Pelotão 28 - Capítulo Treze
A parte interna do tanque era muito limitada, 80% do espaço era ocupado por todos os tipos existentes de munição e maquinário e os outros 20% era destinado aos mantimentos e aos tripulantes. Por sorte, no nosso só havia os dois soldados que iam pilotando o tanque, um terceiro que ia na retaguarda enquanto eu e o Capitão ficamos um de frente para o outro, sentados no minúsculo espaço de um metro. Ele estava curvado, sua postura era desconfortável, e nossos joelhos vez ou outra se tocavam quando o tanque balançava. Os olhos azuis estavam focados em um mapa e ele parecia alheio a minha presença.
Um fuzil estava repousando em seu colo, e ele fazia anotações no mapa. Ví um dos soldados pegar um equipamento e voltar a olhar para frente. Todos estavam focados, a única que estava distraída era eu.
- P7-29. - o Uzumaki falou.
-Entendido. - o que estava na retaguarda falou.
- Siga a leste. Depois pegue a R13-45-02. H03. Segue R15-15-01.
- Entendido. - os dois que estavam pilotando o tanque responderam.
Ele continuou fazendo anotações no mapa. Um tempo depois os olhos azuis saíram por um momento do mapa e me encararam, pelo modo como ele me olhou, provavelmente eu estava com cara de idiota. Pigarreei desviando o olhar e ele arqueou as sobrancelhas em questionamento.
- Localização. - respondeu voltando a olhar para o mapa - P é Posição, H é Hora e R é Rota.
- Ata! - pisquei rápido - Interessante… São tantos códigos… - Olho para o mapa vendo vários deles - Não sei como decoram isso.
- A Doutora decora remédios, corpo humano, procedimentos, doenças, laudos, instrumentos, exames, diagnósticos… enfim… acha que meus códigos são demais? - me olha rapidamente e volta a olhar o mapa.
- Sim. - dou de ombros.
- Hun… qual é mesmo o CID da febre? - perguntou rabiscando no mapa.
- Qual febre?
- Uma comum… desconhecida. - ele não me olhava.
- R50.
- Da diarreia?
- A09.
- Enxaqueca?
- Temos escalas, começando pela comum G43, clássica G43.1, estado de mal enxaquecoso G43.2 e a complicada G43.3.
- E se for fratura?
- Punho e mão: S62. Pé, com exceção do tornozelo: S92.
- Hun… - ele parou de escrever e me olhou com uma sobrancelha arqueada - Acho que você também decora códigos.
- Ah… - abri e fechei a boca várias vezes tentando contestar, mas ele estava totalmente certo. Desviei os olhos e foquei em minhas mãos.
O tanque deu um solavanco e olhei rápido ao redor, mas todos estavam tranquilos então entendi aquilo como algo normal, outro solavanco e então tiros. Foquei no Uzumaki que olhava para o soldado que estava na retaguarda com a arma, esse, atirava vez ou outra, parecia estar apenas "assustando" os inimigos. O Capitão estreitou os olhos, colocou o mapa no banquinho e coçou a nuca.
- Qual a situação?
- Estamos em R13-45-02. Inimigo à R14-25-09.
- Porra, é caminho para rota. - murmurou - Visualização do T13,14 e 15?
- Negativo, Senhor. - os que estavam dirigindo responderam.
- Quantos e armamento?
- A principio, 7. - o soldado recarregou o tanque. - Calibre médio.
- Hun... - o loiro pega o mapa - Senta o dedo.
- Positivo.
O tanque sacolejou violento quando o soldado apertou e segurou os dois gatilhos que ficavam na lateral da enorme arma do tanque. Meus ouvidos zumbiram com o barulho agudo e sequencial que a mesma fazia. Segurei na lateral do banquinho e olhei ao redor assustada. Os inimigos também atiravam, isso era um fato pelos barulhos que se faziam na lataria do tanque, mas o modo despreocupado que todos alí estavam, me deixava assustada por um único motivo: Poderíamos morrer!
- T13, T14 e T15 chegando à noroeste,98.
- Ótimo. Pensei que tinham ido fazer compras! - o Uzumaki respondeu com desgosto. Ele dobra o mapa, guarda na mochila que estava ao pés, mexe dentro dela e tira de lá um potinho, abre a tampa e com muita habilidade, enfia os dedos dentro do pote e leva ao rosto. Seu rosto vai sendo pintado em verde claro e verde escuro e apenas os olhos azuis são o que restam limpos. Ele me estende o potinho e arqueia uma sobrancelha. - Hora da maquiagem, Doutora!
