Pelotão 28 - Capítulo 3
O barulho ensurdecedor do helicóptero adentrava em seus ouvidos
e ela fazia de tudo para ignorar aquilo. Era muito angustiante tudo alí. A
correria, as conversas, as pessoas, o cheiro, o ambiente... Viu a porta do
helicóptero ser aberta e o major saiu e a ajudou a sair logo em seguida,
ajudando-a com as malas. Olhou ao redor e viu que estavam em um tipo de base
militar. Viu mais três helicópteros, jatinhos de guerra, vários tanques,
carros, motos... Viu também muitos soldados, pessoas correndo para lá e para
cá... Olhou para trás e mirou um deserto. Apenas poeira e vento eram tudo o que
via atrás de sí. Sentiu uma mão em suas costas e olhou para o lado vendo o
major lhe sorrir de forma amigável a conduzindo na direção do grande hangar que
havia em sua frente.
Acenou de forma positiva e se deixou ser conduzida por ele
enquanto um grupo de militares passavam por ela correndo e cantarolando algo
como “Não vamos nos abater, viemos para matar ou morrer”. Seus olhos
acompanharam aqueles homens que cantavam determinados seu destino trágico e
sentiu um aperto no peito e uma empatia de cara por eles. Como poderiam estar
tão convencidos daquilo? Eles deveriam ao menos ter medo da morte, não é? Ouviu
barulhos à sua direita e virou o rosto rapidamente, mas respirou aliviada
quando viu que eram militares treinando tiro. Respirou fundo novamente voltando
a olhar para frente agora conseguindo enxergar dentro do hangar. Alí era
definitivamente uma base militar.
- Aqui é nosso local de preparação para entrada e saída. –
ele apontou para o final do hangar onde uma luz se fazia presente e ela notou
que era a saída – alí fica nosso objetivo.
A médica apenas afirmou com a cabeça e seguiu com o major na
direção da luz. Agradeceu aos céus por estar com seus óculos de sol. Aquilo alí
estava muito quente e o sol parecia castigar qualquer um, mas se lamentou por
estar vestindo apenas uma regatinha de seda. Certamente ficaria com a marca das
alças. Aproveitou o tempo que levou para atravessar o hangar e viu que alí
dentro haviam muitos jatos, armamentos e outras coisas, a maioria cobertos por
grandes lonas. Os militares alí pareciam formigas de tão alvoroçados que
estavam.
Quando finalmente alcançaram o final do hangar e os olhos
verdes (mesmo por trás das lentes) se acostumaram com a claridade novamente, a
médica viu em sua frente um grande acampamento militar. Não conseguiu
distinguir muito bem logo no inicio e se sentiu agradecida quando o major
começou a falar.
- O acampamento está dividido por ruas. Cada rua possui uma
espécie de proteção e dentro da proteção estão dispostas dez cabanas. As
divisões das cabanas estão organizadas por patente. As dos soldados comportam
dez por cabana. A dos enfermeiros seguem o mesmo padrão. Pessoas com patente
ficam em cabanas individuais, porém um pouco menores que as cabanas coletivas.
Temos um local para a diversão também.
Enquanto falava, os dois íam caminhando pela “rua” do
acampamento e as pessoas alí olhavam para eles, certamente se perguntando
quem seria a mulher acompanhada do major. O que deveria ser bem estranho
já que ela ainda estava de jeans, salto e regata.
- Por que eles não atacam aqui? É muito grande! – olhou ao
redor dizendo o óbvio.
- Nossa base é protegida em um raio de alguns quilômetros,
como a deles também é... Seria uma missão frustrada. -dá de ombros- Nosso campo
de batalha é bem longe, doutora. Veja, alí fica minha cabana. -Aponta para uma cabana que ficava entre
outras duas. – Se precisar de qualquer coisa é só avisar. Ah, naquele
acampamento alí. – aponta para o acampamento atrás do dele – Aquela cabana da
ponta é a do Tenente Hatake. Não sinta qualquer constrangimento em nos
solicitar.
- Não sentirei. – afirma com um aceno de cabeça.
- Sei que não. – ele dá um pequeno sorriso lembrando do
hospital. – Alí fica seu acampamento, venha.
Ela o seguiu. Era um acampamento em cor verde como todos os
outros alí, elevado. Subiu as duas escadinhas de madeira e o major abriu a
“portinha” de zíper e a permitiu entrar. Ela o fez, ele a seguiu. Era bem
simples na verdade. Uma espécie de elevação com um colchão em cima destacava-se
como cama, três baús, uma mesa com duas cadeiras. Uma luminária. Um biombo. Viu
que atrás do biombo tinha uma espécie de banheira de madeira muito parecida com
as medievais. Arqueou as sobrancelhas imaginando que alí, na guerra, aquilo era
o mais próximo de algo chamado “luxo”. Pronto. Seu acampamento era tudo aquilo.
