Fugitivos - Capítulo Vinte e Nove

O sábado chegou e eu estava com uma disposição de dar inveja. Começando pelo fato de ter acordado às 5:00. Sem reclamar, levantei, tomei um banho e coloquei uma roupa confortável, um tênis, fones de ouvido e fui correr pelo bairro. A corrida durou cerca de 1 hora e quando voltei estava mortinha da Silva. Tomei outro banho pra tirar a inhaca de podre e vesti um vestido folgadinho e fui tomar o café da manhã com meus pais.

Durante a tarde, preferi a calmaria dos meus livros (nunca tenho tempo para ler durante a semana). Também tirei um tempo para jogar cartas com meus pais, sim, minha mãe hoje está mais calma e o milagre se dá ao jantar de mais tarde. Enquanto assistia a um filme com meus pais na sala de casa, senti meu celular vibrar e quando olhei era um e-mail, desbloqueei o celular e era da Ceita.

Vida perfeita? Nem tudo são flores,

Como anda a sua vida? Cheia de amores?

Uma questão ascendeu e uma dúvida gerou:

Qual sua coragem? Qual os seus temores?

Este é o último teste e nenhuma surpresa há,

A quantidade que começou não será a quantidade que terminará.

Para o desafio de hoje, leve lanterna, e bússola.

Seu companheiro irá lhe buscar, mas antes disso, uma charada ele terá que desvendar.

Levanto rápido e minha mãe questiona o que houve, digo que preciso me arrumar para o estudo. Subo as escadas correndo e entro como um furacão em meu quarto, tiro as roupas de um jeito desajeitado e tomo um banho rápido. Vou até o guarda roupa e pego uma calça jeans confortável e uma regata negra, pego uma lingerie preta e visto tudo rapidamente.

Olho o relógio na parede e vejo que era 16:33. Calço um sapatênis azul escuro e vou até a penteadeira e faço um rabo de cavalo deixando a franja de lado, coloco também um relógio de pulso. Pego uma mochila de costas e coloco duas lanternas dentro, quatro pilhas extras (era sempre bom), coloco meu celular também dentro da mochila, o cordão do último teste e uma camisa de manga comprida. 16:49.

Saio do meu quarto e passo pelo quarto dos meus pais dizendo que estou indo. Desço as escadas e passo pela sala ansiosa. Quem seria meu parceiro dessa vez? Espero que seja alguém legal. Abro a porta de casa e vou para a calçada. Olho a hora no relógio no meu pulso e escuto uma buzina. Levanto a cabeça e vejo o carro negro parado à minha frente.

Não pode ser.

Sakura – Sasuke!? *pisco algumas vezes incrédula*

Sasuke – Iaê, Haruno. Bora? * indica o banco do carona com a cabeça*

Sakura – Não creio! *dou a volta no carro e sento no banco do carona colocando o cinto de segurança* Sério mesmo? Você?

Sasuke – Surpresa? * me olha rapidamente* Também fiquei.

Sakura – Qual foi sua charada?

Sasuke – Tive que descobrir quem é a pessoa que você menos suporta no colégio.

Sakura – Qual foi sua resposta?

Sasuke – Sasuke Uchiha. * resmunga*

Sakura – Essa foi muito fácil. * cruzo os braços* Para aonde vamos?

Sasuke – Sério mesmo que eu sou quem você menos suporta no colégio? * ele me olha questionador quando para em um sinal*

Sakura – Por que a surpresa?

Sasuke – Talvez porque a gente fica(?) * volta a dirigir*

Sakura – Tô tentando pagar meus pecados e conquistar meu lugar no céu. É pecado fazer isso? Afinal, você mesmo disse seu nome.

Sasuke – Foi um chute! * ele dá um tapa no volante* Você é mesmo uma pessoa terrível, Sakura Haruno.

Sakura – Eu sei. Eu sei. * suspiro* Mas fala, para aonde vamos?

Sasuke – O antigo casarão da família Yoshiko.

Sakura – QUÊ? * meus olhos ficam esbugalhados* Aquilo lá é mal-assombrado!