- Hun... - pego o potinho e vejo as tintas alí. Enfio dois dedos com cuidado dentro do pote, melando a ponta dos dedos e passo com cuidado no rosto. - repito o procedimento e escuto um suspiro alto, levanto os olhos e vejo o Capitão me olhando impaciente - Sim?
- A Doutora sabe muitas coisas, menos passar uma tinta... - murmurou e pegou o potinho das minhas mãos, enfiou os dedos na tinta e se inclinou em minha direção - Feche os olhos.
- Hun? - inclinei o corpo para trás por tê-lo tão perto de mim.
- Feche os olhos.
- Ah... - franzi o cenho desconfiada, mas o olhar impaciente dele falava por sí só.
Fechei os olhos um pouco insegura e senti a ponta de seus dedos tocarem minha bochecha. A pele dele era quente, e os dedos calejados arranhava levemente minha face, mas era algo suave. Dava pra perceber que ele estava tendo o maior cuidado em não ser grosseiro, e acabei aceitando aquilo de bom grado. Não abri os olhos, mas sabia que ele estava próximo demais devido sua respiração pesada e quente batendo contra meu rosto enquanto seus dedos saiam vez ou outra de minha pele e tornavam melecados de tinta. Alguns segundos se passaram até que a respiração dele fica um pouco mais pesada e seus dedos param de passear por meu rosto. Espero para vê se ele vai continuar, mas quando percebo que o mesmo havia terminado o trabalho, entreabro os olhos e o vejo com o rosto próximo ao meu.
Os olhos azuis estavam opacos, a boca dele estava fechada em uma linha fina e seu peito subia e descia pesado. Abri um pouco mais os olhos para poder olhá-lo melhor. Tudo bem, uma coisa que tinha que concordar, ele era muito gato! Os olhos azuis descem um pouco quando respiro e só então percebo que ele olhava para minha boca. Foi inevitável não entreabrir os lábios pela surpresa de tê-lo me olhando daquele jeito. Algo no modo como ele me olhava fez um calafrio percorrer minha barriga.
- Capitão, entrando em R15-15-01. - um dos que dirigia nos tirou do transe fazendo o Uzumaki se afastar de mim tão rápido quanto era humanamente possível.
- Certo. - ele pigarreou, pegou um capacete que estava ao lado e me entregou sem olhar nos meus olhos - Coloque.
Não respondi, apenas peguei o capacete, vendo-o colocar o dele. Ele levantou um pouco inclinado e caminhou por dentro do tanque enquanto mais tiros e solavancos eram dados. Ele olhou numa espécie de binóculo que ficava preso no teto do tanque e soltou um resmungo. Uma explosão e o Uzumaki soltou uma sequência de palavrões, girou o binóculo com maestria e estendeu a mão para um dos que dirigia.
- Comunicador. - sua voz era séria. Muito séria. Uma espécie de wall talk foi colocada na mão grande e ele apertou em um botão - T's em QAP?
- T13 em QAP. - soou pelo wall talk.
- T14 em QAP.- soou novamente pelo wall talk.
- T15 em QAP.- soou mais uma vez pelo wall talk.
- T13 vira à 50º E. T14 segue em R15-15-03 e T15 vira à 90ºD e segue em R15-03-01. À H03 vira à 90º E e segue. QSL? - tirou o dedo do botão.
- QSL, Senhor! - a resposta saiu três vezes do pequeno aparelho.
- T12, segue. - largou o binóculo e guardou o comunicador no bolso da calça.
- Senhor... tem certeza? - o que havia entregado o wall talk alertou.
- Segue. - decretou e me olhou com seriedade - Aconselho a Doutora a se segurar.
- O que exatamente isso quer dizer? - seguro em um apoio que tinha na lateral do banco onde estava sentada.
- Vamos ser bombardeados. - Ele pega o fuzil e coloca pendurado sobre o ombro, afasta com o pé uma bolsa pesada e vai para onde estava o atirador - Você fica com os da direita e eu fico com os da esquerda.
- Aposto 100 que o Senhor vai levar um tiro. - o soldado brincou engatilhando a arma do tanque.
- Aposto 300 que a doutora vai ter que tirar uma bala do seu rabo! - rebateu, recarregando uma outra arma do tanque, mas a voz dele saiu divertida... ou algo parecido com isso, a final, os que dirigiam caíram na gargalhada.
EU VOU OQUÊ!?
