Pelotão 28 - Capítulo 5
Enquanto lia o prontuário de um dos soldados sem risco, anotou algumas medicações para ele tomar, também anotou a evolução do mesmo e pendurou a prancheta nos pés da cama dele. O posto estava com mais cinco pacientes que haviam chegado no período da tarde, porém com ferimentos médios. Colocou as mãos nos bolsos do jaleco e fechou os olhos por um momento, girando a cabeça para aliviar a tensão que sentia atrás da nuca. Ao abrir os olhos viu que o relógio de parede marcava 1:33 am. Viu a Ino, Eva e mais um enfermeiro conversando encostados na mesa médica. Eles estavam com uma aparência relaxada, afinal, tinham acabado de voltar do horário de descanso.
Seguiu até o soldado que havia feito a cirurgia e analisou o quadro dele. Estável, mas ainda assim corria risco. Ele continuava tomando sangue, e parecia com mais cor. Seu quadro não tinha evoluído, mas também não tinha regredido. O que, de certa forma, era bom. Ainda o analisava quando ouviu a porta de lona do posto ser aberta bruscamente e quando virou, viu um soldado entrar pisando duro. Suas feições eram sérias, suas roupas mostrava que ele tinha acabado de chegar do campo de batalha. Logo atrás dele, mais cinco homens entraram, afoitos e até receosos. Os olhos azuis do homem percorreram o posto rapidamente e quando pousaram no paciente que estava com a bolha, ela viu o peito dele subir e descer rápido no mesmo tempo em que ele seguia na direção do paciente.
Tudo aconteceu rápido demais e em questão de segundos, o homem de olhos azuis apoiou as mãos na grade da cama do soldado deitado. A análise foi rápida bem como sua reação foi bruta.
- Quero saber porque ele está assim. - exigiu olhando para a equipe de enfermeiros. Ele ainda não tinha visto a jovem médica. Os enfermeiros se entreolharam, mas nada falaram - Eu estou perguntando, por que ele está assim!? - sua voz subiu mais dois décimos.
- Senhor? - a jovem médica o chamou enquanto caminhava em sua direção. Os olhos azuis se voltaram para ela e ele a analisou de cima à baixo, fazendo uma careta logo depois. - Doutora Haruno. - estendeu a mão.
- Por que ele está assim? - apontou para o soldado e ignorou totalmente a mão da médica. - Por que, porra, ele está aberto com um… plástico em cima? - ela percebeu que o homem estava perdendo a paciência.
- Porque não podemos operá-lo. - respondeu com toda a tranquilidade que tinha.
Ela viu os olhos do homem se estreitarem como fendas em sua direção. Ele caminhou lentamente até ela e parou à sua frente, deixando claro a diferença de altura e porte físico entre eles. Ele passou uma mão no rosto e a deslizou pelos cabelos loiros. Já a médica colocou as mãos nos bolsos do jaleco e inclinou a cabeça para o lado. Ela não estava com paciência para showzinho.
- Posso saber o motivo, Doutora? - a última palavra saiu em tom de ironia.
- Não. - respondeu simplesmente. Não gostava quando ironizavam com sua profissão. Viu os olhos azuis se tornarem duas esferas enquanto o rosto branco do homem se tornava púrpuro de tanta raiva.
- Hun… - ele deu um sorriso nasalado enquanto passava a língua entre os lábios - Deixe-me lhe explicar uma coisa, Doutora. - ironizou novamente - Este homem que a Senhora recusa operar é um Capitão, bem como eu também sou. - Apontou para o emblema estampado no peito esquerdo - Ele também é como um irmão para mim. Seja lá qual for seu “motivo” para não operá-lo, ESQUEÇA-O! - gritou a última palavra à plenos pulmões. - E ME DÊ A PORRA DA INFORMAÇÃO!
Todos alí dentro pareceram paralisar, o ar pareceu ficar pesado. Enquanto ela olhava nos olhos extremamente azuis do Capitão, via a raiva que ele estava sentindo. A médica passou a língua entre os lábios e respirou fundo. Havia perdido a paciência com esse homem. A última vez que dormiu foi antes de começar a trabalhar. Estava de plantão, cansada, com sono, com fome e não iria gastar o resto de sua energia com ele.
- Retire-se daqui. - pediu educadamente.
- Como? - ele franziu o cenho inclinando a cabeça na direção dela pensando não ter ouvido direito.
- Eu pedi para você se retirar do posto. Agora. - enfatizou a última palavra.
