Jarros de Almas - Capítulo 9

Estreito os olhos tentando vê-lo pelo local, mas ele havia realmente sumido. E meu ar pareceu voltar. A realidade cai sobre mim como uma chuva: A música batida, o Kakashi dançando atrás de mim, as pessoas dançando e bebendo… Tudo parecia ter voltado ao estágio normal, menos meus pensamentos que continuavam naquela figura. Determinada, viro para o Kakashi que me olha com as sobrancelhas erguidas.

- Já volto.

- Está tudo bem? - de repente ele parecia preocupado.

- Sim. Só vou ao banheiro.

Sem falar nada, ele apenas concorda com a cabeça. Dou as costas ao Hatake e começo a caminhar por entre as pessoas. Passo por uma mesa e deixo a taça vazia alí em cima, aproveito para puxar o xale um pouco mais para cima dos olhos e aproveito a escuridão e as luzes hipnotizantes para seguir na direção que o moreno foi. Continuo caminhando até que vejo o resquício de uma capa negra dobrando por trás de uma parede de pedra que levava para a parte de trás de onde o DJ estava.

Apresso os passos naquela direção e meu corpo é jogado levemente para o lado quando um grupo passa mais animado que o normal. Solto um muxoxo e volto ao meu objetivo. Assim que estou perto da parede, sinto o ar ficar mais denso e sei que ele estava alí. Minha suspeita se confirma quando dobro na parede e no final dela, onde ficava um coqueiro impedindo a passagem para o outro lado, quando imerso na escuridão do local, a figura toda de preto me olhava fixo, com seus olhos de águias brilhando ao me verem.

Caminho em sua direção e paro a aproximadamente dois metros dele. O moreno dá um sorriso de canto ao me vê alí e eu vejo a ponta de sua língua passear por entre os lábios finos.

- Sabia que viria. -sua voz era mais baixa e rouca que estava hoje pela manhã.

- Como sabia?

- Sou um bom leitor de pessoas. Você esconde muitas coisas.

- Hun… - inclino a cabeça para o lado olhando-o - Então o que você acha que eu escondo?

- Quem você realmente é… - ele levanta um pouco a aba do chapéu negro com o dedo enluvado, isso me permite ver melhor seus olhos. - Você gosta de ter os homens aos seus pés.

- Ele beija bem… - seguro o xale e o afastei de meus olhos, deixando-o caído sobre meus ombros – Então qual o mal em aproveitar?

- Brincando de sedução? - os olhos negros estavam divertidos para mim;

- Eu não brinco de sedução. -dou de ombros.

- Não?

- Não. Eu sou a sedução. -sorrio de canto e ele sorri também.

- Eu sei. -o moreno dá alguns passos em minha direção e para a pouco mais de um metro de distância - Posso senti-la saindo de você.

- Pode? - arqueio uma sobrancelha.

- Posso, e se quer saber… Gosto do que sinto.

- Acho que quem está brincando de sedução é você.

Com um sorriso mínimo, ele caminha mais e me contorna. Sigo seus passos apenas com o olhar e agora, sentindo-o em minhas costas, o ar que eu respirava parecia mais pesado, porém incrivelmente tentador. O mundo parecia não mais existir, éramos apenas eu e ele. Sinto os dedos protegidos pela luva de couro do homem tocar levemente em minha nuca e deslizar alí, afastando os meus cabelos de meu ombro esquerdo. O corpo dele aproxima mais do meu, porém eu não movi um músculo quando ele aproxima a boca da lateral de minha cabeça e sussurra.

- Eu gosto de brincar.

Meus pelos se arrepiam por tê-lo tão próximo. Acabo soltando um sorriso nasalado e fecho os olhos, nesse momento sinto algo fluir por minhas veias, quente e desafiador. Abro os olhos novamente decidida a fazê-lo cair em minhas graças. Giro lentamente nos calcanhares e fico cara a cara com o moreno que estava a centímetros de mim. Ergui a cabeça para poder olhar em seus olhos. Passo a ponta da língua por entre os lábios, umedecendo-os.

- Não sou adepta a brincadeiras.

- Isso porque você nunca brincou de gato e rato comigo. - A mesma mão que ele usou para afastar meus cabelos, ele leva até meu queixo e o segura, puxando levemente meu rosto de encontro ao seu e ficamos com os rostos próximos. - Diga-me, você já foi cassada? - sussurra para mim.

- Não. - levanto um pouco mais o rosto ficando com os lábios quase encostados nos dele - Não nasci para ser a presa.

- Uma predadora? - os olhos negros passeiam entre os meus olhos e meus lábios.

- Nata. - sorrio de canto vendo-o sorrir de canto também. Ele solta meu queixo e desliza o dedo indicador e médio por meu maxilar, pescoço e para o passeio quando sua mão alcança meus cabelos, onde ele enrola os dois dedos em uma mecha deles.

- Sabe o que acontece quando dois predadores travam uma batalha? -me olha nos olhos e eu vejo que o negro dos ônix dele estavam nublados.

- Sei. - sorrio de forma inocente e seguro sua mão que estava em meus cabelos e a afasto dalí. Os olhos dele vão para minha mão enluvada segurando a sua e ele fecha os olhos brevemente percebendo o que estava para acontecer. Com um suspiro, ele abre os olhos, me olhando nos olhos. Deslizo a ponta de meus dedos enluvados pelo braço, bíceps, ombro, nuca e maxilar, segurando seu queixo por baixo, fazendo-o estreitar os olhos para mim. Sussurro contra sua boca- Esteja preparado para perder.

Solto o queixo dele e dou três passos para trás. Os olhos dele agora pareciam chamas vivas e prontas para me consumir. Seguro meu xale e subo-o para a cabeça, deixando-o caído sobre meus olhos. Dou as costas ao homem e saio de lá, seguindo para o aglomerado de pessoas. Agora alí, longe dele, o ar era gélido, leve e agradável. Aquele queimor que corria em minhas veias vai embora me deixando mais leve também. Por algum motivo, quando eu estava perto dele, tudo parecia novo, gostosamente tentador e perigoso.

~> Continua