Projeto Ampulheta - Capítulo 21

Eu olhava para tela, mas meus olhos não fixavam em nada exatamente. O que aconteceu ontem à noite com o Uchiha não saia de minha mente e pior, toda vez que eu lembrava um pouco mais meu corpo esquentava desejando que a ação não tivesse sido interrompida. Deixo a cabeça tombar e apoio a testa nos meus braços que estavam cruzados em cima da mesa onde estava o computador. Depois de passar uma noite em claro, acabei vindo cedo para a T.T., afinal, precisava me distrair com algo, mas agora, em frente ao computador que possuía todos os dados da máquina eu só pensava em uma única coisa: Muito em breve ele vai embora.

E eu não sei se quero que ele vá.

Mas ele tem que ir...

Escuto a porta de vidro da cúpula deslizar e viro a cabeça para o lado vendo o Naruto me olhar com as sobrancelhas arqueadas. Ele caminha pelo laboratório e vai até a máquina, ligando toda a energia dela. Ele também liga a luz da cúpula que estava desligada e para ao meu lado, encosta o quadril na mesa e cruza os braços me olhando com a cabeça inclinada.

- Qual o problema?

- Adivinha...

- Hun... – olha para frente e torna a me olhar- Uchiha.

- Exato. – suspiro.

- Brigaram?

- Não... – passo as mãos por meus cabelos e me encosto na cadeira – As coisas esquentaram sim, mas não foi briga, não.

- E qual o problema? Você é adulta, ele também é. Você tá na dele, ele tá na sua. Vocês tão ficando.

- É... mas ele é muito certinho, Naruto, sem falar que muito em breve ele vai embora e eu não sei se devo seguir em frente com isso, porque só de pensar que logo, logo ele terá que ir embora, começo a me sentir culpada.

- Por quê? – franzi o cenho.

- Por tudo. – suspiro e olho para a máquina – Ele veio para uma época muito diferente, conheceu e viveu coisas que nunca mais vai esquecer e se nos envolvermos mais do que já estamos, será como estar mudando quem ele é, e eu tenho medo de alterar o futuro.

- O futuro dele provavelmente já foi alterado, Saky. – sua voz era baixa e confortável. Olho para ele – A cada segundo que ele passa aqui o futuro dele é alterado, mas eu acredito que vocês avançarem no que estão tendo não vá fazer muita diferença.

- Como não?

- Porque o cara tá totalmente na sua. Isso ficou bem claro quando saímos eu, ele e o Gaara. Ele tá tipo, caidinho mesmo. Quando ele voltar para o passado, querendo ou não, vai lhe comparar com as mulheres de lá, e na boa, vocês transarem ou não, não fará muita diferença já que provavelmente ele anda sonhando mais com você do que dormindo.

- Naruto... – resmungo enquanto minha cabeça tomba para trás.

- Só estou falando a verdade. Não é só porque o cara é virgem, de um século passado, se controla ao máximo e te respeita que ele não sente e não imagina. Ele é homem. E isso é um fato que você não pode contestar. E acredite, a mente de um homem é capaz de coisas inacreditáveis... Ainda mais um cara como ele que nunca aliviou a testosterona.

Solto um suspiro pesado e fecho os olhos analisando o que o loirinho falou. Sinto sua mão tocar meu ombro de forma carinhosa e inclino a cabeça para o lado, abro os olhos e vejo-o sorrindo aberto para mim. Arqueio as sobrancelhas e o mesmo olha para a máquina e então volta a me olhar.

- Muito em breve ele vai partir. Como você vai se sentir toda vez que imaginar o que poderia ter acontecido se tivesse se envolvido? – ele sobe a mão de meu ombro até meu rosto e faz um leve carinho em minha bochecha – Certas coisas só acontecem uma vez na vida, e quando elas acontecem, não podemos ter medo de viver, Sakura.

- Eu sei. – sussurro e inclino o rosto apoiando na mão do Uzumaki – Eu só não queria deixar isso mais difícil, sabe? – franzi o cenho – É tão estranho quando penso que a casa vai voltar a ficar vazia. – sorrio – E olha que eu nunca me importei com isso, mas agora...

- Agora o silêncio não importa, o vazio não importa, a solidão não importa. – completa.

- É... – mordo o lábio inferior – Por que essas coisas acontecem, hein?

- Porque nos apaixonamos. – aperta levemente minha bochecha.

- Eu não...

- Tudo bem. – levanta as mãos como se estivesse se rendendo – Não sou eu quem tem que te mostrar isso, mas pense, Saky, como você se sente quando ele tá por perto? – abro a boca para responder e ele levanta uma mão, me calando – Fique com a resposta para sí. Está na hora de trabalharmos.

Indica algum ponto atrás de mim com a cabeça e eu olho para trás vendo a Ino, Tenten e Konohamaru na sala de controle. Eles acenam animados e eu devolvo o aceno enquanto o Naruto vai para a máquina e começa a olhar no pequeno painel de controle que havia nela. Levanto os braços me espreguiçando e volto a analisar os dados no computador.

Eu sabia que o dia hoje seria bem tranquilo, pois, o Kakashi havia enviado um e-mail informando que estaria fora da T.T. em uma reunião e o Kabuto só voltaria de viagem amanhã, então estamos livres de qualquer eventual reunião de última hora ou visitas indesejadas. Isso significa que vamos nos concentrar em 100%. Ou ao menos é o que desejo.

Agora, enquanto estou distraída entre analisar os dados e pensar na conversa que tive com o loiro, começo a imaginar que eu estou muito fodidamente caidinha pelo Senhor Uchiha. Pior, eu não sei como vai ser quando ele for embora, porque certamente eu vou sentir muita falta. Que merda! Eu não devia ter deixado chegar a esse ponto, mas o Naruto tem razão, não posso ficar me lamentando sobre como poderia ter sido, muito menos deixar de viver o agora, afinal, o Sasuke corresponde a seja lá o que estamos tendo.

~> Continua