Sasuke – Olha só, a mocinha acredita em fantasmas? * arqueia as sobrancelhas virando o volante, pegando uma estrada mais abandonada*

Sakura – Vai à merda, Sasuke! Eu só estou dizendo o que as pessoas falam. Não tenho medo dessas coisas.

Sasuke – Que bom.

Enquanto ele dirigia, eu tentava entender qual o objetivo da Ceita dessa vez. No e-mail tinha falando sobre medo. Será que era isso o lance com o casarão? Um tempo depois, ele está parando o carro em um local muito, muito esquisito. À nossa esquerda tinha um bosque. À nossa direita mais bosque. À nossa frente uma mansão abandonada e muito bizarra nos aguardava.

A casa mais próxima ficava a quase 500 metros de distância. Árvores, musgos e bichos era o que mais tinha alí. Em frente à casa, bem no inicio da escadaria estava uma garota (reconheci pelos seios enormes que se destacavam mesmo ela estando usando a capa da Ceita). Tiro o celular da bolsa e coloco no banco do carona, o Sasuke tira o dele do bolso e joga no banco do motorista. Saímos do carro e caminhamos na direção da criatura que nos aguardava.

- Olá, começa agora o terceiro e último teste de aceitação da Ceita. Primeiro de tudo gostaria que vocês devolvessem o cordão do último teste. * ela estica à mão e eu tiro da mochila a corrente e entrego, o Uchiha tira do bolso e entrega também * Muito bem. Para a prova de hoje vocês vão precisar de companheirismo, confiança um no outro e em sí próprio. Vão precisar superar os medos e no fim, resolver uma última charada. Esse aqui é o mapa da mansão *ela estende um papel dobrado e eu pego* vão precisar dele. Espero que vocês sejam bons com leitura de mapas. Vale lembrar que vocês têm 1 hora para concluir o teste. Alguma dúvida? * balançamos a cabeça de forma negativa. A garota dá um passo para o lado deixando a escada livre* Bem-Vindos ao Terceiro e Último Teste da Ceita.

Olho de lado para o Uchiha e ele balança a cabeça de forma positiva e caminha subindo o primeiro degrau. Eu o sigo. Assim que chegamos em frente à porta de madeira com pintura verde antiga, ele leva à mão a maçaneta e gira a mesma empurrando levemente a porta que abre com um rangido muito macabro. Que maravilha!

O interior do casarão estava muito escuro, exceto alguns feixes da luz da lua que adentrava o local pelos vidros quebrados das janelas de madeira. O piso estava cheio de musgo, restos da construção que estava se desfazendo e muita poeira. Ao nosso lado direito e esquerdo encontravam-se escadas. Olho para cima e vejo um lustre no teto que estava ameaçando cair a qualquer momento.

Sakura – Não acho que isso aqui seja seguro. Esse local está para desabar a qualquer momento. *murmuro*

Sasuke – Então vamos torcer para que não seja hoje. * ele olha ao redor* Tá muito escuro...

Sakura – Ah...

Começo a mexer na minha mochila e tiro as duas lanternas de lá, entrego uma ao Uchiha e fico com a outra. Ligamos as lanternas e começamos a observar o local. A pintura interna era toda em um verde gasto, havia um jogo de poltronas ao estilo barroco, mas o jogo estava bem gasto. Num canto da sala uma lareira fechada com tijolos decorava o ambiente. Próximo à lareira um piano com apenas algumas teclas, uma cortina pesada e muito antiga, alguns candelabros, um pequeno armário e mais nada.

A não ser a poeira, musgo e pedaços de reboco e teto que estavam sobre o chão de madeira.

Isso foi o que a luz da lanterna e do luar capturou. Ouvi um suspiro e virei a lanterna, o Sasuke estava com uma mão na cintura e ele terminava a análise do local. Ele virou na minha direção e apontou a lanterna para mim.

Sasuke – O mapa. * estende à mão e eu entrego. Ele segura a lanterna entre os dentes e abre o mapa, vou para o seu lado e começamos a analisar*

Sakura – Acho que... * era a planta baixa do casarão e um “x” marcava o centro da sala. * Pera olha isso... *mostro uma escrita no cantinho do mapa* “A música tem um poder grande. Eleva corpo, mente e espírito. O som é melodioso, mas pode ser desastroso. O tempo passou e sua música nunca mais tocou”.