- A doutora, por acaso, está perdendo o juízo? - ele colocou as mãos na cintura e inclinou o corpo na direção dela, ficando com o rosto à poucos centímetros do rosto feminino.
- Ino? - sem tirar os olhos verdes dos olhos azuis, ela chamou pela enfermeira.
- Doutora? - ouviu a voz da enfermeira soar atrás de sí.
- Chame três soldados para mim, por favor.
Enquanto Ino se retirava, ela viu os olhos azuis se tornarem fendas ameaçadoras. Ele possuía marcas de poeira por todo o rosto, os cabelos loiros estavam bagunçados e com poeira também. Seu porte era enorme, sem falar na barba por fazer que ele possuía. Ouviu Ino voltar.
- Doutora? - os três soldados se pronunciaram.
- Tirem esse homem daqui. - Ela viu um sorriso diabólico surgir no rosto do loiro e ele ficou ereto, olhando para os soldados.
- Quem vai ser o primeiro? - sua voz saiu tão fria quanto uma geleira. A médica viu que nenhum dos soldados se moveram. Era nítido a dúvida que eles tinham entre obedecer a médica ou sofrer a fúria do Capitão.
- Senhores? - ela os chamou e quando os três olharam para a médica, ela abriu um pequeno sorriso - Por favor, podem fazer o que pedi?
Com um aceno de cabeça, os três caminharam na direção do Capitão que com incredulidade, deu um passo para trás. Ele respirou fundo e quando voltou a falar, sua voz era puro ódio.
- MAS QUE PORRA É ESSA!? NÃO… ME TOQUE! - gritou com o primeiro soldado que já ía segurar no braço do Capitão.
- D-Desculpe, Capitão… Mas são ordens… - o pobre soldado se desculpou.
- De quem? Dela!? - apontou para a jovem médica. - Que merda de patente é essa?
- Estou esperando ele ser retirado. - informou, cruzando os braços.
Com um engolir de saliva, os soldados se aproximaram do Capitão que puxou a arma que estava em seu coldre e apontou para o segundo soldado, eles ficaram com os olhos esbugalhados e a médica perdeu a paciência. Caminhou apressada até o soldado desacordado, o tal Capitão amigo do loiro, e sem pestanejar, segurou no acesso venoso que tinha no pescoço dele e com um respirar fundo, decidiu que iria acabar com aquilo.
- Se o Capitão não sair agora, eu prometo que tudo o que vai restar do seu amigo serão apenas lembranças.
O loiro virou lento na direção da médica e quando seus olhos capturaram a mão dela no acesso do amigo, ele empalideceu. Ele piscou incrédulo na direção da médica e seus olhos vacilaram entre o amigo e a rosada. Como ela imaginou, ele não sabia para que servia aquele acesso.
- Você não seria capaz… - murmurou olhando-a espantado.
- Você que escolhe. - suspirou sentindo sua calma esvair do corpo.
- Sua função não é matá-lo. - sua voz era baixa.
- E a sua não é questionar procedimentos médicos. - arqueou as sobrancelhas - Então?
OS olhos dele foram para o amigo e com muita relutância, ele baixou a arma e a guardou no coldre. O soldado que tinha a arma sendo apontada para sí suspirou aliviado e a médica retirou a mão do acesso do Capitão desacordado. Com um engolir de saliva lento, o loiro caminhou até a borda da cama do amigo e olhou no fundo dos olhos da médica.
- A doutora escolheu a pessoa errada para ter como inimigo.
- É uma pena que me veja como inimiga, Capitão… O Senhor pode precisar de meus serviços à qualquer momento.
- Não tenho medo de suas ameaças.
- Deveria, afinal, aqui na guerra, nós matamos nossos inimigos.
- Tome cuidado com o que fala.- sibila entre dentes.
- Tomarei. Boa noite, Capitão.
Sem falar mais nada, ele apenas olha para o amigo desacordado mais uma vez e dá as costas, passando pelos soldados pisando tão duro que a médica chegou a cogitar a ideia do piso afundar. Os outros soldados saíram logo em seguida, deixando apenas os pacientes e os enfermeiros alí. A médica ajeitou o lençol do Capitão desacordado e deu duas batidinhas leves no ombro do mesmo com certa “camaradagem” e sorriu. Assim que virou, viu os três enfermeiros olhando-a com o cenho franzido.
- O que foi? - caminhou até eles.
- Porque fez aquilo? - Ino quis saber.
- Ele estava me enchendo o saco e eu estou cansada demais para aturar chilique.