E... PERA AÊ, QUE HISTÓRIA É ESSA DE "NÓS VAMOS SER BOMBARDEADOS?"
Pisquei várias vezes tentando entender o que era aquilo. Olhei rápido para os lados tentando entender se era alguma piada, mas uma explosão alta alcançou meus ouvidos no momento em que o tanque balançou bruscamente e barulhos de tiros invadiram minha cabeça, me fazendo sentir uma dor aguda. Larguei o capacete e tapei os ouvidos. Estreitei os olhos tentando ver algo, mas tudo o que conseguia captar era as costas dos dois homens atentos ao que fazia, enquanto os músculos se destacavam na camisa camuflada e os dedos trabalhavam rápidos no gatilho.
Levei as mãos aos ouvidos para tentar amenizar o zumbido que sugava meu cérebro, mas algo atingiu o tanque bem do meu lado - mais especificamente em minhas costas - E meu corpo foi arremessado para frente com violência. Tentei me segurar em algo, mas o impacto foi maior, uma dor em minha cabeça, um queimor e então algo quente escorreu por minha testa. Fechei os olhos e levei uma mão a testa tentando focar, mas o tanque balançou novamente então deixei isso para lá e me agarrei a algo sólido, tateei ao redor e sentei. Ouvi vozes falando rápido em algum lugar, muito barulho e a dor que se intensificava. Pisquei mais vezes e uma náusea embrulhou meu estomago enquanto minha visão entrava em foco.
- DOUTORA, ESTÁ VIVA? - o Capitão gritou.
- A-acho que sim. - balbuciei.
- DOUTORA!? - chamou novamente.
- Hun... - levantei a cabeça com muita dor e ví que ele não me olhava, permanecia concentrado em atirar. O barulho dos tiros não o permitia me ouvir. Elevei minha voz o máximo que conseguia - SIM!
- EU FALEI PARA SE SEGURAR. PORRA!- reclamou e vi seu rosto se transformar em uma careta.
- É... eu sei. - murmurei. Levei uma mão à testa e quando olhei para a mesma, ví um pouco de sangue. - Droga!
Os barulhos continuavam enquanto eu tentava me segurar e eles tentavam passar pela barreia de inimigos. Meus dedos estalavam na medida em que eu apertava o apoio. Percebi que estava sentada em cima de uma maleta, por isso, resolvi ficar alí mesmo, afinal, o banquinho estava à alguns passos de mim e do jeito que o tanque balançava, das duas, uma: ou eu voaria, ou quebraria alguma parte do corpo... ou os dois. Tentei deixar os olhos abertos, mas a vista estava embaçada, o estomago embrulhado, a cabeça latejando, os ouvidos zumbindo. Mordi a língua para ficar atenta, o gosto do sangue preencheu minha boca e fiz careta. Ok, Sakura, aguenta!



Caracaaaaa amoooo qnd tem clima 😍🔥🔥🔥🔥 Ah já sinto cheiro de fumaça entre eles 😍🔥🔥🔥🔥
ResponderExcluirE menina ação já começou 😱😱😱
Já qro mais viado!!!
E como tu tem coragem de colocar a foto do meu homem para todas se apaixonarem mais ainda??!!! Tu sabe que sou ciumenta 😂😂😂
SUPER HIPER MEGA ANSIOSA PELO PRÓXIMO CAPÍTULO POR FAVOOORRRR POR FAVOOORRRR POR FAVOOORRRR POR FAVOOORRRR POR FAVOOORRRR POR FAVOOORRRR POR FAVOOORRRR POR FAVOOORRRR POR FAVOOORRRR POR FAVOOORRRR POR FAVOOORRRR POR POSTAAAA LOGOOOOOOOO OUTROOOO CAPÍTULO ❣️
Esses dois queimam quando tão juntos.
ExcluirE claro que eu tinha q colocar a foto né *-*
Adorei a hora de se maquiar doutora kkkkkk arrasou parabéns! !!
ResponderExcluirhaushaushaushauhsahsuahau
ExcluirBy: Naruto Maquiagens
Meu KAMI que homem gostoso da porra ! Momento intenso.... adorei o capítulo! Esperando o próximo...anciosa!
ResponderExcluirNum é *----------------------------*
ExcluirMeu crush da vida!
Mas já?
ResponderExcluirTão curtinho. Mas adorei o momento de adrenalina, ainda maus esse momento troca de olhares.
Quero ver o primeiro beijo logooo
Que curtinho oq... vc q devorou o cap.
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