Sasuke – Mas que...?

Olhamos um para o outro por um tempo, até começamos a olhar ao redor e como se tivéssemos combinado, a luz de nossas lanternas cai sobre o piano, na mesma hora caminhamos na direção do mesmo e começamos a observá-lo. Poucas teclas estavam no local, muita poeira... O Sasuke vai para a parte de trás do piano e começa a olhar e eu me abaixo e fico olhando entre as teclas. Vejo-o levantar a tampa do piano e um monte de resto de reboco cai no chão e faz um barulho estanho.

Sasuke – Aqui! * levanto bem a tempo de ver ele colocar a mão dentro do piano e pegar algo lá dentro que logo se revela ser um papel. * Droga. * resmunga quando o braço vem cheio de poeira e teias de aranha. Ele me entrega o papel e eu desdobro enquanto ele limpa o braço*

Sakura – “Muitas são as histórias contadas através dos séculos. Romance, terror, literatura... Nem sempre agradáveis, mas muitas memoráveis. Agora o desafio é achar o eterno. Quem pode dizer o que é o amor sem nunca ter amado? Problema mesmo é quando as famílias não se entendem. Nosso jovem casal vive a vida de um jeito diferente, ambos orgulhosos, ambos realistas. Ele a amava e não sabia como demonstrar, ela o amava e não sabia como aceitar. Você sabe qual o romance? Apenas tente o achar dentro da estante.” Um... livro de romance... (?)

Sasuke – Estante? * os olhos dele voam para a estante da sala, mas lá não tinha nenhum livro*

Sakura – Não vai ser tão fácil assim. * mordo meu lábio inferior e ele vasculha o mapa*

Sasuke – A biblioteca!

O Uchiha segura minha mão e começa a me puxar pela mansão olhando o mapa. Seguimos por suas salas e ele apenas iluminava a frente. Eu aproveitava para olhar ao redor. Entramos em uma sala que logo reconheço como a tal biblioteca. Várias estantes de madeira gasta e portas de vidros estavam cheias de livros empoeirados, uma mesa redonda com mais livros em cima estava no centro da sala. Vários livros jaziam no chão e uma parte do teto já havia caído, revelando a parte de madeira do piso de cima. Olho desconfiada para aquilo, mas o Sasuke segura minha mão mais forte e me guia pelo cantinho e então chegamos no centro da sala.

Sakura – E agora temos que descobrir qual o romance.

Sasuke – Pensei em Romeu e Julieta, mas a parte do “Ele a amava e não sabia como demonstrar, ele o amava e não sabia como aceitar” não encaixa. *suspira*

Sakura – Eu sei. Também pensei isso. * caminho na direção da mesa e leio os títulos nos livros alí. Alguns nem tinham capa. Sem falar no trabalho de tirar a poeira que eles tinham* O morro dos ventos uivantes, Macbeth, Sherlock... * vou falando enquanto leio o titulo nos livros* Nenhum desses se encaixa.

Sasuke – Aqui só tem enciclopédia. * Indica o armário do canto e então segue para o outro abrindo a portinha do mesmo * livros científicos...

Sakura – Aqui estão os de literatura... * Vou para o terceiro armário e abro as portinhas de vidro e sigo passando a ponta dos dedos pelos livros lendo-os* Caramba, tem muito livro antigo aqui...

Sasuke – A mão e a luva, O caçador de pipas... Orgulho e preconceito... Moren...

Sakura – QUÊ!? * na mesma hora viro para ele e caminho rápido em sua direção* Repente.

Sasuke – Moreninha? * arqueia as sobrancelhas.*

Sakura – Não. * empurro ele para o lado e ilumino aonde ele estava iluminando e então eu sinto um sorriso enorme se formar em meus lábios* Céus! *sussurro*

Sasuke – O que houve? * para ao meu lado*

Sakura – Achamos! * olho para ele e dou uns pulinhos animada* Aqui! * estico o braço e pego um livro gasto em bordô e dourado e assopro a poeira que estava em cima dele*