Soltou um suspiro pesado.
- Insatisfeita? – ouviu a voz do homem e o encontrou ainda
na “porta” com os braços atrás do corpo.
- Na verdade, já estou imaginando o quão relaxante vai ser
chegar depois de um dia cansativo e tomar um banho de banheira. – sorriu
sincera para o major.
- Que bom que gostou, Doutora. Foi um presente. – balançou a
cabeça. – Agora se me permite, quero lhe apresentar o posto.
- Claro, por favor. – Puxou as malas para um canto e
caminhou na direção do major. – Vamos?
- Por favor.
Ele saiu da cabana e a médica saiu também o seguindo. Ela
fechou o zíper e eles voltaram a caminhar por entre o acampamento. Ele ia
explicando sobre cada acampamento alí, até que ela viu mais à frente um
acampamento mais extenso, de tonalidade marrom com uma cruz vermelha enorme
como marcação e soube na mesma hora que aquele era o lugar onde passaria boa
parte de seus dias e noites. Respirou fundo e apressou os passos ansiosa para
conhecer o local por dentro. O major afastou a porta de lona da tenda e
permitiu a entrada da médica e a primeira coisa que ela fez foi tirar os óculos
de sol e respirar fundo.
Alí dentro tinha quinze pessoas, sendo três pacientes, cinco
soldados (fazendo visita aos pacientes) e sete agentes de saúde. A tenda era
equipada com alguns armários, macas, balões, mesas, iluminação... Percebeu que
alí não havia distinção entre “sala de cirurgia” e “emergência”. As pessoas
olhavam para ela com curiosidade, enquanto a jovem médica tentava analisar toda
a situação da forma mais prática possível. Ela pensava em alguma melhoria,
organização e sabe-se lá mais oque, mas estava difícil. Estava realmente
difícil.
- Estamos em uma guerra... Cadê os pacientes? -perguntou
baixo ainda na entrada da tenda.
- Não resistiram. – o major respondeu com pesar.
Assentiu engolindo seco. Continuo percorrendo os olhos
verdes pelo local. Viu que um dos pacientes tinha um braço amputado e a cabeça
enfaixada, o outro tinha as duas pernas, o terceiro estava ligado a um
respirador desacordado, cabeça enfaixada, mão amputada... Um enfermeiro seguiu
até um dos armários e pegou uma seringa, ele colocou algum remédio na seringa e
espetou o acesso venoso do que estava desacordado. Os olhares estavam na ação
que ele fazia agora.
- Venha, vou lhe apresentar. – o major passa à frente da
Haruno indo em direção ao pequeno grupo.
A jovem médica segue o homem sem tirar os olhos do homem que
estava desacordado. Viu os olhos do enfermeiro e de toda a equipe médica ir
para um pequeno leitor que ficava na lateral da cama que mostrava as funções
básicas do homem. Os batimentos dele estavam fracos, ela viu que o peito dele
quase não mexia, o que indicava respiração fraca, provavelmente respirava
apenas por conta do balão de oxigênio. Um homem que estava próximo a um soldado
baixou a cabeça e fechando os olhos, balançou a cabeça e ela percebeu que algo
alí realmente estava errado.
- Senhores. – os olhos de todos foram para o major e os
oficiais fizeram continência – Esta é a Doutora Sakura Haruno. Como vocês já
haviam sido informados, estávamos procurando por alguém para assumir o hospital
e ela veio para isso. – De início à reação foi de incredulidade e ela não os
julgo, afinal era baixinha, magricela e de aparência inofensiva, mas depois
viu no olhar da equipe de saúde, o alívio – Doutora Haruno, esse é o Doutor Lee
e seus enfermeiros. Peço para que vocês não se deixem enganar pela aparência da
Haruno, de agora em diante é ela quem manda aqui dentro. Vocês estão cansados,
abatidos... Será bom deixar um pouco de peso em cima dos ombros dela. – os
olhos do major fora para os olhos verdes, mas os olhos verdes permaneciam no
homem desacordado – Algum problema doutora?
Ela não respondeu. Enquanto todos esperavam por uma
resposta, a médica caminhou em direção ao homem desacordado e olhou melhor a
máquina que mostrava suas funções. Viu o prontuário dele e o pegou sem nem
pedir, deu uma lida rápida e sem perder tempo, ela pendurou os óculos na
camiseta e apoiou a mão direita espalmada no peito dele bem em cima do coração
sentindo as batidas fracas. Todos alí ficaram prestando atenção no que a médica
fazia. O cenho dela franziu e os olhos verdes olharam para o nada enquanto o
dedo indicador e médio dela começaram a “caminhar” pelo peito do homem, subindo
pela jugular, nuca, os olhos verdes voltaram para o homem e então o dedo
indicador e médio da mão esquerda começou a percorrer o mesmo caminho pela
cabeça do homem. Para os que observavam a cena, parecia que a médica estava
massageando a cabeça do homem desacordado, ela passeava os dedos indicadores e
médios pela cabeça dele enquanto seus olhos observavam, seu cenho franzia cada
vez mais e sua boca se fechava em uma linha reta. A Haruno retirou as mãos da
cabeça dele e então olhou para a equipe médica com a cabeça inclinada.
