frente à medica servindo de barreira entre ela e o Inuzuka - Senhores, esta é a Doutora Sakura Haruno, ela será responsável pelos primeiros socorros de todos aqui. Peço para que o Pelotão 20 esteja tão dedicado em protegê-la como o 28 está.


- Vocês ouviram, não é? - O tal Kiba colocou as mãos na cintura - Quem aqui não der a vida por essa mulher, vai estar muito fodido. Fui claro? - falou calmo, mas algo no modo como ele olhava para os soldados deixava bem claro que estava falando muito sério.


- SIM, SENHOR! - todos gritaram.

- Ótimo... - se virou para a médica com um sorriso nos lábios - Meus homens, seus homens.


- Obrigada. - devolveu o sorriso, e ouviu o Uzumaki bufar violentamente e revirar os olhos.


- Ignore ele. - indicou o loiro - Então, Doutora. Já conheceu o inferno alguma vez?


- Não. - respirou fundo.


- Espero que esteja preparada para conhecê-lo. - ela viu o sorriso nos lábios dele morrer enquanto uma sombra negra passava pelos olhos - O segundo andar se tornou a casa do diabo... Ou um estágio para ele.


A médica olhou ao redor percebendo que todos estavam sérios. Instintivamente, o olhar dela foi para o Uzumaki, mas esse não a olhava. Os olhos dele estavam "no chão", a boca fechada em uma linha fina, os ombros pareciam tensos e sua respiração era pesada. Como se o olhar da médica fosse um imã, os olhos azuis subiram e encontraram os verdes, e ela viu a angústia alí. O modo como ele a olhava deixava claro que o segundo andar não era um local muito agradável para se estar. E ela acabou engolindo seco.







Comentários

  1. Ow My God 😱😱😱
    Ainda bem que pedacinho rosas explodiram kkkkkk rir muito nessa parte e principalmente o Capitão Uzumaki todo ciumento 😍😍😍😍
    Aí que fofooooo❣️❣️❣️
    Agora viado tô curiosa p conhecer o segundo andar 😱😱😱
    Obrigada pelo capítulo o aniversário é seu e vc que nos presenteia 😍❤️💘
    Tu é fodaaaaa 😍❤️💘
    Feliz aniversário amore, tudo de mais lindo e muitooooo sucesso em sua vida❣️
    Ansiosa pelo próximo capítulo 😍

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    1. Capitão ciumento é fofo né *-*
      Obrigada pelas felicitações Evinha ♥

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  2. Naruto ciumento possessivo?! Isso sempre foi uma das qualidades dele né. Kkkkkkkk
    Tinha ciúmes de tudo q olhava para sua Sakura-Chan.
    Amandooooo
    Quero mais.
    Não demore.
    Vc q tá de aniversário e nós q recebemos o presente né.

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    1. Siiiiiim...
      Narutinho lidinho da vida *-*

      Vocês merecem o presente!

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