Sasuke – Orgulho e preconceito? *arqueia as sobrancelhas*

Sakura – Não é SÓ orgulho e preconceito. * Passo a lanterna pela capa sentindo meu coração vibrar* É a versão original de 1813! SASUKE, É A VERSÃO ORIGINAL DE 1813! AI MEU DEUS! * começo a sorrir e então pulo em cima do Uchiha o abraçando tomando todo o cuidado com o livro*

Sasuke – Legal... * ele dá tapinhas em minhas costas enquanto corresponde ao abraço* Sabe que nunca lí isso não é? *arqueia as sobrancelhas quando o solto*

Sakura – Imagino que sim. * respiro fundo, extasiada* Vamos lá, o livro fala sobre Elizabeth, uma jovem que vive em uma fazenda e o Senhor Darcy que é podre de rico... Enfim, ele acaba se apaixonando por ela e a pede em casamento de um jeito muito estranho e ela não aceita, até que ele fala sobre o amor dele de um jeito mais estranho ainda e ela o repudia, mas no final, ela compreende o amor dele e acaba aceitando que também o ama! OH MEU DEUS! * ilumino o livro outra vez*

Sasuke – Legal... Agora me dá ele aqui. * estende à mão para pegar o livro, mas eu não deixo dando um tapa na sua mão* Tá maluca?

Sakura – Nem vem com essas suas mãos de troglodita tocar nisso aqui! *dou um passo para trás*

Sasuke – Sakura...

Sakura – Nada de Sakura. Isso aqui é uma relíquia e eu não vou deixar você pegá-lo de qualquer jeito. Aqui, segura pra mim. * indico a lanterna e ele revira os olhos, mas a segura enquanto eu abro a capa gasta pelo tempo e local com muito cuidado. * Céus... * sussurro vendo a contra capa antiga. Passo mais uma folha e lá dentro tinha um papel. Pego-o com cuidado e fecho o livro novamente. Estendo o papel para o Uchiha que o pega*

Sasuke – Finalmente. *resmunga* “Quanto vale um amor? “

Sakura – Hun, continua... * Abro minha mochila e coloco o livro dentro*

Sasuke – O que você tá fazendo? *franzi o cenho*

Sakura – Isso aqui tá abandonado a mais de 30 anos... Acho que os fantasmas não vão se importar se eu pegar. Agora continua. * volto a colocar a mochila nas costas*

Sasuke – Acabo de conhecer “a menina que roubava livros” . * resmunga e então suspira* É só isso... “Quanto vale um amor?”.

Sakura – Tá de putaria com minha cara! *ele balança a cabeça de forma negativa e me estende o papel, pego o mesmo e vejo escrito “Quanto vale um amor?” * Porra! PORRA! POR-RA!

Sasuke – Eu sei. * suspira*

Sakura – Que merda de pista é essa hein Ceita? PUTA QUE PARIU VIU! * grito com raiva*

Sasuke – Boca suja...

Sakura – Foda-se!

Sasuke – TPM agora não né? * arqueia as sobrancelhas*

Sakura – Não tô de TPM. * resmungo* só acho injusto essa bosta de pista.

Sasuke – Eu sei, mas precisamos pensar. * ele se encosta em uma das estantes e cruza os braços* Não acho que seja um outro livro.

Sakura – Eu também não. * vou para a estante que ele estava e me encosto ficando ao seu lado*

Sasuke – Cofre? * me olha de lado*

Sakura – Talvez... Se levarmos em conta Orgulho e Preconceito, o cara era ricão e se casou com ela. Desembolsou mó grana e...

Sasuke – Você é foda! * ele vira e segura meu rosto entre suas mãos e me dá um selinho demorado* Foda! * sorri abertamente*

Sakura – Eu sei... mas o que foi que eu fiz? * olho desconfiada, vendo-o segurar minha mão e começar a caminhar, me puxando para fora da biblioteca*

Sasuke – Você não entendeu? * me olha rápido, enquanto segurava o mapa com a mão livre, analisando-o* Casamento, casal, amor...

Sakura – QUARTO DO CASAL! * exclamo, sorrindo*

Sasuke – Exato, e fica no segundo andar... * Chegamos no inicio de uma escada velha, cheia de musgos e com alguns pedaços caídos * Eu vou na frente.