- Por que ele está aqui?
- B-b-bem... – uma enfermeira começou a falar – ele chegou
aqui com parada, mas conseguimos estabilizá-lo e...
- Esse homem está morto.
- Como? – a pergunta foi unânime.
- Esse homem está morto. – repetiu como se fosse óbvio.
- Doutora... – foi a vez do médico falar – Ele chegou aqui
com parada, conseguimos trazê-lo de volta, estabilizamos, mas ele não acordou
até agora... ele teve mais duas paradas, mas... morto? – os olhos dele foram
para a máquina – O coração ainda bate.
- Morte cerebral. – a Haruno cruzou os braços e respirou
fundo.
- Doutora, tem certeza do que está dizendo? – dessa vez foi
o major quem falou – Este soldado é muito querido. – indicou os outros soldados
que estavam visitando e agora ouviam tudo espantados.
A médica colocou as mãos nos bolsos da calça que usava e
soltou um suspiro pesado. Os olhos analíticos percorreram todos alí e ela
percebeu que tanto a equipe médica como os soldados e agora os dois pacientes
estavam arrasados. Fechou os olhos brevemente e deixando seu lado humano-médico
tomar conta de sí, ela ficou de frente para todos e tentou soar o mais suave
possível.
- Eu sinto muito. – Um dos soldados acabou soluçando alto o
outro soldado deu as costas e levantou a cabeça. Uma enfermeira levou as mãos à
boca – Doutor Lee, se desejar, eu posso cuidar de tudo. – se prontificou e
recebeu um aceno positivo do médico que olhava espantado para o homem que agora
era decretado como morto.
- Doutora Haruno, a Senhorita acabou de chegar. – o Major
pigarreou.
- Não há problemas. – ela o olhou e sorriu mínimo – Será
rápido.
Com um breve aceno de cabeça, um por um, todos foram saindo
da tenda médica restando apenas ela e o major. Puxou as cortinas que serviam
como separador para que os que outros dois que estavam alí não vissem o
processo e apenas ela e o major ficaram olhando para o soldado morto. O mais
velho se aproximou do mais novo e a médica viu em seu rosto o pesar. Ele se
inclinou um pouco e suas mãos foram para o pescoço do jovem rapaz e ele retirou
a dog tag do soldado. O major olhou o objeto em suas mãos e o colocou no bolso
da calça com um suspiro pesado. O homem deu as costas ao soldado e antes de
passar pela cortina, ele teve uma breve troca de olhares com a médica, uma
troca que não durou mais que três segundos, mas foi tempo suficiente para a
médica sentir tudo o que o major estava sentindo.
Todo o procedimento durou cerca de meia hora, não havia
muito o que se fazer alí, mas ela tentou ser o mais prática possível. Quando
terminou, fechou o saco onde o corpo do jovem estava e retirou as luvas
jogando-as no cesto. Passou o punho na testa e saiu dalí. Viu os dois soldados
que estavam deitados olharem para ela com tristeza e ela apenas devolveu com um
olhar solidário. Ao sair da tenda, a jovem médica não falou nada. Foi
acompanhada pelo major até sua tenda, onde se despediu com um simples “boa
noite”. Sabia que a partir de amanhã seus dias seriam bem difíceis e ela
precisava de uma boa noite de sonos para tentar começar o dia disposta, mas
depois do que viveu nesse tempinho em que esteve no acampamento, sabia que dormir
seria algo praticamente impossível.
~> Continua
Uau essa doutora é foderosa msm o.O só usando os dedos conseguiu ver que o pobre soldado tava morto o.O
ResponderExcluirArrasouuuu..
Ela é pika!
ExcluirAnsiosa pelo próximo.
ResponderExcluirQuem foi o soldado querido que morreu?
Um soldado lá...
ExcluirHuysahsuaush'
só coloquei por colocar.
Cara! Isso é foda.
ResponderExcluirA Sakura é foda.
A situação toda é foda.
VC é demais baby.
Tô doida pra ler o próximo capitulo dessa estória fascinante.
Quero saber quando meu loiro Divo vai aparecer, hehe.
É tudo muito foda né *-*
ExcluirAdoro essa Sakura ♥