- Mas doutora… - Eva franziu o cenho - Aquele acesso não iria matá-lo.
- É o cateter para alimentação. - O enfermeiro apontou.
- Eu sei. Vocês sabem. Mas ele não. - deu de ombros e sentou na cadeira que tinha atrás da mesa médica.
- Isso foi… - Ino murmurou. - Loucura.
- O Capitão Uzumaki ficou fora de sí e aposto que ele não vai deixar assim. - O enfermeiro alertou a médica.
- Ele é muito descontrolado. - a jovem médica fez careta.
- O Capitão Uzumaki defende os seus companheiros com unhas e dentes, principalmente quando se trata do amigo. – Eva troca o peso da perna.
- Amigo? - a rosada olha rápido para Eva.
- Sim. O homem da bolha é o Capitão Sasuke Uchiha. - o enfermeiro o indica com um aceno de cabeça - Ele e o Uzumaki são como irmãos.
- Pensei que fosse namorado ou algo do tipo. - alfineta enquanto sorri.
- Ah… Capitão Uchiha é bem macho, Doutora. - Eva defende.
- É mesmo? - os olhos verdes voam para a enfermeira - E como você tem tanta certeza disso? - estreitou os olhos de forma divertida.
- Ah… Bem… - a morena piscou atordoada e isso fez a médica cair na gargalhada.
- Fique tranquila, o segredo sobre sua paixão platônica está seguro. - pisca marota e levanta.
- P-paixão platônica? - a morena caminha seguindo a médica que se aproximava do leito do Capitão Uchiha.
- Sim… - pega a prancheta com os dados do Capitão e começa a analisar os aparelhos avaliando o avanço clínico. - Prometo não contar pra ninguém que você está caidinha por ele. – Rabisca umas prescrições no laudo do Capitão e devolve a prancheta para seu lugar. Os olhos verdes vão para o homem desacordado. A médica se aproxima do Uchiha e analisa seu rosto – Se bem que... Ele não é de se jogar fora hein... – Inclina o corpo na direção dele e fica com o rosto próximo ao do homem depois fica ereta e olha para Eva que estava logo atrás da médica com o cenho franzido – Mesmo todo machucado ele continua uma coisinha. – Dá uma piscadela marota.
- Ah... É... – os olhos castanhos da enfermeira vão para o Capitão e ela dá um sorrisinho – É mesmo.
- Como o amor é lindo!
Sorrindo, a médica se afasta deles e vai até a parte de suprimentos da tenda. Ela precisava saber se tudo estava “ok” para os próximos pacientes e até mesmo para os que já estavam alí. Assim que terminou de verificar, colocou as mãos nos bolsos do jaleco e se encaminhou para a parte de trás do posto. O céu estava muito estrelado, a brisa que vinha do deserto era incrivelmente refrescante (muito diferente da que se tinha durante o dia).
Ainda olhando para o céu, soltou um suspiro pesado por tudo o que passou. Esse era seu primeiro dia e já tinha morrido gente, tinha gente aberta no posto, operado, discutido com um oficial, teve insônia, perdeu a fome, ficou com fome e estava fazendo plantão. Balançou o corpo para frente e para trás tentando aliviar a tensão, mas nem teve tempo de completar a ação, pois, a Tenten apareceu ofegante atrás da tenda e olhando a médica com os olhos esbugalhados.
~> Continua
Caracaaaaa que capítulo foi esse, me deixou d boca aberta e me acabando d rir kkkkkkk
ResponderExcluirViado capítulo perfeitoooo, mais a Doutora tem q salvar minha paixão platônica 😭😭😭💔💔
SUPER HIPER MEGA ANSIOSA PELO PRÓXIMO CAPÍTULO
POSTAAAA LOGOOOOOOOO!!!!
#TheBest
#NumberOne
Hushausahushuashaushaus
Excluirtô pensando em mata-lo
Isso foi muito foda cara!
ResponderExcluirEse primeiro encontro dos dois, esse quebra pau, discussão e o enfrentamento dos olhares. Foi foda do caralho!
Ainda mais a reação dela"ameaçando* o Uchiha caso o Naruto n saísse.
Torcendo pra ele viver...n quero nem ver se ele morrer depois do que aconteceu.kkkk
Ansiosa pelo próximo.
Acho q se ela tivesse uma arma, tinha atirado no Capitão Uzumaki xD
ExcluirN aceito q tu mate o Sasuke, Bruna. Te mato se isso acontecer.
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