Ele pisa no primeiro degrau com cuidado e quando vê que está seguro, sobe. A cada degrau, ele pisava, testava e então passava para o degrau seguinte. Em nenhum momento largou minha mão e vez ou outa me dava avisos como “Cuidado com o musgo, ele escorrega”, “essa madeira tá rachada, cuidado”, “não se apoia no corrimão”...

Quando chegamos no topo da escada, ele analisa o mapa novamente e então vira para o lado direito e seguimos por um corredor, até que chegamos em frente a uma porta antiga de madeira em cor creme. Ele gira a maçaneta e a porta dá uma travada, ele faz um pouco de força para empurrá-la e então a abre com aquele velho ruído. Uma parte do reboco do teto estava impedindo a porta de ser aberta, mas finalmente ele conseguiu.

Assim que entramos, vimos uma cama de casal arrumada, um criado mudo num canto próximo à janela com um santo em cima, do outro lado um guarda roupa com um paletó velho e empoeirado pendurado, um abajur em frente ao guarda roupa e mais dois criados mudos na cabeceira da cama.

Sakura – Ok. Agora temos que achar o que? * mordo o lábio inferior tentando achar algo alí*

Sasuke – Não faço a mínima ideia. Vamos... procurar. * ele segue para o lado oposto do quarto e começa a vascular no criado mudo que ficava o tal santo*

Sakura – Tá... * suspiro e vou para o guarda roupas abrindo a primeira porta, ilumino dentro do mesmo e vejo que tinha algumas roupas, afasto-as e no mesmo instante meu coração gela.* AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH... * grito e dou um passo para trás, a parte de trás de meus joelhos esbarram na cama e eu caio por cima dela.* AI MEU DEUS, AI MEU DEUS... * meu coração batia acelerado*

Sasuke – Sakura o que...? * ele tenta me ajudar a sair da cama*

Sakura – NÃO. NÃO!  * me afasto dele e pulo da cama, saio correndo do quarto* NÃO! NÃO! NÃO!

Sasuke – SAKURA! PARA! * ele corre atrás de mim enquanto eu corro na direção das escadas* SAKURA! * sinto ele segurar meu braço e me impedir de continuar*

Sakura – ME SOLTA! * começo a me debater, mas ele segura meus dois braços e me vira para sí.*

Sasuke – O que houve? Você tá chorando! * ele me puxa para sí e me abraça forte* Calma, por favor... Me fala o que houve.

Sakura – Eu... eu... não. Não. * eu estava ofegante, sentindo meu peito doer. Minhas mãos suavam e meus ouvidos zumbiam. *

Sasuke – Se acalma, por favor e me diz o que você viu. * as mãos dele vão para minhas costas*

Sakura – Eu... eu... eu... * meu corpo tinha espasmos*

Sasuke – Calma... * ele me abraça mais forte* Eu tô aqui, calma...

Sakura – Tinha... * já estava soluçando por conta do choro desenfreado* tinha... ai meu Deus! * escondo meu rosto no peito do Uchiha e sinto-o acariciar minhas costas* Eu não vou voltar alí. *balanço a cabeça de forma negativa*

Sasuke – Tá tudo bem... Só me diz o que tinha lá e eu vou tentar resolver, tudo bem? * pergunta baixo, beijando o topo da minha cabeça*

Sakura – Tinha aqueles monstros terríveis. E... Não. Não. * eu sentia meu corpo tremer*

Sasuke – Monstros? Ei... * ele afasta a cabeça da minha e segura meu rosto entre as mãos* Quais monstros, Sakura?

Sakura – Aqueles terríveis... * escondo meu rosto entre minhas mãos e balanço a cabeça*

Sasuke – Me explica isso direito. * segura minhas mãos as tirando de meu rosto * Me fala.

Sakura – Aqueles bichos asquerosos! As lagartixas. * meu corpo estremece novamente*

Sasuke – Ah... * ele pisca algumas vezes* Tudo bem... Tudo bem... * respira fundo e segura meu rosto entre as mãos novamente, enxugando as lágrimas com o polegar * Olha, vamos fazer assim... Eu fico com o guarda roupas e...

Sakura – Não. * balanço a cabeça * Não vou voltar lá. Não vou. Não vou!

Sasuke – Nós precisamos.

Sakura – Não!

Sasuke – Não posso fazer isso sozinho, você precisa estar lá.

Sakura – Eu não consigo. * as lágrimas voltam a cair novamente* Não consigo. Não consigo. * abraço meu próprio corpo e dou um passo para trás*

Sasuke – Ei. Ei. * ele me puxa para sí novamente e desfaz meu abraço, segura meus ombros e me faz olhar para sí* Eu estou aqui com você. Vamos voltar lá e...

Sakura – Não... * choramingo*

Sasuke – Vamos voltar lá * continua como se eu não o tivesse interrompido* e você vai ficar no canto, tudo bem? Deixa que eu mexo nas coisas, mas você precisa estar lá, Sakura. Por favor.

Sakura – Sasuke... * choramingo*

Sasuke – Por favor. * ele segura meu rosto entre as mãos novamente e junta à testa na minha * Tem que ser nós dois. O tempo está correndo... Por favor.

Sakura – Eles vão vir para cima de mim.

Sasuke – Então você fica na porta e ai qualquer coisa você corre. Tá?

Sakura – Promete?

Sasuke – Prometo. * enxuga meu rosto* Vamos voltar?

Sakura – T-tá. * respiro fundo* Eu vou morrer... * sussurro quando ele afasta o rosto do meu e segura minha mão voltando para o quarto*

Sasuke – Não vai. * Ele para na porta do quarto e olha para dentro * Não tem nenhuma por aqui. * vira para mim e segura meus ombros* Fica aqui que eu vou olhar lá tá?

Sakura – Tá. * sussurro e me abraço*

Ele segue para os criados mudo e começa a mexer lá, mas pela cara não encontra nada de interessante, depois vai para o guarda roupa e faz uma careta quando olha dentro do mesmo. Dou um passo para trás só para garantir. Ele começa a tirar um monte de roupas lá de dentro e vai jogando em cima da cama. Olho ao redor no quarto enquanto ele continua procurando. Vou iluminando o quarto e na parede que seguia rente com a porta havia um quadro desgastado de um casal. Estreitei os olhos e ví que tinha uma marca na parede que deveria ser do quadro, mas ela estava desalinhada.

Sakura – Sasuke?

Sasuke – Hun? * me olha*

Sakura – Aquele quadro... * aponto* Tá torto.

Ele olha o quadro e joga a roupa que estava nas mãos em cima da cama e atravessa o quarto. Pega o quadro e na mesma hora um envelope cai de trás do quadro. Ele se abaixa e pega o envelope e coloca o quadro de volta, o Sasuke caminha em minha direção e me puxa para fora do quarto. Ele abre o envelope e pega de lá uma foto. Na foto aparecia um homem, uma mulher e dois meninos junto a eles.

Sakura – Filhos?

Sasuke – É o que está parecendo... Segura aqui. * ele me entrega a foto e pega o mapa, analisando* Tem um quarto aqui ao lado.

Seguimos para o segundo quarto. Ele ilumina o quarto e esse parecia mais conservado. O papel de parede ainda estava “bom”. Duas camas jaziam arrumadas, um criado mudo ao lado de cada cama e outro entre elas com uma santa em cima. Um pequeno armário em uma parede, uma poltrona e na outra parede o guarda roupa.

Ele entra primeiro e analisa o quarto então faz sinal com a mão e eu entro o seguindo. Ele vai para o pequeno armário na parede, ele tinha portinhas de vidro e dentro haviam algumas coisas, mas nada demais. Sigo por entre as camas e vejo um porta-retratos de cabeça para baixo, levanto o mesmo e vejo um papel dentro dele.

Sakura – Achei.

Sasuke – Boa. * ele se aproxima e me entrega a lanterna e pega o papel, colocando a foto de volta no porta-retratos. O Sasuke coloca o porta retratos de volta no criado mudo e desdobra o papel * “ Para o norte devemos seguir, rumo ao final, descendo um lance e depois pegando o noroeste. Entende de coordenadas? Siga para o sul e depois outra escada.” Como vamos saber onde está o norte?

Sakura – Assim. * aponto o relógio no meu pulso que tinha uma pequena bússola dentro dele*

Sasuke – Ótimo. Então seja a guia, por favor.

Olhando a bússola, vejo para aonde apontava o norte e caminho com o Sasuke me seguindo. Chegamos na escada pela qual havíamos subido “descendo um lance”. Descemos as escadas e depois para o noroeste. Ainda não tínhamos andado por aqui. Era uma espécie de segunda sala, algo para as visitas, mas não prestamos muita atenção, tanto pelo fato de estar escuto e pelo fato de termos apenas 9 minutos para completar 1 hora de prova. Seguimos para o sul e estamos na cozinha. A luz da lua entrava mais aqui, já que a porta dos fundos era em vidro e parte do telhado estava quebrado. O Sasuke abre a porta e então uma pequena escada nos aguardava “depois outra escada”.

Descemos e olhamos ao redor, mas não conseguimos ver nada. Ele me olha de um jeito questionador e eu dou de ombros. Com a ajuda da lanterna, iluminamos um pouco o local, mas não tem ninguém aqui, além do bosque escuro e denso à nossa frente.

Sasuke – Acha que erramos?

Sakura – Não sei... * olho no relógio* falta 1 minuto...

Sasuke – Hun...

Ouvimos algo mexer dentro do bosque, dou um passo na direção do Uchiha e ele me coloca atrás de sí. Algo mexe novamente enquanto se aproxima e a luz de nossas lanternas capturam um garoto (não tinha peitos destacado na capa da Ceita).

- Parabéns jovens Ceitistas, vocês passaram pelo terceiro e último teste de iniciação. A partir de agora, vocês são membros da Ceita. Sei que estão cheios de dúvidas sobre nossa organização, sobre nossos membros e regras. Tudo será explicado no encontro de inclusão que acontecerá amanhã.  *ele coloca a mão no bolso da capa e tira de lá as correntes que havíamos entregue a garota, e nos devolve*. Vão para casa, amanhã pela manhã vocês vão receber um e-mail informando o local do encontro e o horário. Levem a corrente. Vocês dois devem ir juntos para o encontro. Vale lembrar que vocês não podem falar com ninguém sobre os testes, e não tentem nos enganar, afinal: A Ceita tudo sabe. A Ceita tudo vê.

Com as mãos juntas, ele faz uma mensura e volta a adentrar no bosque novamente. Guardo a corrente na mochila e o Uchiha guarda no bolso da calça. Seguimos até o carro em silêncio e ele liga o mesmo dando a partida.

Sakura – Então é isso. Conseguimos entrar. * suspiro aliviada*

Sasuke – Sim... E eu estou realmente curioso sobre isso. * me olha rápido*

Sakura – Eu também estou. * respiro fundo e encosto a cabeça no encosto do banco do carona e olho para ele* Valeu por me ajudar lá em cima.

Sasuke – Não agradeça. * me olha rápido* Somos uma dupla.

Sakura – Eu sei... Também sei que foi ridículo, mas eu não consigo contr...

Sasuke – Ei. * ele para em um sinal e olha para mim* Todo mundo tem seus temores... Você só teve o azar de o seu estar lá.

Sakura – Então você também tem medo de algo?

Sasuke – Claro.

Sakura – E o que seria?

Sasuke – Hun... * ele suspira e olha para a frente* o sinal abriu.

Sakura – Você está fugindo do assunto. *reclamo*

Ele não responde, apenas sorri e continua dirigindo. Viro a cabeça e fico olhando as luzes da cidade passar. Fecho os olhos. Essa Ceita tinha uma criatividade fora dos limites. Finalmente essa porcaria de teste havia acabado, agora era só aproveitar... Ao menos é o que espero.

Pouco tempo depois, estamos em frente à minha casa. O cansaço mental era grande e não houve brincadeiras ou despedidas. Apenas um beijo rápido sem muitos acontecimentos já que estávamos cansados. Estávamos tão cansados que eu nem bati a porta do carro. O ví ir embora e entrei seguindo direto para o meu banheiro. Eu estava com tanta poeira quanto aquela mansão. Tudo o que eu precisava era de um antialérgico e minha cama.

~> Continua

Notas Finais:

Tadinha da Sakura, compartilho desse medo tbm, Saky.
Lembrem de comentar lá em baixo, gente.